Novelas...história em capítulos, suspense, clímax. Seria possível transportar todos esses elementos para um Post no” Histórias...” e não matar de tédio aqueles que o prestigiam? Vale tentar. De cara pensei que o jeito era tratar de um tema de interesse mútuo, algo que agradasse a maioria e o que poderia ser melhor do que o Campeonato Brasileiro de Turismo Especial –Divisão 3 de 1980? Esse foi um ano marcante, pois tratava-se da última disputa com os combativos VWs ainda em forma, numa categoria em que eles eram os ícones. A partir da temporada seguinte, uma chusma de Passats aportaria na D3 e alteraria seu nome para Hot-Car. Nada mais seria como antes. Pretendo então, contar o que houve naqueles dias agitados, trinta e três anos atrás, baseado em artigos da época, um pouco da memória e com a vantagem que muitos dos protagonistas – meus personagens – estão por aí e podem vir a público e esclarecer ou mesmo me puxar as orelhas. Vamos lá então, sinal verde.
CARANGUEJO
Início da década de 80, movimentavam-se pilotos, preparadores, mecânicos para a disputa do Brasileiro de Turismo Especial. No ano anterior o Campeonato iniciara em setembro e tivera somente quatro etapas. Desta vez, com o patrocínio de uma instituição financeira e o dobro de corridas, começando em março, pensava-se em resgatar o público fiel da categoria e buscar o espaço que ela vinha disputando com a FVW1600 ou a Stock Cars. Etapa inaugural no Rio de Janeiro, na pista de Jacarepaguá e de cara, pole position do gaúcho Fernando Moser, uma cria de Tarumã e que sempre tinha boa performance na pista carioca. Após o Gordo Moser e na ordem, José Carlos Romano, Arturo Fernandes, Amadeu Rodrigues, José Antonio Bruno (com a Brasília frente limpa-trilho), Amadeo Campos, Lara Campos (este apresentava seu VW novo, com suspensão traseira McPherson), Ricardo Mogames, Yoshikuma e Gonzales.
Arturo, Amadeu e Romano.
Romano
Jr Lara
Além do calor escaldante, praticamente todos queixavam-se do uso obrigatório das bobinas nacionais. Largada da primeira bateria, Moser saltou na frente enquanto Campos e Bruno tinham problemas. Amadeu Rodrigues logo deixava para trás Romano e Arturo, enquanto Rick Mogames e Lara Campos recuperavam-se. Romano abandonava com problemas na carburação e Rodrigues assumia a liderança. Ele venceria sem grandes problemas, acompanhado por Moser e Arturo Fernandes. Na segunda bateria, Amadeu continuou dando as cartas; ele voltou a assumir a ponta, deixando Fernando Moser brigando com Lara Campos. O motor do gaúcho o deixaria na mão e Lara começou uma boa disputa pela ponta com Rodrigues.
Chegada, Amadeu e Moser
Enquanto o VW de Amadeu era veloz nas retas, o #5 Pocket-rocket de Lara Campos o alcançava nas curvas e acabou vencendo. Mogames foi o terceiro. E houve então a última surpresa. Pela soma de tempos, Amadeu Rodrigues ganhara a etapa, mas ele terminou desclassificado pois na pesagem seu carro acusou um peso de 685 quilos em vez dos 691 permitidos. E assim Lara Campos venceu, assumindo a ponta do campeonato com 20 pontos, cinco à frente de Mogames e oito sobre Claudio Gonzales. Mas tudo estava apenas no seu início...
Caranguejo
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Alguns dos personagens...
Entre José Antonio Bruno e Tide Dalécio está Amadeu Rogrigues.
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NT: A Divisão 3 como todo automobilismo é regida pelo Anexo J da FIA, qualquer modificação no texto original tem que ser aprovado pelo CTD - Conselho Técnico Desportivo. No caso a categoria está inserida no item três do anexo e era disputada com carros de turismo onde a preparação de motores era quase livre, mantendo-se a cilindrada para Classe A até 1.600cc, os câmbios podiam ter suas relações de marchas trocadas, mas como regia o regulamento os sistemas teriam que permanecer os mesmos, ou seja para exemplificar; suspensões com barras de torção não poderiam ser trocadas por sistema McPherson como no caso da Brasília do Dimas que usava a frente enxertada da Variant II trocando a barra de torção original do VW pela McPherson.
No caso do peso do carro do Amadeu, o mínimo para categoria era 685 kg e sua alegação de troca de bateria é verossímil pois nos VW usávamos a ventoinha apenas para refrigeração das camisas dos cilindros, tirando delas o alternador. Alguns pilotos como eu dispunham de tomadas externas para ligar o carro.
Outro dia vi um comentário de um piloto que na D3 era tudo válido ou seja Força Livre, nada disso, existia um regulamento e era rígido como podemos ver no relato do Caranguejo, quem quiser disponho do Anexo J e pedindo envio por e-mail.
Rui Amaral Jr