A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

segunda-feira, 14 de março de 2022

Torneio Sulam 1971 - Torneio Sudam

 

Tite e a Lola T210
Da esquerda para direita, a Lola de Casari, ao seu lado a de Avallone, atrás os Puma talvez do Zé Pedro, mais atrás o Regente de Breno, na frente o Casari  de Jan, o  Berta de Ternengo e o RPE de Renato Peixoto.

O ano começava magico, Luiz, Anísio e Walter montavam uma grande equipe que logo estaria nas pistas. Em março eu finalmente iria estrear. Cascavel, hoje autódromo Zilmar Beux, Tarumã e outras pistas entravam no circuito, finalmente os pilotos brasileiros teriam onde acumular experiencia e nosso automobilismo poderia sair do eixo São Paulo, Rio de Janeiro, evoluindo para o profissionalismo.

No final do ano anterior Emerson havia vencido nossa primeira corrida na Formula Um, e agora era titular e primeiro piloto de uma equipe de ponta. Fora as grandes vitórias dele com a Lola T210 em Interlagos e Tarumã. Carlos Pace e Wilson Fittipaldi brilhavam na Formula Dois e muitos de nossos pilotos rumavam ao Velho Continente.

Nas pistas brasileiros e argentinos disputavam desde há muito, talvez desde a década de 1930, no começo dos anos de 1960 foram trazidos muitos carros antigos da Formula Um, que adaptados com motores “de rua”, altamente preparados, geralmente V8, era Formula Continental. Eles tinham dois pilotos vitoriosos na Formula Um, Gonzalez e Fangio o Quintuple, que com seus cinco títulos mundiais muito fez pelo automobilismo local.

Agora a disputa era com os carros que disputavam o Mundial de Marcas, e o Torneio Sudam começou no templo gaúcho...

O Berta de Ternengo.
O Volunta de Alonso.

Na primeira etapa os argentinos vieram apenas com dois carros pouco competitivos. o Berta Tornado, o primeiro modelo do Mago ainda com motor dianteiro, pilotado por Jorge Ternengo. E o belo Volunta Tornado, um carro mais avançado com configuração dos grandes E&P da época, motor traseiro central, pilotado por Ruben Alonso. Ambos com o motor Tornado de seis cilindros em linha e 4.000cc.

O Casari A1 com Jan.

Do lado brasileiro alguns dos melhores carros que corriam por aqui.

A equipe Brahma do Rio de Janeiro com a Lola T70 para Norman Casari, o Casari A1 para Jan Balder e o REPE para Renato Peixoto.

A fera Antonio Carlos Avallone com sua Lola T70.

P.V de Lamare com o Bianco com motor Chevrolet.

Zé Pedro Chateaubriand com Puma.

O paranaense Luis Moura Brito com um protótipo motor VW.

Dino de Leone com o protótipo Aragano.

O grande Breno Fornari com um Regente (!)

E Tite Catapani com a Lola T210.

Na corrida pela Copa Brasil no ano anterior Emerson fez a pole com a T210 com o tempo de 1`7”, Tite, nesta época começando no automobilismo virou 1`11” fazendo a pole e tendo ao seu lado Jorge Ternengo.

Muitos carros quebraram e nesta primeira bateria P.V de Lamare chegou em segundo.

Na segunda bateria, mesmo tendo Tite largado em quarta marcha por problemas na embreagem, logo assumiu a ponta, vencendo com Norman Casari em segundo duas voltas atrás.

Bem...escrevi tendo como base a revista Quatro Rodas, que era excelente nos testes de carros, mas precária no automobilismo nacional, nas matérias importadas com grandes nomes assinando era passável, de minha parte ficava com a Auto Esporte e Auto Sprint.

A T70 do Baixinho.


Algo que desejo comentar há muito é sobre a bela Lola T70, um grande carro que nunca deu certo, nem aqui e muito menos lá fora, mesmo nas mãos de grandes pilotos. Aqui Norman e Avallone e lá fora com Jo Bonnier, David Piper e outros. Talvez as maiores vitórias dela tenham acontecido em Interlagos nas mãos de Wilsinho Fittipaldi e também na CanAm, com o modelo aberto, nas mãos de Big John Surtees.




 

Rui Amaral Jr 

PS: As duas T70 ao final deste ano estavam acabadas, a da Brahma pegou fogo na tomada da curva Três em Interlagos nos treinos para os 500 Quilômetros de Interlagos, Norman nada sofreu. A do Avallone também nos treinos, acredito que na Copa Brasil, Marinho Antunes bateu logo após a linha de chegada em Interlagos, Expedito Marazzi e eu estávamos do outro lado embaixo das arquibancadas conversando e vendo o treino. Ainda falai para ele uma ou duas voltas antes da panca “velho a Lola está chimando, alguma coisa errada na suspensão dianteira...”. Não deu tempo de falar com ninguém pois logo a seguir ela bateu no guard rail e capotada começou a pegar fogo.

Lembro de minha angustia, certamente do Expedito também com a demora do Marinho Antunes em sair...quando finalmente saiu lembro de seu cabelo na parte de trás do capacete chamuscando, estava sem a touca. A Lola queimou muito tempo...

A Quatro Rodas fala em Torneio Sudam, acredito que o correto é Sulam, masss...


 ...a credencial de minha participação no Torneio Sulamericano, talvez tenha me confundido por este motivo. Corri as duas etapas de Interlagos, ainda Novato pela equipe De Lamare como notase pelo número do carro. 

 

 



segunda-feira, 7 de março de 2022

CULTURA DO AUTOMÓVEL - Março 2022


 

domingo, 6 de março de 2022

LOTUS CORTINA

 

Jimmy

  

Vez por outra fuçando em meus arquivos antigos acho alguma foto de Jimmy Clark pilotando um Ford Lotus Cortina, já mostrei vídeos, mas nunca escrevi sobre o carro. Então vamos lá.

Em 1963 a Ford contratou Colin Chapman e a Lotus para desenvolver seu recente lançamento. O Lotus-Cortina era a ideia da Ford da Inglaterra cujo chefe de Relações Públicas da época Walter Hayes passou a tomar parte na fundação da Ford Advanced Vehicle Operation (Favo), que posteriormente foi responsável por iniciativas como o GT40 e do Escort RS.

Na época a Lotus estava desenvolvendo um motor twin-cam ( duplo comando ) com base no bloco do motor Ford de 1499cc para a sua Elan, Chapman estava muito empenhado no processo. O que levou Hayes a apresentar a proposta a ele para montagem de 1000 Cortinas para correrem no Grupo 2 da FIA pois nessa categoria poderiam ser feitas modificações substanciais nos motores, câmbios, direção e suspensão, nascia assim o projeto do Lotus Tipo-28, logo após Lotus-Cortina.

Além das pistas esse carro seria vendido ao público como um esportivo de alto desempenho. 

Lotus-Cortina MK I 1963

 

MOTOR


Baseado no bloco do motor de cinco mancais do Cortina usou muitas peças da Ford, mas com certeza não se parece muito com os motores standard do Cortina. A preparação foi projetada para a Lotus por Harry Mundy. Os projetos iniciais foram baseados em bloco Ford 1340cc de três mancais, utilizados na Anglia Classic 109E, de 1499cc, com o virabrequim aumentado para 82,55 milímetros com isso a cilindrada aumentava para 1558cc, para se adequar ao limite da classe 1600cc. Foram modificados ainda bielas, pistões e ainda usado o cabeçote Lotus de duplo comando de válvulas em alumínio.

Este cabeçote de duplo comando com duas válvulas por cilindro, desenho das câmaras hemisféricos com os lóbulos do comando agindo diretamente sobre as válvulas, possibilitou a Lotus mudar o esquema original onde coletor de admissão e escape estavam do mesmo lado para um esquema de coletor de admissão de um lado e escape do outro, podendo assim colocar as válvulas em um angulo onde a aspiração e escape fossem altamente favoráveis.


Com dois carburadores Weber 40DCOE horizontais esse motor foi equipado com um limitador de giros a 6.500rpm. Os números de desempenho oficiais Lotus foram 105bhp a 5500rpm, com torque máximo de £ 108 pés a 4000rpm. Alguns números do carro, velocidade máxima de 170 kph, 0-100 kph em apenas 10 segundos, ótimos para época.

Uma curiosidade; para manter o mesmo esquema de acionamento de bomba de água e óleo o comando original foi mantido no bloco apenas para essas funções.

Nos carros de pista os motores chegaram aos 170 HP. 

CAMBIO 

O Lotus-Cortina nasceu com a caixa de velocidades desenvolvida para o Lotus Elan, com os ralis em mente. Esta caixa de câmbio tinha as relações muito curtas e próximas, suas relações; 4ª 1.000, 3ª 1.23 2ª 1.64 e 1ª 2.51, diferencial 2.807:1.

Posteriormente para os carros de uso nas ruas e estradas foi oferecido dois diferenciais mais longos de 3.96 e 3.32 assim como algumas outras relações de marchas de outros carros da Ford.

 

 SUSPENSÃO, FREIOS E DIREÇÃO

Suspemçãao traseira.

O primeiro-Cortinas Lotus tinha o eixo traseiro com feixe de molas e sem tensores o que provocou algumas quebras de diferencial pois com a torção o óleo vazava. Em 1964 o esquema foi mudado com a troca do feixe de molas por molas helicoidais e adicionado um tensor partindo do chassi que dava mais segurança ao conjunto.

A suspensão dianteira era MacPherson com barra estabilizador e apenas foi mudada em carga de amortecedores e molas e em seu aliamento; cambagem, caster, e angulo de convergência ou divergência.

Os freios dianteiros eram Girling de 9 polegadas e os traseiros a tambor, as rodas eram de 5.5 pol. 

 

CARRO

O Cortina, Lotus-Mk.I. montados pela Lotus em sua fábrica Cheshunt no norte de Londres. Os primeiros eram sedãs de duas portas, com capota, portas e tampa da mala em alumínio para diminuição do peso. Sto. Antonio e arcos tubulares foram adicionados para enrijecimento de seu chassi.

 

Corridas

Dois Ford Falcon de 4.700cc de Roy Pierpoint e Jack Oliver à frente de Sir John Whitmore com o Lotus Cortina, Brans 1966.



 Para homologar o carro para o Grupo 2 1000 teriam que ser construídos em 1963, e o carro foi devidamente homologado em setembro de 1963, depois que 228 foram construídos. Coisas da FIA à parte no mesmo mês, na primeira excursão do carro, em Oulton Park Gold Cup, o carro terminou em 3 º e 4 atrás de dois Ford Galaxies, mas venceu os Jaguar 3,8 litros que tinham dominado as corridas da categoria por um longo tempo. Logo o Ford Lotus Cortina estava rodando em toda Grã-Bretanha, Europa e nos EUA. Com o Team Lotus correndo na Grã-Bretanha para a Ford, e Alan Mann Racing correndo na Europa, também em nome da Ford. Os pequenos Lotus-Cortinas venceram quase tudo, exceto os 7 litros V8 dos Galaxies e, posteriormente os Mustangs.

Em 1964, um Lotus-Cortina na liderança em uma curva com a sua roda dianteira no ar tornou-se uma visão familiar, como os carros foram montados com suspensão traseira macia e a dianteira rígida isso era normal. Jim Clark venceu o British Saloon Car Championship com facilidade, nos EUA Jackie Stewart e Mike Beckwith venceram as 12 horas   Malboro, e Alan Mann Racing também tiveram um bom desempenho no Europeu de Touring Car Championship, incluindo uma vitória 1-2 nas  Seis Horas International Touring Car Race em Brands Hatch.


Sir John Whitmore

 

1965 viu o Lotus-Cortina ganhar tudo, com a nova suspensão traseira o carro ficou imbatível. Sir John Whitmore dominou e venceu o Europeu de Touring Car Championship, Jack Sears ganhou a sua classe no British Saloon Car Championship (um Mustang ganhou na geral), Jackie Ickx venceu o belga Saloon Car Championship, e um Lotus-Cortina venceu a Nova Zelândia Gold Star Saloon Car Championship. Outras vitórias foram Nuburgring na corrida de seis horas, o Campeonato Nacional da Suécia e a Snetterton 500 na Inglaterra.

Jimmy

A partir de 1965 com o MK-II e a nova regulamentação para o Grupo 5 da FIA foi possível a utilização do motor Cosworth FVA com 210 hp, mas aí já existiam carros mais modernos de concepção e os Lotus Cortina chegavam a seu desenvolvimento máximo.

Para mim o que ficou para sempre é a imagem de Jimmy vindo com ele no limite máximo nas várias pistas onde deu um show pilotando-o.


BSCC Crystal Palace 1964

1967 Oulton Park Gold Cup Saloons

Neste segundo vídeo em Oulton Park o # 105 de Grahan Hill vem liderando Jim Clark até sair da pista.

Rui Amaral Jr


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Escrevi este post há dez anos, sempre que vou dar uma espiada no que as pessoas estão vendo no Histórias algumas, ou muitas, visualizações, isto me envaidece.

Ao procurar mais sobre o carro o super Racing Sports Cars me direcionou para o Histórias, fico ainda mais envaidecido!

Comecei à admirar o Cortina quando meu ídolo Jim Clark aparecia em alguma revista com ele, sempre no fio da navalha.

Tantas coisas para escrever e infelizmente nestes tempos nebulosos a cabeça desatina e quando penso que vou decolar...

Ainda bem que tenho encontrado alguns amigos, domingo passado um café muito bom com o Chico – Lameirão – à noite pizza com o Erasmo De Boer, juntando o tempo destas duas amizades algo maior que um  século!

Miguel Yoshikuma me convidou para um almoço no Paulão, não pude ir, o Erasmo foi e disse que estava muito bom.    

Encontrei também a minha querida amiga Regina – Calderoni -, pediu meu VW-Fusca por algum tempo e veio busca-lo, todas multas acima dos 180 km/h serão dela.

Desculpem se escrevo tudo isto, gosto demais de estar com os amigos, apenas me deu vontade.

Um forte abraço a todos,

 

Rui  


quarta-feira, 2 de março de 2022

Expedito

 


  Meus amigos, fiquei afastado deste espaço que tanto gosto, há um mês que nada escrevo ou posto. De repente o mundo ficou um pouco confuso e acredito que eu também.

Tanto a escrever; as Mil Milhas e o encontro com amigos que não via há muito, o encontro com o amigo Zé Carlos, a Copa Sulam de 1971 - não esqueci -. A Formula Um, onde muitos andam palpitando, mas onde temos um grande campeão, de fato e de direito.

Então recebo esta foto do Gabriel na frente da placa da estrada que leva o nome de seu pai.

Há poucos anos atrás ao ir visitar uma amiga que mora em Jaú me perdi pelas estradas da região, entrando em uma delas me deparo com a placa indicando o nome da rodovia. A emoção aflorou, a lembrança do amigo, tantas histórias...

Expedito era formado em engenharia pela Universidade Federa de São Carlos e nada mais justo que a homenagem ao grande jornalista.

Ao Expedito, saudoso amigo e ao Gabriel, amigo de tanto tempo.

 

Rui Amaral Jr