“Em 1972, a Estrela lançou o Campeonato Nacional de Autorama Emerson Fittipaldi: o vencedor passaria um dia inteiro com Emerson Fittipaldi, um sonho para qualquer garoto da época. Gabriel e eu logicamente nos escrevemos, iríamos correr com os nossos Brabham BT34 que havíamos acabado de comprar e, segundo especialistas, “voavam baixo”.
As corridas eram sempre aos domingos pela manhã na pista do Ibirapuera, em um total de quatro corridas. Passávamos as noites de sábado desmontando, regulando e pintando os carros que eram sempre destaques nas corridas pela beleza, conservação e desempenho, pena que os dois pilotos ficavam nervosos e não iam bem nas provas. Os melhores resultados foram um terceiro do Gabriel e um quarto meu. Por idéia do Expedito, sempre corríamos em baterias separadas para não fazermos concorrência um ao outro, já que somente o primeiro lugar se classificava para as semifinais.
Expedito sempre nos levava para a pista nos dias de competição no seu lindo Dodge Dart preto. No caminho mostrávamos os carros a ele, que sempre participava com enorme entusiasmo. Num desses domingos, porém, ele nos levou num lindo Maverick LDO que ele estava testando para Revista Quatro Rodas. Era um belo carro de cor champanhe, novinho. Chovia muito aquele dia e, quando chegamos ao Ibirapuera, Expedito, não querendo pegar chuva, resolveu “estacionar” o carro o mais próximo possível da pista. Só que a manobra incluía descer um escada de uns quinze degraus.
– Será que eu consigo? Pergunta Expedito.
– Vai raspar o fundo. Diz Gabriel.
– Ops, ops, ooo...
Dum, dum, dum, dum...
– Foi, viu, viu, viu? Não raspou nada.
Comemora Marazzi.
– Mas como vamos sair daqui?
Questiona Expedito coçando a cabeça e rindo como um garoto que fez uma travessura.
– Bom, depois eu penso nisso.
E fomos para a pista levar outro “esfrega” da garotada.
Na hora de sair, ele colocou o carro meio de lado em frente da escada e acelerou fundo, o carro cantou os pneus de um pulo e subiu fácil, sob olhares incrédulos de diversos pais que deviam esta se perguntando “Quem era aquele louco que fazia aquilo com um carrão daqueles?”.
Coisas de Marazzi”