A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Comparações II

 

Obra de meu amigo Ararê Novaes celebrando a vitória de Emerson em Watkins Glen 1970.

 Quando comparei em post anterior a diferença entre os monstros da CanAm e o Formulas Um na pista de Watkins Glen deixei de lado duas corridas as de 1969 e 70. 

Acontece que as duas foram no circuito curto de WG como vemos abaixo. Nesta configuração eles usavam a pista sem a Bota, partindo da curva 5 para curva 10, neste traçado os tempos eram pouco superiores a um minuto, e as médias horarias cerca de 25 km/h mais altas.


O circuito com 3.780 km.


1969
Jochen


Bruce - Vencedor
Denny - Pole

Amon na Ferrari 612P 6.200cc foi terceiro. #77 Lota T160 Chevrolet de  Leonar Janke, não terminou.
GRID
RESULTADO

 Na CanAm a pole de Hulme foi 1`2"210 a 214.191 km/h, a melhor volta na corrida também foi dele com o tempo de 1`2"600 a 212.868 km/h. Na F.Um a pole 1`3"620 a 213.90 km/h foi de Rindt, assim como a melhor volta em 1`4"340  a 211,50 km/h. Bruce venceu à média de 202.76 km/h e Rindt a média de 207.680 km/h. 
Dois destaques desta corrida, o feio acidente de Grahan Hil, quando quebrou as duas pernas e o grande segundo lugar de Piers Courage.

1970
Emerson
Denny e Dan Gurney.
Stewart e o Chaparral 2J Chevrolet de 7000cc

 Duas tragédias antecederam estas corridas, dois ícones do automobilismo haviam perecido em acidentes. Bruce quarenta dias antes testando uma McLaren em Goodwood e Rindt cerca de dois meses antes em Monza, ambos vencedores no ano anterior.
 A McLaren trouxe o grande Dan Gurney para substituir Bruce, enquanto a Lotus vinha com Reine Wissel e como principal aposta para substituir o Campeão do Mundo um piloto de vinte e três anos, que viria encantar o mundo do automobilismo com sua arte; Emerson Fittipaldi.

GRID
RESULTADO

 CanAm, 87 voltas, pole de Hulme 1`2"760 a média de 212.192 km/h, melhor volta Jackie Stewarta 1`05"800 a 202.520 km/h. A média da corrida foi 190.804 km/h.
F.Um, 108 volta, pole e melhor volta da corrida foi de Ickx 1`3"070, e 1`2"740 melhor volta da corrida com a média de 213 km/h. A média da corrida foi de 208.38 km/h.

GRID

Ickx, Ferrari 312B

RESULTADO


 Vejam que apesar dos monstros da CanAm serem mais rápidos neste circuito, mesmo com maior número de voltas a F.Um foi mais rápida no resultado final. 
Na F.Um largaram vinte nove carros enquanto na CanAm mais de trinta e cinco, com muitos carros do Mundial de Marcas, talvez com proximidade de calendário quando a categoria correu nos EUA.
Notem que os F.Um são bem mais rápidos que os carros do Mundial de Marcas, mesmo os com motores de 5.000cc, Andretti com a Ferrari 512M faz no grid 1`4"700 o que daria o nono tempo na F.Um. 

Foram apenas algumas comparações, sem uma pesquisa mais apurada, espero que tenham gostado.

Rui Amaral Jr

PESQUISAS E FOTOPS

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quinta-feira, 29 de abril de 2021

CULTURA DO AUTOMÓVEL - MAIO 2021


 

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Comparações....

 

1973 - Mark Donohue, Porsche 917/30, pole em Watkins Glen.

1973 - Ronnie, Lotus 72E pole em Watkins Glen.

 De seu comentário Walter fui buscar os tempos de classificação no longínquo 1973 e 74, dois anos em que as duas categorias correram em Watkins Glen, para comparar a CanAm com a Formula Um.

1973

Na CanAm Donohue fez a pole com 1`38"846, seu companheiro de equipe com o mesmo carro um segundo atrás, em terceiro Jody com o 917/10 da Vassek Polak três segundos do pole. O quarto Hobbs com a McLaren M20 Chevrolet cinco segundos da pole. 

Do primeiro até o sétimo os Porsche 917/10 ou 30, apenas a McLaren de Hobbs entre eles. O sétimo Jackie Oliver, que seria campeão no ano seguinte, com o Shadow DN2 a longos nove segundos do pole.

 Na Formula Um, naquele duelo com o Rato, a pole fica com Ronnie, 1`39"657, exatos 657/1.000 mais lento que Donohue. A grande diferença das categoriss é que o tempo de Ronnie é dois segundos e 22/1000 mais rápido para o décimo segundo, Chris Amon em sua rara aparição com o Tyrrel 005.

 A melhor volta da corrida na CanAm foi de Donohue com 1`39"571 e a da F.Um de James Hunt com March 731 Ford com 1`41"652. Na CanAm foram duas baterias de trinta voltas, a F.Um cinquenta e nove voltas.

Não dava para deixar de comentar, em 1973 a Ferrari perdida e com a desistência de Ickx  depois de Monza, leva o valente Arturo Merzario com a 312 B3 para as corridas do Canadá e EUA. A foto mostra um pouco do que o pequeno grande Merzario fez nestas duas corridas. Sou fã do baixinho, poucas vezes teve um carro à altura de seu talento.

 



1974

Reutmann, Brabham BT44, pole e vitória.
Carlos Pace, melhor volta 1`40"608.
Pace, a primeira vez que o vi andando foi em Interlagos, corrida no sentido inverso, sentido horário, ele em um VW da Dacon contra as carreteras do Camilo, Carlinhos Aguiar, Caetano Damianni. Na chegada da subida dos boxes, descendo para Junção, onde eu estava, ele chegava lançado depois de descer da Um, as carreteras na frente com no mínimo o triplo da potencia, ele descia igual a um azougue, lá chegava bem perto delas, sempre no limite, no fio da navalha! 


George Follmer, Shadow DN4 Chgevrolet 7.519cc, pole e melhor volta 141"`883.
Jackie Oliver, Shadow DN4 Chevrolet 8.112cc, o vencedor.
A belíssima McLaren M20 Chevrolet 8.125cc de  Scooter Patrick, terceiro colocado.


 Com os turbos abolidos do regulamento a CanAm parte para seu último ano desta maravilhosa forma que gostamos tanto. Não sei por que mas vejo um dedo do Don Nichols nesta história, e antes de tudo já aviso a ele que não tenho a mínima ideia de quem sumiu com o monocoque daquele DN1 batido em Buenos Aires e que se perdeu aqui no Brasil, não tenho conhecimento da história e muito menos conheço nenhum dos atores!
 Follmer faz a pole com 1`39"969 seguido de Oliver, a McLaren M20 de Scooter Patrick em terceiro a mais de dois segundos e meio atrás. Outro pequeno grande piloto Herbert Muller com Ferrari 512M faz o sexto longos oito segundos da pole.
 Reutmann fez a pole com 1`38"978, um segundo mais rápido de Follmer. A melhor volta na CanAm foi de Follmer 1`41"883, e na FUm de Pace 1`40"608.





  Em 1973 com os 917/30 despejando muito mais de mil hps foram mais rápidos que os F.Um, com cerca de 470 hps de seus Ford Cosworth DFV, mas em 1974 mesmo com os carros de ponta da CanAm tendo mais de 600 hps os F.Um foram mais rápidos. 

Nas duas fotos do Porsche 917/10 da equipe Vasek Polak pilotado por Steve Durst, na primeira ele em aceleração, quase tirando as rodas dianteiras do chão, na outra apertando os alicates com firmeza, quase encostando a dianteira no asfalto. 


Ford Cosworth DFV
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RACING SPORTS CARS

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F1-FACTS

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Aos amigos, abraços a todos.

Rui Amaral Jr

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Monstros velozes...

 

Notem os dois turbos saindo de cada bancada de cilindros.

 Vou escrever como se estivesse sentado com vocês numa mureta de box em algum autódromo, como tanto fiz e ainda faço com meus amigos. De um comentário de meu amigo Walter, vou tentar escrever, sem pesquisas, apenas o que vier a mente, descontraído. Aliás, descontração é uma coisa que sempre tenho quando escrevo para vocês, não sou um historiador, apenas um contador de histórias que gosta do que faz.
 As corridas do Grupo 7 da FIA proliferavam pelo mundo, já mostrei aqui muitas delas, Graham Hill na Inglaterra e inúmeras outras, inclusive aqui no Brasil quando o fantástico Avallone promoveu algumas copas. 
 Mas as corridas do Grupo 7 eram em abundancia nos EUA, talvez dezenas de corridas nos muitos autódromos todos finais de semana, e os americanos amavam estes monstros.
 O regulamento do Grupo 7 da FIA era bem simples, os carros deveriam ser bipostos, suas rodas cobertas, simples, deixando na cabeça e imaginação dos construtores e equipes todo o resto, inclusive o tamanho dos motores..
 O grande mercado para esses bólidos era sem dúvida os EUA, na grande nação eram talvez milhares de corridas, de todas as categorias, em cada temporada.
 Este imenso mercado, de carros de pista e rua alavancou os fabricantes europeus. Ferrari, Porsche, MG, Austin Healey, Jaguar, Maserati e outros lá fizeram a "américa".  
 A Ferrari tinha em Luigi Chinetti e sua NART - North American Racingo Tean - seu grande vendedor, tanto dos carros de rua quanto os de pista. O nome do grande representante da Porsche me foge agora, mas foi lá que a alemã cresceu.
 As equipes europeias corriam em alguma dessas provas, mas acredito que não disputassem seriamente nenhum dos campeonatos, nem o nacional.
 Foi aí que apareceu o palco principal para eles, o desafio entre canadenses e americanos, com cerca de nove corridas nos dois países, altamente patrocinados e divulgados. Com belíssimos prêmios nascia a CanAm em 1966.
 Lola e McLaren logo viram aí sua galinha dos ovos de ouro, era o palco perfeito para divulgação de seus carros, e venda de centenas deles. 
 A primeira prova da CanAm foi vencida, assim como o campeonato, por Big Jonh Surtees com a Lola T70 MK II com um "motorzinho" Chevrolet de "apenas" 5.900cc e talvez "meros" 350/400 hps!
 Depois vieram os cinco campeonatos seguidos da McLaren, que na última vitória da equipe em 1972 Hulme correu com motor Chevrolet de 8.100cc, que segundo relatos da época desenvolvia cerca de 600 hps.
 Ferrari e Porsche fizeram alguns carros para CanAm e Europeu, sendo que a italiana, se não me engano, usou até um motor de sete litros em carro pilotado pelo grande Chris Amon. A Porsche com seu 917/10 aberto correu até 1971 com seu "motorzinho" de cinco litros que desenvolvia cerca de 500 hps

Willy Khausen na Copa Brasil, com o 917/10.

 De olhos no mercado a Porsche pega o 917/10 com seu motor de 5.000cc e adiciona dois turbos compressores, um para cada bancada de cilindros e já em 1972 tira deles cerca de mil hps. 
 Foi a derrocada da McLaren e Lola, apesar de Hulme haver vencido em 72 a vitória da Porsche no campeonato foi arrasadora. 
 Tendo a equipe Penske como sua principal aliada venceu de forma absoluta os campeonatos de 1972/73 quando a Porsche se retirou.
 A evolução dos 917/10 foi o 917/30, com 5. 374cc e dois turbo compressores KKK trabalhando com até 1.5 bar, alguns relatos da época falam de cerca de 1.300/1.400 hps em classificação.



    
 Fico aqui imaginando como seria pilotar um monstro desses, que mesmo com as rodas traseiras que chegaram, se não me engano, às 20 polegadas de tala, sem controle de tração e nada das frescuras dos carros de hoje.
 Sair do Sargento e acelerar forte, chegar a Um de Tarumã depois de sair acelerando da Nove e descer forte a reta, ou mesmo entrar na grande reta de Jacarepaguá pisando fundo e chegar a curva Sul em maior velocidade que a desenvolvida por um Boeing para alçar voo. 

 Bem, como disse bem gostaria de estar papeando com vocês, ouvindo e falando ao invés de escrever solitário neste feriado e isolamento. Papos longos como sempre bato com  Chico, Bird, Ricardo Bock, Julio Caio e batia com meus amigos saudosos Expedito e Arturão, Avallone. Outro bom de conversa é o Elcio Pelegrini, papudo como só um bicampeão pode ser, outro ser único como vários de meus amigos que deixo de citar.

 Ótimo feriado e um forte abraço.

Rui Amaral Jr.

PS: Todo piloto é papudo, em nossos encontros,  falando de algumas corridas, mais de um a venceu, todos fizeram a melhor volta, pole...! Isso é bom demais!


 

          
   
  



    


segunda-feira, 19 de abril de 2021

François na CanAm - 1972

Sempre bem assistido!

 No ano anterior François já estava entre os melhores do mundo, havia vencido seu primeiro Grand Prix em Watkins Glen, sendo terceiro no mundial de Formula Um, atrás de seu parceiro de equipe Stewart e do veloz Ronnie Peterson. Estava inscrito pela Matra, no fatídico  1.000 KM de Buenos Aires mas não correu, sua dedicação a F.Um foi total, era o preferido de Ken Tyrrel para o lugar de Stewart, quando este parasse. 
 Agora era hora de colocar no bolso os lucros de uma fantástica carreira. Contei vinte e nove corridas dele em 72, doze na F.Um, onde foi quinto no campeonato, sete na CanAm pela equipe Young American Racing pilotando o McLaren M8F Chevrolet de 8.000cc. Uma na Itália onde com seu parceiro Stewart pilotou um Ford Capri, e as demais pela Matra Simca no Mundial de Endurance. 
 Com bons resultados em todas categorias foi na CanAm com este McLaren das fotos que venceu sua única corrida no ano, em Donnybrooke.

Liderando um Porsche - Foto enviada por meu amigo Zé Carlinhos.

 1972 foi o ano em que a equipe Penske, com o Porsche 917/10 desbancou o domínio de  cinco temporadas da McLaren. A primeira corrida do ano em Mosport foi vencida por Denny Hulme, com a McLaren M20, que venceria também a terceira em Watkins Glen. Depois foram as vitórias arrasadoras da Penske com os 917/10 pilotados por Mark Donohue e George Follmer o campeão. 
 Em Donnybrook Cevert largou com o sexto tempo,. atrás dos dois carros da Penske com Donohue e Follmer, das duas McLaren de Hulme e Revson e o Porsche 917/10 de Milt Minter.
Na briga de gigantes os dois carros da McLaren ficaram pelo caminho, assim como o 917/10 de Donohue. 
 François venceu à frente de Milt Minter, Jack Oliver com o Shadow MK III Chevrolet e o 917/10 de Follmer.  
 No campeonato Follmer teve o dobro de pontos do segundo Hulme, era o Velho Urso que mesmo com um carro inferior mostrava suas garras. Milt Minter empatado com Hulme foi o terceiro e Donohue o quarto. Terminando Cevert em quinto, atrás apenas dos fabulosos 917/10 e de toda experiência de Hulme, bicampeão da categoria.   





François Cevert um grande piloto.


Rui Amaral Jr 


   Racing Sports Cars
pesquisa e fotos   


 
  

 

sábado, 3 de abril de 2021

Torneio União e Disciplina

Luiz e o Porsche 908/2 da equipe Z, com as mãos no bolso olhando Jan Balder.

 Carro alugado fui buscar uma equipe ou um mecânico, bati na oficina do Amador Pedro, alguém que já conhecia os VW D3. Ele que tinha um carro para alugar, que eu não sabia, com muita má vontade me disse que não cuidaria pois o carro estava bichado, nem respondi, dei as costas e fui embora, não gosto de gente assim, poderia ter falado a verdade, talvez eu até tentasse mudar. Voltei a equipe do Pedro, não sem antes buscar outras alternativas, conversamos e concordou em dar assistência na pista.   
 Já contei aqui a deliciosa sensação de pilotar aquele carro, muito diferente do Dart. Um verdadeiro carro preparado para Divisão Três, o cambio uma caixa Três, a primeira muito longa com todas outras marchas juntas, dois Webber 48, comando de vávulas P3 ( Iskanderian 12/12) rodas de liga com pneus Pirelli Cinturatto, acredito que 165/13 na dianteira e 185/13 na traseira, apenas com o banco concha do piloto, sem forração alguma e todo aliviado de peso.
Havia andado com ele uns dez dias antes, quando acertei o aluguel, se  não me falta a memória o Marcio e um parceiro haviam feito uma corrida longa com ele, então o tanque de combustível era bem grande, talvez uns 80/90 litros, e o contagiros não funcionava.
Fui para o primeiro treino na sexta feira, na corrida anterior havia apenas nós, os estreantes e novatos, agora nos boxes ao lado do meu só feras. Nem sei contar quem...Luiz estrearia o Porsche 908/2 da equipe Z, Camilão, Ciro...
Treinei bastante aquele dia, até dei duas ou três rodadas, era a vontade de andar forte, buscar o limite, encarar alguns carros que vinham correndo há tempos na categoria.
Os foguetes da Kinko dos irmãos Yoshimoto.

No sábado também andei um pouco e no grid larguei na segunda fila, três carros por fila, mais de vinte e cinco carros no grid.
Sabia que a largada seria trabalhosa, a primeira com aquela configuração chegava a uns 85 km/h e com o comando que abria lá no alto, complicado para uma corrida de seis voltas. Mas sabia também que apenas uns dez entre todos aqueles carros tinha o mesmo nível de preparação do meu, sendo que alguns eram bem melhores.
Mas eu estava lá...
Larguei, apenas larguei,  sem forçar a embreagem para uns 120/150 metros depois da largada estar em último, no final do pelotão. A primeira encheu e lá estava eu na entrada da Um já em terceira, começando à remar...Na entrada da Três já tinha deixado mais de dez carros para trás, mas muitos ainda estavam à minha frente. Lá na frente meu amigo José Martins Jr reinava absoluto com seu Puma #48, preparado por mestre Crispim e que havia comprado de Angi Munhos, era da Divisão Quatro, agora com motor 1.600cc mas mesmo assim no mínimo cinco segundos mais rápido que o VW D3. 

José Martins Jr e o Puma.

Na primeira volta já passei no meio do pelotão, daí para frente seria cada vez mais difícil ultrapassar, mas minha vontade era grande, andando no limite o tempo todo, aproveitando cada metro de pista para buscar quem estava à frente. Fazendo também sua primeira corrida na categoria um nome que viria a se tornar um marco da velocidade, meu amigo Alfredo Guaraná Menezes, talvez o piloto mais rápido de minha geração.
Deixei muitos para trás e lá pela quinta volta já estava em sexto, que descontando o Puma seria o quinto lugar, nada mal.
A segunda bateria foi igual, só que com mais experiência, andando cada vez mais forte, nesta se não me falha a memória fui quinto, na classificação das duas baterias fui sexto.

Ranking Auto Esporte
O Torneio União e Disciplina foi uma homenagem dos organizadores ao Exercito Brasileiro.

Notem que na matéria sobre a corrida o Guaraná e eu não somos citados, corrigido depois no Ranking. Mas em compensação os jornais do dia seguinte davam destaque a nós dois, sendo que o grande jornalista Luiz Carlos Secco em sua coluna do Estadão ou Jornal da Tarde, dá destaque a nós dois, como os nomes da corrida, e ainda escrevendo que até dias antes eu não tinha carro para correr. Perdi este recorte assim como as fotos minhas desta corrida

 Na próxima corrida, Uma Hora de Calouros, vencida por meu amigo Jacob Kourouzan, não tive carro para correr, voltaria para as duas etapas do Torneio Sulam no final do ano.


Rui Amaral Jr



quarta-feira, 31 de março de 2021

Novato e agora com carro....

WV Divisão Três de 1971- Meu amigo Carlos Mesa Fernandes o Caco.

 Desci a rua Buri lá do alto, quase na Paulista, vinha rápido, na esquina com a Itabirito o carro deu uma saída de traseira, consertei já bem de lado, e lá foi ele de frente bater no muro da casa que fica na esquina da Buri com a Morro Verde, ainda bem que bati de lado. Fiquei ali sem poder respirar por uns quinze minutos (rsrsr). Ainda bem que ninguém lá em casa tinha visto, tirei o capacete, que havia pegado de meu irmão, coloquei meu carro de rolimãs nas costas e fui para casa, uns cinquenta metros dali!  

 De volta a 1971- Não lembro como cheguei a equipe do PV e fiquei sabendo do VW D3 que poderia ser alugado, algo em minha mente lembra de uma conversa que tive com a Gigi, casada com Pedro, bela e simpática, tocava a administração da escola e da equipe.
Tratei a principio o aluguel do carro para a próxima corrida de novatos, que seria em junho. Já tinha um carro, mas não a grana. Teria que arcar com o aluguel, inscrição, combustível,  e a contratação de um mecânico  ou equipe, já que o combinado seria apenas o carro. Algo como cerca de US$ 1.500, talvez uns R$ 20.000 de hoje.
Contei ao meu irmão que tirou o corpo fora, jamais iria enfrentar papai. Nesse meio tempo por algumas vezes quando estava com meu pai havia conversado algumas vezes sobre corridas, mas nunca pedindo nada, sua posição era firme. Havia até feito um pedido de emancipação, que foi negado tanto por ele quanto por minha mãe.
Minha vida era boa, recebia uma "mesada" de dois salários depois do desquite de meus pais, mesmo no ano anterior quando trabalhei nos supermercados, onde não tinha salário. Tinha de meus pais casa na praia no campo e quando queria viajar a grana necessária, morava com minha mãe. 
Nunca havia pedido um tostão aos meus pais, as vezes quando estava com ele perguntava "quer alguma coisa?", dizia não precisar de nada. O Dart era meu terceiro carro, antes foi um Galaxy, aos dezesseis anos e depois um Karmann Ghia, e vende-lo agora seria um tolice, tinha planos para ele, era meu pecúlio para fazer um VW D3 para 72.
Me enchi de coragem, liguei para o escritório da Mooca para saber se ele estava lá, era o local onde mais gostava de estar com ele, só ele e eu. A telefonista, uma querida que trabalhava conosco há muito, cujo nome não consigo lembrar, confirmou e lá fui eu.
Entrei em sua sala com a cara e a coragem, dei um beijo em seu rosto, e contei que havia encontrado um carro para alugar, a categoria que ia correr, de quem era o carro e pedi apenas a grana, podia ter pedido dez ou vinte vezes mais, seria a mesma coisa, caso contasse que queria viajar e tivesse esquecido as carreras, estaria tudo nas minhas mãos na hora, mas jamais trairia sua confiança, jamais o enganaria. Conto a vocês com a alma e mente serenas, nunca o questionei  de ele ter comprado o Porsche paro o Paulo correr, sequer tocava no assunto, ele sabia que éramos muito diferentes.
Continuamos o papo e ao final ele me disse apenas "vem amanhã, vou pensar".
No dia seguinte quando cheguei meu irmão me esperava e entrou comigo, beijei papai sorrindo, ele acenou para o Paulo, me perguntou quanto era que precisava, ele já sabia, e me estendeu o cheque, pedindo segredo olhou para meu irmão com um olhar que dizia tudo.
Ainda contei que precisaria dar um cheque de caução, que seria meu, beijei-o com carinho e fui embora feliz.
Agora tinha um carro para o Torneio União e Disciplina, uma homenagem que a federação prestava ao Exercito Brasileiro.


 
Depois continuo...  

Rui Amaral Jr

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PS: Aos meus amigos Palmeirenses, Santistas, Corintianos devo dizer, torço para o Tricolor do Morumbi, na foto abaixo estou ao lado de papai, como sempre, e quem inaugura uma de nossas indústrias é ninguém menos que o Gen. Porfirio da Paz, presidente de honra do São Paulo Futebol Clube, autor de nosso hino, nosso torcedor símbolo. Na época da foto governador em exercício do Estado de São Paulo. 

Foto de meu arquivo, originalmente em preto e branco, colorizada por meu amigo Edwin Takeuti.

As Cinco Estrelas que carregamos com honra são; Os dois ouros em olimpíadas, Helsinque 1952, Melbourne 1956, do grande Adhemar Ferreira da Silva, as grandes vitórias da magnifica Maria Esther Bueno e nossos três mundiais de clubes, por enquanto!

Rui
     

 

sexta-feira, 26 de março de 2021

Novato e sem carro...

 

Rua Canuto Saraiva 429, Mooca, sede dos Alimentos Selecionados Amaral S.A. Onde entrei naquele dia...

 Sai do encontro com meu pai consciente que ele não iria me apoiar, mas sabendo que lá no fundo de sua alma ele estava contente, alguém em nossa família havia tomado uma atitude sem a dependência dele, e atitude era algo que ele apreciava muito.

Rolando, Raimundo Hernandez, braço direito de meu pai nas Cestas de Natal Amaral, Rui Amaral e eu.

Me permitam esquecer um pouco o automobilismo e divagar...

Naquele 1971 meu pai não estava feliz, um montão de coisas o perturbavam. A situação familiar, o fechamento das Cestas, sua menina dos olhos, fechou a grande empresa pura e simplesmente, pagou todos os credores, como era de seu feitio, ficou com todos os imóveis,  e agora tocava os Alimentos e uma rede de super mercados que havia aberto no ano anterior, aliás onde trabalhei por um tempo.

Depois de exercer seu mandato como deputado federal, se esforçava na fundação, com outros abnegados, que não vou citar, do partido que seria a oposição ao governista, o MDB. Logo ele que tanto se opôs  aos descalabros da administração que sucedeu Jânio Quadros no comando da nação. Tenho um discurso seu na Câmara dos Deputados que mostra toda situação vivida no país nos tempos pré Revolução, onde coloca os pingos nos iiiis. Os dois grandes nomes da politica paulista, Adhemar de Barros e Jânio Quadros, estavam fora, e novos nomes deveriam surgir.

Os Amaral Lemos, no dia em que meu pai teve confirmado seu nome para Câmara dos Deputados.
No mesmo dia, eu, Arinda, sem a colher de madeira, Maria Aparecida, papai, Paulo e agachada Creusa, que mamãe havia adotado tempos antes. 

Batalhador consciente, pelo MDB foi ao sacrifício em duas disputas, três anos antes  pela prefeitura de São Bernardo do Campo, onde ficava a sede das Cestas, quando perdeu por poucos votos. E no final do ano anterior na disputa pelo senado, quando seu nome era indicado para liderar a chapa, e numa deliberação partidária aceitou sair como vice de Lino de Mattos, quando perderam a cadeira para um candidato da situação, sendo que o MDB elegeu um senador.

Ele que tinha lutado pela criação do partido, sendo que sua sede em São Paulo, à rua Nestor Pestana, antigo escritório das Cestas, foi cedida gratuitamente  por ele para sediar o partido.

Ele estava desiludido, eu que no ano anterior, na primeira eleição  em que votava, havia tido a grande honra de votar nele, pensava que ele deveria tomar outros rumos politicamente. Eu, que desde quando comecei a ler jornais, lá pelos doze anos, era de direita, sendo fã antes de tudo dele e de Carlos Lacerda, via seu perfil mais à direita de onde ele se situava agora.

Me desculpem misturar minha situação familiar com automobilismo, mas foi assim que aconteceu.

Voltando às pista...


 Não fiquei frustrado, saí com a firme convicção que conseguiria um carro para as próximas corridas da temporada.
Meu caminho natural seria prosseguir com o Carlos Mauro Fagundes, que tanto me ensinou, incentivou e ajudou. Mas eu não queria continuar na Divisão Um, e transformar aquele Dart em Divisão Três, seria muito caro, grana que não tinha. 
Teria que trocar cambio, rodas, mexer no motor e  mesmo assim para andar talvez uns 16 segundos mais rápido em Interlagos, tempo que não seria suficiente para acompanhar os Lorenas de meus amigos Edo e Jacob, o Puma do Zé Martins, nem mesmos os VW que na Divisão Três já vinham muito bem preparados. 
Nos VW lembro com carinho o pessoal da Kinko, os irmãos Kenety e Hiroshi Hioshimoto, bem mais velhos que nós, corriam como Novatos já há algumas temporadas. A Kinko era competente na preparação e os irmãos experientes e rápidos.
A Divisão Três era o caminho a seguir...Foi quando fuçando encontrei um carro para alugar na equipe De Lamare. O VW D3 que foi pilotado por Márcio Brandão, filho do grande técnico Oswaldo Brandão, estava disponível.
E dois meses depois da corrida com o Dart lá estava eu novamente em Interlagos, agora com um carro preparado e rápido...

A memória de Rui Amaral Lemos.

Aos amigos Walter, Danilo, Márcio, Carlos e Roberto.

Ao Jacob, Edo, Zé Martins, João Carlos, à lembrança de Guaraná que já não está entre nós, uma grande honra privar de suas amizades até hoje.  


Rui Amaral Jr     



quarta-feira, 24 de março de 2021

1971... Agora Novato...

 

Foto de meu amigo Rogério Da Luz, largada de uma corrida de Novatos. 


   Bem...No post anterior contava que na segunda feira, após a vitória com o Dart e ver minhas fotos em alguns jornais, que não guardei, fui até o escritório de meu pai, na Mooca.

Agora, como sou um contador de histórias, me permitam divagar.

Meus pais eram separados há cerca de quatro anos, e meu pai antes de tudo guardava um enorme respeito e admiração pela mulher que junto a ele construiu um império nos quarenta e tantos anos de casamento. E como eu, talvez um pouco de medo dela! 

Com dezoito anos já não aprontava muito, namorava firme, não bebia ou fumava, era apenas apaixonado pelas corridas.

Fui criado por uma criatura maravilhosa, que tomava conta de nossa casa nas constantes viagens de meus pais, dona Emma era tudo para mim, a avó que não cheguei a conhecer, a amiga, a mentora.   Nesta altura ela já havia subido e olhava por mim lá do alto, como ainda olha.

Confesso que eu era um bicho, e dona Emma um para raios entre minha mãe, a colher de madeira e eu, de meu pai nunca ouvi uma bronca sequer. Eu era o caçula, doze anos mais novo que meu irmão e nove de minha irmã Cida.

Quando mamãe chegava em casa e algum passarinho soprava minhas travessuras lá ia ela direto para cozinha pegar a tal colher, quando me encontrava lá estava dona Emma entre nós!

-Arinda (este era o nome de minha mãe ) não toque no menino!

-Emma, você é protetora dos animais! ( desconfio levemente a quem ela se referia!)

Voltando àquela segunda feira...Entrei na sala de meu pai, ao transpor a porta parecia que havia freado uns dez metros depois do ponto na Curva Três, mas continuava na pista...Ele me olhou, com todos aqueles jornais sobre a sua mesa e disse "parabéns, já contou para sua mãe?". Não, e também não contei a ele que havia saído escondido, pegado o primeiro carro que vi na garagem saindo sem fazer barulho.

Conversamos, falei que aquela era a vida que queria, que gostava e sabia que pilotava bem. Pedi seu apoio. Meu pai tinha um grande conhecimento do mercado publicitário, nossas Cestas de Natal Amaral, indústria fechada poucos anos antes, era uma das maiores anunciantes de rádios, tvs e jornais. Mesmo os Alimentos Selecionados Amaral S.A, onde agora estávamos, era um grande anunciante, com quase duzentos produtos nas prateleiras de armazéns e super mercados, sendo que apernas um pedaço da verba publicitária do Mandiopã daria para mim montar uma grande equipe.

Ele negou, disse "sua mãe me mata!". Conversamos mais algum tempo, acredito que almoçamos por lá mesmo ou em sua casa e lá fui eu enfrentar minha mãe.

Eu ia continuar, custasse o que custasse...

Rui Amaral Jr


quarta-feira, 17 de março de 2021

Curva3

 

Começo de ano triste, amigos que nos deixaram, relembro com saudades meu amigo Arturão.





A revista Curva3, periódico impresso focado no automobilismo nacional, acaba de inaugurar seu site www.curva3.com.br dentro do portal Autoentusiastas, plataforma dedicada à automóveis e mobilidade reconhecida como uma das mais sérias e abrangentes do setor. A nova ferramenta de comunicação da publicação segue a linha editorial de prestigiar o cenário nacional do esporte, como explica o jornalista e publisher Wagner Gonzalez:

“Seguimos fiéis à proposta inicial do projeto, que vai desde resgatar a história do esporte até fomentar novos valores humanos e técnicos que contribuam para a manutenção e desenvolvimento do negócio automobilismo. O conteúdo da revista segue exclusivo e será complementado pelo novo espaço dentro de um dos portais mais respeitados do segmento automóvel, liderado por Bob Sharp e Paulo Keller, dará maior protagonismo ao trabalho de nossa equipe.”

De acordo com Bob Sharp a incorporação do site da revista Curva3 amplia a abrangência do portal Autoentusiastas:

“A chegada da revista Curva3 ao mercado, em novembro de 2020, preencheu um espaço há tempos relegado, o das publicações impressas. Abrigar uma nova ferramenta de comunicação ao projeto da agência Beepress vai ao encontro dos valores o portal Autoentusiastas pratica desde 2008: seriedade, diversidade e emoção, sempre com conteúdo próprio e diversificado feito por apaixonados por carros.”

O site da revista Curva3 terá conteúdo específico e diverso do conteúdo da revista, com informações produzidas pela redação e seus correspondentes em sete estados brasileiros e um correspondente internacional. O espaço inclui ainda a coluna “Conversa de Pista”, publicada semanalmente e que abrange o automobilismo internacional com destaque para a F-1, categoria que Gonzalez acompanhou in loco por mais de duas décadas. Com circulação nacional focada em entusiastas e profissionais atuantes em todos os setores do automobilismo de competição, a publicação impressa pode ser adquirida em números avulsos ou por assinatura e pedidos podem ser feitos através do email curva3@beepress.com.br.


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 Vai lá Wagner, muito sucesso.
 Parabéns Bob, você sempre na vanguarda, um abração.

Rui Amaral Jr