A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

segunda-feira, 14 de março de 2011

Fazendo um SPEED 1.600 por Pedro Garrafa


Amigo Rui 
Conforme seu pedido, vou relatar de uma forma geral, e procurar usar uma linguagem bem simples,sem muitos termos ou explicações técnicas, para que todos possam entender, o que é ou melhor o que era na minha época a preparação do Speed.

Pedro Garrafa e seu Speed.

A categoria Speed 1600, como já foi anteriormente dito, tornou-se a coqueluche do automobilismo paulista e posteriormente nacional, em virtude da fácil acessibilidade e baixo custo.Engana-se quem pensava que para se ter um Speed era necessário tirar os parachoques, rebaixá-lo e pintar um numero na lataria e pronto já tinha um carro de corridas. Mero engano, pois mesmo sendo de fácil e barata preparação exigia obviamente um retrabalho especial no carro todo.Vamos ao principio:

Interlagos com chuva, largavam mais de 60 carros.

O Grid chegava ao Café.
Correria antes da largada.

Primeiramente era necessário ter-se um carro com um ótimo chassis, eu disse ótimo e não bem reformado, pois caso contrario era jogar dinheiro fora,não pense que podia-se montar um Speed comprando um chassis ou carcaça no ferro vellho, como se faziam com os buggys ou bajas da época.Precisava-se ter um carro bom, mas bom mesmo, senão todo o trabalho de montagem e preparação ia-se por água abaixo quando o carro fosse para a pista iniciar os primeiros testes, sim porque não era possível entrar em uma corrida sem antes testar as modificações e a preparação empregada no mesmo.


O segundo passo e mais importante era a montagem do mesmo, pois retirava-se do carro tudo o que era considerado desnecessário e supérfluo no mesmo, sendo assim feita uma completa retirada de forrações internas, bancos originais, acessórios, som, e em alguns casos até componentes do painel, para incorporar ao mesmo o santantonio(barras anti capotagem),sistema de tubulação e extintor de incêndio e banco especial de competição,e também implantando chave geral interna e externa, bem como reforço nos cabos elétricos e de bateria,  todos esses itens citados eram obrigatórios, e o que podia ser feito opcionalmente, era a instalação de contagiros e instrumentos de medição de pressão do óleo e pressão do combustível, e volante esportivo.Bom ,internamente já tínhamos quase que um carro de corridas.
Partiremos agora para as modificações e implantações externas:os parachoques eram retirados, podia-se cortar uma pequena faixa de lata na saia traseira para melhor instalação do escapamento dimensionado para competição,que daria um ganho de preparação no motor de aproximadamente 4 a 5 HP ao motor, só com a adoção do escape dimensionado certo para cada tipo de circuito, pois naquela época tínhamos vários modelos como 4 em 1 (que era muito usado também pela divisão 3), tínhamos o 4 em 2 paralelo ou sobreposto, e também o cruzado que para o circuito antigo de Interlagos era ideal, pois tinha-se bastante reta e ele rendia bem de final.Os faróis dianteiros eram retirados e substituídos por um molde de fibra, os frisos e acessórios externos como suporte de placa e luzes de placa, também eram retirados, porem os estribos originais tinham que ser mantidos, os paralamas tanto dianteiro como traseiro podiam ter suas bordas rebatidas, para que não cortassem os pneus, pois alem de mais largos ,eram de perfil alto com aro 14 e talas 6 polegadas na dianteira e 6,5 ou 7 na traseira, na época usávamos na traseira o radial de medida 195/70/14 e na dianteira 185/70/14. Mesmo com essas modificações o carro não poderia perder as características originais, ou melhor a aparência original, regra essa que deveria ser mantida também no motor e carburação, que tinham que ser mantidos com aparência original também,não importando a preparação interna que deveria seguir rigidamente pelo regulamento da categoria(o que era o mais difícil, pois sempre tinha os expertos que achavam sempre um modo de burlar ou driblar o regulamento, coisa que existe até nos dias de hoje em qualquer categoria, pois infelizmente faz parte da cultura do brasileiro ¨sempre querer tirar vantagem em tudo¨).Alem dessas modificações, podia-se também utilizar o sistema de radiador de refrigeração do óleo externamente, bastando para isso uma abertura frontal na caixa de estepe e a instalação do radiador que podia ser de vários modelos, sendo de alumínio tipo colméia, ou de refrigeração tipo convencional, e ainda podia-se também implantar no motor uma bomba de circulação dupla tipo Schadek ou fazer furação na carcaça para instalação dos niples que fariam através de mangueiras especiais tipo solvente a circulação do óleo do motor até a frente do carro para refrigeração do óleo do motor.


Depois desses passos, era necessário então mexer na suspensão que precisava ser enrijecida e rebaixada para dar melhor estabilidade ao carro.No começo não se podia fazer muita coisa em termos de retrabalho na suspensão, porem depois em virtude da segurança e do desenvolvimento dos motores em relação a potencia, foi-se necessário mexer bastante na suspensão, retrabalho nos braços e nos pivôs, pois no inicio era aplicado o sistema de rebaixamento com catracas reguláveis, e tinha-se poucas opções de amortecedores, que na época eram apenas endurecidos, depois com o tempo foi-se implantando até amortecedores com regulagens de bamp e rebamp, quero dizer altura, força para descida e subida e flexibilidade mais duro ou mais mole.
Bom até este estagio estamos praticamente com o carro montado, ia quase me esquecendo dos freios, que também conforme o regulamento deveriam ser originais sem modificações, porem era possível a instalação do cilindro mestre duplo (vulgarmente conhecido como burrinho) da Brasília.Quanto ao cambio esse também deveria ser original da Brasília cuja relação de engrenagens não podia ser modificada, utilizando-se da coroa e pinhão original 8:33, sem nenhum retrabalho.


Bom agora vamos ao mais importante ¨o motor¨: Esse, tanto quanto o cambio, na sua essência também deveria ser original sem retrabalho, porem com pequenos detalhes de preparação que poderiam variar de preparador para preparador conforme a interpretação do regulamento,para não me aprofundar demais nesse item, tentarei ser o mais claro possível, pois seria muito extenso falar todos os pormenores.A cilindrada permitida era a de 1.600 cc, porem acreditem ou não, tinham os espertalhões que na época conseguiam fazer verdadeiras mágicas em termos de burlar regulamento, basta dizer que é lógico por uma questão de ética ,vou preservar os nomes, tínhamos motores mistos, ou melhor, por incrível que pareça,de um lado do motor era 1600 cc ou melhor dois cilindros originais, do outro lado, os outros dois cilindros eram 1.800 cc.Utilizava-se esse recurso fora do regulamento porem, na hora da abertura para verificação ao final de cada prova, quando fosse solicitado ou sorteado,abria-se ou desmontava apenas de um lado, o lado original 1.600 cc , claro.
O comando de válvulas também podia ser substituído por um mais forte, no principio usava-se o comando da Kombi com a numeração de final 116(desculpem mas não me lembro no momento a numeração inteira, mas com certeza era final 116), porem devido a vários artifícios de enganarem o regulamento, a própria federação passou a fornecer e distribuir os comandos que eram numerados de acordo com o participante afiliado a categoria e ao carro, para se evitar que fossem alterados e burlados.Depois também isso foi deixado para traz e foi implantado o comando importado que na essência seria um de 294°.
Os carburadores utilizados eram os Solex 32 originais, sem modificações externas, e as bases deveriam conforme o regulamento serem também de abertura de 32mm, porem conseguíamos achar bases com 35mm de abertura com aparência de originais, um excelente trabalho de torneiros especializados, que retrabalhavam as borboletas e eixos sem deixar vestígios.
Os motores bem trabalhados , conseguiam chegar a uma faixa de 5.900 a 6.000 rpm , no álcool com 13 de taxa nos cabeçotes , que aparentemente também não podiam sofrer retrabalho.O resto do motor era todo original, girabrequim, bielas, pistões e camisas, tudo do motor a álcool.
Enfim essa era a essência, logicamente a preparação é que fazia o diferencial, associada ao talento de cada piloto, pois alem da categoria Speed ser considerada uma categoria escola, por ela passaram grandes nomes do nosso automobilismo, que nem citarei nomes para não cometer injustiça , se eu esquecesse de algum.
Com certeza a categoria Speed marcou uma época de ouro no nosso automobilismo, pois ela foi percussora de uma das mais sensacionais categorias já existentes, que era a Divisão 3.Seria impossível falar da Speed sem citar a Divisão 3.
Estou preparando um outro texto como o Rui me pediu, como seria uma volta de Speed na pista de Londrina -PR, porem isso vai ficar para outro dia.....

Pedro Garrafa

domingo, 13 de março de 2011

INTERLAGOS 12 DE MARÇO DE 2011

 Ontem e hoje tive vontade de ir a Interlagos mas não pude , ficou em mim a vontade de ver os amigos e a bela homenagem ao Luiz Pereira Bueno.
 Domingo passado levamos o motor do D3 do Orlando para o Ferraz. É um motor 1.600cc tem um bom comando mas parece que seus cabeçotes são originais, para semana o Ferraz nos conta mais um pouco sobre ele e o Orlando aguarda ansioso a hora de começar a mexer no chassi e funilaria para colocar logo o carro na pista. 



 Achei algumas fotos do Formula 2 que o Emerson e Peterson correram em 1973 o Lotus  Texaco Star para mim o mais belo carro de F2 da época. Eles usavam um motor Ford Novamotor de 2.000cc que desenvolvia cerca de 280 HP.

Emerson Fittipaldi
Ronnie Peterson

 Amanhã começo uma serie de posts sobre a Speed escritos por meus amigos Pedro Garrafa e Fábio Jaqueire, lá eles contam um pouco sobre a categoria e muito sobre uma coisa muito importante, a amizade.
 Abaixo uma serie de links sobre o dia de ontem em Interlagos, sobre o  texto do Ferraz não vou comentar nada apenas assinar embaixo. 
 Tem o Paulo Peralta escrevendo sobre a F. Vee Brasil uma categoria que espero que dê certo.  O Zé Clemente contando como gosta de Interlagos mesmo com chuva.
 Tenho acompanhado como sempre meu amigo Carlos de Paula que está escrevendo uma bela série  sobre o automobilismo e os pilotos brasileiros no ano de 1971. 


sábado, 12 de março de 2011

Piloto Paulo Buso fez história entre as carreteiras

A marcha inexorável do tempo acaba de trazer à tona mais uma vez a figura de Paulo Buso e com ela a lembrança deste que foi um dos mais destacados pilotos de carreteira paranaenses na década de 1950, falecido a 25 de fevereiro de 2002.

Entre outras, ele venceu por três vezes a prova Curitiba/Ponta Grossa, promovida pelo jornal Paraná Esportivo. Aproveitando a ocasião remexemos o velho baú que encerra as histórias das corridas de carreteiras em Curitiba e lá encontramos relato de Celestino Buso, irmão de Paulo e piloto de carreteira também, envolvendo os dois e ainda o então estudante de engenharia Marcos Corção, cujas teorias sobre engenharia mecânica eram aplicadas nos carros de competição.



Na véspera da prova Centenário do Paraná, acontecida a 11 de outubro de 1953 no circuito da rua Mal. Floriano Peixoto, na capital, os dois irmãos e mais Corção tentavam e não conseguiam, na oficina mecânica de ambos da Rua Comendador Araujo, "arredondar" o giro do motor V8 com cabeçotes Edelbrock e agora com coletor para três carburadores.


O motor rateava muito" - segundo Celestino. O problema foi deixando todos nervosos e lá pelas tantas Paulo, desesperado, baixou violentamente o capô do motor do carro, dizendo que não aguentava mais, não participaria da prova e foi embora para sua casa, na avenida Guaíra, hoje Kennedy. Celestino e Corção reestudaram a situação e acharam que o problema era causado pela precária alimentação do motor.

Munidos de agulhas apropriadas, foram abrindo os buracos dos giclês, até que o motor "arredondou". Isto, pelas 4,00 horas da manhã do dia da prova. Foram então testar a máquina na "pista" da Mal. Floriano, Celestino de carreteira e Corção de motocicleta. O motor chegou a 5.000 giros sem ratear.

Satisfeito, Celestino levou a carreteira à casa de Paulo, ali perto, que tinha ouvido o ronco firme do motor, na madrugada. Lá chegando, encontrou, no portão da casa, numa noite de frio, Paulo e sua esposa Othalia, vestidos com roupa de dormir. Sem graça, Paulo observou: "... é, agora está bom, né?

Celestino, por sua vez, irritado com o sacrifício que fez, falou: "Gordo (apelido de Paulo), se você não ganhar essa corrida nós vamos conversar...". Paulo Buso não só correu mas, venceu, ganhando prêmio em dinheiro, troféu e diploma entregue pelo então Governador Bento Munhoz da Rocha Neto.

Numa foto de hoje, Paulo e seu primeiro carro de corrida, em Curitiba. Na outra, com sua carreteira logo atrás do carro 86 de Perereca, indo à Interlagos, em São Paulo/SP.

Por Ari Moro


Agradecemos ao amigo Ari Moro a cedência deste.

Publicado primeiramente no Jornal do Automóvel/Tribuna de Curitiba-PR e Paraná Online

http://www.parana-online.com.br/canal/automoveis/news/516490/?noticia=PILOTO+PAULO+BUSO+FEZ+HISTORIA+ENTRE+AS+CARRETEIRAS

10/03/2011 às 00:00:00 - Atualizado em 09/03/2011 às 23:07:26

sexta-feira, 11 de março de 2011

Dan Gurney

Dan na Maserati Birdcage da Equipe Camoradi vitória nos 1.000 KM de Nurburgring de 1960 que correu em dupla com Stirling Moss.
Pilotando uma MacLarem F I , foi um dos primeiros pilotos a usar o capacete integral, um Bell Star.

Certa vez Jimmy Clark disse a seu pai “Dan é o único piloto tão rápido quanto eu” li esta frase muitos anos atrás, talvez quando ela foi divulgada, e nunca saiu de meu pensamento. As vezes brinco com o Caranguejo sobre ela pois ele e eu achamos difícil que naquele começo dos anos 60 fosse impossível alguém ser tão rápido quanto o Escocês Voador e depois também.
O certo é que Dan foi um grande piloto, venceu muitas corridas com os mais variados carros, foi e ainda é muito respeitado no mundo automobilístico.

Dan e Jimmy.

Venceu sete vezes na Formula Um, quatro corridas validas pelo mundial e três extra campeonato. 
Pelo mundial a primeira foi no GP da França em Rouen no ano 1962 pilotando um Porsche da equipe oficial de fabrica, na tentativa da marca alemã de entrar na Formula Um com um projeto totalmente desenvolvido por ela. A segunda e terceira vitórias viriam no ano de 1964 pilotando um Brabham e foram nos Gps do México e França em Rouen.

A vitória em Spa 1967 com o Eagle-Weslake.

E a quarta e mais importante para ele foi pilotando um carro construído por ele, o Eagle, empurrado por um motor também desenvolvido por ele o Weslake em Spa na Bélgica.
As corridas extra campeonato foram em 1960 o Ballarat Victória na Austrália com BRM. O GP de Solitude na Alemanha em 1962 pilotando um Porsche e por fim a Corrida dos Campeões disputada em Brands Hacth na Inglaterra no ano de 1967 pilotando sua criação o EagleWeslake. Na época a corrida dos campeões apesar de ser extra campeonato era talvez a mais badalada e disputada da temporada.
Venceu cinco corridas na Nascar e sete na Indy, três na CanAm fora outras em categorias diferentes.
Com os carros esporte entre os Protótipos e Gts venceu dez corridas com carros tão diferentes quanto os Shelby-Cobra e a Maserati Birdcage.
Dono de equipe que nestes longos anos venceu centenas de corridas, Dan é certamente um nome de respeito a ser lembrado e reverenciado. 
      
Aqui ele pilota o Mark IV na vitória em Le Mans 1967 em dupla com A.J. Foyt, o ressalto sobre a cabeça do piloto foi feito pois Dan é muito alto, vejam no post de Foyt a diferença entre eles pilotando o mesmo carro.
Com o Porsche Formula Um foram duas vitórias, em Rouan na França válida para o mundial de F I e Solitude na Alemanha, ambas em 1962.
Na CanAm pilotando uma Lola.
Nos EUA com um Eagle.
Na Inglaterra vencendo de Galaxie em Oulton Park.
Revista Autosporte Abril de 1963.
Com sua criação o Eagle-Weslake.