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1958 1º 500 KM de Porto Alegre - Orlando Menegaz ao lado de sua Carretera com motor Chevrolet Corvette.
Dali partiam a Marau Casca, Guaporé, Bento Gonçalves, Farroupilha, Feliz, São Sebastião do Caí e novamente Porto Alegre. A chegada, para quem resistisse, acontecia na avenida Farrapos esquina de rua São Pedro, bairro Floresta, na capital gaúcha.
Numa das fotos de hoje (acervo do antigomobilista gaúcho Nelson M. Rocha), flagrante da chegada do vencedor Alcídio Schröeder e sua carreteira Ford 1939, número 14, recebendo a bandeirada dada pelo então Governador Valter Só Jobim, avô do ex-Ministro do Superior Tribunal Federal e atual Ministro da Defesa Nelson Jobim.
Nos dias 23 e 24 de novembro de 1957 ele disputou e venceu, em parceria com outro astro do automobilismo de competição do Rio Grande do Sul - Aristides Bertuol, a II Mil Milhas Brasileiras, tendo como palco o autódromo de Interlagos, em São Paulo/SP.
Na oportunidade, pilotou a carreteira Chevrolet número 4, equipada com motor de Corvette, perfazendo 200 voltas no traçado de 8 quilometros. Em segundo ficou a dupla Catarino Andreatta/Diogo Luis Ellwanger com a carreteira Ford número 2 e em terceiro lugar a dupla Julio Andreatta/Dirceu Oliveira com a carreteira Ford número 6, todos pílotos gaúchos.
A grande experiência dos gaúchos em provas de longa duração explica o sucesso deles nas primeiras Mil Milhas. Na outra foto de hoje (acervo daquele antigomobilista também) aparecem funcionário da Promax (E), radialista Antonio Augusto Meireles Duarte e Orlando Menegaz (Passo Fundo/RS), ao lado da carreteira número 4 e da imensa Taça Bardhal, esta com 1,80m de altura. Este maravilhoso troféu trazia, ao seu pé, plaqueta na qual eram gravados os nomes dos vencedores das provas Mil Milhas Brasileiras.
No que diz respeito às corridas de carreteiras no Brasil, nas décadas de 1940/50, o motor mais "quente", o mais utilizado pelos pilotos para equipar seus veículos e o que se apresentava mais disponível na praça, era o que vinha de fábrica nos automóveis Ford ou Mercury V8, com maior ou menor cavalaria, cerca de 100 ou de 130 HP respectivamente, o qual, devidamente preparado com equipamento fabricado nos Estados Unidos poderia chegar aos 150 ou 200 HP.
Mas, como dizia o piloto curitibano Paulo Buso, não era nada fácil conseguir isso e pior ainda um motor mais forte, bem como a "perfumaria" necessária para torna-lo competitivo.
Em consequência, os mecânicos da época eram obrigados a realizarem verdadeiros milagres mecânicos para que, utilizando os parcos recursos que tinham à mão, fazer com que o motor preparado rendesse o que era esperado pelos pilotos dos carros.
Uns poucos pilotos tinham condições de ir aos Estados Unidos buscar os equipamentos necessários ou importa-los. A maioria, recorria aos "hermanos" argentinos para conseguirem as peças, caras com certeza.
Os pilotos em condições de obter os melhores motores e equipamentos importados para "envenena-los", certamente tinham maior chance de vitória nas corridas.
É o caso, por exemplo, do destacado piloto gaúcho de Passo Fundo - Orlando Menegaz - que, já em 1957 equipou sua carreteira Chevrolet 1938 com motor V8 e câmbio do esportivo Chevrolet Corvette, carro este que havia sido lançado pela General Motors norte-americana em 1953 com motor de 6 cilindros em linha e que a partir de 1955 começou a ser equipado com motor de 8 cilindros em V, de alto desempenho.
A instalação e testes da nova mecânica e acerto do diferencial da carreteira consumiram um ano de trabalho, mas, a partir de 1958 Menegaz começou a colher bons resultados, vencendo as seguintes provas: Centenário de Passo Fundo - 02-02-1958, Festa da Uva/RS - 09-03-1958, Circuito Automobilístico de Melo/Uruguai - 30-03-1958, VI Mil Milhas Brasileiras/SP - 25-26-11-1961, II 500 Quilometros de Porto Alegre/RS - 23-09-1962.Esse motor, novo, superava 200HP e foi vendido a Menegaz por outro piloto de carreteira gaúcho - Argemiro Adolfo Pretto - dono de concessionária Chevrolet na cidade de Encantado/RS e que havia importado três unidades pela então CACEX do Banco do Brasil.
Isto, além de obter o terceiro lugar no Circuito Internacional de Automobilismo do Uruguai - 23-03-1958 e terceiro e quarto lugares em duas provas do Circuito Cavalhada/Vila Nova/RS.
Em 1957, Menegaz, correndo em parceria na carreteira equipada com motor V8 Corvette também de outro piloto gaúcho - Aristides Bertuol, venceu mais uma Mil Milhas Brasileiras.
Bertuol buscou esse motor nos Estados Unidos, transportando-o ao Brasil num avião da Varig Internacional comandado pelo gaúcho Gastão Werhang, que por sua vez pilotava a carreteira do conterrâneo João Galvani, equipada com motor Corvette também.
São fatos que mostram ao leitor a dificuldade em se conseguir bons equipamentos automobilísticos de competição naqueles tempos... Aliás, o antigomobilista passofundense Nelson M. Rocha afirma que Orlando Menegaz foi o primeiro piloto de carreteira a usar cinto de segurança no banco, "emprestado" de um avião Douglas DC-3 da Varig em 1961! Na foto, a carreteira de Menegaz na vitória deste nos 500 Quilometros de Porto Alegre em 1962.
ParanáOnline http://www.parana-online.com.br/canal/automoveis/news/483222/?noticia=ORLANDO+MENEGAZ+FOI+UM+PIONEIRO+DAS+CORRIDAS+DE+CARRETEIRAS 14/10/2010 às 00:00:00 - Atualizado em 13/10/2010 às 21:34:06
Agradeço ao jornalista e amigo Ari Moro de Curitiba-PR, a cedência deste.