A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Conta Chico...

 


Caro Rui, tudo em riba com você .....??

Então, sobre a Reedition da famosa Alfa Romeo 159 do Gran Juan Manuel Fangio e outros grandes, da única volta que pude fazer deu para ter uma leve noção do que era em 1950 ...... !!!! 

Em primeiro lugar, os pneus da época deveriam ser bem piores em relação aos que ontem usei. Mas embora em velocidade reduzida senti que se tem que vir apoiando a traseira full time ..... claro que “lavorando” a pressão de pneus poderá - se amenizar esse sintoma .... mas como andei “”depacito “”” na hora do vamos ver isso será a tônica .

 O cokpit é uma sauna.  Então tinha tudo em haver de os pilotos da época terem massa muscular até com certo exagero .... a lembrar que as Carreras eram de 2 a 3 horas de duração ...... hoje os pilotos são uns atletas olímpicos mas massa sempre e’ massa muscular.






Os pneus Dianteiros você tem que usar um binóculo para os enxergar .... afinal entre eles e você tem dois motores de 4 cilindros {{8 portanto}} .... isso me lembra o totalmente oposto de quando pilotei a Lola T 200 em que o trem dianteiro ficava na altura dos joelhos. A alavanca do câmbio fica no centro e trabalhei com a mão esquerda ... gostei, pois fica-se a lavorar com a mão direita no volante .... a lembrar que era um dos pontos fortes do Gran Senna pois como canhoto que era sua mão “”” boa “” ficava no volante com a direita no câmbio. Um ponto que sugiro de um redesenho será o pedal do freio pois sua altura e’ muito diversa da altura do acelerador, não se tendo possibilidade de trabalhar o “”” punta e taco “””. O auto está muiiiiiito bem executado pelo amigo Aldemar Moro de Porto Alegre sendo com total apoio do Paulo Figueiredo, este um grande entusiasta e excelente entendedor do assunto Motor Racing de qualquer área ...!!! A pena e’ que só pude dar uma volta ..... mas como o Paulo me emprestou um óculos da época, que certamente ele quererá que o devolva, o farei quando levarmos para a pista para dar umas voltas a “””” sério “”” ......!!!

 Lembrei os tempos passados do não uso de macacão, cinto de segurança e Sto. Antônio .... e outros penduricalhos atualmente em voga e obrigatórios ...... o PS que deixo e’ que poderia se fazer uma categoria com esse tipo de auto ...... as bodys teriam que ser como eram mas não monomarca please .....

 

Abraço a todos , Chico

 

Um outro PS e’ que se sempre tive respeito pelos pilotos de outrora, com essa única volta o respeito aumentou em muito ...... imagino o Gran Ciro Cayres quando estabeleceu o Record de Interlagos de 7 km em 3’ 37” que perdurou por 10 anos .....

 

segundo o Gran Bird Clemente na Curva que hoje e’ chamada do Café a Maserati de Ciro veio no ar fazendo ele a correção com as quatro rodas fora do asfalto .... !!!!



 

 

Sábado a noite seria a largada das Mil Milhas, depois conto como foi, e durante o dia foi uma festa de várias categorias, autódromo lotado de carros, e Chico usaria a Alfa como carro madrinha da Clássicos.

Durante a semana ele estava entusiasmado com a experiencia, conversamos várias vezes.

Saí de casa, perto de Jundiai e fui buscar o Ricardo-Bock- na Aclimação, da saída de casa pela Anhanguera até a Marginal trinta minutos, depois no trânsito maluco de minha querida São Paulo uma hora e tanto até chegar ao autódromo. Neste tempo todo Chico não atendia o tal do aparelho maluco como ele denomina o celular.

Paramos no estacionamento do outrora Sargento, fomos procurar o Águia (outra bela história que amanhã conto para vocês) e no caminho até os boxes fomos encontrando os amigos e com cada um alguns minutos, quando chegamos lá no alto o Chico já tinha andado e não vimos nosso amigo.

Foi uma pena!

Confesso a vocês foi emocionante ver o entusiasmo dos dois garotos na pista, Chico com 76 primaveras e Águia com 79, andando como se fosse pela primeira vez numa pista de corridas.

Chico, desculpa revelar sua idade, muito obrigado por dividir sua experiencia e um forte abraço.

 

Rui Amaral Jr 

Ricardo Bock ao lado da lendária Alfa e ao lado o também lendário HEVE D4 criação dos amigos Herculano e Antonio Ferreiriha. 



quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Berta Tornado x Porsche 908/2

 


 

 1971 começou com grandes promessas para nosso automobilismo, Interlagos estava em reformas, Tarumã, Guaporé e Cascavel inaugurados ao final de 1970. Os autódromos gaúcho e paranaenses com traçados de cerca de três quilômetros, tres pistas desafiadoras que trouxeram ainda mais os pilotos e equipes daqueles estados ao topo de nosso automobilismo. Grandes iniciativas de abnegados visionários que viram no esporte motor o caminho para o desenvolvimento. Deixo aqui minha homenagem ao grande Zilmar Beux, que capitaneando um grupo de esportistas colocou Cascavel em lugar de destaque no nosso automobilismo.

Brasileiros e Argentinos já combatiam há muito nas pistas, com carreteras, na Mecânica Continental que eram carros da Formula Um já em desuso na Europa e que na América do Sul eram retirados seus motores originais e equipados com motores V8.

No Brasil grandes nomes se destacavam na organização de torneios, entre eles Mario Patti, Antonio Carlos Scavone e Antonio Carlos Avallone.

Neste ano duas forças do automobilismo Sulamericano se encontraram, a Berta e a Equipe Z, depois Hollywood.

Berta Tornado




Chassi semi monocoque em aço e alumínio. Motor traseiro entre eixos.

Motor seis cilindros em linha derivado do Tornado 380, Berta elevou sua cilindrada á 4.000cc mudando sua configuração de curso x diâmetro, diminuindo o curso e aumentando o diâmetros fazendo com que o motor girasse a 6.800 rpm, ajudado por um novo cabeçote de dois comando na cabeça alimentados por três Weber 48. Esta joia desenvolvia aproximadamente 360/370 hps. Bloco de ferro e cabeçote de alumínio.

Cambio Saenz 750 de cinco marchas.

Freios Girling.

Comprimento: 4.050 mm.

Largura: 1.880 mm.

Bitola dianteira: 1.550 mm.

Bitola traseira: 1.528 mm.

Distância entre eixos: 2.320 mm.

Rodas;

Dianteiras 15x10.

Traseiras 15x15.

Peso 750/800 kg.

 

Porsche 908/2


Motor

Configuração flat 8 cilindros contrapostos.

Localização traseira, montado longitudinalmente

Construção bloco e cabeçote em liga.

Cilindrada   2,996 litros

Diâmetro x curso 85,0 milímetros x 66,0 milímetros

Taxa de compressão 10.5:1

2 válvulas por cilindro, duplo comando

Alimentação de combustível injeção Bosch.

Potencia   350 CV a 8500 rpm

117 cv/litro

 

Chassis em alumínio tubular. 

Suspensão dianteira triângulos duplos, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos

Suspensão traseira braços superiores e inferiores, braço tensor, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos

Direção cremalheira e pinhão

Freios Dunlop-ATE, discos nas quatro rodas

Caixa de cambio Porsche 5 marchas

Tração traseira

 

Dimensões

Peso 600 kg.

Comprimento 4.320 milímetros.

Largura 1830 mm.

Altura 1020 mm.

Distância entre eixos 2300 milímetros.

Bitola dianteira 1.486 milímetros.

Bitola traseira 1453 mm

Rodas;

Dianteiras 15x10 pol.

Traseiras 15x15 pol.

 

Algumas considerações.

 

Dois carros de duas épocas, o 908/2 projetado cerca de 4/5 anos antes quando os pneus slick ainda estavam longe das pistas, para o uso deles foi projetado e construído seu substituto o 908/3 muito diferente em todas configurações e com o motor cerca de 20 hps mais forte. Já o Berta Tornado deriva do Berta Cosworth concebido no final de 1969 para temporada de 1970, além disso ao contrário do 908/2 corria na equipe que o projetou e construiu, podendo o gênio argentino inserir nele diversas modificações no decorrer do ano, coisa que a Z não fazia no 908/2, apenas mais para frente alguma coisa na aerodinâmica.






No primeiro duelo entre eles Luiz Pereira Bueno se queixou muito dos pneus, o que mais tarde com testes e muitas corridas foi resolvido, culminando com sua espetacular participação nos 500 Quilômetros de Interlagos de 1972.

A primeira prova da temporada em Tarumã foi vencida por Tite Catapani com a Lola T210 ex Emerson Fittipaldi, massss as duas feras, Luis & Luiz não estavam presentes, logo conto sobre.

 

Vejam a situação de nosso automobilismo, depois da era de ouro quando as montadoras dominaram o espetáculo, tivemos alguns anos de corridas minguadas. Agora a Formula Ford chegava com força, algumas grandes equipes eram montadas, logo teríamos a Divisão Um forte, assim como a Divisão Três. Ainda em 71/72 correram os carros do Grupo Cinco e Seis, no final de 1972 os importados foram banidos e chegou a bela Divisão Quatro, quando um certo Baixinho visionário começou à montar aqui carros da Lola e a equipe Hollywood encomendou a Berta o super Hollywood-Berta, com o motor Ford 302 V8 que aqui equipava o Maverick.


O Hollywood Berta na visão de dois amigos, Ararê e Rogério, mestres em suas artes.
Quase ao final do texto numa conversa com o Chico uma referencia a alguém que faz muita falta, Avallone e seu Avallone Divisão Quatro.



Mas vejam nesta entrevista o que pensava Angelo Juliano, presidente do ACB - Automóvel Club do Brasil – que anos antes, na gestão do Presidente Castello Branco, havia perdido o mando de nosso automobilismo para CBA – Confederação Brasileira de Automobilismo. A briga nefasta entre as duas instituições durou muitos anos, trazendo grandes desavenças e um atraso imensurável ao nosso automobilismo.  

 

Rui Amaral Jr

Como sempre peço perdão por algum erro ou informação desencontrada, escrevo principalmente de memória, e também com o coração.

Lembrando Cascavel deixo aqui meu forte abraço ao Milton Serralheiro e ao grande amigo Miguel Beux que herdou de seu pai Zilmar, o talento a competência e a força.  

 


segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

HERMANOS...

Luiz Di Palma e Luiz Pereira Bueno, dois grandes pilotos com dois grandes carros.

  Confesso que sempre fui fã do automobilismo praticado na Argentina, ia muitas vezes com minha mãe a Montevideo onde morava um tio dela, o maestro Raphael Angrisani, e de lá sempre íamos à Argentina. Com dez/onze anos lia a Parabrisas Corsa, a excelente revista sobre automobilismo, coisa que só teríamos aqui alguns anos mais tarde com a antiga AutoEsporte.

Comparar o automobilismo deles com o nosso na década de 1960 era impossível. Não sou fã de futebol, mas seria algo como comparar meu grande São Paulo Futebol Club ao Ibis, que pelo que ouvi dizer nunca venceu nada, três mundiais e outros milhares de títulos contra nenhum.

Sim, na década anterior tivemos “seu” Chico, Fritz D`Orey e outros andando muito bem mundo afora, e eles tinham o Quintuple. Ao parar Fangio fez muito pelo automobilismo de lá, o profissionalizou de forma séria, sem mutretas ou preferidos, muitos autódromos, enquanto nós só tínhamos Interlagos caindo em pedaços. Muitos campeonatos de várias categorias, com prêmios de largada e chegada, uma imprensa séria e atuante, muita divulgação. É triste, mas fora o Nelson que tentou, nenhum de nossos campeões fez nada por nosso automobilismo, principalmente o de base que revela tantos talentos.

Comecei a escrever provocado por um comentário de meu amigo Walter para comparar o Berta LR x Porsche 908/2, e já que estou divagando vou continuar, perdoem-me.

Divagando lembro muito bem que no Torneio Sulam de 1971, correndo como Novato, tive o privilégio da amizade de um casal argentino dono de uma das equipes que aqui vieram, ela muito simpática lembro bem, ele afável e profundo conhecedor. Eles queriam me levar para correr lá, sem custo algum, apenas com meu trabalho em sua equipe, um dia sentados no box conversávamos e me disseram “lá você vai fazer mais de quarenta corridas em uma temporada, enquanto aqui....”. Em 1971 tivemos se tanto dez corridas. Nunca tive autorização de meus pais e o sonho se esvaiu, ainda mantive contato com eles por quase dois anos, depois a vida me levou para outros caminhos, muito longe do que eu amava fazer.

Berta LR-Cosworth

 Logo após o show portenho nas 84 Horas de Nurburgring 1969, capitaneado por Fangio tendo Berta como preparador, quando levaram o três Torino 380W quase à vitória. Gostaria muito de escrever sobre a corrida, mas teria que ter a inspiração de Gardel, o Autódromo Municipal de Buenos Aires receberia, no começo de 1970, uma corrida com os carros do Mundial de Marcas extracampeonato para a homologação da pista.

Um dos Torino e Nurburgring.


Conta a lenda que Berta projetou e construiu o carro em três meses, o certo é que ele já tinha o caminho das pedras, construía protótipos que lá corriam. Cambio Hewland, motor Ford-Cosworth DFV e o sonho deles correrem o Mundial de Marcas estava pronto.

Luiz Di nPalma e o Berta-Cosworth em Buenos Aires 1970.


Com a nata dos carros e pilotos que disputavam o mundial Luiz Di Palma/Carlos Marincovich fazem o terceiro tempo na classificação, atrás do Porsche 917K de David Piper/Brian Redman e da Alfa Romeo T33/3 de Piers Courage/Andrea de Adamich, e uma posição à frente do Porsche 908/2 de Jochen Rindt/ Alex Soler Roig. Não vou pesquisar, mas se não me falha a memoria pularam na frente e lideraram por algum tempo, quebraram.

84 horas de Nurburgring

link

http://www.marambio.aq/torinonurburgring.html

Berta LR Tornado x Porsche 908/2, Torneio Sulam 1971 continuo...

 

Rui Amaral Jr

 PS: Onze anos atrás eu já reverenciava aqui o Mago de Alta Gracia...

Oreste Berta

link

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Equipe Z

 

Luiz observa Anísio, ao lado Chico, e ainda na primeira fila Antonio Carlos Avallone em p´pe ao lado de sua Lola.

 A equipe Z foi uma iniciativa ousada de Walter Uchoa, Anísio Campos e Luiz Pereira Bueno, compraram o Porsche 908/2, que pertencia ao piloto espanhol Jorge Bragation. Logo a seguir foi agregado à equipe o Porsche 910 de Lian Durte. 

Meu irmão Paulo me contou certa vez que Walter Uchou contou-lhe que na largada da primeira corrida do 908/2, no Torneio União e Disciplina, que já narrei aqui, ao ver o grande Luiz largando no último pelotão e acelerando para tomar a ponta ele quase teve um ataque cardiaco! Eles haviam investido muito naquela iniciativa, e o medo era uma panca já na estréia! Essa eu assisti da mureta dos boxes, maravilhado com a soberba tocada do Luiz.

Como Equipe Z foram algumas corridas, inclusive na Argentina, que mais tarde vou mostrar, agora as Seis Horas de Interlagos, já com o 910 de Lian com o grande Chico como seu parceiro.

Seis Horas de Interlagos 1971

A pole foi da dupla Luiz/Anísio com o 908/2 com Lian/Chico ao seu lado, Avallone com a Lola T70 e alguns Divisão 4, como o belo Furia-BMW de Jaime Silva e o protótipo Alfa construido por Anésio Hernandes e pilotado por Nathanael Touwsend. Outro dia bati um longo papo com o Anesio sobre este carro que tinha tudo para dar certo, mas se não me engano agora fez apenas uma ou duas corridas.

Luiz se prepara para largar na primeira das três baterias.

 Lian pulou à frente de Luiz, para logo a seguir ser ultrapassado, em terceiro chegou Jaime Silva com o Furia-BMW.

Anésio conversa com Nathanael antes da largfada.

Jaime e o Furia-BMW

 


Segunda bateria, Chico Lameirão e o 910.

Chico pulou na frente de Anísio para logo ser ultrapassado, algums voltas depois o 908/2 parava com um rolamento de roda danificado. Chico vence com Jaime em segundo e Abílio Diniz com a Alfa romeo GTAM em terceiro.

Lian e o 910.

Na terceira bateria Lian reinou absoluto, parte da corrida foi com chuva, Jaime bateu, Abílio foi sugundo com o Puma de Waldir Olio em terceiro.



Uma volta com Lian e o 910.

FINAL

Graziella, Artur Bragantini e Regina Calderoni.

 A Graziella, que subiu semanas atrás, ao Artur que também subiu alguns meses atrás, minha eterna adimiração.

A Regina, minha querida amiga um beijão. 

Obrigado ao Chico, Anésio e Caranguejo -Carlos Henrique Mércio. 

Feliz 2022 a todos, que seja um ano muito mais leve que este que nos deixa, um ano de encontros.



Rui Amaral Jr