A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

domingo, 12 de junho de 2011

1954 e 55 Fangio e a Mercedes Benz W196 uma dupla perfeita.

MB 196W 

Como contou o Caranguejo da temporada de 1952 Fangio “procurava” uma equipe e a Ferrari uma desculpa para não ter que enfrentar a Mercedes Benz que preparava em segredo um carro para estrear na recém criada Formula Um, categoria que vinha substituir a Grand Prix e viria a ser o topo do automobilismo de competição.
A FIA resolveu correr o Mundial de Formula Um nos anos de 1952 e 53 com os carros de dois litros que corriam na Formula Dois e a Ferrari coincidência ou não tinha em sua Ferrari 500 de F2 o melhor carro da categoria e que deu a Alberto “”Ciccio” Ascari o bi campeonato mundial de F I.
Porem para as temporadas de 1954 até 59 valeria a nova Formula Um com motores de 750cc com compressores ou 2.500cc aspirados e a Mercedes Benz com toda sua tecnologia e acredito com toda grana que o Plano Marshal injetava na economia alemã de pós guerra, viria a estrear  sua magnífica W 196 no campeonato.

Largada em Reims 1954, Fangio #18, Kling #20 e Ciccio Ascari #10 com a Maserati 250F.
A chegada, Fangio e Kling.
Sua estréia foi na quarta corrida do campeonato, se contarmos Indianápolis que na época fazia parte do calendário, no GP da França em Reims, pole de Fangio com Kling em segundo, e Hermann em sétimo.
E já em sua estréia fez a dobradinha com a vitória de Fangio e Kling em segundo deixando o terceiro colocado quase um minuto atrás.

Silverstone 1954 Fangio sofre na chuva.

Vem Silverstone e apesar da pole de Fangio a 196W na corrida toma quase um minuto da dupla da Ferrari Froilan Gonsalez o vencedor com uma 625 e Hawthorn com uma 625/655. Chegando Fangio em quarto, ainda atrás da Maserati 250F de Onofre Marimon.
Já para o GP da Alemanha em Nurburgring a MB 196W substitui a Streamliner pelo modelo convencional sem a cobertura aerodinâmica das rodas e encurtada em 116mm.

1954, Fangio e Kling em Nurburgring.

Aí o que se vê é uma sucessão de vitória da W196, são nove vitórias em doze corridas nos Mundiais de Formula Um em 1954 e 1955 sendo que oito de Fangio e uma de Stirling Moss no GP da Inglaterra em  Aintree 1955, o jovem talento inglês que a MB trouxe em 1955 para correr ao lado Del Chueco.   

1955 Moss em Aintree.
Elas no Banking em Monza.
1955, Fangio saindo da Parabólica vem para a vitória enquanto Moss sai do Banking.

Karl Kling no GP da Suiça 1954.
Mônaco 1955, Fangio na frente de Moss, nesta corrida os dois motores quebraram deixando o campeão e seu companheiro na mão.
Mônaco 1955, Moss e toda elegância do W196.

Fangio vence os campeonatos de 1954 e 55 , sendo que as duas primeiras corridas de 54 com uma Maserati 250F, e torna-se tri campeão do mundo, numa simbiose perfeita entre um  grande, grandessíssimo piloto e uma grande maquina. 
Ao final de 1955 e após o grave acidente nas 24 Horas de Le Mans a Mercedes Benz resolve se afastar das competições sendo que a ultima participação da W196 em um GP é em Monza ao final da temporada com mais uma vitória do Grande Campeão.

O CARRO 


Notem os enormes tambores de freios "on board".

Chassi tubular de estrutura espacial, motor entre eixos dianteiro, suspensão dianteira e traseira independentes, freios a tambores internos com servo freio, cambio de cinco marchas sincronizadas junto ao diferencial na parte traseira do carro, os semi eixos saiam de uma posição baixa no diferencial para abaixar o centro de gravidade que ficava a 15cm do solo. Sua suspensão era por barras de torção com as molas polidas e ajustáveis em sua altura pelo piloto. Seu motor colocado bem baixo dava ao carro uma silhueta baixa e aerodinâmica bem diferente dos modelos da época.
A distancia entre eixos da Streamliner é de 2.337 mm e é reduzida nos outros modelos para 2.222 mm chegando em Mônaco a ser usado um chassi com a distancia de 2.159 mm.


O motor é simplesmente uma jóia, enquanto seus principais rivais optam por motores de seis cilindros em linha a MB desenvolve um motor de oito cilindros em linha com a tomada de força no meio como se fossem dois motores de quatro cilindros acoplados, reduzindo assim a grande vibração que um girabrequim mais longo traria e melhorando de forma considerável seu balanceamento. O motor de 2.496cc tem os pistões com um diâmetro de 76mm por um curso de girabrequim de 68.8mm, as válvulas de admissão de 50mm por 42mm das de escape. Duplo comando de válvulas no cabeçote e o acionamento das válvulas pelo sistema desmôdromico, sem o uso de molas para o retorno das válvulas. Já escrevi sobre o sistema desmodrômico que não emprega molas nas válvulas tendo um mecanismo que as abre e fecha possibilitando que o motor trabalhe em altas rotações sem que haja o perigo das válvulas flutuarem.
Outra jóia é seu sistema de alimentação, enquanto seus rivais usavam os carburadores a Mercedes Benz desenvolveu um sistema de injeção direta, com um sistema de bombas e tanques que permitiam ao combustível uma entrada continua na câmara de combustão livre de espuma, os orifícios de admissão de ar são  um para cada cilindro controlados por uma única válvula reguladora. Diferente de nossas injeções de hoje quando o combustível e o ar são misturados no corpo da injeção e a mistura levada até as câmaras de combustão, os bicos injetores bicos injetores de combustível da W196 eram dentro da câmara de combustão, coisa que só agora no ano 2011 está sendo usado em alguns carros e olhem que hoje em dia temos todo aparato eletrônico para controlar esse fluxo.
Na primeira corrida de 1954 o motor tem 256 HP à 8.500 rpm sendo que em sua ultima corrida em Monza no ano de 1955 tinha 285 HP à 9.500 rpm.
Como se vê um grande carro entregue a um grande campeão!

Os: Já tinha feito um post sobre a W196 no começo do blog, mas lendo o texto do Caranguejo “O dia que o Príncipe Bira derrotou Fangio” tive vontade de mostrar mais detalhadamente a vocês o bi campeonato de Fangio com ele. 
Outra coisa que também me chamou a atenção para escrever foi a atuação atual da Mercedes na Formula Um, que apesar do grande motor que impulsiona também a MacLaren não consegue fazer frente à Ferrari, MacLaren e Red Bull. 
O certo é que hoje a montadora não desfruta de tanta vantagem tecnológica sobre seus concorrentes e muito menos Schumacher é el Chueco.
Fangio tinha 44 anos quando venceu o mundial de 1955,

AS VITÓRIAS 

1954 

GP da França - Reims - Juan Manuel Fangio 
GP da Alemanha - Nurburgring - Fangio
GP da Suíça - Berna - Fangio
GP da Itália - Monza - Fangio

1955

GP da Argentina - Buenos Aires - Fangio
GP da Bélgica - Spa - Fangio
GP da Holanda - Zandvoort - Fangio
GP da Grã-Bretanha - Adentrei - Stirling Moss
GP da Itália - Monza - Fangio    
           

Vitórias com segundo lugares.

1954

GP da França - Fangio e Karl Kling

1955

GP da Argentina - Fangio e Moss
GP da Holanda - Fangio e Moss
GP da Inglaterra - Moss, Fangio, Karl Kling e Piero Tarife (1º,2º;3º e 4º)
GP da Itália - Fangio e Taruffi 

Ainda em 1955 a Mercedes Benz com sua 300 SLR venceu duas importantes corridas da época. As Mille Miglia e a Targa Florio. Nas MM Moss venceu com o navegador Denis Jenkinson, tendo  Fangio chegado em segundo, Na Targa Florio  Moss corre em dupla co Peter Collins e Fangio chegou em segundo pilotando sózinho. 

Moss e Jenkinson MM 1955.
El  Chueco nas MM 1955.


Para meu amigo Caranguejo.





10 comentários:

  1. As fotos são de tirar o fôlego Rui! Parabéns pela postagem!!!
    Abraços

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  2. Rui, como vc disse este motor da 196 é uma jóia...precisamos ir até lá na Alemanha vê-lo de perto...

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  3. Obrigado Francis, e Francisco vamos ver o motor e fazer um tour automobilistico/gastronomico, levamos o Francis e voltamos com belas imagens das pistas e carros de lá e com uns 150 kg cada um!

    Um abração

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  4. Rui,

    Como sempre, textos e fotos impecáveis, que nos levam a uma eraimpressionante do automobilismo, nos primeiros anos da Fórmula 1.

    Imagino o orgulho da Argentina pelo grande Fangio, numa época em que cruzar os oceanos ainda era uma aventura, principalmente para um latino-americano.

    Uma curiosidade, quando é que a Fórmula 1 passou a ser exclusiva dos "charutinhos", pois vemos fotos das Mercedes carenadas, que certamente tinham grande vantagem aerodinâmica.

    Abraço,

    Danilo Kravchychyn
    Ponta Grossa - PR

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  5. Alô, Danilo.
    Acredito que a partir do começo da década de sessenta é que os carros carenados "desapareceram" do grid. Cooper inseriu o motor traseiro. A Ferrari ajudou a popularizá-lo com a bela Sharknose e Colin...bem, ele passou a construir os maravilhosos modelos 18, 24, 25...
    Que acha o Rui?
    Valeu pela homenagem.
    Caranguejo

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  6. Juan Manuel Fangio e a Mercedes-Benz, nasceram UM PARA O OUTRO! Concorda?????
    Parabéns!

    Abraços,

    Elisa

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  7. hahahahaha gostei da ideia, Rui!
    Automobilismo, salsicha, chopp e xucrute!
    Abraços

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  8. Rui, Caranguejo,

    Imagino o que era ver em Monza essas máquinas passando pelo Banking. Uma loucura que não tem lugar nos dias que vivemos.

    Abraço,

    Danilo Kravchychyn
    Ponta Grossa - PR

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  9. Fabiani C Gargioni #2614 de junho de 2011 às 16:37

    Grande Rui,texto maravilhoso e fotos sensacionais e mais uma aula,eu acho que o Fangio faria uma dupla imbatível com qualquer "barata" que pilotasse!!!

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  10. Gran equipo Fangio y los W196, símbolos de los que es el triunfo en la F1.
    Esas dos fotos en el banking de Monza están espectaculares.
    Acá está mi modelo en 1/43 con más fotos del auto en ese GP de Francia de 1954, debut del W196:
    http://juanhracingteam.blogspot.com.ar/2012/04/092-mercedes-benz-w196r-carenado.html
    Abrazos!

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