A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Formula 3 – Hoje

 


 Pode ser que esteja muito enganado, afinal sobre a Formula 3 dos anos 1970 escrevo de memoria e lá se vão cinquenta anos. Em 1973 ou 74 recebi uma carta de meu amigo Teleco – Luiz Antonio Siqueira Veiga -, nela conta que depois de sua temporada de estreia na categoria, correndo com um March, havia recebido uma oferta para correr a temporada seguinte pela equipe oficial da marca, e que deveria levar um patrocínio de US$25.000,00, algo que corrigido para os dias atuais seria em torno de US$185.000,00, para correr os principais campeonatos ingleses e o europeu. No contrato tudo incluso, carro, motor, pneus, inscrições, viagens, menos suas despesas pessoais, seria o segundo patrocínio já que a March corria com as cores da STP.

No final do ano quando ele voltou ao Brasil conversamos muito, revimos o orçamento, e as possibilidades dele nos campeonatos.

Na época fabricávamos um salgadinho, líder de vendas do seguimento e em nossa verba publicitária destinada a ele caberia muito bem tal alternativa e mais os custos de divulgação aqui no Brasil, infelizmente para meu amigo, e para mim, o projeto não avançou.

Nesta época amigos que corriam na F3, FF e outras categorias de fórmula com equipes próprias, geralmente tinham o carro, obviamente, no máximo dois motores e poucas peças de reposição, uma carreta, carro de apoio, um mecânico, e assim se mandavam num mesmo final de semana para uma ou duas corridas, nas pistas os fornecedores de equipamentos, motores e outros, sempre estavam presentes para vender seu produtos. Neste ponto não posso deixar de pensar e homenagear o saudoso amigo Antônio Ferreirinha que nesta época ajudou a muitos.

Havia uns dez fabricantes de chassis, cinco ou seis montadoras que forneciam motores homologados, e uma ou duas dezenas de preparadores desses motores. A guerra entre eles era ferrenha.

Pilotos e mecânicos tinham que acertar seus carros em muitos itens, da calibragem dos pneus até o ângulo das asas, daí saíram os grandes acertadores como Emerson e Nelson.

E hoje?

Bem, outra vez vou escrever sem pesquisar a fundo, apenas que mostrar como tudo mudou. Depois de 2007 se não me engano, um campeonato mundial foi estabelecido, as corridas dez ou doze, em datas do Mundial de F.Um, onde segundo a FIA os pilotos teriam grande visibilidade, os grandes chefes da F.Um poderiam observá-los. Fora outros campeonatos disputados mundo afora.

Para este modesto observador o primeiro grande erro foi tornar a categoria monomarca, coisa que sou totalmente contra. O chassi deve ser o Dallara, o motor Mecachrome, cambio Hewland, pneus Pirelli, ora, o pacote já vem pronto, e onde vamos buscar a verdadeira competição, onde a capacidade de acerto de um equipamento vinha da equipe e do piloto, para mim tudo nivelado por baixo.

As grandes equipes da F.Um também estão presentes neste mundial, como na F.2, geralmente patrocinam pilotos desde o kart, como o caso de Hamilton e tantos outros. Hoje um certo Candango, chegado de longe, tendo em duas temporadas trabalhado com afinco, acertado carros e motores com sua esperteza nata nem seria notado, aliás, nem um certo Rato, ou Pace, ou Wilsinho, ou Ayrton..

Valeu Walter!




O pacote com o chassi Dallara F3-2009 rodando, com cambio Hewland de seis marchas, o motor Mecachrome V6 de 3,4 litros e 380 hps custa cerca de duzentos mil euros, e o mundial com as corridas precedendo as de F.Um cerca de um milhão de euros, vejam que é mais de cinco vezes o valor que cito acima para o começo da década de 1970.

Minha critica à monomarca desta forma é que nivela por baixo tudo, vejam que a Super-Vê, V, Fórmula Ford, Fiat e outras usavam motores de cada uma das marcas, massssss ... com chassis de várias procedências, aqui no Brasil projetados e feitos por entre entre outros por meus amigos Ferreirinha, Minelli, Avallone e Ricardo Achcar que com seu Polar, totalmente projetado e feito no Brasil dominou a categoria, inclusive sobre os Austro-Kaimann importados. Além dos grandes preparadores que nela atuaram, como os amigos Ferreirinha, Manduca, Chapa, Jr Lara, Gigante e tantos outros.

É ... hoje a mesmice tomou conta, tem até um príncipe, presidente de nossa máxima entidade, que gosta de aparecer mais que os verdadeiros atores do circo. Comissários que repreendem pilotos que falam palavrões nos rádios em situações de estresse, e atuam de forma atabalhoada quando fazem valer regras absurdas.

 

Escrevendo vou lembrando dos amigos; Ao Manduca, Chapa, Teleco. Baixinho e Ferreirinha, foi bom demais dividir tantas com vocês, ficou a lembrança e a saudade.

 

Abraços a todos.

 

Rui Amaral Jr   


quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Formula 3 - Anos de ouro...

 

Nada melhor para ilustrar este post que Graham Hil de Brabham batalhando com Jim Clark de Lotus, na F3 em Goodwood, atrá se não me engano Jochen Rindt.
Teleco de March


 Confesso que minha ideia inicial era fazer um apanhado da categoria desde sua criação, porém ando um pouco disperso para pesquisar, mesmo aqui no Histórias, então vou me basear no post anterior quando mostramos meu amigo Teleco – Luiz Antonio Siqueira Veiga – no começo dos anos 1970.

Desde a criação pela FIA – Federação Internacional de Automobilismo - da categoria denominada Formula a partir de 1952, criando então as Formulas 1/2/3/4 e suas variantes, como a nossa icônica Super V, um vasto mercado se abriu para fabricantes de carros, câmbios, motores e demais componentes. Para suprir estes carros várias montadoras homologaram motores para as categorias, e mais preparadores deles começaram a mostrar ao mundo seus potenciais, Novamotor, Cosworth, Holbay, Vegantune e muitos outros. Era um mercado imenso para seus produtos, tanto das montadoras como dos fabricantes de chassis, preparadores e demais envolvidos.

Os fabricantes de carros/chassis brigavam também por este imenso mercado, March, Lotus, GRD, Brabham, Ensign, Merlyn e outras batalhavam neste mercado imenso, onde uma vitória poderia render a venda de centenas de seus produtos.

Para termos uma ideia, apenas no começo da década de 1970, em 1973 para ser mais exato, foram mais de oitenta corridas da F3 apenas na Inglaterra, divididas em vários campeonatos. Em alguns finais de semana mais de duas ou três, tendo os pilotos e equipes decidirem quais eram mais importantes para seus interesses, muitos correndo no sábado em certo campeonato e no domingo em outro em outra pista.

No continente além do Campeonato Europeu mais uma dezena deles, até na então Cortina de Ferro, em 1973 contabilizei mais de cento e tantas corridas.


De meus arquivos da excelente Autosport.


Piers Courage 
Autosport, maio de 1965.
Monza, Ronnie Peterson x Giovani Salvatti.
Dave Willianson, Brabah BT21B e Morris Numm, Lotus 41.
 
Monaco 1975. Toni Brise GRD encontra Alex Dias Ribeiro de March.

Dave Ealker, Wilsinho Fittipaldi, Carlos Pace e ... 



Na época conversei muito com meus amigos que participavam dela, era uma verdadeira loucura, a maioria corria na Inglaterra, imaginem o seguinte. No sábado uma corrida no rapidíssimo Silverstone e no domingo em Outon Park, geralmente corridas de 15/20 minutos, as vezes com duas bterias, com um treino também rápido, isto sem contar as variantes destes circuitos.

O gajo tinha que acertar o carro num dia e no dia seguinte outra vez para um traçado totalmente diferente. Imaginem mexer em asas, amortecedores, barras estilizadoras, pressão de pneus e outros? As equipes maiores tinham esses dados anotados e ao chegarem já partiam mais adaptadas.

Nos anos 1950/60/70/80 era assim essa categoria maravilhosa, sendo que até o final dos anos 60 e começo dos 70 vários nomes que atuavam na Formula Um e já pilotos graduados, participavam dela para promover seus carros, no entretanto sem pontuar para os campeonatos.

 

Era assim...

Emerson e a Lotus de Jim Russel, daí para F.Um e dois mundiais.
Carlos Pace.
Nelson, daí para F.Um e três mundiais.






 

Abraço a todos,

 

Rui Amaral Jr


sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Teleco – Luiz Antonio Siqueira Veiga – 1973 na Formula 3

 

Teleco, March 733 Ford/Novamotor, tendo ao seu lado Sandro Angeleri, diretor da March e um grande incentivador dele, até o final da vida Teleco guardava sua amizade com carinho.

 Provocativo, o Caraguejo – Carlos Henrique Mércio – me envia uma foto do Teleco - Luiz Antonio Siqueira Veiga – em seu March 733 da Formula 3. Logicamente eu sabia quem era o gajo!

Vamos ao que ele contou depois;

Teleco

  “Ninguém melhor do que tu, Rui, que foi o grande amigo e apoiador do Teleco, para contar sobre ele. Prova de Oulton Park: 11ª etapa/ Dia 08/09/73/MCD Lombard North Central.

Crédito das fotos, Arthur Griffin.

Apenas dezesseis carros nessa 11ª etapa. Havia a esperança da participação de alguns pilotos franceses, mas eles não apareceram. Alan Jones foi o pole position, mas já na largada, a disputa ficou entre Richard Robarts e Tony Brise. Teleco bateu o March logo na primeira curva e abandonou, bem como o castelhano Pedro Passadore, que rodou. Brise venceu o pega com Robarts e o japonês Masami Kuwashima completou o pódio. Jones, com problemas de câmbio foi P-4 e Larry Perkins, outro que andou na F1, P-6.”

Carlos Henrique “Caranguejo” Mércio

#7 Mike Wilds-Marche 733 Ford/Holbay na mesma fila Teleco com Angeleri agachado ao seu lado, #14 Tony Rouff, GRD 373 - Ford/Vegantune e #28 Brian Renton, GRD 373 Ford/Holbay. 

Teleco e Angeleri

Fotos Arthur Griffin


Aos amigos, Teleco e Caranguejo.

 

Rui Amaral Jr 

 





segunda-feira, 2 de setembro de 2024