sábado, 5 de novembro de 2022
quarta-feira, 2 de novembro de 2022
Luiz Carlos Sansone
Ontem acordei
preocupado, de maneira alguma ficaria em casa, o bonde da história passava e
...
Estava preocupado com
meu filho que estava em Manaus e com passagem comprada para Guarulhos que
àquela altura estava inoperante, preocupado com a situação do país, e ainda
preocupado com algumas amigas nervosíssimas que trancadas em casa não sabiam o rumo
de tudo. O telefone pipocava, no Zap mil mensagens, geralmente com bobagens e
teorias que nunca vejo.
Moro entre Jundiaí e
São Paulo, de casa vinte minutos até Jundiaí e trinta e cinco até a Praça
Panamericana. Na noite anterior o Chico me liga dizendo para não esquecer de
completar o tanque do carro, coisa que nunca esqueço, e comentando todo estado
de coisas que acontecem.
Precisava ir à Jundiaí
pagar um salário e comprar algumas coisas, e pretendia passar pela sede do 12º
G.A.C ao menos para mesmo sozinho reverenciar nossa bandeira. Passei na casa de
meu amigo Andrei veterinário e R2 para convida-lo, mas ele não estava. Comprei
quatro pacotes de cigarros e fui.
Na rodovia Tancredo
Neves que me leva até Jundiaí estranhei o pouco movimento. Entrei na cidade com
pouco trânsito e fui fazer uma parte de meus compromissos, poucas pessoas nas
ruas.
Saí da Ponte São João
peguei aquela marginal que leva à avenida do 12º e acesso à Anhanguera e
parecia que nada acontecia. Mal passei a loja da Havan e carros estacionados
dos dois lados da avenida, o coração palpitava, parecia estar no grid com o
aviso dos três minutos levantado.
Consegui estacionar e
fui me juntar àquele mundo, nos trezentos ou quatrocentos metros que andei
consegui comprar uma bandeira, a minha tinha dado ao Chico numa manifestação
anterior, e com ela no peito, junto à Nossa Senhora Aparecida segui.
Da praça em frente ao
Batalhão subi a alça de acesso conversando com muitos e cheguei onde havia uma
barreira e lá fiquei conversando com o pessoal que já estava por lá há mais de
um dia. Tirei um maço de cigarros do bolso e acendi um, o caminhoneiro também o
fez e me disse que os cigarros estavam acabando e não sabia onde conseguir
mais. Lembrei dos pacotes que havia comprado e lá desci quinhentos ou
seiscentos metros para pegar, voltando entreguei um a ele para distribuir entre
os que lá estavam e os outros deixei em um caminhão onde voluntários distribuíam
água e alimentos.
De lá avistava uma
grande Bandeira hasteada no alto de uma grua e debaixo dela o som de nosso Hino
que tocava ininterruptamente. Subi aqueles 500/600 saldei-a e lá fiquei só
algum tempo, lembrei de meu amigo Arturão, o grande campeão que ao parar de
correr amava levar a vida na boleia de seu caminhão, livre leve e solto, e como
um marinheiro uma namorada em cada parada.
Descendo para praça
passo por um senhor com uma bandeira no peito e segurando outra, ando alguns
metros e resolvo voltar e pedir que ele me permitisse tirar uma foto. Conversava
com ele que me disse ter oitenta e dois anos e toca meu celular, era minha
querida amiga Fátima preocupada comigo e com tudo, conto à ela do senhor e sua
idade ao que ele retruca “diga à ela que é o Luis Carlos Sansone!”...o motor
deu uma engasgada, depois subindo de giro disse a ele “sou o Rui Amaral!”,
nossos sorrisos se iluminaram e um grande aperto de mão e um forte abraço selaram
um reencontro depois de talvez cinquenta anos.
Nas duas horas que
juntos ficamos muito papo, conheci sua filha e genro e falamos muito dos
amigos, para alguns até ligamos. Lembramos com carinho dos amigos Avallone,
Arturão, Miguel, Ferreirinha, Pedro, Lolli, Jayme, Gorga, Zambello e tantos
outros. A certa hora ele conta do telefonema do Chico horas antes para lembrar
do combustível e ligamos para o amigo, mas ele estava fora do ar.
Voltei à minha casa
para alimentar a Loira e o Mike, muitos telefonemas e mensagens, mais tarde
tranquilo sabendo que depois de todo atraso meu filho já estava em sua casa, e
feliz muito feliz com tudo.
Sansone, caro amigo, difícil
descrever a alegria em vê-lo firme e forte, daqui a pouco estaremos novamente
juntos, até lá um forte e fraterno abraço.
Rui Amaral Jr.
quinta-feira, 20 de outubro de 2022
CABEÇA DE VACA - por Henrique Mércio
Muito antes de Fernando
Alonso tornar-se um ídolo do automobilismo, os espanhóis torciam por Alfonso de
Portago nas pistas. Um piloto diferente, “Fon” era um nobre, autêntico marquês
que não se importava de disputar freadas com os “plebeus”. De curta carreira
(1953-1957), ele poderia ter entrado para a história da categoria como o piloto
de nome mais exótico a passar por ela: chamava-se Alfonso Antonio Vicente
Eduardo Angel Blas Francisco de Borja Cabeza de Vaca y Leighton Carvajal y Are.
Para evitar as piadas, incorporou o seu título nobliárquico (Marquês de
Portago) ao seu primeiro nome. Como dinheiro não era problema, nunca teve
dificuldades para comprar o carro que quisesse, até mesmo uma Ferrari.
Audacioso, uma de suas primeiras façanhas foi na aviação. Apostou com um amigo
que seria capaz de passar com um pequeno aparelho por baixo dos arcos de uma
ponte. De Portago ganhou a aposta, mas nunca pode tirar o brevê, ele que era
recém saído da adolescência. Gostava de correr com cavalos também e foi
integrante do primeiro time espanhol de bobsleigh (uma espécie de trenó),
competindo nas Olimpiadas de Inverno/56. Porém, como o próprio Fon disse certa
vez numa entrevista, sua paixão era o automobilismo. Casado, tinha dois filhos,
mas nunca deixou de agir como um latim lover, tendo muitas namoradas. Estava
quase sempre vestido de preto e com um cigarro na boca. Vestia-se de maneira
frugal, mas denunciava sua origem nobre ao falar. Na equipe a qual esteve por
mais tempo ligado, tinha uma relação difícil. Enzo Ferrari gostava de Portago
como cliente, não como piloto. Mas o convidou para substituir Luigi Musso
quando o italiano não pode continuar competindo em 1956. Das seis corridas em
que participou, a melhor foi em Silverstone, onde estava em terceiro, atrás de
Fangio e Moss, até ser chamado ao box, para ceder seu carro ao companheiro de
equipe, Peter Collins. Nesses casos, os pilotos dividiam os pontos da colocação
obtida. Fon de Portago entretanto, quis deixar bem claro sua insatisfação e
pegou na Ferrari de outro companheiro, Eugenio Castelotti, que havia batido.
Ele deu-se ao luxo de empurrar o carro abandonado e parou próximo à linha de
chegada. Então acendeu um cigarro, pulou para dentro do cockpit e esperou.
Quando o líder Juan Manuel Fangio recebeu a bandeirada e a corrida terminou, o
espanhol desceu e empurrou os metros que faltavam, recebendo a bandeirada em
10º lugar. Já sua parceria com Collins rendeu a 2ª posição, a melhor em sua
passagem pela F1. Em 57 ele continuou sua convivência instável com a casa de
Maranello. Escrevia à Scuderia, pedindo uma vaga na equipe de fábrica e como
resposta recebia uma foto sua, dando uma estampada em algum lugar. Em maio,
depois de nova desistência de Luigi Musso (virose), é escalado num dos carros
oficiais que participarão da Mille Miglia, uma singular competição de estrada
na Itália. A Ferrari tinha o modelo 335-S e contava com Piero Taruffi, Wolfgang
Von Trips, Peter Collins e Olivier Gendebien, além de Portago. A Mille Miglia
era disputada em estradas nem sempre fechadas ao público. Os carros tinham
numeração de três dígitos, de acordo com o horário de saída.
Partia da cidade de Brescia e seguia para Roma. Na capital dava meia-volta e retornava para o norte, para Brescia. Dias antes, reunido com seus pilotos, o Comendador provocou: “Não ficarei surpreso se Olivier (Gendebien) terminar na tua frente”, disse ele para de Portago, que não respondeu. Na verdade era mais que uma provocação, pois Gendebien iria correr com uma Ferrari GT, portanto menos potente que as 335-S da categoria principal.
O espanhol resolveu que
daria a resposta na pista e aquela madrugada, largou às 5:31, na companhia do
co-piloto Edmund G. Nelson, um velho amigo jornalista. Até Roma tudo foi bem.
Chegaram à capital na 5ª posição e encontraram a atriz Linda Christian (apesar
do nome anglicizado, era mexicana de nascimento), a grande paixão de Portago.
Ele freou perto dela, que foi até o carro e conversaram. O casamento nunca foi
motivo para que o marquês e Christian escondessem o namoro. Depois, trocaram um
beijo e ele prosseguiu até Bolonha, onde faria os reparos. Lá, uma surpresa
desagradável: seus mecânicos descobrem que a suspensão dianteira esquerda está
avariada e que seria melhor desistir, porque o carro não agüentaria até
Brescia. Fon toma a decisão condizente com o homem sem medo que era: ele ignora
e segue em frente. No retorno, não economiza o carro. Ultrapassa Manfredi em
Parma e depois Gendebien em Cremona.
Estava na terceira
posição, com Taruffi em primeiro e Von Trips em segundo. Collins um dos
ingleses queridinhos de Enzo desistira. A ordem final era clara: nada de
disputas domésticas. Taruffi deveria vencer, Von Trips seria o segundo e Fon, o
terceiro. A idéia de afrontar o velho arrogante desobedecendo-lhe os mandos,
devia estar germinando na cabeça de Portago desde aquela reunião de pilotos.
Faltando 30 km para a bandeirada, a Ferrari nº 531 aproxima-se da cidadezinha
de Guidizzolo e está num trecho de reta, a 220 km/h. Na entrada da cidade, a
quebra da suspensão comprometida (ou um pneu estourado) a faz guinar à
esquerda, bater num marco de sinalização de quilômetros e levantar vôo. Acerta
e derruba um poste telegráfico, que muda sua trajetória e a faz ir parar em
cima do público que está assistindo à beira da estrada.
Totalmente destruída, a
335-S vai finalmente parar numa vala à direita da estrada. Muitos feridos, dez
mortos, dos quais cinco crianças. Fon de Portago (28) e Eddy Nelson(40) foram
jogados fora do carro, depois da batida no poste. Nelson faleceu horas mais
tarde e o marquês morreu no ato. No blusão que vestia, havia além de seu
passaporte, uma pequena nota, dizendo que era católico e que se algo lhe
ocorresse, deveria ser chamado um padre.
Consideradas perigosas
tanto para pilotos quanto para o público, as Mille Miglia não foram mais
disputadas.
O acidente também
custou ao Commendattore um processo de quatro anos, que esvaiu os recursos do
time, forçando o início das malogradas negociações de sua venda para a Ford.
Enzo Ferrari terminou inocentado.
Henrique Mércio - Caranguejo
Post original de 16 de agosto de 2010
segunda-feira, 10 de outubro de 2022
Irresponsáveis
O vídeo a seguir
consegui no Twtter, segue o link. Assisti algumas vezes, a sensação é de um uppercut
na boca do estomago. Graças a Deus Gasly saiu desta.
Eles têm ao seu dispor quase mil câmeras e monitores, exageros à parte são muitos monitores e acesso direto às câmeras, estão lá para apenas isto, e erram, erram muito.
A soberba das respostas
deles me deixa perplexo, afinal eles lidam com vidas humanas pois por mais que
desavisados considerem pilotos super-homens pilotos são meros mortais, é certo
que quando chegam às categorias topo são seres distintos, super capacitados, mas
mesmo assim meros mortais.
Não vou exemplificar
aqui os erros deste ano pois foram muitos e abstive-me de escrever/comentar.
Desde o final do ano
passado quando os comissários técnicos não puniram Lewis quando cortou caminho
logo após a largada e teve vantagem sobre Max venho observando e prestando
atenção, vejam que agora em Suzuka eles aplicaram uma correta punição a Leclerc.
Já com Lewis...É melhor eu ficar por aqui.
2014 na mesma Suzuka,
com um pouco menos de tecnologia que hoje, mas com a mesma responsabilidade o
erro deles custou a vida de uma promessa, ontem quase, quase mesmo é Gasly quem
sofre as consequências, no fim o comunicado deles coloca a culpa no piloto!
Naquele 2014 conversando
com um amigo muito próximo que foi um grande piloto, alguém bem próximo a Eclestone
que com ele trabalhou na organização de diversas etapas do mundial, ele
escreveu para o História o seguinte texto;
“"É um horror, o que aconteceu no Japão.
Isso mostra que tem que ser mudado a gestão da Fórmula 1.
Os profissionais que
estão atuando com as principais responsabilidades, já fizeram a sua parte,
estão muito velhos e não estão levando a sério as suas responsabilidades.
O Charlie White tem que
ser punido, não poderia ter mais nenhum cargo no automobilismo, ele é o único
responsável pelo acidente do Jules Bianchi.
Se o Charlie White
fosse uma pessoa consciente com a sua responsabilidade e profissional, nada
teria acontecido.
É de obrigação do
Diretor da Prova em participar fisicamente de todos os exercícios simulados de
trabalhos de resgate de um acidente e tem que ser ensaiados todos os tipos de
acidentes em cada ponto do circuito.
Um trator não pode
entrar num circuito com os carros em movimento de corrida, tem que aguardar o
Safety Car a alinhar todos os carros.
Todo metido,
prepotente, arrogante e agora!!!"
Me perdoem por não divulgar seu nome, mas sei que qualquer problema ele certamente assumirá a autoria.
Ontem como hoje tudo
igual!
A Philippe Bianchi pai
de Jules.
Rui Amaral Jr