A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta Tazio Nuvolari. Ordenar por data Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta Tazio Nuvolari. Ordenar por data Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

TAZIO NUVOLARI - CARRO Nº1049

Tazio, Scapinelli e a Ferrari 166 Spyder Corsa



1948, a Itália era um país devastado pela guerra que tentava reerguer-se.
Às vésperas da tradicional Mille Miglia, encontravam-se dois homens na mesma condição. Um deles era Enzo Ferrari. Sua fábrica ainda não era um ícone de velocidade e ele necessitava urgentemente resultados nas competições ou não poderia vender seus carros. O outro era o campeão Tazio Nuvolari. 
Aos 56 anos, debilitado por uma doença pulmonar, ele era um homem arrasado pela morte prematura de seus dois filhos, Giorgio e Alberto. Quem poderia dizer o que Nivola ainda buscava nas corridas?

Enzo & Tazio

Neste cenário, Enzo encontraria Nuvolari.

 Il Drake acreditava que o velho campeão é de quem necessitava para pilotar o modelo 166 Spyder Corsa. Para o carismático Nuvolari, duas vezes vencedor das Mille Miglia, ganhador das 24 Horas de Le Mans, o convite era tentador, apesar dele desconhecer o carro e nem mesmo teria tempo para realizar um teste. O jovem mecânico Andrea Scapinelli foi designado como seu acompanhante e o carro recebeu o numeral 1049. 

Tazio e o mecânico Scapinelli na largada.
O percurso das Mille Miglia 1948
Já sem a tampa do motor sendo reverenciado pelo povo Italiano!
No controle de Roma.

No dia 2 de maio, teve início a maratona de 1.600 km. Alberto Ascari liderou com seu Maserati A6GCS, seguido por Franco Cortese (Ferrari 166S Spyder); em terceiro vinha Nuvolari lutando contra Sanesi (Alfa 6C 2500) acompanhados por Taruffi (Cisitalia 1200). Até Forli, apenas retas longas que faziam a alegria das Maseratis e Alfas. Quando o caminho se tornou a sucessão de curvas até Passo del Furlo é que Nuvolari fez sua mágica. Em Gualdo Tadino, na descida de uma encosta, a tampa do motor se abriu e bloqueou a visão de piloto e mecânico. Situação resolvida com um tapa de Tazio. "Isso é bom - disse ele - nosso motor resfriará mais rapidamente", enquanto o perplexo Scapinelli só balançava a cabeça. Nuvolari chegou à Roma
com a Ferrari mutilada, mas com treze minutos de vantagem para o segundo colocado. Taruffi desistiu; Ciccio Ascari quebrou a caixa de velocidades e Sanesi parou também. Prosseguindo, no retorno para Brescia, Nuvolari era o líder e para aquela nação ferida, isso era especial. Começou a chover, mas o Gigante não cedeu. Nem quando seu banco quebrou. Tazio improvisou um saco com laranjas e limões à guisa de almofada e nada de tirar o pé. Até chegar à Villa Ospizio, perdeu também um dos para-lamas,mas só desistiu quando Enzo Ferrari conseguiu convencê-lo: a suspensão traseira estava quebrada. 
Nuvolari tinha vinte e nove minutos de vantagem para Clemente Biodetti (Ferrari 166 S Coupe Allemano).



Levado para uma casa paroquial, por fim pode descansar e recuperar-se o sr. Fogo. Quando o Drake foi vê-lo novamente, tentou consolá-lo: "Tazio, ficou para o próximo ano". Ao que o velho campeão retrucou: "Ferrari, na minha idade, não há muitos dias como este". 
Sem nunca ter abandonado oficialmente as pistas, faleceu em 1953.

À Sebastião Prado e Simão Pedro, amigo de além-mar, que me chamaram a atenção para mais essa façanha de Nuvolari.

CARANGUEJO

_____________________________________________

Como comentei antes o Caranguejo e eu já escrevemos incontáveis posts sobre Tazio, fiquei emocionado  ao ler este texto, conhecia a história pois meu amigo Adolfo Cilento me emprestou um livro, talvez quarenta anos atrás que contava esta história, só não lembrava que era de uma Mille Miglia... 

Salve Tazio!

Rui Amaral Jr




segunda-feira, 22 de outubro de 2012

UM DIA INESQUECÍVEL DO VERÃO DE 1948


Fangio e Nuvolari

No dia 18 de julho de 1948, disputou-se o GP da França no veloz circuito de Reims-Gueux. Oportunamente chamada pelo editor do Blog Última Volta, Marcio Madeira da Cunha, de a “Corrida dos Dois Sóis”, foi a segunda experiência de Juan Manuel Fangio na Europa. Com um Simca Gordini T15, Fangio nada mais era que um coadjuvante. No sacrifício fizera o 11º tempo e só de binóculos poderia ver o trio de Alfettas, ocupantes da primeira fila: Jean Pierre Wimille, Alberto Ascari e Consalvo Sanesi. Considerado o melhor piloto da Europa, Wimille colocara uma grande diferença entre ele e o segundo colocado (2`35.2 contra 2`44.7), que era ninguém mais, ninguém menos que Ciccio Ascari. Mas haviam outros carros além das Alfas. Talbots, uma Ferrari e um Alta e alguns Maseratis, dentre estes o novo 4CLT. 

Fangio no Simca Gordini T15
Tazio na Maserati 4CLT tempos antes.
Gigi Villoresi

O bólido seria pilotado por Luigi Villoresi e Tazio Nuvolari. Não se sabia, mas Nivola, já fragilizado pela doença, estava fazendo sua última participação em um Grand Prix e quis o destino que aquele que viria a sucedê-lo nas pistas, o Balcaceriano, estivesse presente no canto do cisne do grande campeão. Sem treinar, a dupla Villoresi-Nuvolari sairia da 16ª posição. Se Nuvolari e Fangio estavam juntos em Reims, 1948, onde andaria aquele que é nominado “o terceiro gigante”? Muito provavelmente, o jovem James Clark Júnior, no alto de seus doze anos, estaria morando em uma fazenda em Berwickshire, na sua Escócia natal e certamente, mais preocupado com seus estudos. Com uma formação de grid em 3-2-3, bastou a prova começar para as Alfas 158 dispararem na frente, seguidas por uma brigada de Talbots-Lago. 

Grid, com a mão na cintura Gigi Villoresi

Largada Wimille toma a ponta
 Wimille e a Alfa

O Fangio,com seu modesto Gordini, passava trabalho: as Alfas chegavam aos 300 km/h nas retas de Reims enquanto o T15 mal passava dos 200 km/h. Já o novo Maserati mostrava potencial. Com Gigi Villoresi ao volante, deixara para trás a “cachorrada” francesa e tentava ao menos acompanhar o ritmo de Wimille-Ascari-Sanesi. Na sexta volta, Gigi passava o comando a Tazio, mas mesmo Nivola não conseguia chegar perto das Alfas. Wimille, baixava seguidamente o recorde de volta e só deixava a liderança quando fazia um pit-stop, sendo substituído por um de seus companheiros de equipe, mas recuperava o primeiro lugar quando Ciccio ou Sanesi tinham de parar. Na 45ª das 64 voltas, Nuvolari devolve o Maserati a Villoresi. Três voltas antes, Jean Pierre Wimille fizera uma parada não-programada para consertar o radiador. Na volta 58 porém, ele já estava de novo na frente, deixando que Ciccio e Sanesi discutissem o segundo lugar. Num vacilo de Ascari, Consalvo Sanesi o passou e da mesma forma que começaram, as Alfettas terminaram, isto é, na frente. Wimille o grande vencedor, depois Sanesi e Ascari. A dupla Villoresi-Nuvolari concluiu em sétimo, com cinco voltas a menos e o Chueco, que em dois anos teria nas mãos uma daquelas poderosas Alfas 158, não terminou. O Simca Gordini primeiro tivera problemas de ignição e depois surgiram problemas no motor, quando Fangio tentou forçá-lo um pouco mais, abandonando no 41º giro. Não teríamos mais Nuvolari, que embora nunca anunciasse sua aposentadoria, morreria cinco anos depois e também não veríamos mais o campeão francês Jean Pierre Wimille, que faleceria um ano mais tarde em uma prova no Circuito de Palermo. Mas o mundo das corridas logo iria curvar-se ante aquele argentino meio calvo, de pernas tortas e olhar tranqüilo. Só que antes ele precisaria ser aceito na Equipe do Trevo.

História para outro dia.

C.Henrique Mercio

Tazio
Fangio




Links para nossos posts

A Simca Gordini T15 de Fangio em exposição na Argentina.
A Maserati  4 CLT com Gigi Viloresi em Silverstone






quinta-feira, 9 de março de 2023

Apenas minha opinião...

 

Tazio e Gilles ....Os preferidos de Enzo FerrariI

"I piloti... che gente" Roberto Martinez

Rui Amaral Lemos Junior -Tazio foi o maior de todos, Gilles não teve tempo.

Carlos Mano - concordo, mas ambos representavam o espírito de competição da Ferrari.


O dialogo acima foi no Facebook depois que o Roberto postou a foto montagem que mostro acima, comentei e logo a seguir o Carlos e prometi a ele que escreveria lago sobre... então!

Antes sobre meus amigos; Carlos piloto bota de kart, Roberto outro bota que correu em diversas categorias, já postei sobre ambos, na busca do blog citando seus nomes vocês encontrarão.


 

Na foto o grande Varzi explica a essência do que foi Tazio, não lembro onde li mas me parece que Enzo disse sobre o Mantuano “nunca houve, não há e jamais haverá um piloto como Tazio!”. Pelo que sei e li Enzo deixou de correr depois de ver Tazio pilotando...

 

O Caranguejo – Carlos Henrique Mércio - e eu escrevemos inúmeros textos sobre ele, assim como outros de nossos grandes ídolos Fangio e Clark. Meu amigo Adolfo – Cilento Neto – me apresentou mais intimamente a Tazio, eu o conhecia desde bem jovem, mas na época meu grande ídolo era Clark e fim de papo. Nos livros que ganhei do Bambino pude conhecer a grandeza de Tazio e nunca mais deixei de ler sobre ele.

Sem falar do começo de sua carreira nas motos que foi épico, quando chegou ao automobilismo encarou de frente os grandes nomes da época, Varzi, Antonio Ascari Giuseppe Campari...começou vencendo e nunca mais deixou de vencer, venceu de Alfa Romeo da equipe Ferrari, de Maserati...e pouco antes do começo da II Guerra antes da parada do automobilismo foi para sua arquirrival Auto Union para novamente vencer. Venceu na Europa, Africa e EUA, onde tivesse uma corrida lá estava ele, sempre na ponta. Venceu a Targa Florio, Le Mans, Mille Miglia.


Vencendo pela segunda vez a Targa Florio com Alfa Romeo da equipe Ferrari.

Já aos sessenta anos testou com a Cisitalia-Porsche da Formula Um  

    Tazio e a Cisitalia

link 

https://ruiamaraljr.blogspot.com/2011/12/tazio-e-cisitalia.html

Caranguejo escreveu um delicioso post sobre seu final de carreira...

 TAZIO NUVOLARI – CARRO nº1049 

link

  https://ruiamaraljr.blogspot.com/2018/11/tazio-nuvolari-carro-n1049.html

Tazio não foi só grande, foi único!




 

E Gilles?

Gilles foi um daqueles talentos naturais que raramente aparecem e enchem nossos olhos com sua magnifica tocada, sua busca incessante pelo limite, sendo que o seu era certamente mais alto que dos carros que pilotou. Era o espetáculo em cada classificação e corrida, aquele espetáculo que faz o coração de quem ama as corridas bater mais forte.

 

Não teve tempo para mais...

 

Ao Caranguejo.


Tazio no Histórias

  https://ruiamaraljr.blogspot.com/search?q=Tazio+Nuvolari

Gilles no Histórias

  https://ruiamaraljr.blogspot.com/search?q=Gilles    

 

Rui Amaral Jr


segunda-feira, 25 de julho de 2011

Mariette Helene Delangle - Hellé Nice a Rainha Bugatti

Mademoiselle Hellé Nice - The Queen Bugatti 1900 - 1984
A mulher mais espetacular das pistas.
                                           Morreu sozinha e sua história quase esquecida.

Mariette Helene Delangle nasceu em uma aldeia a 47 quilômetros de Paris em 15 de dezembro de 1900. Helene aos 16 anos muda-se para a 'Cidade Luz' com a mala cheia de sonhos e ambições.
Tornou-se uma atriz/dançarina do Casino de Paris com o nome artístico de Helene de Nice e se tornou Hellé Nice (em inglês nasce o trocadilho, intencional).
Conquista o sucesso e a popularidade, contrata empresário, vira modelo, posa nua, enriquece rapidamente, adquire uma casa luxuosa e um iate. Transforma-se em celebridade em toda a Europa.

Apaixonou-se pelos automóveis velozes e levou uma vida, digamos 'fácil'. Seus relacionamentos eram breves, o fato de ser rica e bem sucedida afastava os pretendentes. Houve alguns que duraram mais tempo, mas lhe trouxeram resultados, como por exemplo, os notáveis da época o poderoso Barão Philippe de Rothschild (banqueiro, piloto de corridas, escritor, produtor teatral, vinicultor, etc.) membros da nobreza européia e personalidades, Gianoberto 'Jean' Maria Carlo Bugatti, filho mais velho de Ettore Bugatti e o Conde Bruno d'Harcourt piloto de grandes prêmios da equipe Bugatti.

Na Paris daquele tempo organizavam-se numerosas competições de automóveis, e Hellé participou organizado para as celebridades da época, pilotando um carro de corridas, tomou gosto. Hellé era uma mulher atlética e gostava de esquiar, sofreu um acidente que danificou seus joelhos, ficou impossibilitada de dançar e direcionou os seus interesses com mais força para o automobilismo profissional. Em 1929 participa do Grande Prêmio no Autódromo de Montlhéry competindo na prova de velocidade na terra 'all female' (só para mulheres) a bordo de um Omega -Six ela vence a corrida e bate o recorde. A partir desta grande vitória Hellé ganha fama e prestígio no mundo da velocidade na terra, no ano seguinte, segue para os Estados Unidos competindo em várias pistas pilotando um automóvel americano Miller.
Ao retornar para Paris em um café no Champs-Élysées, o Barão Philippe de Rothschild aproxima-se e se apresenta, tornam-se amantes. Rotschild pilotava Bugatti's nas corridas e apresenta a Hellé o sofisticado Ettore Bugatti um dos mais exclusivos fabricantes de automóveis francês de todos os tempos.
Ettore Bugatti vê em Hellé Nice a oportunidade de introduzi-la nas corridas para competir no mundo masculino.


1931 

Ela realiza o seu sonho em 1931 pilotando uma BugattiT37A estreando no Circuit Du Dauphiné em Grenoble, larga e sétimo e mantém a posição até o final. Neste mesmo ano participa de cinco Gran Prix da França e também na mais importante corrida de toda a Europa o Gran Premio di Monza.

Ela ama cada minuto de sua vida principalmente pelo fato de estar competindo entre os melhores pilotos da atualidade sem perder a feminilidade. Seus resultados são significativos, chegando à frente dos grandes pilotos. Os anos passam e Hellé confirma seu talento nos grandes prêmios como a única mulher nos circuitos, ela prossegue correndo com a Bugatti e também com Alfa Romeo, atrapalhando a vida de pilotos como: Tazio Nuvolari, Robert Benoist, Rudolf Caracciola, Louis Chiron, Bernd Rosemeyer, Luigi Fagioli e Jean-Pierre Wimille, Como a maioria dos pilotos ela não somente compete nos grandes prêmios, mas também em outras provas na Europa como hillclimbs e rallies, incluindo o famoso Rally de Monte Carlo. Um hábito curioso de Hellé ao pilotar era de manter a 'boca' aberta' durante a corrida, é provável que tenha engolido muitos mosquitos durante a sua carreira.

1932 

No "Grand Prix d'Endurance de 24 heures" de Le Mans ela corre com um Alfa Romeo 8C 2300 abandona a prova na 25ª. volta após um acidente. 

1933 

* V GRAND PRIX de DIEPPE em Dieppe , França (15/07).
Foi uma corrida marcada pelo desentendimento entre pilotos e organizadores que se recusaram a pagar o premio em dinheiro aos vencedores da corrida, por este motivo os pilotos Nuvolari, Borzacchini, Campari, Zehender, Chiron, Etancelin, Sommer, Wimille, Moll, Falchetto e Braillard, boicotaram a corrida. Por causa deste desentendimento o grid foi quase que totalmente composto por Bugatti's e Hellé largou em último lugar com sua Bugatti n° 62 T35 2.0 S8 abandonando a prova na 20ª. volta por problemas mecânicos.

* IX° COPPA ACERBO em Pescara, Italia (15/08).
Esta corrida foi marcada pelo duelo espetacular entre Luigi Fagioli, Tazio Nuvolari e Piero Taruffi. Após muitas desistências de pilotos já inscritos, inicialmente 27, somente 16 preencheram o grid de largada. Hellé Nice larga em sétimo lugar e após uma corrida repleta de duelos ela chega em oitavo e último lugar, três voltas atrás do vencedor Luigi Fagioli, sob protestos da torcida que aclamava Tazio Nuvolari como o vencedor 'moral' desta prova. 

* II GRAND PRIX de MARSEILLE em Miramas, França (27/08).
A exemplo de Le Mans, Hellé Nice corre com uma Alfa Romeo 'Monza 8C 2300 n° 28, larga em 17° no grid e finaliza a prova em 9° lugar à frente de Nuvolari,Dreyfus, Borzacchini e outros. 

* VI° GRAN PREMIO di MONZA em Monza, Italia (10/09).
No trágico dia 10 de setembro de 1933 Hellé competia na Italia no VI Gran Premio di Monza quando perderam a vida os pilotos Giuseppe Campari, Baconin "Mario Umberto" Borzacchini e o polonês Conde Stanislas Czaikowski. Uma tragédia sem precedentes, sobre a mesma marca de óleo em uma curva os três pilotos se acidentaram.
Houviam 3 baterias nesta corrida na 2ª. Campari e Borzacchini já haviam se acidentado na terceira é a vez de Czaikowski. Hellé larga em 17° e chega em 9° com o gosto amargo de um domingo considerado 'La giornata Nera a Monza'. 

Gran Premio d'Italia 1933 - Monza


1934 

* I GRAND PRIX DE CASABLANCA/GRAND PRIX DU MAROC em Casablanca, Marrocos (20/05).
Hellé Nice no grid de largada em 13° e não completa a prova com seu Alfa Romeo 8C 2300 a causa de problemas na suspensão dianteira. 

* X GRAND PRIX DE PICARDIE em Peronne, França (27/05).
Hellé Nice larga em 4° lugar no grid e termina em 7°, duas voltas atrás do líder. 

* VIII ADAC EIFELRENNEN em Nürburgring, Alemanha (03/06).
Hellé larga em 3° lugar no grid com seu Alfa Romeo Monza e não finaliza a prova. 

* I GRAND PRIX DE VICHY em Vichy, França (15/07).
Na segunda bateria Hellé larga em ocupa o 8° lugar no grid e chega em 7° com seu Alfa Romeo Monza a uma volta atrás do líder. 

* VI GRAND PRIX DE DIEPPE em Dieppe, França (22/07).
Na segunda bateria, conturbada pelo acidente fatal de Gaupillat (Bugatti) o vencedor foi Chiron com Hellé Nice chegando em quinto lugar. 

* X GRAND PRIX DU COMMINGES em St. Gaudens, França (26/08).
Hellé larga em 11° no grid e finaliza a prova em 8° lugar. 

* IV GRAND PRIX D'ALGER em Bouzaréah, Argélia (28/10).
O resultado final desta corrida com duas baterias: Wimille vencedor com uma Bugatti T39 e Hellé Nice em 7° lugar com seu Alfa Romeo Monza à frente de Chiron que pilotava um Alfa Romeo Tipo B. 

1935 

* GRAND PRIX DE PAU em Pau, França (24/02).
Hellé Nice ocupa o 10° lugar no grid e finaliza a prova em 8° lugar a cinco voltas do vencedor. 

* XI GRANDE PRÉMIO DE PICARDIE em Peronne, França (26/05).
Largou em 7° lugar e finaliza em 4° lugar. 

* II GRAND PRIX DE L'U. M.F. em Montlhéry na França (02/06).
Não há registro da largada, somente da não conclusão da prova por Hellé Nice. 

* II CIRCUITO DI BIELLA, em Biella, Italia (09/06).
Hellé Nice larga em 6° e finaliza a prova em 6° lugar.


* VI GRAN PREMIO DE PENYA RHIN em Barcelona, Espanha (30/06).
Hellé Nice larga na 10° posição e não termina a prova. 

* XI GRAND PRIX DUCOMMINGES em St. Gaudens, França (04/08).
Na segunda bateria Hellé Nice Larga em 5° lugar e mantém a posição até completar o final da prova. 

1936 

* GRAND PRIX DE PAU em Pau, França (1°/03).
Este grande premio foi marcado pela interferência de Mussolini quando a equipe Ferrari foi parada na fronteira, nenhuma equipe italiana deveria correr na França após a reunião da Liga das Nações. O grid de largada foi composto por somente 12 automóveis. Hellé Nice larga em 10° lugar e após bater na terceira volta, abandona a corrida. 

* IV GRANDE PRÊMIO DA CIDADE DE RIO DE JANEIRO (Circuito da Gávea) no Rio de Janeiro, Brasil (07/06).
Mais conhecido com 'Trampolim do Diabo' o Circuito da Gávea por suas mais de 100 curvas em piso irregular era o verdadeiro teste de perícia para qualquer piloto. Esta prova marcou a vinda de pilotos importantes, competidores de grande peso nas corridas internacionais. Os pilotos Carlo Pintacuda e Attilio Marinoni vieram pela Scuderia Ferrari que na época ainda era do departamento de competições da Alfa Romeo. Pelo Brasil os nossos pilotos, Chico Landi, Manuel de Teffé , Nascimento Junior. Os italianos da Ferrari não finalizaram a prova por problemas mecânicos o grande vencedor foi o argentino Vittorio Coppoli. O brasileiro Manuel de Teffé chega em 3° lugar. Hellé Nice marcou sua presença não somente como única mulher competindo, mas também por posar para fotógrafos em biquíni e fumando na praia de Copacabana, um escândalo para a época. A piloto francesa termina em oitavo lugar após abandonar a prova. Assista ao vídeo desta corrida.

* I GRANDE PRÊMIO CIDADE SÃO PAULO em São Paulo, Brasil (12/07).
Esta foi a corrida mais marcante da história no Brasil, não somente por ter sido a primeiro grande premio da cidade de São Paulo, por ter ocorrido o acidente mais grave o que impulsionou a construção do Autódromo de Interlagos. Como o Rio de Janeiro realizava seus grandes prêmios na Gávea desde 1933, São Paulo decide entrar para o circuito com o objetivo de trazer igualmente nomes importantes do automobilismo internacional. Esta corrida é realizada um mês após o GP do Rio de Janeiro qual Hellé Nice participou.
Em somente quarenta e cinco dias, as autoridades paulistas e o Automóvel Clube Brasileiro idealizaram e concretizaram este evento internacional, foram adquiridos oito mil metros de cordas para separar os espectadores dos carros e montadas arquibancadas para sete mil pessoas, conta-se que o público atingiu o numero de cem mil espectadores no Jardim América.
Hellé Nice pilotava sua Alfa Romeo azul, mas não integrava a equipe Alfa Romeo, era uma corredora independente. O grid de largada foi idealizado na formação 3-2-3 e a ordem de largada foi por sorteio, Hellé Nice ocupa a sétima fila ao lado de Domingos Lopes (BR) e Carlo Pintacuda (ITA).

A corrida 

Saindo da décima posição, Chico Landi passa à frente na primeira volta. Da mesma maneira espetacular, o favorito Pintacuda passa em oitavo e a badalada Hellé-Nice em terceiro enquanto Marinoni, mais discreto, em 15º lugar.
Marinoni roda, cai para último, mas na quarta volta já é o 2º com Pintacuda liderando desde a volta anterior. A pouca potência do Fiat de Chico Landi o renegou ao 5º posto.
O italiano Marinoni roda de novo entre a Rua Canadá e Av.Brasil, danifica seu carro e perde posições ao ter que descer do carro para fazê-lo prosseguir na prova.
Com isso, a sensação Hellé-Nice assume o 2º posto seguida do brasileiro Manuel de Teffé. Na 6ª volta, o líder Pintacuda começa a se afastar dos outros concorrentes, enquanto a segunda colocada, Hellé-Nice, passa a ser pressionada por Teffé.
Hellé-Nice pára na 50ªvolta para pôr gasolina e água, o que a faz perder o 3ºposto para Teffé na 52ªvolta.
A partir daí, a francesa tem 30" de desvantagem para o brasileiro e novamente empolga a multidão com seu desempenho. Faltavam somente quatro voltas para o final e Hellé-Nice tirava 5" por volta sobre Teffé!
Depois da reta oposta, Hellé-Nice tinha 5" de desvantagem para Teffé e continuava a se aproximar do brasileiro em busca da 3ª posição. Ambos tinham duas voltas de desvantagem para o líder e uma para o 2º colocado. Na curva da Av.Brasil esquina da Rua Atlântica Teffé abriu demais, perdeu tempo e Hellé-Nice emparelhou com ele. Ao entrar na reta final da Av. Brasil, Teffé ganhou distancia.
Atravessaram a Rua Colômbia.
Às 11h59min, Pintacuda atingiu a linha de chegada para vencer a prova a uma média de 104,45 km/h.
Aí a população se agitou para melhor enxergar a disputa entre Teffé e Hellé-Nice, pelo 3ºlugar.
Faltavam poucos metros para a chegada e Teffé foi para o lado direito da pista. 

O acidente 

A grande emoção estava reservada para o final da prova quando Hellé Nice disputava o terceiro lugar com Manuel de Teffé, forçando a ultrapassagem em diversos pontos do trajeto. Em uma dessas tentativas as rodas dos carros se tocaram e Hellé Nice decolou com sua Alfa Romeo sobre o público presente.
A conseqüência foi desastrosa, três mortos e 30 feridos. Entre as vítimas fatais um soldado que absorveu o impacto do corpo de Hellé Nice na queda ao ser lançada dez metros para fora do carro.
As versões sobre este acidente suscitam discussões até nos dias atuais. Segundo Wilson Fittipaldi, pai de Emerson e Wilsinho, que estava presente na época com 16 anos, Manuel de Teffé fechou de maneira irregular o carro de Hellé Nice provocando o acidente "Ele não admitia ser ultrapassado por uma mulher'. Outras versões chegam a citar um fardo de feno jogado no meio da pista ou um espectador que atravessou a pista, Hellé Nice foi desviá-lo e perdeu o controle do carro.
Hellé Nice ao depor não se lembrava do momento do acidente.
Ela teve concussão cerebral, escoriações no rosto, contusão no cotovelo e na região escapular. Foi internada no Sanatório Santa Catharina, com boa recuperação dias após recebeu alta médica.

O resultado final da corrida 

Apesar das acusações contra Manuel de Teffé, formalizada também pelo mecânico de Hellé Nice, o brasileiro não foi considerado culpado.
O resultado final devido ao acidente e ao fato de alguns carros que não puderam cruzar a linha de chegada devida á invasão das pessoas na pista, somente seis carros foram oficialmente classificados, a seguir: 

1º) nº38 - Carlo Pintacuda (ITA) - Alfa Romeo 60 voltas - 104.45 km/h
2º) nº40 - Attillo Marinoni (ITA) - Alfa Romeo 59 voltas
3º) nº8 - Manuel de Teffé (BR) - Alfa Romeo 58 voltas
4º) nº34 - Hellé-Nice (FRA) - Alfa Romeo 58 voltas
5º) nº26 - Vittorio Rosa (ARG) - Hispano-Suiza 55 voltas
6º) nº42 - Arthur Nascimento Jr. (BR) - Ford 54 voltas 

A repercussão do acidente no Brasil 

Diversas entidades e órgãos do estado se manifestaram em solidariedade às vitimas e parentes das vítimas do acidente. Organizaram arrecadações para doar a Hellé Nice e todos os envolvidos, inclusive para a recuperação de seu automóvel. Um site inglês cita que as autoridades brasileiras se responsabilizaram pelo acidente, falta de segurança, pagando uma grande soma indenizatória à piloto francesa. Segundo informações de contatos do meio antigomobilista, o Alfa Romeo de Hellé Nice permaneceu no Brasil, apreendido pelo DETRAN de São Paulo. Um conhecido colecionador paulista adquiriu o automóvel, com as partes que sobraram construiu um híbrido e o restante das peças que se pulverizaram estão em um museu no interior paulista.
Hellé Nice é vista como heroína pelo povo brasileiro, seu pseudônimo foi disputado pelas futuras mães que a homenagearam registrando suas filhas como Helenice ou Elenice. 

As tentativas para voltar a correr os grandes prêmios. 

O terrível acidente em São Paulo marcou definitivamente a vida de Hellé Nice.
Com o passar do tempo ela começou a arquitetar a sua volta às pistas.
Em 1937 ela arrisca a sua volta na esperança em participar da Mille Miglia na Italia e no Trípoli Grand Prix na Líbia, este último oferecia uma grande soma em dinheiro como premio. Encontrou sérias dificuldades em obter apoio suficiente para oficializar o seu retorno.
Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, Hellé Nice retoma as competições participando do 'trial endurance' para mulheres organizado pela companhia petrolífera Yacco em Montlhéry na França. Seu desempenho é notório, guiando por dez dias e dez noites quebrando dez recordes em um mesmo dia. Nesta prova Hellé se revezava com mais quatro mulheres.
Pelos próximos dois anos ela competiu em ralis na esperança de voltar a correr pela Bugatti. No entanto em agosto de 1939 seu grande amigo Jean Bugatti morre em um acidente ao testar um novo modelo Bugatti e um mês depois o início da Segunda Guerra Mundial. Em 1943 durante a ocupação das tropas nazistas na França, Hellé Nice se recolhe em sua residência em Paris, mas a sua vida torna-se insuportável e ela decide fixar residência em Nice e leva consigo um de seus amantes durante todo o período da guerra. 

O início do fim de Hellé Nice 

Em 1949 é anunciado o primeiro Rallye de Monte Carlo do pós-guerra e Hellé Nice se inscreve para a prova, sua grande chance de voltar segura e confiante.
Em uma grande festa organizada para comemorar a volta da competição, Louis Chiron o filho predileto de Mônaco, várias vezes campeão de Gran Prix repentinamente atravessa o salão e em voz alta acusa Hellé Nice de ser colaboradora da Gestapo durante a guerra. Naquele tempo uma acusação como esta poderia arruinar a carreira de qualquer um, vindo do poderoso Louis Chiron era muito pior, não havia nem a necessidade de apresentar provas.
A conseqüência foi a pior possível, Hellé não conseguiu participar deste rali, perdeu patrocinadores, os amigos, conhecidos e o amante a abandonaram completamente, seu sócio suíço investiu mal o seu dinheiro. Seu nome caiu no esquecimento assim como toda a sua história de vitórias e feitos notáveis desapareceram por completo, ela foi varrida da memória de todos.
Em sérias dificuldades financeiras foi obrigada a aceitar a caridade de uma organização de Paris ' La Roue Tourne' criada para dar assistência aos artistas do teatro antigo em estado de abandono. A situação de Hellé Nice piorou quando morre sua mãe e sua irmã mais nova Solange, toma posse dos bens, o que não é muito, negando totalmente auxílio a Hellé Nice.
Uma mulher que brilhou como poucas no século XX, pioneira e corajosa, participou de mais de setenta provas automobilísticas, passou seus últimos anos de vida em um apartamento invadido por ratos num beco da periferia de Nice, por vergonha e medo em ter sua identidade descoberta, usava um nome fictício. Afastada da família por anos, em 1984 aos 84 anos de idade morreu sem amigos, sem dinheiro e completamente esquecida pelas pessoas ricas e fascinantes que integravam os Grandes Prêmios da França. Mariette Helen Delangle foi cremada, a organização parisiense de caridade custeou a cremação e enviou as cinzas para sua irmã na aldeia de Saint-Mesme onde seus pais estavam sepultados.
No tumulo da família o nome de Hellé Nice não está mencionado na lápide.
As acusações de Louis Chiron nunca foram comprovadas. A escritora Mirnada Seymour autora da biografia de Hellé Nice pesquisou a fundo a procedência desta acusação. Em documentos oficiais enviados por Berlim pelas autoridades alemãs, Hellé Nice nunca foi uma agente da Gestapo. 

O caluniador 

O causador de toda esta desgraça na vida de Hellé Nice o piloto Louis Chiron, que dividiu a pista com ela em diversas competições, nunca pagou pelo seu crime. Com esta atitude repulsiva, fica claro o preconceito e a inveja deste piloto com Hellé Nice. Chiron era conhecido por sua arrogância e egocentrismo. Existe uma citação da ira de Chiron por ela ter vivido em relativo luxo na Riviera Francesa durante o período da guerra e Chiron por ter sido membro da Resistência Francesa direcionou suas suspeitas para Hellé Nice.
Impune, este senhor participa pela última vez de uma corrida no Grande Premio de Mônaco em 1955 e conquista o recorde como o piloto mais idoso a participar de um campeonato mundial aos 55 anos de idade.


O livro e a Fundação Hellé Nice 

Graças à escritora norte- americana, Miranda Seymour o mundo começa a conhecer a apaixonante história da espetacular Mademoiselle Hellé Nice. O livro 'The Bugatti Queen lançado em 2004 despertou o interesse da mídia e inspira projetos como a 'The Hellé Nice Foundation' criada em 2008 por Sheryl Greene, em Atlanta nos Estados Unidos. Esta fundação visa captar recursos para financiar jovens mulheres que queiram iniciar a carreira de pilotos no automobilismo. 

Este artigo intencionalmente foi publicado no Antyqua no mês de março em homenagem ao Dia Internacional da Mulher comemorado no dia oito.
A todas as mulheres que ousam superar seus próprios limites, deixando marcas como exemplo de determinação e coragem, nosso muito obrigado.










Rio de Janeiro de maiô de duas peças na década de 30.

Hellé Nice Fundation


Elisa Asinelli do Nascimento.

Março 2010 

Fontes de pesquisa: 
Miranda Seymour 'The Queen Bugatti', Wikipedia, The Story of The Gran Prix, Federação de Automobilismo de São Paulo, GPtotal, Autodiva, Bugatti, Rio de outros Janeiros, Autodromo di Monza, Bugattibuilder, José Resende Mahar, BandeiraQuadriculada, The Golden Era of GP Racing.


-------------------------------------------------


Minha amiga Elisa é antigomobilista, participa de Rallys de regularidade com carros antigos, escritora, promotora de eventos antigomobilisticos...
Agradeço a ela a oportunidade de mostrar a vida desta mulher extraordinária e tomo a liberdade de oferecer este post a todas mulheres maravilhosas com quem convivi e convivo.


Rui Amaral Jr  



sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Tazio Nuvolari e a Cisitalia

A Cisitalia na Autoclasica 2011- Foto: Vasco

Ao postar ontem as fotos de Tazio, recebo logo a seguir um e-mail de meu amigo Vasco com a foto acima e dois links em que o Mantuano aparece pilotando a Cisitalia, a seguir o e-mail do Vasco e os dois videos.
Ele escreve o exelente blog  Lauburu43

Saludos Vasco e muito obrigado!


 "Rui!!! he visto la entrada de Nuvolari en la que está con una Cisitalia:
Te comento que en la Argentina, se restauró una Cisitalia y toda la documentación da a suponer que era la de Tazio.
Te dejo un video donde se ve a Nuvolari probando.
Otro video donde se ve la Cisitalia ya restaurada y en el final del mismo se repite el video del gran Tazio probando.
Y también te mando una foto (perdón por la calidad) de la Cisitalia que estamos hablando, que fue galardonada en la Autoclásica 2011."

Saludos!!!!!!!

Vasco