A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

QUEM, QUANDO E ONDE???



terça-feira, 25 de outubro de 2011

O FIO DA NAVALHA

Eles no Rio de Janeiro, Jacarepaguá. 

Interessante, é uma expressão que uso e para mim ela é tão clara e explicita quanto uma curva tomada e contornada no limite, daquelas que você sabe que fez rápido.
Esse fio para mim tem um significado especial; de um lado o piloto não tirou tudo que seu equipamento permite e do outro é a freada, tomada e contorno feitos no limite e pode acabar numa rodada ou no muro.
O fio é aquela volta perfeita, feita no limite, seu e do equipamento ou como dizia Ayrton; “É a mesma coisa que dar o nó na gravata e as duas pontas ficarem na mesma altura”.
Em uma corrida caso esteja só, sem ninguém à frente ou atrás, ela vem e a tocada torna-se prazerosa, no bolo ela é praticamente impossível.

Pois bem, vinha escrevendo este texto, quando lembro de ligar para o Jr. - Jr Lara Campos - e agradecer o vídeo que mostrei antes, motivo do texto, e conversar um pouco.
Papo vai, papo vem, lembro a ele uma passagem que o Chapa me contou. No Tarumã numa corrida do Campeonato Brasileiro da Divisão 3, ele desce a reta emparelhado com o Arturo - Arturo Fernandes - e Amadeo -Campos - e na curva Um deixa os dois para trás. O Chapa ficou muito impressionado.

Rio De Janeiro

Ele ri e lembra que foi na corrida em que bateu nos treinos, e o cabeçote do chassi de seu VW desalinhou. Então ele e Minelli, Chapa contaram com a ajuda do gaúcho Fernando Moser, um de seus adversários na corrida para reparar o carro. Uma bronzina de mancal serviu para dar o alinhamento a suspensão dianteira. O trabalho foi duro, mas como sempre que lá fomos, os gaúchos hospitaleiros e camaradas, ajudaram a colocar o carro na pista. Notem que o rápido Fernando era um dos que disputavam a ponta naquela corrida.


Na corrida, ele me contou que o carro estava perfeito, até melhor que antes, na primeira bateria largou em último e já vinha disputando a terceira posição quando seu filtro de óleo explodiu encharcando a pista - e todos falam que era eu que fazia isso! - e abandonou.
Na segunda bateria, largando novamente em último, vai para frente e protagoniza essa bela disputa, em plena Reta do templo gaúcho, tomando a curva "Um" na frente dos dois, para logo depois seu carro quebrar novamente.
Arturão

Certamente uma “briga de cachorro grande” que ficou na memória do Chapa e de todos que a viram.
Sei que comecei este texto com uma volta perfeita, mas o Jr me atrapalhou, e terminei escrevendo dessa maravilhosa categoria que foi a Divisão 3.
Então aproveito e deixo minha homenagem a todos os pilotos, não importa em qual categoria correram, que levaram sua arte ao extremo. Depois de uma corrida, não importa em qual posição chegaram, saíram da pista com a sensação de dever cumprido.
A memória de Fernando Moser.
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Em dois posts aqui no Histórias e no blog do Jr já fizemos referencias a essa corrida, um deles é “A TRINCA” de meu amigo Caranguejo.

Ayrton

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

VALE!

Jimmy

 
Andava com vontade de escrever sobre as mortes que tem ocorrido nas pistas, no Brasil e no mundo.
Estou a horas em frente a essa máquina, o assunto matutava em minha cuca, e derrepente ao dar uma passeada pelos blogues dos amigos vejo que o Tohmé em seu MINIS NO MUNDO colocou uma miniatura da moto de Simoncelli e faz a pergunta “Vale a pena?”.
Sei que ele conhece tão bem quanto eu, toda paixão que envolve tanto o automobilismo quanto o motociclismo.
Ontem, eu pensava em todas as tragédias que presenciei nas pistas, em 1961, então com 8 anos, estava eu com meu irmão em um dos treinos dos 500 KM de Interlagos quando ouvi alguém gritando “bateu no Bacião”, os boxes eram no Café e Bacião como era chamada a curva Três. Todos correram para lá e fui atrás. Me lembro perfeitamente... os mais velhos descendo e já quase chegando a Três e eu sozinho, atravessando a junção. O mato alto, a pista larga e o medo de que algum carro viesse rápido por ali. Cheguei em tempo de ver a maca subindo o barranco atrás da curva com o piloto parecendo desfalecido. Não me lembro se ele pilotava uma Ferrari ou Maserati e os comentários eram de que era um mecânico. Não fiquei sabendo ou esqueci se ele sobreviveu ao acidente.
Dois anos depois... Assistia os 500 KM de 1963, quando o Celso Lara Barberis sofreu o acidente que lhe custou a vida. Estava nas arquibancadas em frente aos boxes e logo todos começaram a comentar, lembro da tristeza imediata e do “gosto amargo” em minha boca.
Depois disso, vi vários de meus ídolos perderem a vida nas pistas e certamente a morte que me foi mais dolorida foi a do eterno Jim Clark.
Vi no ano passado o acidente absurdo do filho de Big John, quando uma roda desprendida de outro carro bateu em sua cabeça. Triste sina de um pai, campeão em duas e quatro rodas ver o filho morrer em uma pista, onde ele mesmo passou por todos os perigos e viveu todas as glórias.
Em Interlagos, neste ano foram três tragédias e aquela do Sondermann na Copa Montana talvez a que mais abalou a todos que assistiram.
Acontece que carros e motos de corridas são perigosos, todos nós sabemos, e é quase impossível aumentar a segurança quando se anda a velocidades altíssimas e sobretudo no limite, seja numa curva contornada a 80km/h ou a 250.
Ficamos tristes? Sim.
Tenho aqui comigo recortes de jornais e fotos de uma tragédia que alcançou um grande e querido amigo em Interlagos há muitos anos atrás, ele sobrevivente carrega até hoje as marcas consigo. Sofri com ele, bem como a esposa e demais familiares e até hoje é um assunto que muito de vez em quando aparece em nossas conversas, sempre com o mesmo gosto amargo. Me perdoem se não mostro a vocês, caso um dia ele queira escrever contarei e mostrarei tudo, por mais dolorida que seja essa lembrança.
Jamais sentei em um carro de corridas pensando na morte e tenho certeza que meus amigos também, apesar de ela estar sempre próxima. Nenhum de nós é suicida apenas apaixonados pelo esporte.
O que nos resta fazer? É lutar por mais segurança, mesmo sabendo ser isso quase impossível. E chorar num canto, deixar as lágrimas caírem como fiz nestas duas semanas seguidas por Dan e Simoncelli. E depois voltar ás pistas, eu, agora observando, alguns acelerando e sempre trazendo na memória aqueles que lá deixaram suas histórias.
RiP Marco...

FOTO:Getty Images