A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

quinta-feira, 28 de julho de 2011

100 Milhas de São Bento do Sul II

Algumas outras fotos das 100 Milhas que são da Elke Zalasik, Jimmi Torres, Lucas Bornemann e do acervo pessoal do Francis. A equipe de apoio ao Alicatão da Poeira, o Ike Nodari, Marcelo, Gabriel e Nei.





 Eu e o Dagoberto Moraes (Chevette 18 - parceiro na TCC) 'brigamos' cerca de 40 minutos. Tentei passá-lo e não consegui, mas proporcionamos um pega belíssimo e por dezenas de vezes fizemos curvas lado a lado e ambos de lado, naquele tradicional show que os tração traseira dão na terra.
Foi de arrepiar, legal pra canário.Quero mais!!!!!!!!!!
Francis



Estive em SBS acompanhando a odisseia do "Pinico Atômico" e foi muito legal. O Marcelo, o Gabriel eu e o Nei formamos a equipe de apoio do Francis. O evento foi muito bem organizado, mas faltaram os pilotos. Um evento desses deveria contar com mais carros. 
Ike

Conheço este autodromo ou melhor autoterrodromo de São Bento do Sul. 
Já assisti corrida lá, voce não imagina como fica lotado de gente. Bem pitoresca a foto com a casinha típica ao fundo. Mas lá é assim mesmo, fora as corridas que são adrenalina pura. 
Fernando - Hiperfanauto

Nós também estávamos lá!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

100 Milhas de São Bento do Sul

Falha minha.
Todo dia quando sento na frente do computador para escrever aqui, abro todos os blogs que acompanho e estão na barra lateral, jamais colocaria algum para dividir com vocês caso eu mesmo não os acompanhasse.
Pois bem com problemas na internet estou já a algum tempo usando ela discada, a qualidade é péssima e caso eu não tivesse um bom equipamento seria impossível fazer qualquer coisa.
Alguns desses blogs simplesmente não consigo abrir tais como o Hiperfanauto de meu amigo Fernando, O Rafa e outros e durante esta semana os dois blogs que meu amigo Francis escreve, o Poeira na Veia e o TCC -Turismo Clássico Catarinense.
O Francis e eu trocamos alguns e-mails durante a semana e simplesmente não consegui abrir seus blogs e talvez atarefado não vi as páginas do TCC no Facebook. 
Francis meu amigo, você bem sabe como fiquei chateado, sei que vai dizer que não foi nada e sei também que falhei.
Aos meus amigos lá de Floripa; Aglais, João, Gabriel e Francis um apertado e carinhoso abraço e um beijão. 

Rui

 Antes da largada vejam o sorriso de meu amigo.  

Larguei em 16º e terminei em 9º no geral, após 2 horas de prova.
Com cerca de 1 hora e meia de prova o tanque de combustível furou e tive que fazer uma parada não programada nos boxes. Naquele momento era o 7º colocado e acabei perdendo 5 voltas, voltando em 12º e depois recuperando 3 posições.
Foi um final de semana sensacional, pois se terminando a corrida já seria uma vitória, depois de terminar na frente dos poderosos Gol com motores AP, sem comentários. Bom demais!
O corpo ainda dói, especialmente os braços e as costas, mas assim como na semana passada, o sorriso vai de orelha a orelha!!!
Agora é esperar a 3ª etapa da TCC, que será realizada nos dias 24 e 25 de Setembro, em Ascurra.
Grande abraço
Francis











Fotos: Elke Zalasik 


GP da SUIÇA - II

De 1934 à 1954 o Circuito de Bremgartem em Berna recebeu os maiores nomes do automobilismo mundial.
O circuito de Bremgartem era perigoso, parte coberto de paralelepípedos, tinha 7.3 KM. 
Largada de 1951, na pole #24 Juan Manuel Fangio de Alfa Romeo 159A, #22 Piero Taruffi de Ferrari 375, #18 Luigi Villoresi de Ferrari 375, #26 Toulo de Graffenried  Alfa Romeo 159A e a seu lado encoberto #28 Consalvo Sanesi de Alfa Romeo  159.
Rumo a seu primeiro titulo mundial o grande Juan Manuel Fangio vence o GP de 1951 com sua Alfa Romeo. Nesta corrida um jovem com menos da metade de sua idade começava despontar como um dos maiores pilotos de todos os tempos, com um HWM da F2 Stirling Moss chegou a andar entre os ponteiros.
1951 Fangio vitorioso é saudado entre outros pelo grande Alberto"Ciccio" Ascari depois campeão do mundo em 1952/53. 

Em 1951 o piloto Henri Louveau sofreu um acidente com seu Talbot T26C no piso molhado.
1950 as Alfa Romeo 158/50 de Farina #16, Luigi Fagioli #12 e Fangio #14 .
Vitória de Nino Farina.
Il Dottore, Nino testa a Alfa Romeo 158/50 em 1950.
 Emanuel "Toulo"de Graffenried e sua Alfa Romeo 159A 1951.
1954 Hans Hermman #6 e seu Mercedes Benz W196 Flecha de Prata 3º lugar.
1955 Fangio e a Flexa de Prata largam para vitória a seu lado Oscar Gonzalez de Ferrari 625.
Rudolf Caracciola em 1935, vencedor por tres vezes do GP da Suiça, abaixo seu Auto Union  reabastecendo.

Hans von Stuck e seu Auto Union.
H.P Muller com  Auto Union.
Gwenda Stewart e seu Derby com motor Maserati e tração dianteira.



No ano de 1955 após a tragédia de Le Mans foram proibidas as corridas de automóveis na Suiça, ficando na história este perigoso circuito e todos grandes pilotos que nele conheceram a glória.


fotos: Collection Adriano Cimarosti/RDB/ATP



Postado anteriormente em 28 de Dezembbro de 2009

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Mariette Helene Delangle - Hellé Nice a Rainha Bugatti

Mademoiselle Hellé Nice - The Queen Bugatti 1900 - 1984
A mulher mais espetacular das pistas.
                                           Morreu sozinha e sua história quase esquecida.

Mariette Helene Delangle nasceu em uma aldeia a 47 quilômetros de Paris em 15 de dezembro de 1900. Helene aos 16 anos muda-se para a 'Cidade Luz' com a mala cheia de sonhos e ambições.
Tornou-se uma atriz/dançarina do Casino de Paris com o nome artístico de Helene de Nice e se tornou Hellé Nice (em inglês nasce o trocadilho, intencional).
Conquista o sucesso e a popularidade, contrata empresário, vira modelo, posa nua, enriquece rapidamente, adquire uma casa luxuosa e um iate. Transforma-se em celebridade em toda a Europa.

Apaixonou-se pelos automóveis velozes e levou uma vida, digamos 'fácil'. Seus relacionamentos eram breves, o fato de ser rica e bem sucedida afastava os pretendentes. Houve alguns que duraram mais tempo, mas lhe trouxeram resultados, como por exemplo, os notáveis da época o poderoso Barão Philippe de Rothschild (banqueiro, piloto de corridas, escritor, produtor teatral, vinicultor, etc.) membros da nobreza européia e personalidades, Gianoberto 'Jean' Maria Carlo Bugatti, filho mais velho de Ettore Bugatti e o Conde Bruno d'Harcourt piloto de grandes prêmios da equipe Bugatti.

Na Paris daquele tempo organizavam-se numerosas competições de automóveis, e Hellé participou organizado para as celebridades da época, pilotando um carro de corridas, tomou gosto. Hellé era uma mulher atlética e gostava de esquiar, sofreu um acidente que danificou seus joelhos, ficou impossibilitada de dançar e direcionou os seus interesses com mais força para o automobilismo profissional. Em 1929 participa do Grande Prêmio no Autódromo de Montlhéry competindo na prova de velocidade na terra 'all female' (só para mulheres) a bordo de um Omega -Six ela vence a corrida e bate o recorde. A partir desta grande vitória Hellé ganha fama e prestígio no mundo da velocidade na terra, no ano seguinte, segue para os Estados Unidos competindo em várias pistas pilotando um automóvel americano Miller.
Ao retornar para Paris em um café no Champs-Élysées, o Barão Philippe de Rothschild aproxima-se e se apresenta, tornam-se amantes. Rotschild pilotava Bugatti's nas corridas e apresenta a Hellé o sofisticado Ettore Bugatti um dos mais exclusivos fabricantes de automóveis francês de todos os tempos.
Ettore Bugatti vê em Hellé Nice a oportunidade de introduzi-la nas corridas para competir no mundo masculino.


1931 

Ela realiza o seu sonho em 1931 pilotando uma BugattiT37A estreando no Circuit Du Dauphiné em Grenoble, larga e sétimo e mantém a posição até o final. Neste mesmo ano participa de cinco Gran Prix da França e também na mais importante corrida de toda a Europa o Gran Premio di Monza.

Ela ama cada minuto de sua vida principalmente pelo fato de estar competindo entre os melhores pilotos da atualidade sem perder a feminilidade. Seus resultados são significativos, chegando à frente dos grandes pilotos. Os anos passam e Hellé confirma seu talento nos grandes prêmios como a única mulher nos circuitos, ela prossegue correndo com a Bugatti e também com Alfa Romeo, atrapalhando a vida de pilotos como: Tazio Nuvolari, Robert Benoist, Rudolf Caracciola, Louis Chiron, Bernd Rosemeyer, Luigi Fagioli e Jean-Pierre Wimille, Como a maioria dos pilotos ela não somente compete nos grandes prêmios, mas também em outras provas na Europa como hillclimbs e rallies, incluindo o famoso Rally de Monte Carlo. Um hábito curioso de Hellé ao pilotar era de manter a 'boca' aberta' durante a corrida, é provável que tenha engolido muitos mosquitos durante a sua carreira.

1932 

No "Grand Prix d'Endurance de 24 heures" de Le Mans ela corre com um Alfa Romeo 8C 2300 abandona a prova na 25ª. volta após um acidente. 

1933 

* V GRAND PRIX de DIEPPE em Dieppe , França (15/07).
Foi uma corrida marcada pelo desentendimento entre pilotos e organizadores que se recusaram a pagar o premio em dinheiro aos vencedores da corrida, por este motivo os pilotos Nuvolari, Borzacchini, Campari, Zehender, Chiron, Etancelin, Sommer, Wimille, Moll, Falchetto e Braillard, boicotaram a corrida. Por causa deste desentendimento o grid foi quase que totalmente composto por Bugatti's e Hellé largou em último lugar com sua Bugatti n° 62 T35 2.0 S8 abandonando a prova na 20ª. volta por problemas mecânicos.

* IX° COPPA ACERBO em Pescara, Italia (15/08).
Esta corrida foi marcada pelo duelo espetacular entre Luigi Fagioli, Tazio Nuvolari e Piero Taruffi. Após muitas desistências de pilotos já inscritos, inicialmente 27, somente 16 preencheram o grid de largada. Hellé Nice larga em sétimo lugar e após uma corrida repleta de duelos ela chega em oitavo e último lugar, três voltas atrás do vencedor Luigi Fagioli, sob protestos da torcida que aclamava Tazio Nuvolari como o vencedor 'moral' desta prova. 

* II GRAND PRIX de MARSEILLE em Miramas, França (27/08).
A exemplo de Le Mans, Hellé Nice corre com uma Alfa Romeo 'Monza 8C 2300 n° 28, larga em 17° no grid e finaliza a prova em 9° lugar à frente de Nuvolari,Dreyfus, Borzacchini e outros. 

* VI° GRAN PREMIO di MONZA em Monza, Italia (10/09).
No trágico dia 10 de setembro de 1933 Hellé competia na Italia no VI Gran Premio di Monza quando perderam a vida os pilotos Giuseppe Campari, Baconin "Mario Umberto" Borzacchini e o polonês Conde Stanislas Czaikowski. Uma tragédia sem precedentes, sobre a mesma marca de óleo em uma curva os três pilotos se acidentaram.
Houviam 3 baterias nesta corrida na 2ª. Campari e Borzacchini já haviam se acidentado na terceira é a vez de Czaikowski. Hellé larga em 17° e chega em 9° com o gosto amargo de um domingo considerado 'La giornata Nera a Monza'. 

Gran Premio d'Italia 1933 - Monza


1934 

* I GRAND PRIX DE CASABLANCA/GRAND PRIX DU MAROC em Casablanca, Marrocos (20/05).
Hellé Nice no grid de largada em 13° e não completa a prova com seu Alfa Romeo 8C 2300 a causa de problemas na suspensão dianteira. 

* X GRAND PRIX DE PICARDIE em Peronne, França (27/05).
Hellé Nice larga em 4° lugar no grid e termina em 7°, duas voltas atrás do líder. 

* VIII ADAC EIFELRENNEN em Nürburgring, Alemanha (03/06).
Hellé larga em 3° lugar no grid com seu Alfa Romeo Monza e não finaliza a prova. 

* I GRAND PRIX DE VICHY em Vichy, França (15/07).
Na segunda bateria Hellé larga em ocupa o 8° lugar no grid e chega em 7° com seu Alfa Romeo Monza a uma volta atrás do líder. 

* VI GRAND PRIX DE DIEPPE em Dieppe, França (22/07).
Na segunda bateria, conturbada pelo acidente fatal de Gaupillat (Bugatti) o vencedor foi Chiron com Hellé Nice chegando em quinto lugar. 

* X GRAND PRIX DU COMMINGES em St. Gaudens, França (26/08).
Hellé larga em 11° no grid e finaliza a prova em 8° lugar. 

* IV GRAND PRIX D'ALGER em Bouzaréah, Argélia (28/10).
O resultado final desta corrida com duas baterias: Wimille vencedor com uma Bugatti T39 e Hellé Nice em 7° lugar com seu Alfa Romeo Monza à frente de Chiron que pilotava um Alfa Romeo Tipo B. 

1935 

* GRAND PRIX DE PAU em Pau, França (24/02).
Hellé Nice ocupa o 10° lugar no grid e finaliza a prova em 8° lugar a cinco voltas do vencedor. 

* XI GRANDE PRÉMIO DE PICARDIE em Peronne, França (26/05).
Largou em 7° lugar e finaliza em 4° lugar. 

* II GRAND PRIX DE L'U. M.F. em Montlhéry na França (02/06).
Não há registro da largada, somente da não conclusão da prova por Hellé Nice. 

* II CIRCUITO DI BIELLA, em Biella, Italia (09/06).
Hellé Nice larga em 6° e finaliza a prova em 6° lugar.


* VI GRAN PREMIO DE PENYA RHIN em Barcelona, Espanha (30/06).
Hellé Nice larga na 10° posição e não termina a prova. 

* XI GRAND PRIX DUCOMMINGES em St. Gaudens, França (04/08).
Na segunda bateria Hellé Nice Larga em 5° lugar e mantém a posição até completar o final da prova. 

1936 

* GRAND PRIX DE PAU em Pau, França (1°/03).
Este grande premio foi marcado pela interferência de Mussolini quando a equipe Ferrari foi parada na fronteira, nenhuma equipe italiana deveria correr na França após a reunião da Liga das Nações. O grid de largada foi composto por somente 12 automóveis. Hellé Nice larga em 10° lugar e após bater na terceira volta, abandona a corrida. 

* IV GRANDE PRÊMIO DA CIDADE DE RIO DE JANEIRO (Circuito da Gávea) no Rio de Janeiro, Brasil (07/06).
Mais conhecido com 'Trampolim do Diabo' o Circuito da Gávea por suas mais de 100 curvas em piso irregular era o verdadeiro teste de perícia para qualquer piloto. Esta prova marcou a vinda de pilotos importantes, competidores de grande peso nas corridas internacionais. Os pilotos Carlo Pintacuda e Attilio Marinoni vieram pela Scuderia Ferrari que na época ainda era do departamento de competições da Alfa Romeo. Pelo Brasil os nossos pilotos, Chico Landi, Manuel de Teffé , Nascimento Junior. Os italianos da Ferrari não finalizaram a prova por problemas mecânicos o grande vencedor foi o argentino Vittorio Coppoli. O brasileiro Manuel de Teffé chega em 3° lugar. Hellé Nice marcou sua presença não somente como única mulher competindo, mas também por posar para fotógrafos em biquíni e fumando na praia de Copacabana, um escândalo para a época. A piloto francesa termina em oitavo lugar após abandonar a prova. Assista ao vídeo desta corrida.

* I GRANDE PRÊMIO CIDADE SÃO PAULO em São Paulo, Brasil (12/07).
Esta foi a corrida mais marcante da história no Brasil, não somente por ter sido a primeiro grande premio da cidade de São Paulo, por ter ocorrido o acidente mais grave o que impulsionou a construção do Autódromo de Interlagos. Como o Rio de Janeiro realizava seus grandes prêmios na Gávea desde 1933, São Paulo decide entrar para o circuito com o objetivo de trazer igualmente nomes importantes do automobilismo internacional. Esta corrida é realizada um mês após o GP do Rio de Janeiro qual Hellé Nice participou.
Em somente quarenta e cinco dias, as autoridades paulistas e o Automóvel Clube Brasileiro idealizaram e concretizaram este evento internacional, foram adquiridos oito mil metros de cordas para separar os espectadores dos carros e montadas arquibancadas para sete mil pessoas, conta-se que o público atingiu o numero de cem mil espectadores no Jardim América.
Hellé Nice pilotava sua Alfa Romeo azul, mas não integrava a equipe Alfa Romeo, era uma corredora independente. O grid de largada foi idealizado na formação 3-2-3 e a ordem de largada foi por sorteio, Hellé Nice ocupa a sétima fila ao lado de Domingos Lopes (BR) e Carlo Pintacuda (ITA).

A corrida 

Saindo da décima posição, Chico Landi passa à frente na primeira volta. Da mesma maneira espetacular, o favorito Pintacuda passa em oitavo e a badalada Hellé-Nice em terceiro enquanto Marinoni, mais discreto, em 15º lugar.
Marinoni roda, cai para último, mas na quarta volta já é o 2º com Pintacuda liderando desde a volta anterior. A pouca potência do Fiat de Chico Landi o renegou ao 5º posto.
O italiano Marinoni roda de novo entre a Rua Canadá e Av.Brasil, danifica seu carro e perde posições ao ter que descer do carro para fazê-lo prosseguir na prova.
Com isso, a sensação Hellé-Nice assume o 2º posto seguida do brasileiro Manuel de Teffé. Na 6ª volta, o líder Pintacuda começa a se afastar dos outros concorrentes, enquanto a segunda colocada, Hellé-Nice, passa a ser pressionada por Teffé.
Hellé-Nice pára na 50ªvolta para pôr gasolina e água, o que a faz perder o 3ºposto para Teffé na 52ªvolta.
A partir daí, a francesa tem 30" de desvantagem para o brasileiro e novamente empolga a multidão com seu desempenho. Faltavam somente quatro voltas para o final e Hellé-Nice tirava 5" por volta sobre Teffé!
Depois da reta oposta, Hellé-Nice tinha 5" de desvantagem para Teffé e continuava a se aproximar do brasileiro em busca da 3ª posição. Ambos tinham duas voltas de desvantagem para o líder e uma para o 2º colocado. Na curva da Av.Brasil esquina da Rua Atlântica Teffé abriu demais, perdeu tempo e Hellé-Nice emparelhou com ele. Ao entrar na reta final da Av. Brasil, Teffé ganhou distancia.
Atravessaram a Rua Colômbia.
Às 11h59min, Pintacuda atingiu a linha de chegada para vencer a prova a uma média de 104,45 km/h.
Aí a população se agitou para melhor enxergar a disputa entre Teffé e Hellé-Nice, pelo 3ºlugar.
Faltavam poucos metros para a chegada e Teffé foi para o lado direito da pista. 

O acidente 

A grande emoção estava reservada para o final da prova quando Hellé Nice disputava o terceiro lugar com Manuel de Teffé, forçando a ultrapassagem em diversos pontos do trajeto. Em uma dessas tentativas as rodas dos carros se tocaram e Hellé Nice decolou com sua Alfa Romeo sobre o público presente.
A conseqüência foi desastrosa, três mortos e 30 feridos. Entre as vítimas fatais um soldado que absorveu o impacto do corpo de Hellé Nice na queda ao ser lançada dez metros para fora do carro.
As versões sobre este acidente suscitam discussões até nos dias atuais. Segundo Wilson Fittipaldi, pai de Emerson e Wilsinho, que estava presente na época com 16 anos, Manuel de Teffé fechou de maneira irregular o carro de Hellé Nice provocando o acidente "Ele não admitia ser ultrapassado por uma mulher'. Outras versões chegam a citar um fardo de feno jogado no meio da pista ou um espectador que atravessou a pista, Hellé Nice foi desviá-lo e perdeu o controle do carro.
Hellé Nice ao depor não se lembrava do momento do acidente.
Ela teve concussão cerebral, escoriações no rosto, contusão no cotovelo e na região escapular. Foi internada no Sanatório Santa Catharina, com boa recuperação dias após recebeu alta médica.

O resultado final da corrida 

Apesar das acusações contra Manuel de Teffé, formalizada também pelo mecânico de Hellé Nice, o brasileiro não foi considerado culpado.
O resultado final devido ao acidente e ao fato de alguns carros que não puderam cruzar a linha de chegada devida á invasão das pessoas na pista, somente seis carros foram oficialmente classificados, a seguir: 

1º) nº38 - Carlo Pintacuda (ITA) - Alfa Romeo 60 voltas - 104.45 km/h
2º) nº40 - Attillo Marinoni (ITA) - Alfa Romeo 59 voltas
3º) nº8 - Manuel de Teffé (BR) - Alfa Romeo 58 voltas
4º) nº34 - Hellé-Nice (FRA) - Alfa Romeo 58 voltas
5º) nº26 - Vittorio Rosa (ARG) - Hispano-Suiza 55 voltas
6º) nº42 - Arthur Nascimento Jr. (BR) - Ford 54 voltas 

A repercussão do acidente no Brasil 

Diversas entidades e órgãos do estado se manifestaram em solidariedade às vitimas e parentes das vítimas do acidente. Organizaram arrecadações para doar a Hellé Nice e todos os envolvidos, inclusive para a recuperação de seu automóvel. Um site inglês cita que as autoridades brasileiras se responsabilizaram pelo acidente, falta de segurança, pagando uma grande soma indenizatória à piloto francesa. Segundo informações de contatos do meio antigomobilista, o Alfa Romeo de Hellé Nice permaneceu no Brasil, apreendido pelo DETRAN de São Paulo. Um conhecido colecionador paulista adquiriu o automóvel, com as partes que sobraram construiu um híbrido e o restante das peças que se pulverizaram estão em um museu no interior paulista.
Hellé Nice é vista como heroína pelo povo brasileiro, seu pseudônimo foi disputado pelas futuras mães que a homenagearam registrando suas filhas como Helenice ou Elenice. 

As tentativas para voltar a correr os grandes prêmios. 

O terrível acidente em São Paulo marcou definitivamente a vida de Hellé Nice.
Com o passar do tempo ela começou a arquitetar a sua volta às pistas.
Em 1937 ela arrisca a sua volta na esperança em participar da Mille Miglia na Italia e no Trípoli Grand Prix na Líbia, este último oferecia uma grande soma em dinheiro como premio. Encontrou sérias dificuldades em obter apoio suficiente para oficializar o seu retorno.
Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, Hellé Nice retoma as competições participando do 'trial endurance' para mulheres organizado pela companhia petrolífera Yacco em Montlhéry na França. Seu desempenho é notório, guiando por dez dias e dez noites quebrando dez recordes em um mesmo dia. Nesta prova Hellé se revezava com mais quatro mulheres.
Pelos próximos dois anos ela competiu em ralis na esperança de voltar a correr pela Bugatti. No entanto em agosto de 1939 seu grande amigo Jean Bugatti morre em um acidente ao testar um novo modelo Bugatti e um mês depois o início da Segunda Guerra Mundial. Em 1943 durante a ocupação das tropas nazistas na França, Hellé Nice se recolhe em sua residência em Paris, mas a sua vida torna-se insuportável e ela decide fixar residência em Nice e leva consigo um de seus amantes durante todo o período da guerra. 

O início do fim de Hellé Nice 

Em 1949 é anunciado o primeiro Rallye de Monte Carlo do pós-guerra e Hellé Nice se inscreve para a prova, sua grande chance de voltar segura e confiante.
Em uma grande festa organizada para comemorar a volta da competição, Louis Chiron o filho predileto de Mônaco, várias vezes campeão de Gran Prix repentinamente atravessa o salão e em voz alta acusa Hellé Nice de ser colaboradora da Gestapo durante a guerra. Naquele tempo uma acusação como esta poderia arruinar a carreira de qualquer um, vindo do poderoso Louis Chiron era muito pior, não havia nem a necessidade de apresentar provas.
A conseqüência foi a pior possível, Hellé não conseguiu participar deste rali, perdeu patrocinadores, os amigos, conhecidos e o amante a abandonaram completamente, seu sócio suíço investiu mal o seu dinheiro. Seu nome caiu no esquecimento assim como toda a sua história de vitórias e feitos notáveis desapareceram por completo, ela foi varrida da memória de todos.
Em sérias dificuldades financeiras foi obrigada a aceitar a caridade de uma organização de Paris ' La Roue Tourne' criada para dar assistência aos artistas do teatro antigo em estado de abandono. A situação de Hellé Nice piorou quando morre sua mãe e sua irmã mais nova Solange, toma posse dos bens, o que não é muito, negando totalmente auxílio a Hellé Nice.
Uma mulher que brilhou como poucas no século XX, pioneira e corajosa, participou de mais de setenta provas automobilísticas, passou seus últimos anos de vida em um apartamento invadido por ratos num beco da periferia de Nice, por vergonha e medo em ter sua identidade descoberta, usava um nome fictício. Afastada da família por anos, em 1984 aos 84 anos de idade morreu sem amigos, sem dinheiro e completamente esquecida pelas pessoas ricas e fascinantes que integravam os Grandes Prêmios da França. Mariette Helen Delangle foi cremada, a organização parisiense de caridade custeou a cremação e enviou as cinzas para sua irmã na aldeia de Saint-Mesme onde seus pais estavam sepultados.
No tumulo da família o nome de Hellé Nice não está mencionado na lápide.
As acusações de Louis Chiron nunca foram comprovadas. A escritora Mirnada Seymour autora da biografia de Hellé Nice pesquisou a fundo a procedência desta acusação. Em documentos oficiais enviados por Berlim pelas autoridades alemãs, Hellé Nice nunca foi uma agente da Gestapo. 

O caluniador 

O causador de toda esta desgraça na vida de Hellé Nice o piloto Louis Chiron, que dividiu a pista com ela em diversas competições, nunca pagou pelo seu crime. Com esta atitude repulsiva, fica claro o preconceito e a inveja deste piloto com Hellé Nice. Chiron era conhecido por sua arrogância e egocentrismo. Existe uma citação da ira de Chiron por ela ter vivido em relativo luxo na Riviera Francesa durante o período da guerra e Chiron por ter sido membro da Resistência Francesa direcionou suas suspeitas para Hellé Nice.
Impune, este senhor participa pela última vez de uma corrida no Grande Premio de Mônaco em 1955 e conquista o recorde como o piloto mais idoso a participar de um campeonato mundial aos 55 anos de idade.


O livro e a Fundação Hellé Nice 

Graças à escritora norte- americana, Miranda Seymour o mundo começa a conhecer a apaixonante história da espetacular Mademoiselle Hellé Nice. O livro 'The Bugatti Queen lançado em 2004 despertou o interesse da mídia e inspira projetos como a 'The Hellé Nice Foundation' criada em 2008 por Sheryl Greene, em Atlanta nos Estados Unidos. Esta fundação visa captar recursos para financiar jovens mulheres que queiram iniciar a carreira de pilotos no automobilismo. 

Este artigo intencionalmente foi publicado no Antyqua no mês de março em homenagem ao Dia Internacional da Mulher comemorado no dia oito.
A todas as mulheres que ousam superar seus próprios limites, deixando marcas como exemplo de determinação e coragem, nosso muito obrigado.










Rio de Janeiro de maiô de duas peças na década de 30.

Hellé Nice Fundation


Elisa Asinelli do Nascimento.

Março 2010 

Fontes de pesquisa: 
Miranda Seymour 'The Queen Bugatti', Wikipedia, The Story of The Gran Prix, Federação de Automobilismo de São Paulo, GPtotal, Autodiva, Bugatti, Rio de outros Janeiros, Autodromo di Monza, Bugattibuilder, José Resende Mahar, BandeiraQuadriculada, The Golden Era of GP Racing.


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Minha amiga Elisa é antigomobilista, participa de Rallys de regularidade com carros antigos, escritora, promotora de eventos antigomobilisticos...
Agradeço a ela a oportunidade de mostrar a vida desta mulher extraordinária e tomo a liberdade de oferecer este post a todas mulheres maravilhosas com quem convivi e convivo.


Rui Amaral Jr