sábado, 7 de fevereiro de 2009
AUTOGRAFO
Na segunda bateria , depois de largar lá atraz , encontro no meio do caminho o Expedito Marazzi , e viemos ganhando posições , eu atraz dele , até que no meio da curva do "Sol" antes da segunda perna desta curva maravilhosa , encontramos um conhecido "alicatão" uns 20 Km mais lento que nós , e acabamos nos enroscando , o "Velho" tentou passa-lo por fora , eu vendo seu carro abrir coloquei por dentro , foi uma loucura , não batemos por puro milagre , e o referido piloto ( não escrevo seu nome nem sob tortura ) foi embora . Logo no termino desta volta , em frente aos boxes meu segundo motor explodiu , fui estacionar na entrada do "Retão" numa pista paralela que havia para serviços , onde um bandeirinha e um bombeiro vieram me ajudar a sair do carro assustados com aquela fumaceira toda .
Desolado sentei-me ao lado do carro , e ao abaixar a parte de cima do macacão vi colado na manga aquele adesivo , que aquela loira maravilhosa havia me dado , não pensei mais no prejuízo , nem na corrida , os carros passavam e eu não ouvia , só pensava na loira . O dia não era para correr , era para namorar , pena que não tivesse percebido antes da primeira largada . Quanto ao João , deve ter ficado com aquele autografo no peito por um bom tempo , duro deve ter sido explicar para patroa .
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
SPEED
Agnaldo de Goes
Agnaldo foi piloto , dirigente , dono de equipe , um baita cara , foi sua a Equipe CEBEM , única representante da alemã BMW no Brasil , onde trabalhava também nosso amigo Kiki - Karl H . Kraus - antes disso possuía uma loja de autos na Av Sto Amaro . A seguir um relato de meu irmão Paulo Amaral sobre seu amigo.
" Sua loja no inicio da Av Sto Amaro chamava-se SPEED AUTOMÓVEIS , tinha duas entradas grandes , e era bem profunda , basicamente os carros com que ele trabalhava , eram automóveis de corrida , como FERRARI , MASERATI , MECÂNICA CONTINENTAL e autos de luxo , como ROLLS ROYCE , LINCON CONTINENTAL e outros , ao todo caberiam em sua loja mais de vinte autos , e por lá sempre achávamos preciosidades . Certa vez ele me ofereceu uma FERRARI BERLINETA 12 cilindros uma maravilha , fiquei com este carro por algum tempo , pelo que me lembro era do Chico Landi . Era uma maravilha seu motor não roncava , "URRAVA" , um dia na Av Paulista dei uma esticada em 1º que foi até os 90 KM/H , andar nela era muito bom ,apesar de difícil condução . Vendo atualmente os valores destes carros , vejo a fortuna que ele teria hoje guardada , só que na época eram caros mais não valiam tanto . Lembro também da alegria com que ele nos recebia , amigos e clientes , sempre encontrávamos com Celso Lara Barberis , Chico Landi , Camilo Cristofaro , Ciro Cayres , Gilberto Demargos e outros .Certa vez ele me ofereceu a FERRARI TESTAROSSA 3000 em que o "Veludo" se acidentou na curva 2 , depois de algumas voltas com ela resolvi não compra-la , era muito rápida . Este era meu amigo Agnaldo , sinto saudades das reuniões que fazíamos todas as tardes em sua loja , de onde nós saiamos para ir até o Totem , uma lanchonete muito bem acabada , montada em lona como uma tenda árabe de luxo , seu terreno era de esquina bem amplo e sua comida muito boa e foi o precursor de drive in no Brasil seu nome vinha do enorme totem indígena na sua entrada , que também era na Av Sto Amaro , próximo de sua loja e ponto de encontro de automobilistas e kartistas , onde estavam sempre o Cláudio Daniel Rodrigues , Maneco Combacou , e meus amigos Victor Simonsen , Acacio Canario Mancio o "Geleia" , Gilberto Demargos , "Kiki" , Ricardo Amaral , Niltinho "Gun" Guinter , Luciano Mioso , Fernando Simonsen . Tudo isso vale como lembrança dos bonitos anos 60 "
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Turismo 5000
Meu pai tinha um GT 1974, impecavelmente novo, comprado da frota de imprensa da Ford. Ele não usava, pois tinha outros mais econômicos e mais práticos que esse, de forma que o carro ficava sempre na garagem. Eu preferia meu Fusquinha. Mas o carro já era um clássico familiar, uns seis anos conosco, quando ele chegou com a idéia de criar uma categoria de competição para carros com motores de 5.000 cm3 ou mais. Cheguei a argumentar que o carro era muito novo para ser depenado e colocado na pista, mas ele sequer escutou. Em pouco tempo o carro não tinha mais forração, parachoques e bancos, além de ganhar uma gaiola, um par de escapamentos diretos e suspensões rebaixadas. O resto ficou, inclusive um perigoso jogo de rodas de magnésio da Ital, que, sabíamos, quebrariam na curva Três, e o teto de vinil. Fez a primeira prova, pegou gosto pela coisa e começou a depenar outros Mavericks para aumentar o grid. Logo estavam largando mais de 70 carros na Turismo 5000, em provas apenas pelo anel externo do antigo traçado do Autódromo de Interlagos. Entre eles estava eu: meu pai fez tantos Mavericks que me deu o nosso querido membro da família.
Parecia que eu era o piloto mais importante da equipe, pois queria apenas sentar e correr, já que os custos eram todos bancados por ele. Mas tive que trabalhar bastante, pois o carro estava sempre precisando de cuidados, como da vez que eu coloquei um radiador "novo", comprado em um desmanche, para treinar no sábado, e ele estava entupido de terra. Não dormi, procurando e trocando o radiador para a corrida no dia seguinte.
O carro era muito bom, eu estava sempre no pelotão da frente no grid de largada. A suspensão, feita por nós mesmo, era ótima, apenas rebaixada e com amortecedores recondicionados do Rogério. Os pneus, quando sobrava dinheiro, eram Pirelli CN 36 5 estrelas. Quando sobrava mais dinheiro, eles eram torneados. (mas aí duravam apenas uma corrida). Por dentro o carro era feinho, tinha apenas um banco original, daqueles reclináveis, com dois cintos abdominais cruzados no peito. Segurança? Era assim mesmo. Painel original, com o conta-giros na coluna. Aos poucos fomos obrigados a ir equipando os carros da 5000, com equipamentos de segurança como chave geral e outros bichos.
Eu treinava todas as quarta-feiras em Interlagos, e, em fim de semana de corrida, na sexta e no sábado. Depois do treino de quarta eu corria para a Cidade Universitária, com o carro todo pintado, para pegar o final da aula na Escola Politécnica, e, de lá, sempre tinha um "rachinha" com alguns colegas que também tinham Maverick V8.
A última corrida que fiz teve um grid recorde. Larguei em quinto, e logo nas primeiras voltas fui passando quase todos à minha frente, menos o Ney Faustini, que era o mito, ninguém se aproximava dele. Até que eu achei que poderia encostar no seu Maverick branco. Nesse ponto, pensando na glória de vencer a prova, abusei da sorte e, quase chegando no primeiro colocado, rodei na curva Três, parando atravessado na frente de quase 70 outros competidores. O motor apagou, não pegava de maneira alguma, e eu ia perdendo posições. O pior, no entanto, era ficar no caminho de um bando de pilotos doidos, no meio da curva. Até que um deles me acertou em cheio na porta esquerda. Aqueles garotos que ficavam em cima do muro vieram me socorrer, mas, antes que eu pudesse me soltar daqueles cintos assassinos, um deles berrou: - Este aqui já morreu, vamos ver o outro!
Não esperei o rabecão, saí do carro e comecei a caminhada de volta aos boxes. Quando cheguei lá, a corrida já havia terminado. Depois fui ver o carro: perda total, inclusive com o eixo traseiro arrancado pela pancada.
Foi minha última corrida de Turismo 5000: meu paitrocinador suspendeu a verba. tenho saudade desse época e, quando vejo o quanto está valendo atualmente um Maverick V8, penso naqueles tantos carros depenados para as brincadeiras em Interlagos.