Porsche 718 GTR Coupé de Bonnier/Abate. Seu motor derivava do Porsche Formula Um. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
A Dino 196 SP de Scarfiotti/Bandini/Mairesse. Desde o ano de 1948 quando a Targa Florio voltou a ser disputada após a II Guerra Mundial a Ferrari sempre se empenhou em sua disputa com os melhores carros e pilotos que dispunha. Já mostrei a primeira grande vitória da Ferrari com seu primeiro carro no ano de 1948, uma 166S V12 - 2.0 pilotada por Clemente Biondetti e Prince Igor Troubetskoy. Voltou a vencer em 1949 e depois viu seus adversários apesar de seu grande empenho vencerem. 50 Alfa Romeo, 51 um incrível Frazer Nash Le Mans réplica, 52,53,54 Lancia, 55 a incrível vitória de Stirling Moss e a Mercedes Bens 300 SLR. 1956 outro competidor de peso entra na luta, a Porsche casa criada quase ao mesmo tempo que a Ferrari e vence neste ano com o 550 Spyder. 57 um ano atípico vence novamente a Lancia com uma Apia de apenas 1.100cc. A partir desse ano começa a luta ferrenha entre a Ferrari e a Porsche que já mostrei aqui na vitória de 1965 da Ferrari de Nino Vacarella e Lorenzo Bandini. Voltando aos anos 50 em 1958 a Ferrari vence novamente após nove anos com a bela Testa Rossa, para ver a Porsche vencer novamente nos anos 1959 e 60. 1961 e 62 volta a Ferrari a vencer. E chegamos a 1963 ano desta corrida que marcou uma das disputas mais ferrenhas de sua história, quando Porsche e Ferrari terminaram depois das dez voltas da corrida percorrendo 720 km com uma diferença de apenas doze segundos. Os protagonistas: A Porsche com dois 718, o 718 GTR coupé #160 para dupla Jo Bonnier/Carlo Maria Abate e o 718 GTR WPS Spyder #156 para dupla Umberto Maglioli/Giancarlo Bagheti, fora vários 356B Carrera 2.00Gs para outras duplas. Com seu motor flat de oito cilindros e 1.981cc os Porsche 718 é que iriam dar combate às Ferrari. A Ferrari vinha com toda sua força e as duas 250P com seus motores V12 de 2.953cc seriam pilotadas por quatro pilotos de ponta da casa, a #174 para John Surtees/Mike Parkes e a #172 para Ludovico Scarfiotti/Willy Mairesse. Vinha também com uma Dino 196 SP #190 com seu motor V6 de 1984cc, #160 para Lorenzo Bandini/Ludovico Scarfiotti/Willy Maresse. Fora diversas 250 GTO, uma do argentino Juan Manuel Bordeu que anos mais tarde correria se não me engano o Troféu Sulam em Interlagos. A Targa Florio por ser um circuito formado por estradas da Sicilia, fechados para corrida, tem sua largada feita carro por carro com uma diferença de trina segundos entre cada um. Naquele 5 de Maio de 1963 o primeiro carro a largar as 8 horas foi uma Alfa Romeo SZ #2 de Giuseppe Picciotti/Checco D`Ângelo “Bismark” e Lorenzo Bandini o ultimo às 8.34h, quando largou os ponteiros já estavam a dez minutos de completar a primeira volta com Scarfiotti 3,2 segundos a frente de Parkes nas 250P seguidos de Bonnier com o Porsche 718 a 30 segundos atrás, essa primeira volta foi completada por Parkes em 44m48s1/10. Descontada a diferença das posições de largada Bandini já vinha ao fim de sua primeira volta em quarto lugar. Na segunda volta Scarfiotti tem problemas em seu carro e Parkes vem liderando com um minuto de vantagem sobre Bonnier e um minuto e quarenta sobre Bandini. A Ferrari de 3.000cc dominava a corrida. A quarta volta foi fatídica para a Ferrari, primeiro a #172 depois de duas paradas bateu quando Mairesse pilotava e logo depois a #174 também bateu com John Surtees ao volante. Derrepente a liderança caia nas mãos do Porsche #160 que a esta altura era pilotado por Abate, vindo Scarfiotti que a sem a 250P agora pilotava a Dino #190. Pilotando muito rápido e com seu estilo preciso de sempre Scarfiotti na sétima volta já havia tirado a liderança do Porsche de Bonnier/Abate. Na oitava volta Mairesse substitue Scarfiotti e a Dino já estava com quase um minuto de vantagem para o Porsche, mais duas voltas ou cento e quarenta e quatro kilometros e a vitória. Na nona volta Bonnier tira dez segundos, e em algumas partes do circuito começa a chover. Por causa da diferença de seus lugares de largada a diferença entre eles na pista era de seis minutos e sem a referencia do adversário os dois aceleravam muito e andavam forte, um para manter a dianteira e o outro para tentar descontar a diferença. O belga Willy Mairesse vislumbrava finalmente uma vitória na Targa Florio, gloria absoluta para um piloto da Ferrari. Bonnier já tinha cruzado a linha de chegada com um tempo de 6h55m45s e 1/10, Mairesse vinha seis minutos atrás, mas ainda a mais de trinta segundos de vantagem. Quando faltando apenas centenas de metros para a chegada, numa curva de alta seu carro escapa e bate. Com a tampa traseira do motor quase que toda aberta ele volta a pista para desesperadamente tentar manter a liderança. E cruza alinha de chegada com um tempo 12 segundos superior ao do Porsche. Bonnier/Abate trazem novamente a vitória a casa Porsche depois de dois anos de domínio da Ferrari. Ferrari 250 GTO Kalman/Andrews Jaguar E Type Baggio/Ravetto Simca Abarth de Venturi/Zeccoli e Ferrari 250 GTO de Lualdi/Bini Austin Mini Cooper "Twini" com dois motores de 998cc e tração nas quatro rodas do grande piloto e jornalista Paul Frère e Whitmore. NT: No meu imaginário dos onze anos uma corrida se destacava de todas outras, era a Targa Florio. Nessa época um nome para mim já se destacava, era Nino Vacarella um piloto que nunca chegou a ser de ponta no universo do automobilismo mais venceu mais de uma Targa Florio. As fotos e grande parte do texto tirei de um caderno que a esta altura já tem quase cinqüenta anos, os registros do Formula 2 Register uma fonte constante de pesquisas para mim. A Targa Florio já acabou a muitos anos e a maior frustração de minha carreira bissexta de piloto foi não ter participado de nenhuma de suas edições.
Stirling Moss e Denis Jenkinson vencem a Mille Miglia de 1955 http://ruiamaraljr.blogspot.com/2009/08/stirling-moss-e-denis-jenkinson-vencem.html#ixzz12UzDOmi6 |
No que diz respeito às corridas de carreteiras no Brasil, nas décadas de 1940/50, o motor mais "quente", o mais utilizado pelos pilotos para equipar seus veículos e o que se apresentava mais disponível na praça, era o que vinha de fábrica nos automóveis Ford ou Mercury V8, com maior ou menor cavalaria, cerca de 100 ou de 130 HP respectivamente, o qual, devidamente preparado com equipamento fabricado nos Estados Unidos poderia chegar aos 150 ou 200 HP.
Mas, como dizia o piloto curitibano Paulo Buso, não era nada fácil conseguir isso e pior ainda um motor mais forte, bem como a "perfumaria" necessária para torna-lo competitivo.
Em consequência, os mecânicos da época eram obrigados a realizarem verdadeiros milagres mecânicos para que, utilizando os parcos recursos que tinham à mão, fazer com que o motor preparado rendesse o que era esperado pelos pilotos dos carros.
Uns poucos pilotos tinham condições de ir aos Estados Unidos buscar os equipamentos necessários ou importa-los. A maioria, recorria aos "hermanos" argentinos para conseguirem as peças, caras com certeza.
Os pilotos em condições de obter os melhores motores e equipamentos importados para "envenena-los", certamente tinham maior chance de vitória nas corridas.
É o caso, por exemplo, do destacado piloto gaúcho de Passo Fundo - Orlando Menegaz - que, já em 1957 equipou sua carreteira Chevrolet 1938 com motor V8 e câmbio do esportivo Chevrolet Corvette, carro este que havia sido lançado pela General Motors norte-americana em 1953 com motor de 6 cilindros em linha e que a partir de 1955 começou a ser equipado com motor de 8 cilindros em V, de alto desempenho.
A instalação e testes da nova mecânica e acerto do diferencial da carreteira consumiram um ano de trabalho, mas, a partir de 1958 Menegaz começou a colher bons resultados, vencendo as seguintes provas: Centenário de Passo Fundo - 02-02-1958, Festa da Uva/RS - 09-03-1958, Circuito Automobilístico de Melo/Uruguai - 30-03-1958, VI Mil Milhas Brasileiras/SP - 25-26-11-1961, II 500 Quilometros de Porto Alegre/RS - 23-09-1962.Esse motor, novo, superava 200HP e foi vendido a Menegaz por outro piloto de carreteira gaúcho - Argemiro Adolfo Pretto - dono de concessionária Chevrolet na cidade de Encantado/RS e que havia importado três unidades pela então CACEX do Banco do Brasil.
Isto, além de obter o terceiro lugar no Circuito Internacional de Automobilismo do Uruguai - 23-03-1958 e terceiro e quarto lugares em duas provas do Circuito Cavalhada/Vila Nova/RS.
Em 1957, Menegaz, correndo em parceria na carreteira equipada com motor V8 Corvette também de outro piloto gaúcho - Aristides Bertuol, venceu mais uma Mil Milhas Brasileiras.
Bertuol buscou esse motor nos Estados Unidos, transportando-o ao Brasil num avião da Varig Internacional comandado pelo gaúcho Gastão Werhang, que por sua vez pilotava a carreteira do conterrâneo João Galvani, equipada com motor Corvette também.
São fatos que mostram ao leitor a dificuldade em se conseguir bons equipamentos automobilísticos de competição naqueles tempos... Aliás, o antigomobilista passofundense Nelson M. Rocha afirma que Orlando Menegaz foi o primeiro piloto de carreteira a usar cinto de segurança no banco, "emprestado" de um avião Douglas DC-3 da Varig em 1961! Na foto, a carreteira de Menegaz na vitória deste nos 500 Quilometros de Porto Alegre em 1962.
ParanáOnline http://www.parana-online.com.br/canal/automoveis/news/483222/?noticia=ORLANDO+MENEGAZ+FOI+UM+PIONEIRO+DAS+CORRIDAS+DE+CARRETEIRAS 14/10/2010 às 00:00:00 - Atualizado em 13/10/2010 às 21:34:06
Agradeço ao jornalista e amigo Ari Moro de Curitiba-PR, a cedência deste.