Olá Rui! Demorei alguns dias mas consegui reunir para você um apanhado do que aconteceu do momento em que comprei o meu Fusca 1969 até hoje, onde ele se encontra pronto e tem vida mansa na garagem. Espero que goste.
Na metade de 2009 eu finalizava um curso técnico de administração, como tinha abandonado a Engenharia Mecânica da UFRGS, minha rotina de solteiro de 27 anos deu uma boa acalmada. Foi a deixa para realizar o sonho de ter algum carro da década de 60.
Procurei por mês e meio, em geral os que olhava estavam bem descaracterizados e com preços salgados. Notei esse fusquinha em um “picareta” no caminho da casa para o trabalho (assim chamamos revendedores de carro aqui em Porto Alegre). Entrei no site, olhei o carro pessoalmente e fiz a loucura.
No começo de julho de 2009 trouxe o carro para casa. Pode parecer ingênuo, mas fechei a compra porque ele tinha todos os frisos das janelas e carroceria, basculantes traseiros, rodas 5 furos, volante marfim, assoalho e os pés de coluna novos. Mas era uma bomba na mecânica e na estrutura: Cabeçote trincado, folga no embuchamento e no setor da direção (cada roda apontava para um lado), curtos elétricos, a alimentação do combustível passava por dentro do carro em um cano de fogão, com um filtro de combustível extra sob os pés do carona (sempre saía lacrimejando e fedendo a gasolina do carro).
Sabia que não tinha como andar, contratei um bom despachante e o carro passou na vistoria do Detran sem nenhuma condição, nem itens de segurança, confesso.
Depois de três meses de apenas voltas curtas no bairro e na garagem, ele foi enfim para o chapeador. Voltou em setembro com o cabeçote substituído, com novos parafusos de fixação da carroceria, chassi alinhado e alimentação do combustível refeita, pelo túnel central. Voltou também com o banco do motorista entortado e sem estepe...
Nos cinco meses seguintes ele permaneceu parado na garagem, enquanto eu ia comprando itens de acabamento e descobrindo aonde poderia fazer a suspensão dianteira. Por essas coisas de Internet, conheci o Júnior do Blog do Gonzo (http://vwgonzo61.blogspot.com/), dono de um Fusca 1961 e fuçador de mecânica. Ele tem todo o ferramental e topou ajudar. Na garagem do meu apartamento levantamos o carro, tiramos o quadro dianteiro e em uma semana estavam prontos embuchamento, setor e terminais de direção novos. Trocamos também óleo, platinado, rotor e tampa do distribuidor, velas, cabos e condensador.
Na metade de 2010 o carro foi para a auto-elétrica. Revisão da fiação, bateria nova e troca do dínamo por um alternador. Troquei também duas das minhas rodas de tala larga que tinha na dianteira do carro por 3 originais, afinal estava sem estepe.
Nessa fase comecei a rodar mais com o carro, que há muito estava parado. Cada saída nova era um rolamento de roda estourado ou um cilindro de freio que abria o bico. Deixei pela última vez no mecânico em setembro de 2010 para revisar freios, rolamentos, engraxar suspensão e trocar o retentor do motor. Terminava a epopéia mecânica, rodei regularmente nos dois meses seguintes sem mais nenhuma dor de cabeça.
Com confiança na mecânica, mandei o carro para o estofador. Foi realizado um serviço de tapeçaria completo, bancos reformados, bem como forro de teto trocado. O resultado final me agradou muito, segui meu gosto pessoal, e não a originalidade que seria o courvin preto. Ao final de um ano e meio de luta, num total de 8 mil reais gastos, hoje o carro está com um visual que me agrada, com um bagageiro e Motorádio, e o mais importante, rodando regularmente. Sei que para um restaurador de carteirinha a minha empreitada foi relativamente fácil, mas para este jovem, morador de apartamento, que nunca teve antes um carro com carburador, esta reforma foi uma baita vitória.
Próximos passos: Instalar já algum sistema antifurto, comprar ao longo de 2011 estribos com frisos largos, retrovisores de pino de porta e frisos largos da carroceria em inox para, em 2012, mandar o sem-vergonha aos cuidados do meu amigo e restaurador paulista Rodrigo Lombardi (www.customclassic.com.br)
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