A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

sexta-feira, 26 de março de 2021

Novato e sem carro...

 

Rua Canuto Saraiva 429, Mooca, sede dos Alimentos Selecionados Amaral S.A. Onde entrei naquele dia...

 Sai do encontro com meu pai consciente que ele não iria me apoiar, mas sabendo que lá no fundo de sua alma ele estava contente, alguém em nossa família havia tomado uma atitude sem a dependência dele, e atitude era algo que ele apreciava muito.

Rolando, Raimundo Hernandez, braço direito de meu pai nas Cestas de Natal Amaral, Rui Amaral e eu.

Me permitam esquecer um pouco o automobilismo e divagar...

Naquele 1971 meu pai não estava feliz, um montão de coisas o perturbavam. A situação familiar, o fechamento das Cestas, sua menina dos olhos, fechou a grande empresa pura e simplesmente, pagou todos os credores, como era de seu feitio, ficou com todos os imóveis,  e agora tocava os Alimentos e uma rede de super mercados que havia aberto no ano anterior, aliás onde trabalhei por um tempo.

Depois de exercer seu mandato como deputado federal, se esforçava na fundação, com outros abnegados, que não vou citar, do partido que seria a oposição ao governista, o MDB. Logo ele que tanto se opôs  aos descalabros da administração que sucedeu Jânio Quadros no comando da nação. Tenho um discurso seu na Câmara dos Deputados que mostra toda situação vivida no país nos tempos pré Revolução, onde coloca os pingos nos iiiis. Os dois grandes nomes da politica paulista, Adhemar de Barros e Jânio Quadros, estavam fora, e novos nomes deveriam surgir.

Os Amaral Lemos, no dia em que meu pai teve confirmado seu nome para Câmara dos Deputados.
No mesmo dia, eu, Arinda, sem a colher de madeira, Maria Aparecida, papai, Paulo e agachada Creusa, que mamãe havia adotado tempos antes. 

Batalhador consciente, pelo MDB foi ao sacrifício em duas disputas, três anos antes  pela prefeitura de São Bernardo do Campo, onde ficava a sede das Cestas, quando perdeu por poucos votos. E no final do ano anterior na disputa pelo senado, quando seu nome era indicado para liderar a chapa, e numa deliberação partidária aceitou sair como vice de Lino de Mattos, quando perderam a cadeira para um candidato da situação, sendo que o MDB elegeu um senador.

Ele que tinha lutado pela criação do partido, sendo que sua sede em São Paulo, à rua Nestor Pestana, antigo escritório das Cestas, foi cedida gratuitamente  por ele para sediar o partido.

Ele estava desiludido, eu que no ano anterior, na primeira eleição  em que votava, havia tido a grande honra de votar nele, pensava que ele deveria tomar outros rumos politicamente. Eu, que desde quando comecei a ler jornais, lá pelos doze anos, era de direita, sendo fã antes de tudo dele e de Carlos Lacerda, via seu perfil mais à direita de onde ele se situava agora.

Me desculpem misturar minha situação familiar com automobilismo, mas foi assim que aconteceu.

Voltando às pista...


 Não fiquei frustrado, saí com a firme convicção que conseguiria um carro para as próximas corridas da temporada.
Meu caminho natural seria prosseguir com o Carlos Mauro Fagundes, que tanto me ensinou, incentivou e ajudou. Mas eu não queria continuar na Divisão Um, e transformar aquele Dart em Divisão Três, seria muito caro, grana que não tinha. 
Teria que trocar cambio, rodas, mexer no motor e  mesmo assim para andar talvez uns 16 segundos mais rápido em Interlagos, tempo que não seria suficiente para acompanhar os Lorenas de meus amigos Edo e Jacob, o Puma do Zé Martins, nem mesmos os VW que na Divisão Três já vinham muito bem preparados. 
Nos VW lembro com carinho o pessoal da Kinko, os irmãos Kenety e Hiroshi Hioshimoto, bem mais velhos que nós, corriam como Novatos já há algumas temporadas. A Kinko era competente na preparação e os irmãos experientes e rápidos.
A Divisão Três era o caminho a seguir...Foi quando fuçando encontrei um carro para alugar na equipe De Lamare. O VW D3 que foi pilotado por Márcio Brandão, filho do grande técnico Oswaldo Brandão, estava disponível.
E dois meses depois da corrida com o Dart lá estava eu novamente em Interlagos, agora com um carro preparado e rápido...

A memória de Rui Amaral Lemos.

Aos amigos Walter, Danilo, Márcio, Carlos e Roberto.

Ao Jacob, Edo, Zé Martins, João Carlos, à lembrança de Guaraná que já não está entre nós, uma grande honra privar de suas amizades até hoje.  


Rui Amaral Jr     



10 comentários:

  1. Bela família Rui. Aqui no Brasil acredito que a maioria dos pilotos tiveram muitas dificuldades para iniciar a carreira. É um esporte apaixonante, mas também muito caro. Mas você foi em frente iniciou. Parabéns pela iniciativa que já é uma vitória e pelas vitórias nas pistas!!! Grande abraço meu amigo!!!

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  2. Caramba, só novidades: então você pilotou num carro do Pedro Victor DeLamare! Ele era a fera dos carros de turismo. Imaginar que o Brandão, técnico magistral da Academia do Palmeiras, tinha um filho piloto, nunca soube.

    Uma hora dessas, você poderia contar o que significaria fazer um Dodge virar Divisão 3, como o Leopoldo Abi Essab fez (aqui uma narrativa de que só Rui Amaral venceu com Dodge: http://brazilexporters.com/blog//index.php/2009/08/05/a_ma_fadada_carreira_dos_dart_no_automob?blog=5).

    Mas quero fazer uma homenagem ao Deputado Rui Amaral: o homem público (bobamente desprestigiado!) é o cara que tem a humildade de pedir votos para fazer uma coisa para os outros. No automobilismo tem maus pilotos (lembro do Hunt falando que o Jarier era um idiota), maus chefes de equipe (Flavio Briatore), na vida pública também tem seus 'errados'. Bacana saber que o Deputado Rui Amaral fazia com gosto a boa política. A gente precisa saudar quem tem a humildade de pedir votos e vence uma eleição.

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    1. Vc me emociona Walter.

      Sobre minhas corridas na equipe do PV conto mais adiante num post.
      Conheci o Marcio na pista, um cara elegante e me parece que era modelo . Mais tarde soube que certo dia treinando passou mal, para logo em seguida descobrirem que tinha um nódulo no cérebro, faleceu pouco depois. O Lindau, um grande amigo e sobrinho de seu Brandão me contava que o tio nunca se recuperou, era a ordem natural da vida sendo invertida, triste demais.
      O Dodge do Leopoldo, feito pelo Gigante, parece que tinha tudo do bom e melhor, mas me parece que faltou o que é mais caro em corridas, o desenvolvimento.
      O Carlos de Paula do Brasilexporters foi meu grande incentivador para escrever o Histórias, seu nome está na lista de autores, um grande historiador, um amigo querido.
      Obrigado pela referencia ao meu pai, nós dois, filhos de grandes homens, sabemos que em muitas de suas lutas a derrota foi uma grande vitória.

      Um forte abraço.


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  3. Minha mãe fez parte dessa historia ,Dna maria que por muitos anos servio cafe ,para o comendador Rui Amaral ,e familìa ,Era confidente dele ,ela conhecia toda a familia ,e seua acertos ,e erros ,A unica pessoa que ela não gostava era do seu Henandes ,,porquê , ????? Hà eu tambem trabalhei no Alimentos Seleciondos Amaral no Mandiopam .eu estava na inaguração do cafe Amaral ,

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    1. Como é seu nome? No Facebook das Cestas de Natalo Amaral tenho várias fotros da inauguração do Café Amaral, inclusive uma com meu pai e o governador em exercicio Porfirio da Paz. Deixe seu e-mail que entro em contato.

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    2. Conheci muito bem a senhora Maria, toda tarde quando meu pai estava na Mooca ia levar chá com bolachas!

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  4. Eu trabalhei na Amaral, muitas lembranças, trabalhei no escritório junto com a Ivone que era secretária do Paulo Henrique Amaral Lemos.

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Rui Amaral Jr