Pace e Big John.
A verdade é que estava
em Interlagos para ver outra vitória do Camilo, a corrida no sentido inverso de
Interlagos, os boxes ainda eram no Café e eu estava quase em frente deles, mais
para Subida dos Boxes, dali via os carros saindo da Um e vindo para a curva, o
urro das cerreteras era de arrepiar quando elas viam e depois tiravam o pé,
como dizia um amigo “dá para engolir um gato”, e então...chega aquele pequeno VW-Fusca,
talvez uns vinte quilômetros mais lento, e entra naquela curva quase de pé
embaixo! Ali ele tirava mais de cem metros da diferença para as carreteras, era
Pace andando como ele sabia, no fio da navalha, botina embaixo...
Um dia trago para vocês
esta corrida.
Não lembro bem dele nos
Gordini, mas o Chico e eu sempre conversamos sobre. Formula 3, Formula 2 e vai
pilotar para Frank naquele March do ano anterior.
Em 1973 Big John o
convida para pilotar um de seus carros, como diria o grande Luiz, o Pereira
Bueno, “boi preto conhece boi preto!”. Equipe
pequena, com poucos recursos financeiros, em ano complicado.
Escrevi há muito tempo
sobre o motor Cosworth-Ford DFV, apenas não disse que havia motores e motores,
equipes de ponta como a Lotus e McLaren tinham dezenas deles, sempre os mais
fortes e podiam abrir mão de algum numa volta super rápida para tentar uma
pole, e mesmo durante as corridas, mas as equipes médias não.
Stewart, Cevert, Ronnie,
Lauda ao lado de Ickx, Reutman, Hulme ou Revson, o Rato escondido, não vejo
Pace...
Com o Surtees Pace
largava geralmente no meio do pelotão e ou quebrava ou chegava em sétimo ou
mais atrás.
Chega Nurburgring,
acredito que a decima corrida do campeonato, Pace faz o decimo primeiro tempo
do grid, com 7`18”800/1000, onze segundos mais lento que o pole, Stewart com 7`07”800/1000.
Chega a corrida e o dia é dele, vai para cima, anda no limite, não quebra e nas
quatorze voltas da corrida por três vezes faz a volta mais rápida sendo que a
mais rápida de todas 7`11”400/1000 foi sete gundos mais rápida que sua volta de
classificação.
Ia esquecendo...Wilson e Emerson chegaram em quinto e sexto.
Este era José Carlos
Pace, que nos deixou no ano que segundo Lauda “seria o dele”, que andava sempre
no fio da navalha, um tremendo bota!
Ao seu amigo Chico e ao
Ronaldo Nazar que outro dia lembrou desta grande corrida.
Rui Amaral Jr