Stirling Moss e a Cooper-JAP 500cc, motor de motocicleta usado
em vários carros nas corridas de club na Inglaterra, e usado no início da F.3.
Já que escrevi o post
anterior sem pesquisar muito, e apesar da boa memória é complicado lembrar de
tudo, certas vezes pensando ou deitado depois de escrever me vem algo à
memória, algum acontecimento ou algo que li há tempos.
Então, vamos a um pouco de pesquisa e outro de memória, devo
lembrar que escrevo principalmente das categorias que seguem as normas da FIA. Nos EUA apesar de seguirem as regras da FIA é tudo muito diferente, mais aberto, onde as
associações mandam, ao contrário do modelo federativo como o brasileiro, onde
os clubes elegem as federações e elas a diretoria da CBA – Confederação
Brasileira de Automobilismo.
A partir de 1950 é criada a categoria de fórmulas, que rege
um número enorme delas. É quando começa a F3, que vou tentar explicar agora.
De 1950 até 1964 a F.3 principalmente moldada nas corridas de
clube na Inglaterra e Europa usava os motores de 500cc, vindos das
motocicletas.
Em 1964 começa a vigorar o novo regulamento, nele os motores
de 1.000cc deveriam vir dos carros de montadoras com no mínimo mil exemplares
vendidos ao público, assim como os câmbios e o combustível. Aqui uma
observação; as montadoras desenvolviam carros com características esportivas
para seus modelos comerciais, e nelas ofereciam entre outros, motores mais
fortes, várias relações de cambio e diferencial que eram usadas conforme a
conveniência na F.3, depois de homologados e vendidas mil unidades. O carro completo
deveria pesar no mínimo 400 kg.
A tentativa brasileira de fazer um F.3.
Wilsinho Fittipaldi no Torneio da Argentina de F.3 - 1966
Charles Chukron, Brabham BT10 campeão do torneio argentino.
Foi quando começou o grande interesse dos fabricantes de
chassis e preparadores de motores, tanto que grandes nomes que atuavam nas
grandes categorias nela se aventuravam para promover suas marcas, Jim Clark de
Lotus, Jack Brabham com Brabham, Hill e muitos outros.
Os motores tinham um único carburador e a tomada de ar para
eles deveria ter 36mm, alguns não usavam o captador de ar, assim como o motor
Ford/Holbay de Emerson, mas aí o carburador ou difusor deve ter essa medida,
rendiam cerca de 100 hps. Os motores Ford com duplo comando de válvulas no
cabeçote foram os grandes vencedores desta época.
Monza 1969 - Ronnie Peterson de Brabham e Vittorio Branbilla de Tecno.
Ronnie de Tecno no Principado.
Notem que não usam o captador de ar para o carburador - air inlet -, sendo o tamnho do carburador na medida do regulamento, 36mm.
Tony Trimmer no Lotus 73, notem o captador de ar para o carburador.
Agora uma pequena pausa para contar para vocês algo que ouvi
do próprio Crispim e acredito nunca escrevi sobre. A equipe VEMAG capitaneada
por Jorge Letry tendo como seu fiel escudeiro meu grande amigo Miguel Crispim
Ladeira, tirava dos motores DKW de um litro – 1.000cc – cerca de 110 hps, coisa
que nenhum dos preparadores da categoria na Europa conseguiam em nenhum dos
motores usados na categoria. Na época Colin Chapman, o senhor da Lotus, ficou
sabendo e contactou-os para uma possível parceria, onde as Lotus da F.3 usariam os motores DKW preparados por eles. A VEMAG fabricava no Brasil os DKW-Vemag
sob autorização da AUDI, se não me engano, e a montadora alemã vendo uma grande
oportunidade de difundir sua marca, exigiu que os motores levassem sua marca, e
por este motivo o acordo nunca foi efetivado. Um dia pergunto mais ao Crispim e
conto.
Tonny Trimmer de Lotus, Interlagos 1971.
Luiz Pereira Bueno com Chevron B15 em Interlagos.
Luiz disputando com Claudio Francisci de Tecno.
Francisci foi campeão italiano da F.3 em 1969.
Em 1971 o regulamento continuava o mesmo, mas a capacidade cúbica
dos motores subiu para 1.600cc e a medida do captador de ar para os
carburadores, “air inlet”, passaram a ter a medida máxima de 20mm.
Os principais campeonatos ingleses dessa época – me baseio no
de 1973 - eram Forward Trust F3, Lombard North Central F3, John Player, foram trinta
e nove etapas, algumas com duas corridas no mesmo dia, o grande nome deste ano
foi Tony Brise, que infelizmente não teve tempo de mostrar todo seu talento na
F.Um. Venceu em um dos principais campeonatos o Jonh Player de Alan Jones (Walter
e o Caranguejo vão vibrar!). Tudo isto mais o campeonato europeu, italiano,
sueco e francês os mais importantes do continente e mais dez ou vinte mundo
afora.
A grande mudança veio a partir de 1974, quando os motores
passaram a dois litros, com blocos originais das montadoras, e vou deixar para
o próximo post.
Até aqui tínhamos três nomes se destacando na F3 inglesa,
Emerson campeão do Les Leston e Lombank Trophy, Pace campeão no Foward Trust
Trophy e Wilsinho. E “apenas” um campeão mundial da F.Um ...
Ao amigo Miguel Crispim Ladeira; Mestre em sua arte e na vida.
Agradeço a contribuição dos amigos Walter e Caranguejo.
Caranguejo – Carlos Henrique Mércio – prepara mais um post de
outra categoria dos anos 1970.
Abraços
Rui Amaral Jr