A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

GYRO GEARLOOSE



Opala Divisão Um.
FEI X20.

Existem homens que desenvolvem uma relação especial com seus carros  – aquele negócio de “prolongamento de meu ser”   Acredito que se desenvolva em bases que os meros mortais não consigam entender. Como o pai que zela pelo seu filho, o pastor que cuida do seu rebanho, enfim. Agora tente imaginar o que se passa com aquele que projeta seu próprio veículo. Ele o conhece mais do que ninguém, do parafuso ao capô do motor. Alguém como o Prof. Ricardo Bock. Profundo conhecedor de mecânica, Bock sempre compartilhou com a máquina um sentimento de...digamos, sedução. O desejo de possuir, arrebatá-la, conquistá-la e dar-lhe a forma que quisesse. Porém, alguns desses anseios, o Professor pode saciar em seus tempos de piloto, de admirador da velocidade, um perseguidor de recordes. Mas sua inventiva mente não iria ficar satisfeita apenas com vitórias e troféus. O que isso lhe traria? Era preciso ousar, ir além, romper o paradigma. Talvez até, ao projetar seu próprio carro, quisesse o Professor Bock  transmitir o seu amor à matéria inerte, dando-lhe mil formas. Como os artistas fazem. Dar vida? Isso é outra coisa. Penso que o Professor quis imprimir, quis forjar, quis fundir a sua vivência, a sua emoção, o seu sentimento, a forma de sua alma, quem sabe? Perguntaremos a ele, talvez. Criador e criatura. O que sabemos do criador? Homem simples, trabalhador, engenhoso. O que sabemos da criatura? Nada sabemos dela. Seu nome: X 20. Pois como ela, não há nada no mundo. Futurista, revolucionária, pós-moderna...não devemos rotular pois as grandes obras não podem ser vistas com os olhos da alma fechados. Perder-se-ia a sua essência. Devemos observar todos os ângulos, esgotar todas as possibilidades e pensar: “Sim, os sonhos existem”. Para quem achou estranho, o título refere-se ao personagem das histórias em quadrinhos Disney, Professor Pardal.  Gyro Gearloose é o seu nome original e ocorre que os amigos do nosso enfocado, muitas vezes o comparam a esse fictício  inventor.

C.Henrique

Passat Divisão 3.
Ricardo Bock, Miguel Crispim Ladeira, Rui Amaral Jr. Eu com dois gênios. 
Atrás vê-se Bird Clemente e Ceregatti. 

De uma conversa com meu amigo Caranguejo saiu este texto que ele assina como C. Henrique. Alguns textos ele assina  Henrique Mércio outros Caranguejo o certo é que cada vez que leio e abro para postar sei que é de outro amigo genial. Rui Amaral Jr    

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O CAMPEÃO DAS DUAS RODAS




Tarde de domingo ensolarado, início de verão. Dia de ver Euclides Pinheiro, o Campeão das Duas Rodas. Eu o vi em ação pela primeira vez lá por 1974 e não era na TV não. Era real e ali estava aquele piloto corajoso, audacioso, equilibrando um Chevette azul e branco, como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Quem era ele? Mais tarde vinha a saber que já fora um piloto de aviões e competira na primeira prova de Kart disputada no Brasil, no Jardim Marajoara, em agosto de 1960. Com os automóveis, disputara pelo menos dois 500 Km de Interlagos, chegando sempre entre os ponteiros. Mas na época isso não importava.
Fascinava era vê-lo dirigir e fazer com o carro o que queria. O show era composto de uma primeira parte com derrapagens controladas, propiciando um incrível “duelo sobre rodas” entre o Chevette e um Opala, o outro carro da equipe. Como podiam passar tão perto um do outro sem danos? Para Euclides era moleza. Ele era o discípulo direito do francês Jean Sunny, que para cá veio nos anos sessenta, promover o lançamento do Simca no país.
Quando Sunny retornou à França, Euclides Pinheiro assumiu o comando do “Simca Show”, viajando por capitais e pelo interior do país, com suas incríveis manobras e de vez em quando, fazendo aparições na televisão ou levando sua perícia a lugares distantes. Depois, nos anos setenta, a equipe teve prosseguimento com o apoio da Chevrolet. Retornando no tempo àquele distante domingo, a segunda parte era a mais emocionante, com os carros percorrendo o trajeto improvisado em duas rodas. Euclides promovia uma interação entre homem e carro, com paradas de mão na frente do veículo ou plantar bananeira na lateral do Chevette inclinado. Resumindo, um pioneiro, o mentor de tantos outros pilotos-acrobatas que surgiram depois. Uma lenda, cuja mão senti-me orgulhoso em apertar.

Caranguejo









 http://www.sallorenzo.com.br/ 

Recebi do fotografo Paulo Sallorenzo estas fotos do Euclides feitas no Rio na década de setenta. Junto um comentário dizendo que como na época tinha conseguido ficar tão perto dos carros andando em duas rodas e fazendo todas acrobacias, ele credita isso ao fato de na época ter uns vinte anos e toda empolgação da mocidade, já eu credito ao grande fotografo que ele já era.
Obrigado Paulo pelas fotos e ao Caranguejo pelo texto.    

terça-feira, 29 de junho de 2010

OS GAÚCHOS



O automobilismo Gaúcho sempre foi forte e muito antes da inauguração de Tarumã já se fazia presente com grandes nomes em todas corridas de vulto pelo Brasil. Prova disso são as vitórias deles nas Mil Milhas Brasileiras em Interlagos nos anos 50 com grandes pilotos como Catharino Andreatta, Orlando Menegaz, Breno Fornari, Aristides Bertuol, Italo Bertão.
O que sempre me admirou nesses pilotos era que traziam os nomes de suas cidades pintados no carro, como uma bandeira, Passo Fundo, Bagé, Encantado, Lageado, Erechim e por aí vai. Sei que na época havia uma certa rivalidade entre eles, e este é um assunto para pesquisar e escrever sobre um dia.



José Otero #26 na largada em Encantado.

Pois é, meu amigo Caranguejo -Henrique Mércio - é de Bagé e quando viu a foto do piloto  José Otero na largada do 1º Circuito do Alto Taquari RGS na cidade de Encantado largando com sua carretera #26 atrás de outra carretera #4 logo me enviou um e-mail contando que o piloto era Bajeense e algumas lembranças de sua carreira.

Infelizmente temos pouco material sobre o José Otero, sabemos que participou da 1ª Mil Milhas Brasileiras, portanto se alguém souber mais e quiser nos dar os detalhes mostraremos com toda certeza a carreira dele.



José Otero largando na prova Porto Alegre-Bagé.
Circuito da Zona Sul, interessante prova que largava em Guaiba, região metropolitana de Porto alegre e seguia para Bagé, passando por cidades como Caçapava do Sul e Lavras. Depois, retornava à Guaiba, mas pela estrada de Pelotas, passando por Camaquã.
Na foto de Francisco Landi, que participou dessa prova em 1950 e foi o segundo colocado na primeira etapa com seu Nash.


A meu amigo Bajeense Caranguejo e todos pilotos Gauchos que levaram o nome de suas cidades e estado com muita garra a todos os lugares onde havia uma competição automobilistica. 




segunda-feira, 17 de maio de 2010

O ÁS DE ESPADAS - Henrique Mércio

Arranjos e combinações não são fato recente na história da F1. Pesquisando, podemos encontrá-los até na chamada época mais “pura” das competições, os dourados anos cinqüenta. Mesmo nesses tempos mais inocentes, deparamo-nos com traições e artimanhas e a sombra da suspeita a rondar acontecimentos que deveriam ser vistos como tristes fatalidades, não mais. Aquele a que nos referimos é o desdobramento de outro. Começa com o acidente fatal do bicampeão Alberto Ascari, em 1955. Não entraremos no mérito da morte de Ascari, ao volante de uma Ferrari, num dia em que nem deveria estar no autódromo de Monza e sem uma testemunha sequer para contar como tudo aconteceu. Com o vazio deixado pela morte do grande campeão, iniciou-se uma busca por seu substituto. Enzo Ferrari contratara para a temporada de 1956 o argentino Juan Manuel Fangio, ainda competitivo apesar de seus quarenta e cinco verões. Ao mesmo tempo, começa a procura de um novo nome. A Ferrari aposta suas fichas em seis novos pilotos, grupo a quem batiza Squadra Primavera: o alemão Wolfgang von Trips (28), os ingleses Mike Hawthorn (27) e Peter Collins (25) e os italianos Eugenio Castellotti (27), Cesare Perdisa (24) e Luigi Musso (32). Perdisa foi o primeiro deles a desistir.
Luigi Musso , Ferrari .
Achando-se mal aproveitado pela Ferrari, foi-se embora para a Maserati. Os demais, exceto Hawthorn, tiveram de sujeitar-se em dividir a equipe com o Velho Maestro. Como o regulamento previa a inscrição de um piloto em vários carros, quando tinha problemas com a sua Ferrari, Fangio pegava a de algum companheiro e continuava na corrida. Foi assim que ele venceu o GP da Argentina em dupla com Musso; foi o segundo e o quarto colocado em uma mesma corrida, o GP de Mônaco (fato inédito), correndo com Collins e Castellotti e segundo colocado no GP da Itália, de novo com Collins. Essa corrida aliás,pode ser taxada como um melodrama italiano ao som de um tango argentino: Fangio, cujo carro mais uma vez tivera problemas, foi ao Box. Estava disputando o título da temporada na última corrida do ano com Stirling Moss, que estava na liderança. A Ferrari sinalizou para que Musso cedesse seu carro, mas...ele não parou. Depois justificaria sua recusa, dizendo que como vinha fazendo uma boa prova (estava em segundo), não viu motivo para “sacrificar-se”. Enquanto a equipe tentava consertar o carro de Fangio, Collins fez o seu pitstop. Ao ver o argentino parado e depois de informado sobre o que estava acontecendo, ele graciosamente cede sua Ferrari ao companheiro. O time não o havia solicitado porque Collins também disputava o título, o que deu ao seu gesto uma grandeza maior. Por outro lado, Musso pode ter começado a tornar-se antipático dentro da equipe nesse dia, embora tenha enfrentado problemas com os pneus, e sequer completado a corrida. A verdade é que ao não ajudar o Fangio, ele colaborava para o título de Moss e da velha rival da Ferrari, a Maserati. Imperdoável. Com o carro emprestado, Fangio terminou na segunda posição, mais do que suficiente para o quarto título. E por pouco não venceu, pois Moss ficou sem combustível no final e só conseguiu reabastecer porque um outro piloto de sua equipe, Luigi Piotti, empurrou sua Maserati até os boxes com seu próprio carro. Hawthorn, prudentemente, ficou fora do caminho do El Chueco só retornando à equipe depois que Fangio saiu da Ferrari, ao final do campeonato.
Quando retornou ao time, o Ruivo deu um jeito de consolidar-se no time, formando uma “sociedade inglesa” dentro da Ferrari, com o amigo Peter Collins. Em contrapartida, algo bem típico do temperamento italiano, Musso e Castellotti desgastavam-se numa estéril rivalidade enquanto von Trips parecia preferir ficar à distância.
 Em 1957, Castellotti morre treinando em Modena, o que fez Musso ficar mais isolado. Ele também tomou atitudes temerárias para um piloto da Ferrari: criticou a equipe, dizendo achar que Castellotti morrera em virtude de uma falha nos freios (oficialmente, Enzo dissera que o piloto andava muito cansado, pois passava viajando para ficar ao lado da namorada, a atriz Delia Scala). Em razão disso, fez exigências quanto à preparação de seu carro e resolveu pedir o seu prêmio em dólares quando a corrida fosse fora da Itália, como o faziam seus companheiros ingleses; uma série de atitudes que afetaram ainda mais sua pouca popularidade junto a membros da própria Scuderia. A essa altura, Enzo Ferrari já estava percebendo que o automobilismo era inflacionário. A verba do Grupo Fiat que lhe era destinada (300 milhões de liras) mostrava-se insuficiente. A solução? O Comendador descobriu que a esposa de Peter Collins era filha de um colaborador do secretário sueco que servia à ONU e tinha contatos fortes junto à Chrysler. Ansioso por atrair o “sogrão” de Collins, Don Enzo começou a fazer vista grossa a algumas ações da dupla inglesa. Hawthorn e Collins, que corriam pela Ferrari também no campeonato de Sport-protótipos fizeram um acordo: não correriam mais juntos. Suas chances de uma premiação dobrada aumentava, estando cada qual num carro. Assim, cada um formaria uma dupla diferente e depois juntariam os prêmios ganhos e dividiriam. Quando soube disso, Musso não gostou. Devido ao seu tipo físico a equipe determinara que Hawthorn e Musso (que eram os mais altos) formassem uma dupla fixa. Seria menos problemático ajustar um cockpit para ambos. Mas o romano achou que seria prejudicado, pois se numa corrida ele estivesse em segundo e Collins fosse o primeiro, seu companheiro não o ajudaria a tentar superá-lo, pois a combinação dos resultados o favoreceria. Musso ficou quieto algum tempo, mas no começo da temporada de 58, depois do esvaziado GP da Argentina, ele não agüentou mais. A corrida portenha teve apenas dez carros: seis Maseratis, três Ferraris e um Cooper. O carrinho inglês, o único com motor traseiro no grid e com Stirling Moss ao volante foi o vencedor, deixando as tradicionalíssimas Ferrari e Maserati para trás. Musso e Hawthorn chegaram em segundo e terceiro, respectivamente, mas as críticas choveram em cima do italiano. Este reagiu como sabia: atacando. À televisão argentina, contou sobre o “acordo britânico” e conclamou von Trips a correr com ele nos 1.000 Km de Buenos Aires, prova de Sport-protótipos dali à uma semana.



Musso e Gendebien
Musso e a Maserati Sport.
 A repercussão foi enorme na Europa, embora tenham sido providenciados alguns panos-quentes. Para os 1.000 Km, Musso ganhou a companhia do belga Olivier Gendebien. Nos treinos, a dupla obteve o terceiro melhor tempo e tudo parecia bem. Na noite que antecedeu a prova porém, o jornalista Marcello Sabbatini recebeu um telefonema anônimo no Hotel Colon, que pedia que avisasse Musso para ter muito cuidado nas primeiras voltas da corrida, pois seu carro havia sido sabotado. O jornalista, sem saber o que fazer, comentou o fato com Guglielmo “Mimmo” Dei, dirigente da Scuderia Centro Sud, através da qual Luigi Musso iniciara sua carreira em 1953. Mimmo Dei primeiramente ficou preocupado, mas depois achou que tudo não passava de um trote, uma brincadeira inofensiva. No domingo, responsável pelo primeiro turno de pilotagem, o romano larga na ponta, mas na segunda volta sai da pista e só não se acidenta com gravidade porque algumas telas de arame o detém (parte da prova era disputada na rua). Ao verificar o problema, percebe que está com a barra de direção rompida. Ileso, o piloto irá continuar na prova, ao lado de Gendebien/von Trips, terminando em segundo, atrás de Collins/P.Hill. A temporada que estava recém começando, prometia bastante para Musso. No ano anterior ele fora o terceiro no campeonato, perdendo para Fangio e Moss. Fiel à Ferrari, recusara um contrato com a BRM e os resultados do modelo 246 até lhe davam razão.

Hawthorn, Musso e Schel.
No GP da França em Reims, Musso já tinha dois segundos lugares (12 pts) e disputava com Hawthorn, que tinha a mesma pontuação (um segundo, um terceiro e um quinto lugares) para ver quem receberia a atenção do time na luta pelo título. Na veloz pista francesa (quase um trioval), o Ruivo fez o melhor tempo, mas Musso estava logo atrás e acreditava ter um trunfo. Fangio, demonstrando que não restara mágoa de sua parte pelo episódio de Monza dois anos atrás, ensinara-lhe um truque para vencer em Reims: fazer a Curve Muizon de “pé embaixo”. Hawthorn pula na frente, mas Musso o segue e usando o método do Fangio, está cada vez mais próximo, contudo na nona volta perde o controle e capota justamente na Muizon. Deste vez, nada pode salvá-lo. Naquele tempo não havia transmissão pela TV nem tampouco havia testemunhas no local, exceto um gendarme, que contou o seguinte: “Os dois carros se aproximaram da Muizon(...) não se tocaram, mas me pareceu que o da frente (Hawthorn) freou demasiado forte, obrigando o de trás (Musso) a frear também e em seguida perder o controle”. O sempre sorridente Mike Hawthorn, era famoso por sua “freadas francesas”. Três anos antes ele fizera o mesmo com o piloto Lance Macklin durante as 24 Horas de Le Mans, desencadeando uma verdadeira hecatombe com mais de oitenta mortos. Tentando desviar, Macklin tocou no Mercedes de Pierre Levegh, e o resto é história. Na época muitos, inclusive a bairrista imprensa inglesa saíram em defesa de Hawthorn. Ele por sua vez, manteve um silêncio, para seus acusadores “ensurdecedor”, sobre o assunto. Tanto é que os dirigentes alemães o tornaram “indesejável” em suas pistas por um ano. Agora, passado algum tempo, será que o acontecimento do passado transformara o Ruivo num piloto frio e perigoso? Quem sabe a Ferrari também não estivesse contente com o romano?

Musso e a Ferrari em Monza.
Ele era um rebelde e a equipe era dirigida por alguém centralizador e que não gostava de pilotos com “cabelos nas ventas”: Enzo Ferrari. Uma outra tese diz respeito ao fraco de Musso: o carteado. Sem sorte no jogo, recentemente ele teria perdido a soma de dez milhões de liras e seu credor seria um “homem de honra’, um homem da Máfia. Musso teria recebido ameaças para que resgatasse suas dívidas, ou algo ruim iria acontecer. Isso poderia gerar nele uma motivação extra para a corrida, pois à época, o GP francês era o de melhor dotação no campeonato e o prêmio ao vencedor era justamente de dez milhões de liras. O Grande Prêmio prosseguiu após a tragédia e foi vencido por Hawthorn, sendo essa sua única vitória em 1958 na Fórmula 1. Vinte e oito dias depois, seu amigo Collins morreu durante o GP da Alemanha em Nurburgring, enquanto perseguia Tony Brooks. O acidente teve uma dinâmica parecida com o de Luigi Musso. Hawthorn venceu aquele campeonato, com um ponto de vantagem sobre Stirling Moss. Ele anunciou sua retirada das pistas, mas em janeiro de 1959 morreu após colidir seu Jaguar MK1 contra uma valeta, num acidente de estrada. Se as vidas destes homens era como um jogo de cartas, nenhum tinha uma “boa mão”, uma mão vencedora. Talvez todos tivessem um Ás de Espadas.












Muitos consideram o Ás de Espadas a “carta da morte”.  Caranguejo



terça-feira, 4 de maio de 2010

quarta-feira, 21 de abril de 2010

DIRETO DOS AMIGOS

Nosso amigo "Caranguejo" toma conta do bloguesinho no post de hoje, desenterrando mais uma história automobilística, desta vez envolvendo nosso querido "Bocão" Pegoraro. Não deixem de ler. Leandro Sanco



Acima meus amigos Leandro e Caranguejo mostrando mil peripécias de nosso automobilismo, com a costumeira competência.
E o “banner” abaixo é do novo blog do Carlos de Paula onde vai mostrar resultados de corridas no Brasil. O banner, feito por mim, pode não ter ficado muito bonito e isso se deve a minha falta de habilidade para lidar com essa maquina.

Aos três amigos meu muito obrigado por tudo.

Abraços, Rui






terça-feira, 20 de abril de 2010

ENCONTRO DE GIGANTES

Keith Duckworth, Chapman, Clark e Hill olham o Ford Cosworth DFV.

Zandvoort/67

Corrida divisor de águas, foi nela que o mundo das corridas viu estrear o mais vitorioso propulsor da Fórmula 1 de todos os tempos, o motor Ford Cosworth V8, que sob muitos aspectos, foi o componente que garantiu a sobrevivência da categoria e permitiu o surgimento de muitas novas equipes. Zandvoort era uma pista próxima do litoral holandês, com uma estranha característica: proporcionava um novo desafio aos pilotos devido a areia que invadia o asfalto, formando uma perigosa mistura com o óleo dos carros. Nunca se conseguia determinar a quantidade desse “produto” na pista, apenas seu perigo real. Teria sido o fator determinante no acidente fatal de Piers Courage em 1970. Na corrida de 1967 estrearam alguns carros novos como o Brabham BT 20, BRM P83 e Eagle-Weslake T1G, além do Lotus 49-Cosworth. Enquanto Hill já o conhecia e testara, Clark só viu o novo carro na pista holandesa.
Chapman e Clark

 Nos treinos, Graham foi o melhor na sexta-feira (1:25,6). Gurney, o segundo, apenas dois décimos atrás. E Clark, só problemas. G.Hill e “The Great Daniel” continuavam debatendo a pole e Dan, após estabelecer 1:25,1 parou achando que não seria alcançado. Hill continuou e em sua última tentativa marcou 1:25,0 (mas os cronômetros oficiais acusaram 1:24,6). Para Clark, só a terceira fila, ao lado de Hulme e Surtees. No dia do GP, já na largada, Jimmy ganhou duas posições, pois a direção de prova holandesa (sempre inepta) esqueceu que um dos fiscais ainda estava no meio do grid e largou assim mesmo. Hulme e Surtees tiveram que desviar do bandeirinha e perderam tempo.
As primeiras voltas foram num ritmo tranquilo e na volta 7, Gurney parou nos boxes . Ele voltaria só para abandonar na volta seguinte, com problemas na injeção de combustível. Uma volta depois, Hill abandonava na liderança: um dente de uma engrenagem de seu motor quebrou. A Brabham de Old Jack assumiu a ponta, mas após 15 voltas, Clark já estava pegando gosto pela nova barata. Ele havia ultrapassado Rindt e na volta seguinte deixa Black Jack para trás. Rodriguez quebra, Rindt e Stewart também.

Hulme é quem consegue sobreviver. Ele se impõe no terceiro lugar e resiste aos ataques de seu compatriota, Chris Amon. O “Rei do Azar” será o quarto colocado, à frente de Mike Parkes e Ludovico Scarfiotti, todos de Ferrari. Clark vence fácil, 23 segundos à frente de Brabham. Para Clark, Lotus e Cosworth era o começo de uma relação curta, porém marcante e vitoriosa. O grande campeão morreria numa prova de F2 na Alemanha em 68. Já o Cosworth só encerraria sua jornada em 1983.



C.Henrique Mércio
 
 
Clark já no grid.

Durante a corrida notem suas mãos a volante e a tocada suave.
Clark e a Lotus em Monaco.

Seu lugar de direito, o alto do podium.
 

quinta-feira, 18 de março de 2010

BRITISH GP BRANDS HACTH 1966. - por Henrique Mércio

UM DIA EM JULHO...


Brands Hatch, perto de Kent, 1966. Na bela pista cujo desenho acompanha a topografia do local reunem-se vinte pilotos prontos para encarar o desafio de 80 voltas. Ocupando a pole position está o líder do campeonato, o australiano Jack Brabham. Antigamente a expressão austera, os cabelos pretos e a tendência ao isolamento e silêncio levaram os colegas a apelidá-lo “Black Jack”, mas os tempos eram outros. Agora próximo de completar 40 anos, Brabham luta contra seus próprios fantasmas: quer vencer um campeonato pilotando um carro que leva seu nome e provar aos críticos que consegue ser tão veloz quanto seus companheiros de equipe. A Fórmula 1 já demonstrava nessa época uma característica de nossos dias: o imediatismo. Não importa o seu histórico de vitórias e conquistas; você será avaliado pela corrida de ontem. E se as coisas não andam boas, terá uma nota baixa. Mas contudo, o velho bicampeão parece estar tão bem como nunca. A temporada de 1966 é uma temporada de transição. As regras foram mudadas e todos tiveram de passar para motores de até 3 litros, fazendo surgir as combinações mais estapafurdias como Lotus-BRM, Cooper Maserati, Brabham-BRM e até Cooper Ferrari. Só que a Equipe do Cavalinho Rampante, principal avalizadora de tais mudanças, como soe acontecer, não estava obtendo os resultados esperados. Tudo o que conseguiu foi que seu temperamental campeão, John Surtees fosse embora da equipe. Outros favoritos potenciais também tem seus problemas: Graham Hill chegou ao limite com a BRM. Dentro de um ano estará ao lado de Clark na Lotus. O escocês por seu lado, está às voltas com a defasada Lotus Climax 33. A opção é a Lotus BRM 43, o típico carro complicado. Gurney está envolvido com o desenvolvimento do belo (e igualmente complicado) Eagle Climax. Stewart ainda está cercado de pilotos de maior envergadura e capacidade do que ele. Terá melhor sorte no futuro, quando lutará contra jovens lobos, ao lado dos quais será o mais experiente e por fim, Jochen Rindt, sempre veloz mas penalizado pelo seu próprio destempero. Resta Brabham, com seu motor Repco, derivado de um bloco de alumínio Buick-Oldsmobile V8. Embora visto com desdém pela concorrência, o Brabham Repco BT19 mostrou seu valor no GP da França, dando a Jack sua primeira vitória desde 1960. Evitando comparações desfavoráveis, o companheiro de equipe de Brabham é o neozelandês Denny Hulme. Discreto como o patrão, Hulme vai ajudá-lo na conquista do tri. Depois, pensará em si próprio. Há um vácuo de poder do qual o australiano quer tirar partido.

Jack Brabham seguido de Dan Gurney, Denis Hulme, Jim Clark e John Surtees.  

 Largada: “Old Jack” dispara na ponta querendo provar que Reims não foi um acaso e que ele tem nas mãos um “cavalo vencedor”. Gurney vem logo a seguir, mas não passará da 9ª volta. Denny Hulme o acompanha obedientemente enquanto os demais se engalfinham. Como demonstração inequívoca de superioridade, os Brabhams são os únicos que completam as 80 voltas e Black Jack mete 9.6 em cima de Hulme, na maior sem-cerimônia, além de cravar a volta mais rápida com 1`37 “duro”. Na briga pelas migalhas, Hill e o BRM P-261 levam vantagem ante Clark e a Lotus Climax. Depois vem Rindt e Bruce McLaren e o McLaren-Serenissima. Após a bandeirada, não há mais dúvidas. Black Jack está de volta, embora os cabelos já não sejam tão pretos. Venceria mais dois GPs e terminaria o ano tricampeão. O motor Repco enfrentaria o mitológico Ford Cosworth nas pistas no ano seguinte e sairia vencedor devido a sua regularidade. Seria sua última façanha, mas o nome de Brabham já estava consagrado como piloto-construtor.


Bruce MacLaren, MacLaren/Serenissima e Denis Hulme, Brabhan/Repco.  

Jack Brabhan e Jochen Rindt Cooper/Maserati.  

Graham Hill, BRM. 

Graham Hill seguido de Jackie Stewart BRM, JimClark Lotus/Climax e Peter Arrndel de Lotus/BRM.  

John Surtees e Jochen Rindt ambos de Cooper/Maserati. 
Dan Gurney de Eagle/Climax e John Surtees Cooper/Maserati.

Hill, Hulme e Clark.

Rumo ao Tri Campeonato Jack Brabham recebe a bandeirada da vitória.




Brabham carro e piloto uma dupla vencedora.