A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

quarta-feira, 24 de março de 2021

1971... Agora Novato...

 

Foto de meu amigo Rogério Da Luz, largada de uma corrida de Novatos. 


   Bem...No post anterior contava que na segunda feira, após a vitória com o Dart e ver minhas fotos em alguns jornais, que não guardei, fui até o escritório de meu pai, na Mooca.

Agora, como sou um contador de histórias, me permitam divagar.

Meus pais eram separados há cerca de quatro anos, e meu pai antes de tudo guardava um enorme respeito e admiração pela mulher que junto a ele construiu um império nos quarenta e tantos anos de casamento. E como eu, talvez um pouco de medo dela! 

Com dezoito anos já não aprontava muito, namorava firme, não bebia ou fumava, era apenas apaixonado pelas corridas.

Fui criado por uma criatura maravilhosa, que tomava conta de nossa casa nas constantes viagens de meus pais, dona Emma era tudo para mim, a avó que não cheguei a conhecer, a amiga, a mentora.   Nesta altura ela já havia subido e olhava por mim lá do alto, como ainda olha.

Confesso que eu era um bicho, e dona Emma um para raios entre minha mãe, a colher de madeira e eu, de meu pai nunca ouvi uma bronca sequer. Eu era o caçula, doze anos mais novo que meu irmão e nove de minha irmã Cida.

Quando mamãe chegava em casa e algum passarinho soprava minhas travessuras lá ia ela direto para cozinha pegar a tal colher, quando me encontrava lá estava dona Emma entre nós!

-Arinda (este era o nome de minha mãe ) não toque no menino!

-Emma, você é protetora dos animais! ( desconfio levemente a quem ela se referia!)

Voltando àquela segunda feira...Entrei na sala de meu pai, ao transpor a porta parecia que havia freado uns dez metros depois do ponto na Curva Três, mas continuava na pista...Ele me olhou, com todos aqueles jornais sobre a sua mesa e disse "parabéns, já contou para sua mãe?". Não, e também não contei a ele que havia saído escondido, pegado o primeiro carro que vi na garagem saindo sem fazer barulho.

Conversamos, falei que aquela era a vida que queria, que gostava e sabia que pilotava bem. Pedi seu apoio. Meu pai tinha um grande conhecimento do mercado publicitário, nossas Cestas de Natal Amaral, indústria fechada poucos anos antes, era uma das maiores anunciantes de rádios, tvs e jornais. Mesmo os Alimentos Selecionados Amaral S.A, onde agora estávamos, era um grande anunciante, com quase duzentos produtos nas prateleiras de armazéns e super mercados, sendo que apernas um pedaço da verba publicitária do Mandiopã daria para mim montar uma grande equipe.

Ele negou, disse "sua mãe me mata!". Conversamos mais algum tempo, acredito que almoçamos por lá mesmo ou em sua casa e lá fui eu enfrentar minha mãe.

Eu ia continuar, custasse o que custasse...

Rui Amaral Jr


5 comentários:

  1. Grande Rui, que maravilha o teu depoimento, não era fácil encarar os pais naquela época, o respeito acima de tudo, qualquer que fosse a idade... acredito que a falta do paitrocínio valoriza ainda mais a tua trajetória!

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  3. Que história!

    Hoje, assisti a uma entrevista do jornalista Maurice Hamilton (https://youtu.be/qSPiqDVVYG8?list=PLxyrvnY1ykK-6clTZ29Su39cPk4iLbSju&t=919), com boas histórias da F1 de 1970 e 1980, em que ele conta como começou a ser jornalista: falsificou uma credencial e começou a andar pelos boxes até arrumar emprego de jornalista. Aí o pai dele perguntou: escuta, você vai tocar o negócio da família ou vai ser jornalista de automobilismo?

    Seu pai foi de uma habilidade incrível!

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    Respostas
    1. Em busca de uma paixão até escalamos altas torres, mesmo que a corda seja os cabelos de uma doce Rapunzel!
      Papai, como já disse, era um homem do mundo, e me via escalando um caminho trilhado por minha vontade e garra...

      Um abração meu amigo.

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Rui Amaral Jr