A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

ALICATÃO

Era o termo usado por meu amigo João Lindau ao se referir a certos pilotos mais afoitos no uso do pedal de freio de um carro de corridas. 
O que vou contar a seguir aconteceu no ano de 1978 ou 79 e à ninguém digo o nome do protagonista.





Lendo no blog de meu amigo Jr Lara Campos um chega para lá que deu em um dos DIMEP, lembrei do que aconteceu comigo. Um aviso o Jr ao fazer seu blog postou tudo de uma só vez, então para ler é preciso procurar as deliciosas histórias que ele conta. E ainda se faz de desentendido quando o chamo de Portuga!!!
Já havia escrito sobre esta corrida mas numa conversa com meus amigos o “alicatão” foi citado e resolvi contar o resto como foi.

Eu ao lado do  Passat do João Franco, e se não me engano dois carros da Motor Girus.

Na primeira bateria larguei super bem, com a Caixa 2 o carro pulava que era uma maravilha, e na saída da “Três” estava grudado no João Franco com ninguém menos que o Bambino -Adolfo Cilento- em minha cola, na entrada da “Ferradura” passei o João e ele com seu Passat, o motor preparado pelo Ico Cilento com no mínimo uns trinta HP a mais retomou a posição na “Reta oposta”,  grudei novamente no “Sol” e fui tentando ultrapassá-lo, atrás o Adolfo sinalizava freneticamente, achava que queria me distrair, mas era o Álcool do tanque do carro do João que lavava a pista à minha frente, como estava grudado nele não percebi. Na “Junção” aproveitando a freada dele quando fui tirar o carro para a esquerda veio a surpresa, uma rodada que me levou até aquela parte da Junção, já no  “Anel externo”, fiquei tonto.

 Ao sair já era ultimo. Comecei tudo de novo, é cruel, e umas duas voltas depois quando já vinha de novo no meio do pelotão meu pneu furou ao frear para o “Sargento”. Fiquei parado quase na tangencia da curva com aqueles malucos passando pertinho e minha primeira bateria acabava por ai.

Larguei a segunda bateria em ultimo, “espumando” giro lá no alto e o tempo todo trocando  as marchas no limite. 

Comprei este Contagiros de meu amigo Chico Lameirão.

Aqui uns parênteses, usava um contagiros mecânico Jones com espia, e a chave sempre ficou com o Chapa. 

Na entrada da "Ferradura” já vinha no meio do pelotão, encontrei meu amigo Expedito Marazzi que também tinha largado de traz e seguimos juntos, entramos no “Sol” colados, para no meio encontrarmos o citado senhor andando a uns vinte quilômetros mais lento, devia achar que estava rápido! 
O Expedito tentou ultrapassar por fora, quando vi a manobra coloquei meu carro por dentro do dele, ai o “alicatão” resolveu abrir, o Expedito tira o pé já de lado e eu perto dele vejo o “alicatão” voltando à sua trajetória, tiro também o pé. Fomos o Expedito e eu até a grama e o causador da confusão foi embora, do Expedito não lembro, fui ultrapassado por vários carros e retomei a corrida com muita raiva.
Queria me vingar dele, o “alicatão”, daí em diante corri só para quando o encontrasse dar-lhe um totó de preferência numa curva de alta para que ficasse experto. 
Encontrei-o, logo à seguir, na reta dos boxes uns cento e cinqüenta metros a minha frente e pensei vai ser na “Três”, na tomada da “Um” para minha surpresa ele pisa no freio e eu em frente aos boxes imaginei dar-lhe o totó na “Dois”, mandá-lo para caixa d água. 
Mas Deus, com sua infinita sabedoria e misericórdia foi mais uma vez bom comigo, antes mesmo da “Um” meu motor estourou, fazendo encher minha cabine com a fumaça do retorno de óleo do motor. Fui parando devagar até encostar meu carro no “Retão”, numa pista auxiliar que havia por lá, depois do muro de saída dos boxes que na época ia até o fim da “Dois”. Parado com o bombeiro e o bandeirinha a meu lado, vendo os carros passarem, agradeci à Ele, a meu Anjo da Guarda e a minha Nossa Senhora Aparecida, poderia ter feito algo de que me arrependesse até hoje.

O #14 sobre a carreta Kaimann que comprei do Chico Lameirão, já no chão o carro de meu amigo Ricardo Bock.
Na oficina com Edião e meu amigo Chapa.
  
Todos citados são amigos queridos, com quem tenho ou tive muito prazer em conviver, menos o “alicatão” com quem nunca convivi. Ele foi piloto por muito tempo e correu em varias categorias, em uma delas na classificação em Interlagos era com freqüência 12s ( doze segundos) mais lento que o pole!

Aos queridos amigos que nos deixaram, João, Expedito, Adolfo.

Rui Amaral Jr

6 comentários:

  1. assisti quase tudo da Divisão 3 em Interlagos, de 70 à 76 vivi os meus finais de semana lá,
    história muito saborosa, minha mão trabalhava como artista gráfica na Editora Abril, colega do Expedito, me alfabetizei nas revistas Quatro Rodas que minha mãe trazia pra casa, onde ele testava os lançamentos da nossa indústria
    abraçø Rui

    ResponderExcluir
  2. De todas as Histórias, as Histórias Que Vivemos na Divisão 3 são as melhores.

    Eu vi algumas, lá na arquibancada, colecionando adesivos e programas das corridas, fuleiros e mal feitos.

    Esses duelos de fuscas são das melhores memórias sonoras e visuais da minha vida: trinta 'penicos' descendo o Retão, trocando de posições freneticamente; carros cheios de experimentos, na suspensão, no câmbio, na aerodinâmica e, é claro, nos motores de Fusca.

    Tem um detalhe que me chama atenção: o muro na saída dos boxes. Esse muro deve ter sido feito em 1975 ou um pouco depois; ele não existia. Sua implantação tirou muita velocidade das imbatíveis curvas Um e Dois. Se cabe a um leitor 'pidão' o primeiro pedido de 2020, seria contar que diferença fez, para os "Penicos Atômicos" fazer a Um e Dois sem muro e com muro.

    Feliz Ano Novo, Rui!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigaadao Walter. Vejaa, corri em 711 e 72 na D3, em 71 novato inda com os Cinturattos, em 72 já com os Pirelli Corsa depois os slics. Volteei nesta época mas já estava tudo muito diferente. Os pneus haviam evoluído muito. Logicamente o espaço era maior, passávamos rente aao muro na tangência da Um, meeu amigo Adolfo Cilento Neto deu uma forte panca l, de Formula Vê. Acredito que quem maias sentiu a diferença foram os carros mais rápidos, como os protótipos e a F.Um. Mestre Luiz, contou ao Chico, que depois me contou, que e com o 908/2 com os tanques cheios dava uma tiradinha de pé, quando esvaziavam era cravado!!!!

      Abração Walter.

      Excluir
  3. ALICATÃO-MESTRE, simplesmente S E N S A C I O N A L ! ! !
    De arrepiar!

    ResponderExcluir

Os comentários serão aprovados por mim assim que possível, para aqueles que não possuam blogs favor usar a opção anonimo na escolha de identidade. Obrigado por sua visita, ela é muito importante para nós.

Rui Amaral Jr