Ontem acordei
preocupado, de maneira alguma ficaria em casa, o bonde da história passava e
...
Estava preocupado com
meu filho que estava em Manaus e com passagem comprada para Guarulhos que
àquela altura estava inoperante, preocupado com a situação do país, e ainda
preocupado com algumas amigas nervosíssimas que trancadas em casa não sabiam o rumo
de tudo. O telefone pipocava, no Zap mil mensagens, geralmente com bobagens e
teorias que nunca vejo.
Moro entre Jundiaí e
São Paulo, de casa vinte minutos até Jundiaí e trinta e cinco até a Praça
Panamericana. Na noite anterior o Chico me liga dizendo para não esquecer de
completar o tanque do carro, coisa que nunca esqueço, e comentando todo estado
de coisas que acontecem.
Precisava ir à Jundiaí
pagar um salário e comprar algumas coisas, e pretendia passar pela sede do 12º
G.A.C ao menos para mesmo sozinho reverenciar nossa bandeira. Passei na casa de
meu amigo Andrei veterinário e R2 para convida-lo, mas ele não estava. Comprei
quatro pacotes de cigarros e fui.
Na rodovia Tancredo
Neves que me leva até Jundiaí estranhei o pouco movimento. Entrei na cidade com
pouco trânsito e fui fazer uma parte de meus compromissos, poucas pessoas nas
ruas.
Saí da Ponte São João
peguei aquela marginal que leva à avenida do 12º e acesso à Anhanguera e
parecia que nada acontecia. Mal passei a loja da Havan e carros estacionados
dos dois lados da avenida, o coração palpitava, parecia estar no grid com o
aviso dos três minutos levantado.
Consegui estacionar e
fui me juntar àquele mundo, nos trezentos ou quatrocentos metros que andei
consegui comprar uma bandeira, a minha tinha dado ao Chico numa manifestação
anterior, e com ela no peito, junto à Nossa Senhora Aparecida segui.
Da praça em frente ao
Batalhão subi a alça de acesso conversando com muitos e cheguei onde havia uma
barreira e lá fiquei conversando com o pessoal que já estava por lá há mais de
um dia. Tirei um maço de cigarros do bolso e acendi um, o caminhoneiro também o
fez e me disse que os cigarros estavam acabando e não sabia onde conseguir
mais. Lembrei dos pacotes que havia comprado e lá desci quinhentos ou
seiscentos metros para pegar, voltando entreguei um a ele para distribuir entre
os que lá estavam e os outros deixei em um caminhão onde voluntários distribuíam
água e alimentos.
De lá avistava uma
grande Bandeira hasteada no alto de uma grua e debaixo dela o som de nosso Hino
que tocava ininterruptamente. Subi aqueles 500/600 saldei-a e lá fiquei só
algum tempo, lembrei de meu amigo Arturão, o grande campeão que ao parar de
correr amava levar a vida na boleia de seu caminhão, livre leve e solto, e como
um marinheiro uma namorada em cada parada.
Descendo para praça
passo por um senhor com uma bandeira no peito e segurando outra, ando alguns
metros e resolvo voltar e pedir que ele me permitisse tirar uma foto. Conversava
com ele que me disse ter oitenta e dois anos e toca meu celular, era minha
querida amiga Fátima preocupada comigo e com tudo, conto à ela do senhor e sua
idade ao que ele retruca “diga à ela que é o Luis Carlos Sansone!”...o motor
deu uma engasgada, depois subindo de giro disse a ele “sou o Rui Amaral!”,
nossos sorrisos se iluminaram e um grande aperto de mão e um forte abraço selaram
um reencontro depois de talvez cinquenta anos.
Nas duas horas que
juntos ficamos muito papo, conheci sua filha e genro e falamos muito dos
amigos, para alguns até ligamos. Lembramos com carinho dos amigos Avallone,
Arturão, Miguel, Ferreirinha, Pedro, Lolli, Jayme, Gorga, Zambello e tantos
outros. A certa hora ele conta do telefonema do Chico horas antes para lembrar
do combustível e ligamos para o amigo, mas ele estava fora do ar.
Voltei à minha casa
para alimentar a Loira e o Mike, muitos telefonemas e mensagens, mais tarde
tranquilo sabendo que depois de todo atraso meu filho já estava em sua casa, e
feliz muito feliz com tudo.
Sansone, caro amigo, difícil
descrever a alegria em vê-lo firme e forte, daqui a pouco estaremos novamente
juntos, até lá um forte e fraterno abraço.
Rui Amaral Jr.