A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

terça-feira, 15 de março de 2011

A UNIÃO GARRAFA E JAQUEIRE

Janio, Fabio, Carlos, Zé, Ettore e Fernando e os pilotos Pupo, Pedro e Diego.

Nos posts anteriores vimos histórias de Pedro Garrafa e Carlos Jaqueire sobre passagens suas pelo esporte, mas qual foi o estopim dessa amizade, como tudo começou?
Bom vou tentar colocar de forma temporal.
De tanto ouvir meu pai contando histórias de sua época maravilhosa até mesmo de viver algumas delas, meu irmão por meados de 1997 viu um anuncio de um SPEED 1600 novo pra vender em Guarulhos, carro completo e sem uso e o mais interessante o valor que meu irmão tinha em suas economias. Assim em uma trupe, meu irmão, meu pai e eu fomos ao encontro do bólido. O mais legal que ao chegar lá o carro estava parado na entrada da Truck Special Scapes, predominantemente branco com o característico listrado do fabricante que nesse carro era em amarelo. Descemos e fomos conversar com o dono da fabrica Pedro Garrafa, lá também estavam sua esposa Rosa e seu filho mais velho que corria de kart o Diego. O carro era lindo, os escapamentos pela loja também.



Meu pai como qualquer mecânico pediu para ligar o carro, que logo foi prontamente atendido por Pedro, lembro que o carro pegou bem com um pouco de Gasolina nos carburadores que fez duas labaredas saírem do 4 em 2 dimensionados feito por Pedro, depois de mais algumas conversas naquele dia, voltamos a Bertioga com algumas peças e com muitas minhocas na cabeça. Mas não rolou a compra desse SPEED.



Em 1999, organizamos aqui em uma prova de habilidade para Jipes chamada Jipepraia e assim como tínhamos o contato com o Pedro o convidamos para vir aqui trazer algumas coisas para colocar a venda pro pessoal daqui, mas qual não foi a surpresa em saber que o Diego estava fazendo dupla com um cara de Guarulhos que tinha um Jipe Niva e que viria participar da prova. Ali os laços foram se apertando ainda mais. O Niva ficou em segundo e a amizade começou a ficar em primeiro.
No final de 2000 eu meu pai e meu segundo irmão fomos a São Paulo curtir a ultima etapa do paulista, ao estacionarmos o carro lá no bolsão atrás dos Box, onde avistamos o Diego passando indo até a caminhonete C10 com Truck adesivado na lateral, chamamos ele e desejamos boa sorte, mas o Pedro que estava no Box mandou ele levar credenciais pra nós, ao entrar Pedro estava com dois carros um que havia vendido e outro que havia ajudado a desentocar pois o piloto era seu conhecido. E com um dos seus carros que ele levara pois havia circulado a informação que a FASP não cobraria inscrição da SPEED naquela prova (o que não era verdade) e assim Pedro não o colocou para correr pois ele queria mesmo era vender aquele carro. Eu, meu pai e meu irmão, concordamos que não iríamos nos envolver porque aquilo era uma cachaça e depois do primeiro gole é difícil de parar. Mas não deu o Pedro sem saber disso pediu pro meu pai ajudar a verificar a pressão dos pneus de um carro e ai CABUM!!!. Pra variar discussão com comissários, prova tumultuada e por fim nada de especial ocorreu, mas aquele dia gerou um convite do Pedro para irmos com ele participar das 3h de Londrina.



Combinado o dia e nos encontramos num posto da rodovia Presidente Castelo Branco,
a caminhonete D10 já estava lá esperando, não sei por que, mas acho que minha ficha caiu
estávamos voltando para o automobilismo. Já havia visto esse carro quando fomos olhar o
Fusca amarelo 80 na Truck, mas ali por ser a caminho de uma corrida ele estava mais bonito
que nunca. Assim reunimos ali quase toda a equipe. Pedro Garrafa e Diego Garrafa, pai e
filho pilotos, Zé mecânico da Truck, e nós Carlão Preparador, Nando Segundo Mecânico,
Chico Relações Publicas, Ettore Bellagamba olheiro técnico e por fim eu, aprendiz de Ross
Brawn (preferia ser Arent Neubauer, mas como o outro é mais conhecido...) eu com ajuda dos
outros fazia a cronometragem e controles de entrada e saída de Box.


Carlos com seus filhos e equipe começa a trabalhar no carro de Pedro.

Chegando ao Autódromo o Pedro foi bem recebido com gritos de “OS PAULISTAS CHEGARAM”, mas qual não foi a surpresa da pessoa quando da caminhonete desce o Chico
e o restante desceu do carro do Nando, os olhos se arregalaram, isso porque era um amigo
do Pedro mesmo, que falava a surpresa foi grande.



Bom como sexta é dia de treino, logo descemos o carro, providenciamos um
sanduíches pro almoço e fomos pra briga. Só que meu pai fez algumas perguntas aterrados
ao Pedro todas que foram respondidas com um grande não sei, eram elas:
Qual o comando tem nesse carro?
Qual o tamanho e a abertura das válvulas?
Quanto de taxa tem?
Ponto recomendado?
Pois é com tantos não sei meu pai “abriu sua caixa de mágico” e começou a operar
alguns truques acerta aqui acerta ali e a musica do motor começou a ficar mais harmonioso,
dado momento ao funcionar o motor para o ponto, meus dois irmão observavam quando o
Ettore perguntou se eles sabiam que o pai estava fazendo, ao responderem o óbvio tomaram
uma invertida, “ele não ta acertando o ponto, ta conversando com motor”. Era uma coisa que
meus irmão não viam acontecer a quase 30 anos. O som do carro chamou atenção das outras
equipes que começaram a desfilar em frente a nosso Box, o carro baixou 2s e rodou em 1:38
na pista. Nisso chegou o terceiro pilo Jefferlin Pupo, que havia sido campeão paranaense com
aquele mesmo carro e era amigo do Pedro a longa data.



Encerramos o dia e fomos nos instalar para “descansar”, pois por economia iríamos
dormir no camarote em cima de nosso Box, quando chegou o ultimo dos integrantes Jânio,
um japonês que fazia algum tempo que tava viajando com seu Toyota Bandeirante cheio
atrativos externos 130 buzinas e algumas bons equipamentos dentro dela. Fazia muito calor,
e era dia do RACHÃO no autódromo, o som dos carros e das pessoas não incomodava tanto,
mas sim duas mega caixas viradas pra onde dormíamos tocando aquilo que alguns insistem
em chamar de música o funk carioca, mas mesmo assim conseguimos dormir.
A manhã seguinte mais novidades, pneus Kunho eram obrigatórios e a corrida seria
dividia em duas baterias de 1:30h o que para nós era uma coisa que dificultaria muito, éramos
a única equipe com três pilotos, ou seja todo mundo pararia uma única vez no intervalo, e
nosso carro deveria fazer troca de pilotos. E o pneu usado não era o mesmo que conhecemos
hoje, mas sim o pior dos da marca, segundo os representantes da marca no local, ele não
tinha uma calibragem específica para o carro e nem mesmo um banda de rodagem. A
sensação passada por nosso trio era que o carro aquapalnava, mas tava um sol de rachar
crânios, então o carro ficou muito ruim, o tempo do 1:38 com os Pirelli, subiram para 1:45,
ajusta, ajusta classificamos com 1:42, mas numa volta que não validaram o carro girou 1:39
alto, largaríamos muito atrás.



Enquanto nos preparávamos para o jantar, meu pai distribuiu os uniformes, que eram
inspirados nos da Ferrari F1 dos anos 80 que era shorts pretos e camisas amarelas. E fomos
jantar uniformizados. Quando aconteceu o inesperado, chuva, janelas abertas e quase tudo
molhado era final do horário de verão e os relógios deveriam ser atrasados uma hora, coisa
que o Jânio e o Ettore por engano fizeram o contrário e adiantaram mais uma hora. Chegando
no autódromo eles logo arrumaram outro camarote e nós conseguimos o empréstimo de um
motor-home para dormirmos. Lá haviam cinco camas gaveta onde ficou eu, Nando, Chico
Diego e Pedro, e um colchão de casal onde ficava o carro, onde ficou meu pai. O Chico como
sempre zoou o coreto, o Pedro cada vez que ia rir dava cabeçada no alto da cama, o que
em certo ponto começou a gerar duvida se o capacete iria servir na cabeça do Pedro no dia
seguinte.



No domingo por volta das 7:00h o despertador do Jânio tocou, e ele achando que ainda dormíamos no outro camarote como antes. Bom nem estávamos no camarote nem era 7:00h e sim 5:00h ele fez um escarcéu pra nos acordar, mas quando abriu a porta viu que não estávamos lá e que demorava a sair o sol, caiu a ficha dele, que de vergonha do Ettore que ele também havia acordado, resolveu dormir em sua Toyota. Quando acordamos ao passar pela Toyota vimos ele dormindo lá dentro e resolvemos causar um terremoto no Jipe pulando nos estribos e parachoques, acho que o susto foi grande.




Passado por uma pequena parte cômica da história. Pedro faria a largada, Pupo terminaria a primeira metade e começaria a segunda metade e por fim o Diego fecharia a prova. Pista molhada, largando de trás Pedro arrancou com maestria, passou sete carros no acender da luz verde, mas no “S” ele deu um rodada, mas conseguimos manter a maior parte dos lugares. Com seis voltas Safty Car pois um dos Gol estava pegando fogo. Pedro completou suas voltas e parou para entrada de Pupo, que tocou bem até que no Curvão um terceiro carro entrou causando uma batida, que furou nosso pneu traseiro esquerdo.



Pupo passou por toda a frente do Box com o aquele pneu furado, e parou na saída do Box, saí correndo e berrando para ele vir pro pit, tomei um tombo fiz um rolamento e levantei, ele entendeu o recado e fez a volta. Ao chegar na parada ele fez menção de sair do carro, mas não deixei que ele fizesse isso, Chico e Nando pegaram nos paralamas para levantar um pouco a traseira para entrar o macaco, o nossos amigos do Box ao lado apareceram com uma parafusadeira pneumática e nos ajudou a tirar a roda, o Chico enquanto isso desamassava o paralamas com uma marreta, quando terminaram o serviço abaixaram o macaco e carro escorregou numa rampinha que tinha para poder tirar o macaco sem ter que fazer força.



Eu estava na frente do carro, e vi que ninguém mais mexia nele, e mandei o seguir. Pupo arrancou bem, mas ao passar por mim passou o carro, o macaco e meu pai, mandei ele parar, novamente Chico e Nando, suspenderam o carro e seguimos.







Na segunda metade da prova Pupo largou bem também, ganhou posições e entregou para Diego que era o mais rápido dos três assumiu o volante para fechar, nada foi muito simples pra gente o carro teve que fazer mais uma parada pra completar óleo, e seguir na tocada de jovem Garrafa. Faltando 2min. para o fim da corrida estávamos em terceiro, quando um novo acidente, bandeira vermelha e prova regredida em duas voltas, o que nos derrubou para o quarto lugar. Ao final de tudo esse quarto lugar valeu como se fosse uma vitória para nós. Mas o melhor de tudo é que nossa amizade dali por diante estava selada.


Pedro, Diego e Carlos ao lado Fabio.

Os Jaqueire.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Fazendo um SPEED 1.600 por Pedro Garrafa


Amigo Rui 
Conforme seu pedido, vou relatar de uma forma geral, e procurar usar uma linguagem bem simples,sem muitos termos ou explicações técnicas, para que todos possam entender, o que é ou melhor o que era na minha época a preparação do Speed.

Pedro Garrafa e seu Speed.

A categoria Speed 1600, como já foi anteriormente dito, tornou-se a coqueluche do automobilismo paulista e posteriormente nacional, em virtude da fácil acessibilidade e baixo custo.Engana-se quem pensava que para se ter um Speed era necessário tirar os parachoques, rebaixá-lo e pintar um numero na lataria e pronto já tinha um carro de corridas. Mero engano, pois mesmo sendo de fácil e barata preparação exigia obviamente um retrabalho especial no carro todo.Vamos ao principio:

Interlagos com chuva, largavam mais de 60 carros.

O Grid chegava ao Café.
Correria antes da largada.

Primeiramente era necessário ter-se um carro com um ótimo chassis, eu disse ótimo e não bem reformado, pois caso contrario era jogar dinheiro fora,não pense que podia-se montar um Speed comprando um chassis ou carcaça no ferro vellho, como se faziam com os buggys ou bajas da época.Precisava-se ter um carro bom, mas bom mesmo, senão todo o trabalho de montagem e preparação ia-se por água abaixo quando o carro fosse para a pista iniciar os primeiros testes, sim porque não era possível entrar em uma corrida sem antes testar as modificações e a preparação empregada no mesmo.


O segundo passo e mais importante era a montagem do mesmo, pois retirava-se do carro tudo o que era considerado desnecessário e supérfluo no mesmo, sendo assim feita uma completa retirada de forrações internas, bancos originais, acessórios, som, e em alguns casos até componentes do painel, para incorporar ao mesmo o santantonio(barras anti capotagem),sistema de tubulação e extintor de incêndio e banco especial de competição,e também implantando chave geral interna e externa, bem como reforço nos cabos elétricos e de bateria,  todos esses itens citados eram obrigatórios, e o que podia ser feito opcionalmente, era a instalação de contagiros e instrumentos de medição de pressão do óleo e pressão do combustível, e volante esportivo.Bom ,internamente já tínhamos quase que um carro de corridas.
Partiremos agora para as modificações e implantações externas:os parachoques eram retirados, podia-se cortar uma pequena faixa de lata na saia traseira para melhor instalação do escapamento dimensionado para competição,que daria um ganho de preparação no motor de aproximadamente 4 a 5 HP ao motor, só com a adoção do escape dimensionado certo para cada tipo de circuito, pois naquela época tínhamos vários modelos como 4 em 1 (que era muito usado também pela divisão 3), tínhamos o 4 em 2 paralelo ou sobreposto, e também o cruzado que para o circuito antigo de Interlagos era ideal, pois tinha-se bastante reta e ele rendia bem de final.Os faróis dianteiros eram retirados e substituídos por um molde de fibra, os frisos e acessórios externos como suporte de placa e luzes de placa, também eram retirados, porem os estribos originais tinham que ser mantidos, os paralamas tanto dianteiro como traseiro podiam ter suas bordas rebatidas, para que não cortassem os pneus, pois alem de mais largos ,eram de perfil alto com aro 14 e talas 6 polegadas na dianteira e 6,5 ou 7 na traseira, na época usávamos na traseira o radial de medida 195/70/14 e na dianteira 185/70/14. Mesmo com essas modificações o carro não poderia perder as características originais, ou melhor a aparência original, regra essa que deveria ser mantida também no motor e carburação, que tinham que ser mantidos com aparência original também,não importando a preparação interna que deveria seguir rigidamente pelo regulamento da categoria(o que era o mais difícil, pois sempre tinha os expertos que achavam sempre um modo de burlar ou driblar o regulamento, coisa que existe até nos dias de hoje em qualquer categoria, pois infelizmente faz parte da cultura do brasileiro ¨sempre querer tirar vantagem em tudo¨).Alem dessas modificações, podia-se também utilizar o sistema de radiador de refrigeração do óleo externamente, bastando para isso uma abertura frontal na caixa de estepe e a instalação do radiador que podia ser de vários modelos, sendo de alumínio tipo colméia, ou de refrigeração tipo convencional, e ainda podia-se também implantar no motor uma bomba de circulação dupla tipo Schadek ou fazer furação na carcaça para instalação dos niples que fariam através de mangueiras especiais tipo solvente a circulação do óleo do motor até a frente do carro para refrigeração do óleo do motor.


Depois desses passos, era necessário então mexer na suspensão que precisava ser enrijecida e rebaixada para dar melhor estabilidade ao carro.No começo não se podia fazer muita coisa em termos de retrabalho na suspensão, porem depois em virtude da segurança e do desenvolvimento dos motores em relação a potencia, foi-se necessário mexer bastante na suspensão, retrabalho nos braços e nos pivôs, pois no inicio era aplicado o sistema de rebaixamento com catracas reguláveis, e tinha-se poucas opções de amortecedores, que na época eram apenas endurecidos, depois com o tempo foi-se implantando até amortecedores com regulagens de bamp e rebamp, quero dizer altura, força para descida e subida e flexibilidade mais duro ou mais mole.
Bom até este estagio estamos praticamente com o carro montado, ia quase me esquecendo dos freios, que também conforme o regulamento deveriam ser originais sem modificações, porem era possível a instalação do cilindro mestre duplo (vulgarmente conhecido como burrinho) da Brasília.Quanto ao cambio esse também deveria ser original da Brasília cuja relação de engrenagens não podia ser modificada, utilizando-se da coroa e pinhão original 8:33, sem nenhum retrabalho.


Bom agora vamos ao mais importante ¨o motor¨: Esse, tanto quanto o cambio, na sua essência também deveria ser original sem retrabalho, porem com pequenos detalhes de preparação que poderiam variar de preparador para preparador conforme a interpretação do regulamento,para não me aprofundar demais nesse item, tentarei ser o mais claro possível, pois seria muito extenso falar todos os pormenores.A cilindrada permitida era a de 1.600 cc, porem acreditem ou não, tinham os espertalhões que na época conseguiam fazer verdadeiras mágicas em termos de burlar regulamento, basta dizer que é lógico por uma questão de ética ,vou preservar os nomes, tínhamos motores mistos, ou melhor, por incrível que pareça,de um lado do motor era 1600 cc ou melhor dois cilindros originais, do outro lado, os outros dois cilindros eram 1.800 cc.Utilizava-se esse recurso fora do regulamento porem, na hora da abertura para verificação ao final de cada prova, quando fosse solicitado ou sorteado,abria-se ou desmontava apenas de um lado, o lado original 1.600 cc , claro.
O comando de válvulas também podia ser substituído por um mais forte, no principio usava-se o comando da Kombi com a numeração de final 116(desculpem mas não me lembro no momento a numeração inteira, mas com certeza era final 116), porem devido a vários artifícios de enganarem o regulamento, a própria federação passou a fornecer e distribuir os comandos que eram numerados de acordo com o participante afiliado a categoria e ao carro, para se evitar que fossem alterados e burlados.Depois também isso foi deixado para traz e foi implantado o comando importado que na essência seria um de 294°.
Os carburadores utilizados eram os Solex 32 originais, sem modificações externas, e as bases deveriam conforme o regulamento serem também de abertura de 32mm, porem conseguíamos achar bases com 35mm de abertura com aparência de originais, um excelente trabalho de torneiros especializados, que retrabalhavam as borboletas e eixos sem deixar vestígios.
Os motores bem trabalhados , conseguiam chegar a uma faixa de 5.900 a 6.000 rpm , no álcool com 13 de taxa nos cabeçotes , que aparentemente também não podiam sofrer retrabalho.O resto do motor era todo original, girabrequim, bielas, pistões e camisas, tudo do motor a álcool.
Enfim essa era a essência, logicamente a preparação é que fazia o diferencial, associada ao talento de cada piloto, pois alem da categoria Speed ser considerada uma categoria escola, por ela passaram grandes nomes do nosso automobilismo, que nem citarei nomes para não cometer injustiça , se eu esquecesse de algum.
Com certeza a categoria Speed marcou uma época de ouro no nosso automobilismo, pois ela foi percussora de uma das mais sensacionais categorias já existentes, que era a Divisão 3.Seria impossível falar da Speed sem citar a Divisão 3.
Estou preparando um outro texto como o Rui me pediu, como seria uma volta de Speed na pista de Londrina -PR, porem isso vai ficar para outro dia.....

Pedro Garrafa

domingo, 13 de março de 2011

INTERLAGOS 12 DE MARÇO DE 2011

 Ontem e hoje tive vontade de ir a Interlagos mas não pude , ficou em mim a vontade de ver os amigos e a bela homenagem ao Luiz Pereira Bueno.
 Domingo passado levamos o motor do D3 do Orlando para o Ferraz. É um motor 1.600cc tem um bom comando mas parece que seus cabeçotes são originais, para semana o Ferraz nos conta mais um pouco sobre ele e o Orlando aguarda ansioso a hora de começar a mexer no chassi e funilaria para colocar logo o carro na pista. 



 Achei algumas fotos do Formula 2 que o Emerson e Peterson correram em 1973 o Lotus  Texaco Star para mim o mais belo carro de F2 da época. Eles usavam um motor Ford Novamotor de 2.000cc que desenvolvia cerca de 280 HP.

Emerson Fittipaldi
Ronnie Peterson

 Amanhã começo uma serie de posts sobre a Speed escritos por meus amigos Pedro Garrafa e Fábio Jaqueire, lá eles contam um pouco sobre a categoria e muito sobre uma coisa muito importante, a amizade.
 Abaixo uma serie de links sobre o dia de ontem em Interlagos, sobre o  texto do Ferraz não vou comentar nada apenas assinar embaixo. 
 Tem o Paulo Peralta escrevendo sobre a F. Vee Brasil uma categoria que espero que dê certo.  O Zé Clemente contando como gosta de Interlagos mesmo com chuva.
 Tenho acompanhado como sempre meu amigo Carlos de Paula que está escrevendo uma bela série  sobre o automobilismo e os pilotos brasileiros no ano de 1971. 


sábado, 12 de março de 2011

Piloto Paulo Buso fez história entre as carreteiras

A marcha inexorável do tempo acaba de trazer à tona mais uma vez a figura de Paulo Buso e com ela a lembrança deste que foi um dos mais destacados pilotos de carreteira paranaenses na década de 1950, falecido a 25 de fevereiro de 2002.

Entre outras, ele venceu por três vezes a prova Curitiba/Ponta Grossa, promovida pelo jornal Paraná Esportivo. Aproveitando a ocasião remexemos o velho baú que encerra as histórias das corridas de carreteiras em Curitiba e lá encontramos relato de Celestino Buso, irmão de Paulo e piloto de carreteira também, envolvendo os dois e ainda o então estudante de engenharia Marcos Corção, cujas teorias sobre engenharia mecânica eram aplicadas nos carros de competição.



Na véspera da prova Centenário do Paraná, acontecida a 11 de outubro de 1953 no circuito da rua Mal. Floriano Peixoto, na capital, os dois irmãos e mais Corção tentavam e não conseguiam, na oficina mecânica de ambos da Rua Comendador Araujo, "arredondar" o giro do motor V8 com cabeçotes Edelbrock e agora com coletor para três carburadores.


O motor rateava muito" - segundo Celestino. O problema foi deixando todos nervosos e lá pelas tantas Paulo, desesperado, baixou violentamente o capô do motor do carro, dizendo que não aguentava mais, não participaria da prova e foi embora para sua casa, na avenida Guaíra, hoje Kennedy. Celestino e Corção reestudaram a situação e acharam que o problema era causado pela precária alimentação do motor.

Munidos de agulhas apropriadas, foram abrindo os buracos dos giclês, até que o motor "arredondou". Isto, pelas 4,00 horas da manhã do dia da prova. Foram então testar a máquina na "pista" da Mal. Floriano, Celestino de carreteira e Corção de motocicleta. O motor chegou a 5.000 giros sem ratear.

Satisfeito, Celestino levou a carreteira à casa de Paulo, ali perto, que tinha ouvido o ronco firme do motor, na madrugada. Lá chegando, encontrou, no portão da casa, numa noite de frio, Paulo e sua esposa Othalia, vestidos com roupa de dormir. Sem graça, Paulo observou: "... é, agora está bom, né?

Celestino, por sua vez, irritado com o sacrifício que fez, falou: "Gordo (apelido de Paulo), se você não ganhar essa corrida nós vamos conversar...". Paulo Buso não só correu mas, venceu, ganhando prêmio em dinheiro, troféu e diploma entregue pelo então Governador Bento Munhoz da Rocha Neto.

Numa foto de hoje, Paulo e seu primeiro carro de corrida, em Curitiba. Na outra, com sua carreteira logo atrás do carro 86 de Perereca, indo à Interlagos, em São Paulo/SP.

Por Ari Moro


Agradecemos ao amigo Ari Moro a cedência deste.

Publicado primeiramente no Jornal do Automóvel/Tribuna de Curitiba-PR e Paraná Online

http://www.parana-online.com.br/canal/automoveis/news/516490/?noticia=PILOTO+PAULO+BUSO+FEZ+HISTORIA+ENTRE+AS+CARRETEIRAS

10/03/2011 às 00:00:00 - Atualizado em 09/03/2011 às 23:07:26