Colin Chapman o Mago comemora um vitória com sua equipe.
Lotus 76 MKI
Ronnie no Karoussel , Nurburgring 1974.
Tim Schecken na MKI, 1974.
Em meados de 1973, Colin Chapman, líder da Equipe Lotus de Fórmula 1, tinha um problema em que pensar. O modelo 72, que a equipe vinha utilizando desde 1970, e que já conquistara mais de uma dezena de vitórias além de dois campeonatos mundiais, já demonstrava alguma fadiga, depois de tão bons serviços prestados. Era preciso pensar e projetar outro carro que fosse um puro-sangue e legítimo vencedor, mas como substituir o lendário Lotus 72? Chapman, então reunido aos designers Tony Rudd e Ralph Bellamy, iniciou o desenvolvimento do modelo 76, também chamado MK I. Revolucionário, Colin o concebeu com dois pedais de freio, um sistema de embreagem eletrônico e dois aerofólios traseiros.
Ickx, Ronnie e Colin apresentando o Lotus 76 MKI.
Ickx na Lotus 76 MKI.
Ronnie em Jarama.
Peterson em Silverstone 1974.
Como pilotos, a equipe tinha Ronnie Peterson e Jacky Ickx; o cigarro John Player Special continuava patrocinando o time e o 76 estava previsto para estrear no GP da África do Sul em Kyalami/1974. Mas o carro estreou sob o signo da discórdia. Em Kyalami, num lance bisonho, Peterson bateu em Ickx e tirou da prova seu próprio companheiro. Com um crônico problema de distribuição de peso, o Lotus 76 ia bem nos treinos com Peterson, mas muito mal nas corridas, tanto que Ickx e o sueco imploram para voltar ao velho 72.
1974 Monza Ronnie com a 72E à frente de Emerson, MacLaren M23.
As vitórias de Peterson em Mônaco, Dijon e Monza com o carro antigo atenuam a frustração com o 76, mas não ocultam que ele é um carro mal nascido e nem uma versão revisada que aparece em Nurburgring, melhora as coisas. Por fim, na última prova do ano em Watkins Glen e com o australiano Tim Schencken ao volante, o ultraje final: o carro é desclassificado. Perdida e tendo que começar do zero com um projeto novo, a equipe reativa o velho Lotus 72, agora na versão E e aposta suas fichas no antigo chassi campeão para 1975. Mas estava querendo muito. Peterson só consegue uma quinta colocação em Osterreichring porque a corrida é interrompida antes do final. O mesmo acontece com Ickx em Montjuich Park, segundo colocado quando a prova é cancelada. O belga deixa a equipe após o GP da França, e revezam-se em sua substituição Jim Crawford, John Watson e Brian Henton, com os resultados esperados. Peterson consegue um 4º lugar em Mônaco e despede-se da temporada com uma 5º posição em Watkins Glen. Pouco para o queridinho da imprensa britânica mas Colin o convence a ficar mais uma temporada e pilotar o novo carro que está desenvolvendo, com a ajuda de Martin Ogilvie e Geoff Aldridge, o Lotus 77 ou MK II.
Interlagos 1976, Ronnie à frente de Laffite.
Mario Andretti, Anderstorp 1976.
Andretti toma a ponta em Anderstorp, 1976 depois de largar em segundo, vitória de Scheckter Tyrrel P34.
Mas em Interlagos/76, estréia do novo projeto,outra confusão caseira: Peterson mais uma vez acerta o carro de seu novo parceiro, o croata-ítalo-americano Mario Andretti. E foi a gota d`água. De uma só vez, Chapman viu-se sem seus dois pilotos, que na etapa de Kyalami, já estavam competindo em outros times: Ronnie arranjara um March 761 (com o qual fará alguns milagres durante a temporada) e Andretti retornara à equipe que defendera no ano anterior, a Parnelli. Colin testa um novo nome, vindo da F3, o também sueco Gunnar Nilsson e o pouco conhecido Bob Evans. Contudo, Chapman sabe que precisa de um piloto experiente para o novo Lotus e é por isso que após a etapa de Long Beach, ele tem uma conversa com Mario Andretti (subitamente desempregado, após o encerramento de atividades da Parnelli) e o convence a voltar. Uma das grandes capacidades de Chapman era reinventar-se. Realmente o modelo 77 tinha um longo caminho pela frente, mas foi aos poucos evoluindo. Nilsson conseguiu dois terceiros lugares na Espanha e Osterreichring e Andretti fez dois terceiros (Zandvoort e Mosport Park) e foi o pole e venceu o GP do Japão, a última corrida do ano.
Mario Andretti, Lotus 77 MKII larga na pole para vitória no GP do Japão 1976- Monte Fuji.
Os bons resultados motivaram o “Mago” a ousar mais e com a assessoria de Peter Wright, Martin Ogilvie e os mesmos Tony Rudd e Ralph Bellamy, Chapman cria um de seus mais belos carros, o Lotus 78 ou MK III. Em 1977, esse carro introduziu na categoria o conceito do efeito-solo que gerava uma grande estabilidade em curvas e consequentemente, maior velocidade. Foi o modelo 78 quem trouxe as vitórias de volta ao John Player Team Lotus. Mario venceu em Long Beach, Jarama, Dijon e Monza e Nilsson em Zolder.
1977, Mario vence em Monza com a Lotus 78 MKIII.
Gunnar Nilson na MKIII em Zolder atrás Alex Dias Ribeiro March 761B.
Gunnar Nilson e a MKIII em 1977 em Monte Fuji no GP do Japão.
Gunnar em Mônaco.
A Lotus só não foi campeã naquela temporada pois estava usando unidades experimentais do motor Cosworth, que muitas vezes a deixavam na mão. Modelo tão marcante que entrou para a lista dos carros pintados pelo Mestre das Tintas, o brasileiro Sid Mosca, que reparou o carro de Mario Andretti no GP Brasil de 77, depois de um incêndio nos treinos.
Andretti e Ronnie, Zandvoort 1978.
Andretti, Lotus 77 MKII, Le Castelet.
Carlos Reutmam em Buenos Aires com a Lotus 78 MKIII
Reutemann, Watkins Glen.
Por fim, a equipe estava preparada para produzir um puro-sangue campeão: o Lotus 79 ou MK IV. A grosso modo, poderíamos dizer que o modelo 79 era o 78 no superlativo. O artifício de “aprisionar” o ar embaixo do carro com as barbatanas laterais, havia sido otimizado e gerava 30% downforce a mais. Com a ajuda de Wright, Ogilvie e Rudd, Chapman eliminara todos os arrastos possíveis e com a célebre pintura negra e dourada, aquele era o carro que traria de volta para a Lotus o título que ela ganhara pela última vez e 1972, com Emerson Fittipaldi. O primeiro piloto continuava a ser Mario Andretti mas Nilsson afastara-se das pistas para tratamento de saúde e fora substituído por um velho conhecido: Ronnie Peterson. Após uma quixotesca temporada em 76 com o March, Peterson passara maus bocados em 77 com o pesadão Tyrrell P34 de seis rodas. Taxado por muitos como um piloto em fim de carreira, recebeu nova chance de Colin.
Andretti e Ronnie.
Andretti e Ronnie com a Lotus 79 MKIV.
NT:Notem a pouca angulação das asas dianteiras e do aerofólio, era o efeito solo que prendia todo carro ao chão. Rui
Andretti em Zolder 1978.
Hector Rebaque
Porém o novo carro só apareceu no GP da Bélgica, Zolder. Até lá, Andretti vencera em Buenos Aires e Peterson em Kyalami. Depois, um passeio: vitórias de Mario em Zolder, Jarama, Paul Ricard, Hockenhein e Zandvoort; vencendo Peterson em Osterreichring. Mas o ano terminou com luto. Ronnie Peterson sofeu um acidente fatal na largada do GP de Monza e a equipe também perdeu seu antigo piloto, Gunnar Nilsson, morto por causas naturais. A equipe sofreria novo abalo e teria mais uma vez, que recriar-se.
CURIOSIDADES:
-Além dos pilotos já citados, também pilotaram a Lotus 79 o francês Jean Pierre Jarier, que substituiu Peterson nos dois GPs finais de 78; o argentino Carlos Reutemann, que pilotou o carro na temporada de 1979 e o mexicano Hector Rebaque, piloto privado e que utilizou o chassi 78 na temporada de 1978 e o 79 no ano seguinte;
-O sueco Ronnie Peterson foi o único piloto a guiar os quatro modelos. Com eles teve alegrias, tristezas, vitórias e decepções. Deixou a vida e tornou-se lenda.
Acidente de Peterson em Moza. Ele deitado na pista com Merzario a seu lado, a direita Regazzoni tentando ajudar Vittorio Brambilla, #17 Shadow DN9 de Rega e andando para os carros Bruno Giacomelli. No fundo a MacLaren #7 de Hunt.
CARANGUEJO