quarta-feira, 6 de julho de 2022
terça-feira, 5 de julho de 2022
Baixinho genial...
Ele colocava a alma e o coração em tudo que fazia...Cadu e sua mãe ao lado do pai, Avallone e seu Lola-Avallone.
O Pandoro era um lugar agradável
na Avenida Cidade Jardim, alguns metros antes da Dacon e da Avenida Faria Lima,
nesta deliciosa São Paulo, que hoje ficou um pouco distante do que era.
Vez ou outra quando lá
estava bebendo um Caju Amigo ou um scotch o Avallone me via e parava, com
aquela Mercedes 450S amarela, ou a moto BMW 1000 que queria fazer aqui no
Brasil, também amarela e outras vezes aquela maravilhosa réplica do MG. Papeávamos
horas, sempre rindo muito quando ele contava suas “aventuras”, ele não bebia
...
Avallone era muitos...Advogado,
jornalista, político, comerciante de autos, dirigente de clube de
automobilismo, piloto, construtor e muito mais!
Conheci a fera no longínquo
1971 em corrida organizada por seu clube. Guaraná chega para mim e diz que a
organização não forneceria combustível para nós os Novatos, falei “vamos lá”. E
naquele tanque que ficava no final dos boxes, perto da curva Um lá estava ele, falei
“Baixinho, e o nosso combustível?” – aos dezoito anos todos se arriscam! - Ele apenas olhou meu macacão e disse “você é
filho do Rui Amaral?”, apenas confirmei e ele virou-se para o encarregado e
disse “liberado para eles!”, nascia ali uma bela amizade.
Dias depois nos
encontramos e ele me contou um pouco de sua amizade com meu pai.
Avallone era de
Jundiaí, onde tínhamos uma loja das Cestas de Natal Amaral e alguns grandes
fornecedores, como a CICA dos Bonfigliolli, e ele uma revenda Willys, fora o
jornal. No final da década de 1950 as Cestas distribuam como prêmios dezenas de
carros, e com a pequena produção de nossas montadoras nossos dirigentes iam
buscar os carros em várias localidades e foi aí que Avallone vendia seus
Gordinis para nós, eu não podia saber pois ainda tinha cinco ou seis anos.
Depois em 1961 ele como
dirigente partidário cedeu a legenda para que meu pai concorresse à Câmara
Federal por seu partido. Meu pai se elegeu com uma enxurrada de votos para quem
era totalmente desconhecido levando para Brasília cinco ou seis deputados pelo
voto de legenda, mas Avallone, que se não me engano, candidato a deputado
estadual não se elegeu.
E já que comecei a
escrever, vou lembrar um pouco de nossos papos...
Sobre a corrida
descrita pelo Sidney no post anterior, me contando ele lembrava, foi uns dez
anos depois, “Ruizinho foi uma loucura, não me deixaram largar e parti dos
boxes, e na curva Três...” , aqui fico com a narração do Sidney, de forma alguma
vou narrar o que ele me contou, respeitando o contado pelo Sidney.
Continuando a conversa
com o Baixinho...” Depois de tudo meus mecânicos e eu trancados nos boxes com
muitos nos xingando do lado de fora e de repente uma enxurrada de chaves de
fenda e outras ferramentas jogadas em nós...lá fora encontraram uma MB 450S amarela
e quebraram toda, só que não era a minha!”
Combativo Avallone
contestava nas páginas de jornais a politica do poderoso Delfin Netto, e com
ele trocava farpas.
Certa vez em seu jornal
em Jundiaí, escreveu sobre um desafeto que pediu direito de resposta e quando
não obteve entrou na justiça com o pedido, que concedido estipulava uma multa diária
pelo não cumprimento, com progressão geométrica, certamente o juiz sabia com
quem lidava!
Em suas palavras “a
multa depois de algum tempo estava bilionária, foi quando o juiz me chamou e
calmamente me pediu para que terminasse toda aquela confusão, foi quando
obedeci”
Avallone era tudo isto
e muito mais, um guerreiro, alguém que faz falta, muita falta!
A você meu amigo.
Rui Amaral Jr
Recebi um pouco antes da
pandemia, ainda não fui visita-los, fica na vila Arens em Jundiaí.
Hoje pela manhã recebi
esta foto de ... A casa sorteada pelas Cesta, ganhador o senhor Elcio de
Almeida, que aparece na foto ao lado de familiares e do gerente da loja de
Jundiaí o senhor Clovis, de terno claro. A família ... comprou esta casa pouco
tempo atrás da viúva do senhor Elcio e
hoje mantém nela o escritório de advocacia do Dr. .... A família Almeida conservou a foto por mais
de sessenta anos, tempo em que viveu na casa. Fico feliz, que a ideia de meus
pais tenha trazido à esta família e a milhares de outras a satisfação e
tranquilidade de ter uma casa própria. Ao Felipe e seu pai Regis meu muito
obrigado pelo consideração e carinho, logo irei conhece-los.
Dois grandes nomes
disputaram a eleição para governador aquele ano, Adhemar de Barros o eleito e Jânio
Quadros. Jânio que havia renunciado à presidência e teve poucos votos a menos que
Adhemar, mas alavancou seus representantes no senado e parlamento. No caso do federal
o campeão de votos foi Emilio Carlos e meu pai um desconhecido que num partido
pequeno teve para época muitos votos.
domingo, 3 de julho de 2022
UM DIA EM JUNHO...
Dia desses, estávamos eu e o Rui Amaral Jr, meu sócio, conversando sobre a carreira do piloto Antonio Carlos Avallone e lá pelas tantas, pintou a lembrança do dia em que o AC tentou acabar com a 4ª etapa do Torneio Rio-S.Paulo de Stock cars, no distante ano de 1981. Papo vai, papo vem, lembrei que o amigo Renaldo Ival, ex-mecânico do campeão Marcos Troncon, me disse uma vez que conhecia o piloto Sidney Alves, a melhor testemunha desse dia, posto que estava lá e tornou-se protagonista de todo o lance. Sugerido pelo Ruizão, entrei em contato com o Rei, que gentilmente, me apresentou de forma virtual ao gentil Sidney, cuja memória ainda tem vivos aqueles acontecimentos. Mas primeiro, sua carreira. Como começou tudo, Sidney?
-“Começou nos Rachas. Aposta entre amigos. Um dia em 1973, resolvemos ir a Interlagos para ver quem era o bom. Fui com meu ‘Fuscão’. Preparação muito simples, tudo improvisado, um cano como santantônio, fita crepe nos faróis e pronto. Os resultados foram aparecendo. Vitórias. Foram dois anos nessa categoria. Em 74, passei para o Chevette, o qual não gostei. Posteriormente, fui atraído pela categoria Turismo/Classe C, que englobava Opalas, Mavericks e Dodges. Optei pelo Opala e junto com meu amigo Wilson, comprei o carro que pertencera ao pai do inesquecível José Carlos Pace, o Moco. O carro não podia ser muito mexido, exceto a remoção de parachoques. O resto, eram pneus radiais, tapeçaria interna e estepe, como carro de rua. Meu Opala 71 era um dos “velhinhos” da categoria e assim fiquei por dois anos até comprar a parte do Wilson, meu amigo e correr ‘solo’. Fiz uma pintura em três cores e continuei até 1979, quando finalmente surgiu a Stock-cars. Sempre fui competitivo apesar de não contar com patrocínio, pois para mim, corrida era hobby, tinha meu trabalho. E foi assim que em 1981, correndo na Stock-cars, encontrei meu amigo Antonio Carlos Avallone. O AC chegou com sua bela Mercedes amarela e trouxe um Stock e ainda um Dodge da categoria Turismo 5000. Queria correr conosco, mas a inscrição tinha sido feita em nome de seu filho (que tinha o mesmo nome). Tendo alinhado no grid, Avallone começou a mover o carro, quando viu que iriam barrá-lo. O pessoal o procurava no fundo do grid; ele ia para a frente; procuravam-no na frente; ele retornava para o fundo. Até que o seguraram. O carro do AC levado para o box, começou a prova. Eu, largava em terceiro ou o quarto naquele dia. De repente, em pleno Retão, quem aparece? O Avallone. Ele havia conseguido acionar o Stock e aparentemente, queria acertar o Paulo Gomes ou o Ingo Hoffmann. Na Curva 3, nos achamos. Ele me prendeu atrás dele por uma volta. Como éramos amigos, não sei se me viu ou não. Na volta seguinte, irritado pela provocação, o acertei na Ferradura. Grudei em seu carro na Reta Oposta e no “Sol”, o acertei outra vez. Na Curva do Sargento, o peguei de novo e desta vez fiquei empurrando seu carro na proteção, até que dei ré e fui para os boxes. Quando cheguei, a equipe do Waltemir Spinelli, o “Bolão” me tirou do carro e me protegeu. De lá vi quando os mais exaltados que estavam por ali quebraram os carros do Avallone, que teve de deixar o autódromo escoltado por dez viaturas da ROTA. Quando já estava pensando em ir embora, o sistema de alto-falantes chamou meu nome, durante a entrega dos troféus. Eu tinha sido escolhido o “Piloto do Dia”. Só então lembrei que naquele dia, meu amigo o cantor Antonio Marcos, estava presente em Interlagos, acompanhado de um empresário que pensava em patrocinar meu carro. Depois da confusão, continuei sem patrocínio...Seis ou oito meses depois, estava eu na Oficina do preparador Anésio Hernandes, quando vejo em minha frente, Antonio Carlos Avallone. Ele, apesar de baixinho, era lutador de artes marciais e adorava uma encrenca. Na ocasião, porém, só me perguntou se eu estava louco quando o tirei da prova, naquele dia. Respondi que ele devia saber, já que eu continuava na ativa e ele havia sido suspenso por seis anos. O tempo havia passado e a coisa não foi além. Só tornei a vê-lo mais uma vez, quando estava na Balsa de São Sebastião, na travessia para Ilhabela e o AC se meteu numa briga com uns gaiatos que se engraçaram com sua esposa. Mais tarde, soube que falecera...”
Caranguejo-Carlos Henrique Mércio
quarta-feira, 22 de junho de 2022
UM POUCO DOS BELOS ANOS 60
Foi uma grande década para o automobilismo mundial, Black Jack começou como Campeão do Mundo de Formula I pilotando uma Cooper-Climax, aliás Bi já que venceu também em 1959. Foi o começo da F I de 1.500cc, regulamento que valeu até 65, quando começou a F I de 3.000cc.
Seguiram a ele Phil
Hill de Ferrari 1961, Grahan Hill de BRM em 62 que repetiria o feito em 68 de
Lotus-Cosworth. 63 consagrou meu maior ídolo Jim que outra vez foi Campeão em
65 com Lótus, em 64 vindo das motos onde venceu de tudo Big John levou a
Ferrari a seu quarto título Mundial. 66 e 67 Black Jack resolve construir seu
próprio carro de Formula I o Brabham, usava um motor Australiano o Repco
desenvolvido a partir de um bloco de série e em 66 se torna Tri Campeão Mundial
de F I fazendo Hulme Campeão no ano seguinte. 68 vê a chegada do provavelmente
melhor motor de F I de todos os tempos, o Cosworth, dois gênios Ingleses foram
os responsáveis, o projetista Keith Duckworth e Mike Costin, este último vindo
da Lótus, logo a Ford viu no Cosworth DFV V8 um vencedor e encampou todo
projeto vindo o motor a ser Ford-Cosworth. Também foi o ano em que os aerofólios
começaram a ser usados. Em 69 o Campeão foi o piloto que mais batalhou pela
segurança nas pistas Jackie Stewart correndo com um Matra-Cosworth chefiado por
Ken Tyrrel. Ah... 1969 foi também o ano que mostrou Emerson Fittipaldi ao
mundo.
As histórias desses
campeonatos vou com o tempo mostrar todas, hoje quero mostrar que esses super
pilotos nessa época corriam em várias categorias, às vezes no mesmo dia. Eles
não levavam para as pistas massagistas, psicólogos, assessores de imprensa,
simplesmente sentavam em carros de Turismo, Formula 3 e 2, Protótipos e
sentavam a bota, algumas vezes brigando com pilotos mais novos se lançando ao
mundo e com muita vontade de vencê-los.
Clark como já mostrei
corria de Turismo com o Ford-Cortina-Lotus de protótipos com um maravilhoso
Lótus e de Formula 2 e 3. Hill, Brabham, Stewart, Hulme enfim todos, para
inclusive completar seus orçamentos corriam nas categorias menores e nelas
desempenhavam e lutavam com bravura, talvez até esquecendo que já tinham
chegado ao topo.
A todos eles meu
respeito e admiração.
Rui Amaral Jr
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PS: O ano 2010,
começava escrever o Histórias, sempre fuçando em meus arquivos de Autosport,
tentando lembrar muitas coisas, foi quando escrevi este post. Não sabia que nos
próximos anos escreveria sobre tantos amigos queridos, muitos que se juntaram a
mim escrevendo suas memorias e o muito que sabem sobre o automobilismo. Sinto
que deixo de escrever muito, aliás que deixamos, mas tenham a absoluta certeza que
tudo que aparece nestas páginas é feito com carinho, muito carinho.
Tomando a liberdade de
falar por todos nós agradeço de coração os milhões de acessos que tivemos desde
então. E aproveito para agradecer os próximos milhões.
Abraços
Rui Amaral Jr