A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

terça-feira, 3 de abril de 2012

QUINZE DIAS EM PORTUGAL


“As armas e os barões assinalados/Que da ocidental praia lusitana/Por mares nunca dantes navegados/Passaram ainda além da Taprobana/Em perigos e guerras esforçados/Mais do que prometia a força humana...” Ano de 1982; por certo o piloto Reynaldo Campello não pensava em Camões naquele verão europeu em Portugal, onde a Stock Cars brasileira iria apresentar-se em duas provas diante da torcida lusitana. Não. 



Campello provavelmente estava pensando; “Onde foram parar esses carros?!”. Os noventa participantes (pilotos, mecânicos, preparadores, jornalistas e afins) já haviam chegado. Faltavam os quatro containers com vinte Opalas Stock-Cars que haviam saído do Brasil, pensando em fazer o caminho inverso de Pedro Alvares Cabral. Se o navegante se perdeu, mais de quatrocentos anos depois, foi a vez do “circo” da Stock, que foi parar em Marselha, França. Após algum esforço investigativo de Campello e do piloto português Pedro Queiroz Pereira, também envolvido com a organização, localizaram-se as baratas, que foram trazidas via terrestre para Portugal. Claro, não sem um ligeiro atraso: chegaram ao Autódromo do Estoril, a 20 km de Lisboa, um dia antes da primeira prova do torneio, programada para 3 de julho. Seria utilizado o circuito B do autódromo, com 2.942 metros (o circuito A, onde correu a F1 tinha 4.260 metros). Combinou-se que os treinos seriam realizados na manhã da corrida; quatro horas para o reconhecimento e quarenta e cinco minutos de classificação. Às cinco da tarde, os pilotos brasileiros e alguns convidados lusitanos mostrariam um pouco do automobilismo da terra brasilis. Nestes contatos iniciais, o intrépido Lara Campos foi o mais rápido, com 1m10,19s, seguido por João Carlos Palhares, 1m10,21s e Paulo Gomes, 1m10,23s. 
Na classificação porém, Paulão cravou 1m09,63s, seguido de Palhares, seu companheiro de equipe e Ingo Hoffmann. Ingo, talvez fosse o piloto com mais intimidade com a pista lusitana, pois já estivera ali, em seus tempos no Europeu de Fórmula 2 nos anos setenta e tinha até curva com seu nome. Na hora da formação do grid, o forte cheiro do álcool, o carburante dos Stocks, atraiu mais a atenção da galera do que os carros em si. Antes que algum engraçadinho comentasse: “Interessante, aqui nós o usamos para beber e não para mover carros”, foi dada a largada. Paulo Gomes escapuliu na frente, seguido por Palhares e Ingo. A prova com duração de sessenta minutos, foi marcada pela capotagem de Sidnei Franchello na Curva 1. Franchello passou por cima do guard-rail e atingiu dois espectadores e um policial. Em ritmo de bandeira amarela, a prova continuou e Fabio Sotto Mayor substituiu Ingo Hoffmann na terceira posição. Paulão não foi molestado na liderança e ganhou fácil. Lara Campos, um dos favoritos, vinha numa tranqüila quarta posição, até começar a ser pressionado por Pedro Queiroz Pereira, Campello e Wilson Fittipaldi Jr. Estava se defendendo bem, mas na última volta uma entortada o levou a um rail. Ainda terminou em nono. 



 Wilsinho Fittipaldi
Moutinho
Pedro Queirós Pereira


Para a segunda prova, dia 18 de julho, o grid apresentou alguns carros com visíveis sinais de refrega da corrida anterior. Um destes era o carro de Lara Campos, que a exemplo de Marcio Canovas e Sidnei Franchello sofrera uma capotagem. O organizador Campello porém, estava eufórico. Tinha planos de realizar no ano seguinte um torneio de verão da Stock, com provas no Estoril, em Paul Ricard e Jarama. Empregaria a estratégia de levar atrações e citava a roqueira Rita Lee como uma possibilidade. A segunda corrida apresentou mais uma vez o domínio de Paulo Gomes. Reynaldo Campello o acompanhou até fundir o motor. Edmar Ferreira foi o segundo, Ingo Hoffmann o terceiro, Fabio Sotto Mayor o quarto e Lara Campos o quinto. Os bons vinhos lusos e a piscina fizeram algumas baixas entre os integrantes do circo, mas de certa forma, essa primeira experiência internacional da Stock foi bem sucedida e os pilotos brasileiros podem dizer que ali estiveram dois anos antes da F1 e três antes que Ayrton Senna desse início a sua saga de vitórias na categoria.


A nosso amigo  José Manuel Ferraz. 


CARLOS HENRIQUE “CARANGUEJO” MERCIO


PS: Conta Jr




Lisboa, um grupo divertido, foi D++++, mas tomei um baita susto na classificação da primeira corrida, pois estando com o melhor tempo do dia, resolvi endurecer minha suspensão dianteira trocando as molas, saindo novamente, aqueci meu carro e já vim lançado na grande reta de mais de 1000 metros em descida para fazer tempo, acredito que a mais de 230 km/h, quando pisei forte no freio o meu carro ficou sem rumo, bati muito forte. Quando me dei onde estava, percebi que estava de cabeça para baixo, havia muita fumaça dentro, bati a mão no cinto e cai de cabeça na capota, as porta não abriam, quando ouvi a voz do Paulão Gomes, sai por traz, virei e dei com os pés no acrílico traseiro saiu fácil e por ali sai. 
Mais tarde verificando o que ocorrera em minha suspensão dianteira e constatamos que o tensor de caster que é fixo no chassi e na bandeja de suspensão por 03 parafusos estava solta, por esse motivo minhas rodas abriram na freada.....coisas de corrida rsrsrs


Jr Lara Campos 



Quatro Rodas Digitalizada.
Agosto de 1982


3 comentários:

  1. foi um super evento que o Campelo e o PQP fizeram

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  2. Obrigado Caranguejo por ter se lembrado da minha pessoa, pois tenho lembranças da pista do Estoril onde lá estive duas semanas em testes e acertos da Formula 3000...saudades pois os F1 viravam na altura 1,13 ou 1,14 e os Formulas 3000 viravam 1,24...foi esse tempo que virei em 1989, realmente foi uma lição a mais na minha vida, foi maravilhoso tudo o que passei nesse Autódromo e aprendi um pouco mais...valeu amigo obrigado...abs.

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  3. Obrigado Julio e Ferraz, dois amigões de sempre, por mim e pelo Caranguejo.

    Um abração

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Rui Amaral Jr