A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

domingo, 3 de julho de 2022

UM DIA EM JUNHO...

 

Aqui, o Sidney, com o carro ligeiramente desalinhado, volta aos boxes, onde será 'protegido' pela equipe JOBI...

Dia desses, estávamos eu e o Rui Amaral Jr, meu sócio, conversando sobre a carreira do piloto Antonio Carlos Avallone e lá pelas tantas, pintou a lembrança do dia em que o AC tentou acabar com a 4ª etapa do Torneio Rio-S.Paulo de Stock cars, no distante ano de 1981. Papo vai, papo vem, lembrei que o amigo Renaldo Ival, ex-mecânico do campeão Marcos Troncon, me disse uma vez que conhecia o piloto Sidney Alves, a melhor testemunha desse dia, posto que estava lá e tornou-se protagonista  de todo o lance. Sugerido pelo Ruizão, entrei em contato com o Rei, que gentilmente, me apresentou de forma virtual ao gentil Sidney, cuja memória ainda tem vivos aqueles acontecimentos. Mas primeiro, sua carreira. Como começou tudo, Sidney? 


Sidney Alves (#163) na caça ao AC (#6)...

-“Começou nos Rachas. Aposta entre amigos. Um dia em 1973, resolvemos ir a Interlagos para ver quem era o bom. Fui com meu ‘Fuscão’. Preparação muito simples, tudo improvisado, um cano como santantônio, fita crepe nos faróis e pronto. Os resultados foram aparecendo. Vitórias. Foram dois anos nessa categoria. Em 74, passei para o Chevette, o qual não gostei. Posteriormente, fui atraído pela categoria Turismo/Classe C, que englobava Opalas, Mavericks e Dodges. Optei pelo Opala e junto com  meu  amigo  Wilson, comprei o carro que pertencera ao pai do inesquecível José Carlos Pace, o Moco. O carro não podia ser  muito  mexido,  exceto  a  remoção de parachoques. O resto, eram pneus radiais, tapeçaria interna e estepe, como carro de rua. Meu Opala 71 era um dos “velhinhos” da categoria e assim fiquei por dois anos até comprar a parte do Wilson, meu amigo e correr ‘solo’. Fiz uma pintura em três cores e continuei até 1979, quando finalmente surgiu a Stock-cars. Sempre fui competitivo apesar de não contar com patrocínio, pois para mim, corrida era hobby, tinha meu trabalho. E foi assim que em 1981, correndo na Stock-cars, encontrei meu amigo Antonio Carlos Avallone. O AC chegou com sua bela Mercedes amarela e trouxe um Stock e ainda um Dodge da categoria Turismo 5000. Queria correr conosco, mas a inscrição tinha sido feita em nome de seu filho (que tinha o mesmo nome). Tendo alinhado no grid, Avallone começou a mover o carro, quando viu que iriam barrá-lo. O pessoal o procurava no fundo do grid; ele ia para a frente; procuravam-no na frente; ele retornava para o fundo. Até que o seguraram. O carro do AC levado para o box, começou a prova. Eu, largava em terceiro ou o quarto naquele dia. De repente, em pleno Retão, quem aparece? O Avallone. Ele havia conseguido acionar o Stock e aparentemente, queria acertar o  Paulo Gomes ou o Ingo Hoffmann. Na Curva 3, nos achamos. Ele me prendeu atrás dele por uma volta. Como éramos amigos, não sei se me viu ou não. Na volta seguinte, irritado pela provocação, o acertei na Ferradura. Grudei em seu carro na Reta Oposta e no “Sol”, o acertei outra vez. Na Curva do Sargento, o peguei de novo e desta vez fiquei empurrando seu carro na proteção, até que dei ré   e  fui  para  os boxes. Quando cheguei, a equipe do Waltemir Spinelli, o “Bolão” me tirou do carro e me protegeu. De lá vi quando  os mais exaltados que estavam por ali  quebraram  os  carros  do Avallone, que teve de deixar o autódromo escoltado por dez viaturas da ROTA. Quando já estava pensando em ir embora, o sistema de alto-falantes chamou meu nome, durante a entrega dos troféus. Eu tinha sido escolhido o “Piloto do Dia”. Só então lembrei que naquele dia, meu amigo o cantor Antonio Marcos, estava presente em Interlagos, acompanhado de um empresário que pensava em patrocinar meu carro. Depois da confusão, continuei sem patrocínio...Seis ou oito meses depois, estava eu na Oficina do preparador Anésio Hernandes, quando vejo em minha frente, Antonio Carlos Avallone. Ele, apesar de baixinho, era lutador de artes marciais e adorava uma encrenca. Na ocasião, porém, só me perguntou se eu estava louco quando o tirei da prova, naquele dia. Respondi que ele devia saber, já que eu continuava na ativa e ele havia sido suspenso por seis anos. O tempo havia passado e a coisa não foi além. Só tornei a vê-lo mais uma vez, quando estava na Balsa de São Sebastião, na travessia para Ilhabela e o AC se meteu numa briga com uns gaiatos que se engraçaram com sua esposa. Mais tarde, soube que falecera...”  


Caranguejo-Carlos Henrique Mércio 









quarta-feira, 22 de junho de 2022

UM POUCO DOS BELOS ANOS 60

 

Hill, Clark e Rindt em Goodwood 1966 Formula 3.


  Foi uma grande década para o automobilismo mundial, Black Jack começou como Campeão do Mundo de Formula I pilotando uma Cooper-Climax, aliás Bi já que venceu também em 1959. Foi o começo da F I de 1.500cc, regulamento que valeu até 65, quando começou a F I de 3.000cc.

Seguiram a ele Phil Hill de Ferrari 1961, Grahan Hill de BRM em 62 que repetiria o feito em 68 de Lotus-Cosworth. 63 consagrou meu maior ídolo Jim que outra vez foi Campeão em 65 com Lótus, em 64 vindo das motos onde venceu de tudo Big John levou a Ferrari a seu quarto título Mundial. 66 e 67 Black Jack resolve construir seu próprio carro de Formula I o Brabham, usava um motor Australiano o Repco desenvolvido a partir de um bloco de série e em 66 se torna Tri Campeão Mundial de F I fazendo Hulme Campeão no ano seguinte. 68 vê a chegada do provavelmente melhor motor de F I de todos os tempos, o Cosworth, dois gênios Ingleses foram os responsáveis, o projetista Keith Duckworth e Mike Costin, este último vindo da Lótus, logo a Ford viu no Cosworth DFV V8 um vencedor e encampou todo projeto vindo o motor a ser Ford-Cosworth. Também foi o ano em que os aerofólios começaram a ser usados. Em 69 o Campeão foi o piloto que mais batalhou pela segurança nas pistas Jackie Stewart correndo com um Matra-Cosworth chefiado por Ken Tyrrel. Ah... 1969 foi também o ano que mostrou Emerson Fittipaldi ao mundo.


Jack Brabhan e Denny Hulme Formula 2 em Goodwood 1966.

 

As histórias desses campeonatos vou com o tempo mostrar todas, hoje quero mostrar que esses super pilotos nessa época corriam em várias categorias, às vezes no mesmo dia. Eles não levavam para as pistas massagistas, psicólogos, assessores de imprensa, simplesmente sentavam em carros de Turismo, Formula 3 e 2, Protótipos e sentavam a bota, algumas vezes brigando com pilotos mais novos se lançando ao mundo e com muita vontade de vencê-los.

Clark como já mostrei corria de Turismo com o Ford-Cortina-Lotus de protótipos com um maravilhoso Lótus e de Formula 2 e 3. Hill, Brabham, Stewart, Hulme enfim todos, para inclusive completar seus orçamentos corriam nas categorias menores e nelas desempenhavam e lutavam com bravura, talvez até esquecendo que já tinham chegado ao topo.

 

Mike Spence de Parnell seguido de Mike Beckwith de Willment 1966.

Logo após a largada na F2 o grande pega entre Clark e Jack Brabham. Golden Coup 1962 Outon Park
 

A todos eles meu respeito e admiração.


Rui Amaral Jr


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PS: O ano 2010, começava escrever o Histórias, sempre fuçando em meus arquivos de Autosport, tentando lembrar muitas coisas, foi quando escrevi este post. Não sabia que nos próximos anos escreveria sobre tantos amigos queridos, muitos que se juntaram a mim escrevendo suas memorias e o muito que sabem sobre o automobilismo. Sinto que deixo de escrever muito, aliás que deixamos, mas tenham a absoluta certeza que tudo que aparece nestas páginas é feito com carinho, muito carinho.

Tomando a liberdade de falar por todos nós agradeço de coração os milhões de acessos que tivemos desde então. E aproveito para agradecer os próximos milhões.

Abraços

Rui Amaral Jr


segunda-feira, 20 de junho de 2022

Road América 500 Miles - 1963

 



     Outro dia passeando pelo YouTube me deparei com este vídeo, vejo Carroll Shelby falando e logo a seguir Roger Penske então com vinte seis anos. Ken Miles e outros nomes do automobilismo norte americano que conheço de longa data.

Shelby
Penske

A força do automobilismo praticado por lá impressiona, mais de noventa carros inscritos. Ferrari, Cobra, Jaguar, Corvette e outros com motores de 300 à 400 hps até Stanguelini  1.000cc com motores que duvido que chegassem aos 100 hps. Uma grande festa do automobilismo o United States Road Racing Championship, e esta foi a sétima etapa em Elkart Lake, a Road América 500 Miles.

Elva-Porsche
Batalhando com o Porsche

Um dos distribuidores da Porsche nos EUA, Oliver Schmidt, teve a brilhante ideia de pegar um carro inglês, a  Elva, e colocar nela motor Porsche, um Fuhrmann, acredito de dois litros, iguais aos que aqui usava a Dacon, com cerca de 200 hps para encarar os Shelby Cobra com talvez o dobro da potência, na corrida o que se vê é ela e um Porsche 718 RS60 de  Don Sesslar/Chuck Cassel na cola do Cobra tocado por Kem Miles/ Bob Holbert, que alias só perderam a liderança depois de uma troca de pastilhas dos freios dianteiro, pelo que vi no vídeo.


A tocada impressionante de Ken.

Reparando o que acredito ser nos freios.
Go Ken!
A bela 250 GTO de Penske

link


A pequena lista dos inscritos.


No vídeo todo esse pessoal andando de pé no fundo a corrida toda, a tocada de Miles é impressionante, vejam também Roger Penske na Ferrari 250 GTO andando muito forte, fora os pequenos Elva e Porsche... o vídeo é imperdível.

 

RACING SPORTS CARS

INSCRITOS

 

RACING SPORTS CARS

FOTOS


RACING SPORTS CARS

 RESULTADO

 

Elva Porsche



Rui Amaral Jr

    

 













domingo, 5 de junho de 2022

Bino

 

Foto arquivo Chico Lameirão

"Bino Heinz ….. última pilotada dele em terra Brasileira …. Renault 1093 # 40 /// Brasília 1000 Quilômetros … P 3 na Geral e P 1 na Categoria 850 cc" - Chico Lameirão

Foto arquivo Chico Lameirão

"Luiz P Bueno , Bino Heinz e eu …… Última vez que falamos com ele …. Chegamos em cima da hora ….. já estava embarcando e quando nos viu saiu da fila para umas últimas palavras …. A história poderia ter sido outra inclusive no cenário do nosso automobilismo …… mas assim estava escrito …..!!!" Chico Lameirão

Eugenio Martins e Bino quase venceram as Mil Milhas Brasileira de 1957 neste VW-Porsche preparado por Jorge Letry.



 No post anterior quando mostrei o Willys Mark II, fiz apenas uma pequena referencia ao seu nome, Bino Mark II, esperava uma foto que o Chico havia enviado tempos atrás quando Luiz e ele foram se despedir do amigo que seguia para França e Le Mans 1963, e que perdi.

Os comentários das duas fotos do Chico são dele, e abaixo mostro o texto dele para o livro de Paulo Scali.

Num país tão sem memória, e certas vezes tão distorcida, Paulo é uma referência, com muito conhecimento sobre o que escreve é sério, honesto e preciso é o grande historiador de nosso automobilismo.

                           Os textos e fotos abaixo são de seu livro “Bino – A trajetória de um vencedor” 


“Rui, ele era do seu tamanho, não sei como cabia na Berlinette ou Gordini” é o Chico comentando sobre o amigo.

No Tubularte-Porsche 






Luiz pilotando e vencendo com o carro que leva o nome do amigo.


Rui Amaral Jr