A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

INDIANÁPOLIS 500 1966 – WACKY RACER

 

Graham

Edição especial da prova, foi sua 50ª edição. Corrida movimentada, onze dos concorrentes foram eliminados na primeira volta. O texano A.J.Foyt foi o único ferido. Ele machucou a mão ao tentar escalar o alambrado, quando tentava afastar-se do local da batida. No final, apenas sete automóveis ainda estavam rodando, na vez em que o menor número de carros terminou as 500 Milhas. Em sua primeira apresentação, Jackie Stewart liderou a corrida, com o Lola Ford T-90 da Equipe de John Mecom, mas faltando dez voltas, a pressão do óleo caiu e o Cockeyed abandonou. Assumiu a ponta outro recém chegado, Graham Hill, que só precisou puxar a prova nas dez voltas restantes para vencer. Hill tornou-se o primeiro estreante vencedor desde 1927...O vencedor do ano anterior, Jim Clark, teve problemas, com duas rodadas durante a prova que o relegaram à segunda posição. Pela segunda vez consecutiva, os Wood Brothers, célebre equipe dos pits da NASCAR Grand National, foram convidados a atuar nos boxes, desta vez para Dan Gurney (na vez anterior trabalharam com Clark). Mas o carro de Daniel foi um dos eliminados na carambola da primeira volta. A primeira grande baixa das 500 Milhas, antes mesmo dela começar foi Johnny Rutherford. Ele se machucou em Eldora em abril e ainda estava de molho no mês de maio. A Mecom Racing Team, selecionara os pilotos Walt Hansgen, Rodger Ward e Jackie Stewart. Porém Hansgen morreu num acidente treinando em Le Mans no dia 3 de abril (dia azarado, o mesmo em que Rutherford feriu-se). A saída foi chamar Graham Hill, que nem sequer constava da lista de inscritos no programa oficial. Os treinos iniciaram com tempo frio, o que manteve os carros e pilotos longe da pista. Choveu também. E assim, Chuck Hulse tornou-se o mais rápido no primeiro final de semana (149,8 mph). Na segunda feira (2/5), Art Pollard tornou-se o primeiro Rookie a ser admitido na prova, com 145 mph. Stewart também passou nesse “vestibular”. Na terça-feira 10 de maio, Mario Andretti assinalou 164,5 mph, estabelecendo-se como um possível pole-man. A.J.Foyt, George Snider e Dan Gurney também superaram a marca das 160 mph. Na quarta a chuva retornou, mas na sexta-feira 13, Andretti quebrou os cronômetros com 167,4 mph (antes havia rodado em 166-164 mph), apesar da chuva atrapalhá-lo. O mais próximo do ítalo-americano foi Jim Clark, com 165,7 mph. No pole day do sábado 14, Mario confirmou o favoritismo conquistando a posição de honra com 165,8 mph. Em uma de suas voltas, ele girou em 166,3 mph. Entre as baixas, Chuck Rodee, que bateu na Curva 1. Levado ao hospital, não resistiu aos ferimentos. Dezoito carros conseguiram seus tempos neste dia frio. No domingo 15, A.J.Foyt classificou-se com 161,3 mph, após bater no dia anterior. No sábado (21/5), os irmãos Bobby e Al Unser classificaram-se, com Al sendo o mais rápido do dia (162,2 mph). Bobby Grim qualificou seu Roadster Turbo Offy (motor dianteiro) com 158,3 mph. O seu, era o único carro “dianteiro” da competição. 

Hill
Clark e a Lotus 38.

Domingo 22 de maio, dia do Bump day, Larry Dickson e Ronnie Duman conseguiram “saltar” para o grid, enquanto Greg Weld destruía dois carros (um deles um Granatelli/Novi). Weld não se feriu. No grande dia, quando o Mercury Comet saiu da frente do pelotão e a corrida começou, o canadense Billy Foster quase tocou em Gordon Jonhcock, mas perdeu o controle e bateu na parede externa, dando início a um engavetamento de dezesseis carros. Todos os pilotos conseguiram sair sem problemas (o medo geral era de incêndio, com todos lembrando-se da “bola de fogo” de 1964) e enquanto Foyt machucava a mão, um espectador era atingido por uma roda. A.J. foi examinado e liberado para correr. Dos dezesseis envolvidos, onze estavam além de qualquer conserto e a prova reiniciou com 22 competidores depois de uma hora e vinte e quatro minutos de atraso para limpeza. Após algumas voltas de aquecimento e em fila indiana, a corrida voltou a ser interrompida depois que Johnny Boyd bateu na Curva 1 na primeira volta no “verde”. O primeiro líder foi Mario Andretti, até abandonar com problemas de válvula. Jimmy comandou a prova em três ocasiões e só não liderou mais voltas que Lloyd Ruby, mas as rodadas realmente o prejudicaram. Quando foi a vez de Ruby ter problemas, Stewart passou a líder e ditou o ritmo por quarenta voltas até abandonar e então Graham, que tinha “chegado por último” à sua equipe liderou as dez voltas finais, as que realmente importavam...

Clark controlando uma saída de traseira.
De lado, mas sem tocar o muro.
Andando forte novamente.
Stewart e Clark.

foi quando a confusão começou pois a Equipe Lotus alegou que Clark era o vencedor. É certo que rodara duas vezes, a primeira na Curva 4 no giro 65 e a segunda na Curva 3, volta 87. Mas graças a sua prodigiosa habilidade, não tivera nenhum contato e não desligara o motor. Endireitou o carro e o levou aos boxes para verificar possíveis danos. Não havia perdido tanto tempo assim, parado e a equipe estimou que tinha uma volta à frente de Graham. O mapa da corrida no entanto, mostrava G.Hill à frente de Jimmy, por pouco mais de 41 segundos. No dia seguinte, a USAC confirmou o resultado (Graham primeiro; Clark segundo). Colin Chapman e Andy Granatelli, integrantes da equipe Lotus, não apresentaram qualquer protesto. Uma possível explicação que surgiu foi que o pessoal da Lotus não vira Graham passar por Clark, na ocasião da segunda rodada. Mas para colocar “mais gasolina no incêndio”, o próprio vencedor Graham Hill confessou-se intrigado por ser o vencedor. As más línguas diziam mesmo que ele não havia feito uma ultrapassagem sequer a prova toda. Mas o assunto acabou se encerrando por si só; contudo em tempos recentes se voltou a debater o problema. Surgiu a teoria que os cronometristas haviam omitido uma volta de Clark, o que o colocaria atrás de Graham na classificação. E havia um motivo: o carro de Al Unser tinha as mesmas cores que o do Jimmy. A teoria pregava que quando o Big Al bateu na volta 161, a cronometragem pensou que era Clark. Outra versão diz que ainda por conta da pintura semelhante, a cronometragem tinha creditado uma volta de Al Unser à Clark no começo da prova. Quando os mapas foram redefinidos no final, essa volta “extra” fora corretamente excluída. Há outra teoria, que afirma que nem Graham, nem Clark venceram. O ganhador teria sido...Gordon Johncock. Johncock completou as 500 Milhas em menos tempo decorrido que G.Hill, Jim Clark e até o terceiro colocado, Jim McElreath. Entretanto, Johncock foi um dos atingidos na batida da primeira volta, e teve de parar para reparos e consertar o bico do carro.



Ele reiniciou a corrida do pit lane e os fiscais não consideraram essa sua primeira volta, o que causou um atraso por tempo...Há quem garanta que Colin Chapman tenha desistido de qualquer protesto formal por um “acordo informal” com os organizadores. Façam suas apostas...

À memória dos queridos amigos Jeaan Pierre Calvignac e Arturo "Turito" Fernandes.

CARANGUEJO



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Chapman x Fittipaldi...ou Emerson x Colin

 


Colin
Ronnie

Comecinho de 1973,  estava no Rodeio, ótima churrascaria daqui de São Paulo, com alguns amigos, bebíamos alguns Scoths e esperávamos a maravilhosa carne que até hoje lá é servida. 
Eu estava entusiasmado, pois naquele ano completaria 21 anos e poderia correr sem ter que “fals...” ops, adulterar nenhuma autorização, além disso meu pai prometia finalmente me apoiar, e além disso tínhamos um Campeão do Mundo na Formula Um, um cara sensacional, pilotasso, nunca fomos amigos, afinal ele é uns 8 anos mais velho que eu, e nunca frequentou a turma que frequentava minha casa, amigos de meu irmão, que é 12 anos mais velho, mas tínhamos alguns amigos em comum, e amigos caros de ambas as partes.  
Aí chega um amigo meu, publicitário conhecido e entrosado em tudo que dizia respeito ao automobilismo e me segreda, “o Emerson fechou com o Teddy Mayer e leva com ele a grana da Marlboro, vai de McLaren em 74, existe até a possibilidade dos Fittipaldi ficarem com a equipe”. 
De cara eu disse “é loucura, ele briga pelo Bicampeonato e tem toda as chances de conquistar, assim  fica difícil!”











Notem que na época já se falava “à boca pequena” do projeto brasileiro da FI.   
Aqui um parêntese; Colin e Emerson...o inglês contratou o brasileiro ainda na Formula 3, apesar da vitória nos EUA, Emerson amargou o ano de 1971 com um pouco da falta de experiência e a grande carga de levar uma equipe cujo Campeão do Mundo havia perecido. E Colin sempre o apoiou!
Outro parêntese; Emerson ao contrário de nossos pilotos de hoje, nunca teve medo de cara feia, e sempre foi para qualquer equipe disputando com quem quer que fosse o lugar de primeiro piloto, e isso, ao contrário de hoje não era dito por nenhum assessor de imprensa, mas por seu pé direito e sua enorme capacidade técnica! 
Não dou razão a um ou outro, o certo é que Emerson em 74 foi para McLaren com a Marlboro e foi Bi.
Quanto à briga de 73 foi entre dois CACHORROS GRANDES, dois GRANDES PILOTOS, e a meu ver DOIS GRANDES HOMENS; Emerson e Ronnie. E quem tirou vantagem nisso foi um certo Jackie Stewart, vocês conhecem?


Ao Emerson, um herói de verdade, ontem e hoje! 

Escolhi as fotos aleatoriamente em meus arquivos, vocês melhor que eu saberão  identificar cada uma.

Um forte abraço à todos

Rui Amaral Jr

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NT: Escrevi este post em 18 de setembro de 2012, ontem conversando com o Caranguejo resolvemos escrever sobre este campeonato, ainda vamos tentar convencer o Ronaldo Nazar à participar, com dados técnicos e tudo mais, vamos ver...

Rui 

Link para o post de 2012 com comentários do Caranguejo e Ronaldão.




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Pendurado...

 

Abarth Fiat 2.000 Sport Spider




 Coincidência ou não, tempos atrás conversava com  Chico Lameirão e começamos a falar sobre os motores pendurados, atrás do eixo traseiro. Ele com sua vasta experiência da época da Willys, com os Gordini, as carreteras Gordini com o motor R8 e as Berlinetas.
Talvez ele me contradiga depois de ler este post, mas o que conversamos é que ao contrário dos motores centrais, a tocada quando eles são pendurados é muito mais previsível. Nos motores centrais o sobresterço quando vem é violento, já nos pendurados ele é anunciado, e de mais fácil correção. 
 Posto isto vamos à Abarth-Fiat Sport.
Em 1968, a grande maioria dos protótipos que corriam no Grupo 4 da FIA, já acompanhavam a característica que a Formula Um lançara no final da década anterior, quando Jack Brabham e a pequena Cooper foram campeões do mundo, o motor central traseiro. 
 Carlo Abarth e sua Abarth tinham uma enorme experiência nos pendurados, desde os rapidíssimos Fiat Cinquecento, que ele transforma em bólidos, passando pelas maravilhosas Simca-Abarth que tanto venceram no Brasil, trazidas para Simca por "seu" Chico Landi e tocadas com maestria por Ciro Cayres, Jayme Silva, Toco Martins e outros grandes pilotos da equipe.
 Carlo resolve fazer, contrariando seu engenheiro projetista, o novo carro com o motor "pendurado", atrás do cambio e eixo traseiro. Nas diversas categorias do Grupo 4 e 6, usaria uma gama imensa de motores, desde os de 1.000cc até o poderoso Fiat com cabeçotes Abarth de 2.000cc.

 Chassi tubular - superleggera - reforçado por placas de fibra, pesava apenas 47 kg.
Suspensão dianteira com triângulos.
Suspensão traseira com triangulo inferior e acima braço ancorado no chassi.
Peso total 575 Kg.
Comprimento 3.85m.
Largura 1.78m. 
Altura 970cm.
Entre eixos 2.085m.
Distribuição de peso 38% da dianteira e 62% na traseira.
Freios a disco.
Cambio de cinco marchas mais ré.

 Seu motor era uma joia desenvolvida pela Abarth sobre um motor Fiat.
Bloco e cabeçotes em liga de alumínio.
Quatro cilindros em linha.
Diâmetro 88mm x 80, 1946cc.
Duplo comando de válvulas no cabeçote.
Quatro válvulas por cilindro.
Taxa de compressão 11.5:1. 
Alimentado por dois carburadores Weber 58 DOC3 e bomba elétrica de combustível. 
Carter seco.
Potencia 256 hps à 8.700 rpm.

Para homologação foram construídos vinte e cinco carros, sendo que o total durante os próximos anos chega a cinquenta unidades.



 O piloto escolhido para desenvolver a joia foi Peter Schetty, sim o mesmo que poucos anos depois seria o Diretor Esportivo da Ferrari.
Logo de cara vence uma prova do Campeonato Europeu de Subida de Montanha. Coisa que se tornaria habitual nos próximos anos nas mãos de outros grandes pilotos como Arturo  Merzario, Lella Lombardi...
Em 5 de abril de 1968 correndo os 500 Km de Nurburgring, pelo Grupo 6 da FIA, motores até 1.600cc,  Schetty  vence, tendo Johannes Ortner chegado em segundo e Arturo Merzario em terceiro, os três pilotando os Abarth-Fiat Sport Spider.

Schetty em Nurburgring.
A guerreira Lella nos 500 Km de Interlagos 1972.


OS PENDURADOS


Porsche 356 Carrera.

 
Renault Gordini. Na foto dois da equipe Willys, se não me engano com Carol Figueiredo e Anisio Campos.

Alpine A110.
Vencendo as Mil Milhas Brasileira de 1967 com Luiz Pereira Bueno/Luiz Fer4nando Terra Smith, com Bird Clemente/Marivaldo Fernandes em segundo.
Simca Abarth com Jayme Silva e Ciro Cayres.
Um pequeno foguete desenvolvido pela Abarth.
VW


É isto meus amigos, desculpem minhas falhas, a vontade de escrever é maior.
Ao meu amigo Chambel.

Depois do post um longo papo com o Chico, seu depoimento:

"Caro Rui ..... parabéns pela escrita do motor “””” Pendurado “””” , que sempre o chamei de “”” Rabeta “”” que advém das lanchas  com motor “”” Rabeta “””” da época que esquiava na Guarapiranga ..... realmente tocar um motor “”” Pendurado “””com uma tracao Traseira e’ uma dádiva do. Céu ..... hoje com tantos recursos fica fácil de se o trabalhar .... vide os Porsches família 911 .....!!!!  

Abraço Chico"


Valeu Chico.


Rui Amaral Jr