A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Marazzi e o Porsche 917 do Wilsinho. Conta Cuca


No final de 1974, o Expedito já sabia que o Wilsinho Fittipaldi iria montar  uma equipe brasileira para disputar o Mundial de Formula 1 com o seu próprio carro. Marazzi, foi uns do primeiros entusiastas do projeto. Dizia-me ele, que com um bom chassis, um motor Cosworth e pneus Goodyear, a equipe poderia ter sucesso. E ele não estava errado, pois era a época dos kit-cars, só não contava com que os ingleses, fariam tudo para o Copersucar-Fittipaldi não andar na frente dos carros deles. E fizeram. Mas esse é assunto para outro texto.  

         O Expedito, escreveu diversas matérias, sempre defendendo o projeto, enquanto os "especialistas", só o detonavam. Porem, o Wilsinho, que adorava as matérias dele, o chamou, e disse que o Marazzi, era muito importante para divulgar positivamente a equipe, e que, ele era o único jornalista automobilismo, que tinha habilidades para testar o FD01. O Expedito ficou muito orgulhoso, e, a bem da verdade, muito entusiasmado com o convite. Ele foi até a minha casa para conversar com meu pai sobre o convite, afinal, não era para qualquer um ser convidado para testar um F1 de um grande projeto brasileiro. Na época do convite, o carro ainda estava na prancheta de desenhos. Passaram-se meses até o carro ficar pronto e o Wilsinho ligar para o Marazzi e dar a triste noticia. Infelizmente, a Copersucar vetou o teste pois achavam que o Expedito poderia destruir o carro, o que na minha opinião, até faz sentido, mas, quem conheceu o Expedito, sabia que ele jamais andaria acima do seu limite e responsabilidade. Como premio de "consolação", o Wilsinho ofereceu o Brabham BT34 para ele testar, triste e contrariado, mas vendo a possibilidade de pilotar um F1 pela primeira vez, ele aceitou.

        
         Dias depois, o teste da Brabham foi realizado. Marazzi, foi para a oficina da Copersucar, e estava conversando com o Wilsinho, quando chegou o Emerson com o Porsche 917, o doido do usava o carro como carro de rua. Expedito então, perguntou se ele não poderia testar o 917 também. Wilsinho disse que sim, mas em outro dia.
         Naquele dia, eu estava esperando o Marazzi na casa dele para saber como foi pilotar um F1? Resposta dele:
-Nada demais, nada assustador. tem acelerador, cambio freio, mas achei que seria muito mais rápido...
         Aqui, vale uma adendo: com certeza o Brabham não estava com a potencia máxima. Nem sei se este teste foi publicado na revista Manchete. Mas com o Porsche, a coisa foi diferente.
         Algumas semanas depois, foi marcado o teste com o  Porsche, e esse saiu na revista Manchete. Pouco depois, perguntei como andava o Porsche?
Respostas dele:
-Eu nunca vi o retão acabar tão rápido, foi impressionante...
-Vocês que estão acostumados a entrar na curva do Sol de pé em baixo, é porque nunca pilotaram um 917. Você chega tão rápido no final da reta oposta, que você tem que frear, reduzir uma marcha e entrar acelerando...
-Foi o carro mais rápido que dirigi na minha vida...
         Esta no texto da matéria da Manchete, que ele pediu para o fotografo ir para a curva do laranja, para fazer umas fotos mais emocionantes, pois ele ia "entortar" o carro... Duas ou três voltas depois, o fotografo começa a abrir os braços reclamando... Marazzi para depois do Laranja, desce e diz para o fotografo:
-Não adianta, o carro é muito bom, toda vez que eu tento jogar a traseira, ele me responde malcriadamente e coloca a traseira no lugar...

         Sempre que tentei conversar com o Marazzi sobre  teste do F1, ele sempre falava que era um carro comum, mas que o Porsche 917 do Wilsinho era absurdo. E eu acredito nele.
         Lembro-me, do primeiro GP oficial de F1 no Brasil. Fui aos treinos do primeiro dia com meu irmão Marco Souto Maior. Quando voltamos, o Expedito estava chegando do autódromo também na porta da sua casa (éramos vizinhos)... Paramos o carro ao seu lado, e descemos para conversar:
-E ai Expedito, o que achou?
-Nada demais, não são o super heróis que eu imaginava. Se me derem um carro daquele, e um tempo para treinar, ando junto com eles. Não digo na frente, pelo amor de Deus, mas, ficar próximo deles, eu fico. O único que me impressionou realmente. foi o tal do Tom Price. Aquele tira leite da pedra do carro...
Engraçado, eu achei a mesma coisa...
Forte abraço a todos...

Mario Souto Maior

18 comentários:

  1. Não, não acredito, papo furado! o E. Marazzi deixava muito a desejar como piloto, aliás sequer poderia ser citado como tal! embora houvesse participado de algumas corridas como resultados pífios, por suposto.

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  2. O Tom Price disputou aqui em Interlagos aquele torneio Brasil de formula 2 e impressionou a todos.

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    1. Me perdoe mas Tom Price não participou dos torneios de Fórmula 2 no Brasil - nem 1971, nem 1972.

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  3. O Marazzi era um professor.

    Juntar jornalista/piloto com promoção de marcas é business antigo. Um teste do Marazzi publicado na Revista Manchete tem um elevado valor comercial.

    Mas um carro de F1 não é pra qualquer um e, diante do Copersucar, Marazzi teve de aceitar ser preterido.

    Genial que ele tenha teatado o Porsche 917, um carro dos sonhos (Ah! se eu ganhasse na loteria...).

    Falta um depoimento do Wilson sobre pilotar esse Porsche 917 em Interlagoa.

    Na 4Rodas, em 1971, saiu um depoimento do Emerson sobre pilotar o 917 em Buenos Aires, junto com Reuteman. Ele.dizia que a.aceleração era de perder o folego.

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  4. Sobre o que seria mais carro, um protótipo ou um F1, dei uma fuçada no Racing Sports Car, para descobrir os seguintes tempos de 'pole position' em 1970, em Watkins Glen (tempo e lugar em que dá para comparar um Porsche 917, um CanAm e um F1):

    A. Six-Hours and The Can-Am, The Glen (dia 11/Julho): Jo Siffert / Brian Redman, Porsche 917 K, 1:06.300

    B. Six-Hours and The Can-Am, The Glen (dia 12/Julho): Denny Hulme, McLaren M8D Chevrolet, 1:02.760

    C. Grand Prix of the United States (04/Outubro): Jacky Ickx, Ferrari 312 B, 1:03.070

    Nenhum desses carros era para amadores; Luiz Pereira Bueno, Pace, Wilsinho, Alex Dias Ribeiro reclamavam muitos de certos carros que todos sabiam ser "de segunda categoria".

    Acredito na comparação do Marazzi com as outras coisas que ele pilotou, mas só os pilotos é que podem dizer...

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  5. Boa parte dessa paixão que tenho por carros eu devo ao Marazzi, nunca o conheci pessoalmente mas depois de tanto ler seus textos na saudosa "Motor 3" era como se fossemos velhos amigos.
    Parabéns pela fantástica postagem acima, é sempre um prazer ler sobre a época mais facinante do nosso automobilismo.

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    1. Puxa, que legal. Eu tive a honra e o prazer de conviver com ele turante a minha infância e adolescência. Assim, como ele foi um segundo pai, meu pai, foi um irmão para ele...

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  6. Respostas
    1. Oi Isaac, me parece que foi vendido na Europa. Um abraço

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    2. O carro foi vendido, e atualmente, pertence ao Jeson Button. Forte abraço;

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