Pedro largando na pole em Cascavel.
Caro amigo Rui
É impossível não atender a um pedido seu.Só que dessa vez será a descrição de uma volta com um HOT FUSCA, ou como muitos conhecem um DIVISÃO 3 no Circuito de Cascavel no Paraná, que na época dos Hot Fuscas, sediava as provas e o campeonato, e convém lembrar também, que naquela época o Circuito de Cascavel era considerado a 2º pista mais veloz, sendo superado apenas pelo também tradicional Circuito de Tarumã no Rio Grande do Sul, que era e ainda é a pista mais veloz do Pais.
Torna-se importante frisar, que essa descrição refere-se obviamente ao que tínhamos na época e foi baseada nas condições de pista e do carro utilizado naquela mesma época, portanto poderá variar para os dias de hoje, aonde os carros tem muito mais desenvolvimento e tecnologia.
Os hot fuscas ou divisão 3, como queiram chamar, eram verdadeiras usinas de força sem nenhuma tecnologia, portanto contava-se muito com o talento e estilo de pilotagem de cada um, pois não tínhamos na época todos os aparatos eletrônicos dos dias de hoje,nem lep tops, para acertos e comportamento dos mesmos, tudo era acertado na raça, ou melhor no braço do piloto, e no ouvido do preparador, que era muito importante, pois para acertar os quatro canecos dos carburadores Weber 48, tinha que ser especialista, ou melhor ter um ouvido afinadíssimo como um maestro, pois acertava-se pelo barulho do escapamento, que por sinal também era uma verdadeira sinfonia para os que gostavam, e um pesadelo para os que estavam por perto, pois o barulho que os mesmos faziam era ensurdecedor, traduzindo era coisa de louco, porem uma sinfonia para os pilotos.Para entenderem melhor farei aqui uma simples comparação, apenas para confrontarem as diferenças de potencia de um para outro: um Speed 1600, atinge seu giro maximo em torno de 5.800 rpm ou 6.000 rpm, ai acaba o motor, já num hot fusca a carburação só começa a limpar após os 5.600rpm ou 5.800 rpm, portanto ele só começa a andar verdadeiramente quando acaba um e começa outro, quero dizer que só limpa depois de atingir esse giro, e atingia um giro maximo de 8.500 rpm até 8.700 rpm, dependendo do equipamento usado.
Motor ligado vamos então para a volta:
-Ao sairmos dos boxes, já temos que sair acelerando e bem forte pois os carburadores weber 48 precisam de alimentação, não dá para sair devagar, assim logo que deixamos os boxes, damos entrada a exatamente a metade da reta de chegada, já temos que estar em 2º ou 3º marcha com o giro lá em cima, quer dizer já temos que entrar na pista bem acelerado, pois temos uma pequena distancia de aproximadamente 300 metros para atingir-mos a curva 1, que é a curva mais rápida do circuito, pois é feita de pé embaixo,e quando entramos nela apenas aliviamos um pouquinho , dando um toque no freio e já voltamos acelerando, pois quem vem pela reta inteira vem num embalo e já esta a aproximadamente 8.500 rpm em 4º marcha(pois na época não podíamos utilizar cambio de 5 marchas, porem alguns utilizavam coroa e pinhão 9:31, feitas especialmente para os D3).
-Após a saída da curva 1 feita em 4º marcha, temos pela frente uma pequena reta com aclive(levemente subindo), motor cheio , giro alto, porem é o momento de respirar um pouco, conferir os instrumentos, e principalmente tomar muita coragem, pois temos pela frente uma das mais temidas e famosa curva dos circuitos brasileiros, que é a Curva do Bacião, isto porque , alem de ser uma das mais extensas curva dos circuitos do Pais, a entrada dela é cega, quero dizer você não vê o chão quando ela está chegando, a visão que temos pela frente é apenas arvores, matagal e barranco, e ainda por cima ela ,alem de ter varias tangencias na mesma curva,o que parece e dá uma sensação de curva interminável, ela te joga para fora, portanto ela tem que ser feita em 3º marcha, e sempre corrigindo para não sair da pista, não dá nem para ver direito o giro que ela é feita, pois na entrada dela o giro está alto, mas temos que frear,e ai parece que a traseira vai te atropelar, pois é muita força, e somos obrigados a reduzir para poder contornar a extensa curva.
-Após a saída da curva 1 feita em 4º marcha, temos pela frente uma pequena reta com aclive(levemente subindo), motor cheio , giro alto, porem é o momento de respirar um pouco, conferir os instrumentos, e principalmente tomar muita coragem, pois temos pela frente uma das mais temidas e famosa curva dos circuitos brasileiros, que é a Curva do Bacião, isto porque , alem de ser uma das mais extensas curva dos circuitos do Pais, a entrada dela é cega, quero dizer você não vê o chão quando ela está chegando, a visão que temos pela frente é apenas arvores, matagal e barranco, e ainda por cima ela ,alem de ter varias tangencias na mesma curva,o que parece e dá uma sensação de curva interminável, ela te joga para fora, portanto ela tem que ser feita em 3º marcha, e sempre corrigindo para não sair da pista, não dá nem para ver direito o giro que ela é feita, pois na entrada dela o giro está alto, mas temos que frear,e ai parece que a traseira vai te atropelar, pois é muita força, e somos obrigados a reduzir para poder contornar a extensa curva.
-Feita a curva do bacião temos pela frente uma pequena reta, que não dá tempo nem de respirar,continuamos acelerando e já estamos novamente em 4ºmarcha, a um giro aproximado de quase 8.000 rpm,quando entramos no pequeno miolo, temos então uma curva em subida(não me lembro o nome da curva), curva essa de média velocidade, porem pode ser feita em 4º marcha.
-Após a saída dessa curva de média velocidade, temos pela frente um pequeno trecho em curvas quase retas, que dá a sensação de estarmos numa reta, pois já estamos acelerando e o trecho passa bem rápido, que quase não se percebe que são pequenas curvas bem suaves, porem continuamos acelerando e em 4º marcha , atingindo um giro alto de aproximadamente 7.800 rpm, só que temos pela frente uma curva de baixa e ainda por cima bem fechada, o que nos força a uma redução brusca para 3º marcha e uma freiada forte, temos que contorná-la com muito cuidado pois ela nos arremessa para fora quando não atingimos o ponto de tangencia certo.
-Não dá nem para piscar,estamos em frente a entrada dos boxes,e também a curva de mais baixa velocidade do circuito, que é a curva que antecede a reta de chegada, redução fortíssima, o motor sente barbaridade, pois temos que praticamente matá-lo, quer dizer, reduzir demais pois não dá para fazer forte essa curva, que de tão fechada que ela é, que com passar do tempo foi preciso esticar a largura da entrada da reta principal, não dá nem para ver que giro estamos, pois é tão brusca a redução, que o giro cai lá embaixo, porem entramos em 3º marcha, mas logo quando apontamos no inicio da reta já temos que colocar a 4º marcha para aliviar o motor e pé embaixo novamente.
-Estamos na reta de chegada, uma reta boa porem em descida, aonde continuamos acelerando o maximo até atingir-mos aproximadamente 8.500 rpm/8.700 rpm, quando passamos pela frente dos boxes e já temos pela frente novamente a curva 1.....
Notem que é uma pista rápida, e que exige poucas trocas de marchas, porem é fascinante pilotar nela, e não dá vontade de parar.....
25 de Setembro de 1977, Divisão 3, #105 Amadeo Campos, # 57 Arturo Fernandes e a Brasília de Aroldo Bauerman largam para disputa da última prova do campeonato. Amadeo venceu a prova e o campeonato.
Espero ter traduzido nessas palavras, toda a emoção que é pilotar um Divisão 3 na pista de Cascavel, felizes aqueles que tiveram essa oportunidade....
Abraços a todos....
Pedro Garrafa