A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

sábado, 9 de janeiro de 2010

O PRIMEIRO CIRCUITO DA CIDADE DE PORTO ALEGRE

Sempre tive a maior simpatia e admiração pela cultura dos nossos irmãos gaúchos que através dos CTGs – Centros de Tradição Gaúcha têm transmitindo de geração a geração a sua saga, os seus costumes e os seus valores de cidadania e patriotismo, sendo este ultimo, heroicamente exaltado no Movimento Farroupilha de luta contra os desmandos e intolerância do Reinado Imperial que na época governava o Brasil.


E como não poderia deixar de ser, nada melhor que comemorar o Centenário da Revolução Farroupilha com uma grande prova automobilística, que viria a ser o “Primeiro Circuito da Cidade de Porto Alegre”

Semelhança ou não com a data da proclamação da república brasileira, esta grande corrida
aconteceu num belo dia de 15 de novembro de 1935, sob a organização do Touring Club.


Os concorrentes


O grid de largada era composto por 11 pilotos assim distribuídos:


- representando o Rio de Janeiro veio o carioca Hugo Souza com um Ford V8 preparado para competição conforme os moldes da época (carroceria aliviada ao máximo) ao estilo cupê sem capota.
- do Uruguai veio o piloto Ramon Sierra também com um cupê Ford V8 preparado e sem capota.
- os demais corredores eram todos do Rio Grande do Sul sendo; Joaquim Fonseca que participou com um Ford Modelo A, João Pinto, Olynto Pereira, Olavo Guedes, Norberto Jung, Ludovico Karpilovsk, Adolfo Pinto, Raul Lazarini e Oscar Bins


O circuito (piso misto – cimento / asfalto / terra, numa extensão total de 13 km)


A linha de largada era no Largo do Cristal, sendo os quatro primeiros quilômetros em pista pavimentada de cimento (até Pedra Redonda). Os quatro quilômetros seguintes eram em pista pavimentada por massa asfáltica (até o Passo da Cavalhada). Os cinco quilômetros finais eram em pista de terra batida com Rodoil (uma espécie de óleo queimado).




Os carros


Em sua maioria Cupês da marca Ford com motor V8 especialmente preparados para competição segundo os padrões da época. Participaram também Ford Mod. A, Ford Sport 4 e cupê Hudson.


A corrida


Tão logo foi dada a largada, Norberto Jung com o seu Ford V8 super preparado, assume a liderança do pelotão, dando mostras que venceria a prova. Após 3h 03m 58 s de corrida e com uma velocidade média de 101 km / h, Norberto Jung vencia com meio circuito de vantagem sobre Olynto Pereira o Grande Premio Farroupilha ou seja; o Primeiro Circuito da Cidade de Porto Alegre.


Classificação final


10. Norberto Jung com Ford V8 – 3h 03m 58s, 101 km/h
20. Olynto Pereira com Ford V8 – 3h 08m 50s, 98km/h
30. Oscar Luiz Bins com Ford V8 – 3h 11m 27s, 97 km/h
40. Joaquim Fonseca com Ford Mod. A – 3h 30m 50s, 92 km/h


Fatos pitorescos


Tal como nas melhores Prefeituras da vida, a de Porto Alegre na pessoa de seu Prefeito não poderia deixar de ser diferente. Muito preocupado com o péssimo estado de conservação dos dois quilômetros finais do circuito (o chamado Beco do Cristal) ordenou que fossem iniciados eficientes consertos para a corrida.
(minha opinião – seria muito bom se em São Paulo tivéssemos pelo menos uma vez por mês uma prova de circuito de rua, assim quem sabe?)



Preparativos para a largada do que viria a ser o Primeiro Circuito da Cidade de Porto Alegre



O piloto Norberto Jung com o seu super preparado Ford V8 em uma das passagens pelo circuito.



O piloto Oscar Luiz Bins com o seu Ford V8 ao estilo de preparação da época em uma das passagens pelo circuito.

Violenta capotagem do piloto uruguaio Ramon Sierra


Publico presente para assistir o espetáculo



O piloto Norberto Jung com seu Ford V8 de numeral 16 rumo a vitória.



Da esquerda para a direita, Olynto, Jung e Bins



FORD V8 PREPARADO SEGUNDO OS PADRÕES DA ÉPOCA


Era o carro mais utilizado pela maioria dos pilotos. Com um modelo semelhante a este os pilotos gaúchos Cícero Marques Porto e Norberto Jung, classificaram-se respectivamente em quarto e quinto lugares no Circuito da Gávea de 1936, atrás somente de máquinas européias (Bugatti, Fiat e Alfa Romeo) tecnologicamente superiores.






Notas do editor


1 - Para elaboração desta matéria, foram utilizadas as seguintes fontes de pesquisa:
• Livro Automobilismo no Tempo das Carreteras de Luiz Fernando Andreatta e Paulo Roberto Renner - 1ª edição 1992
• Enciclopédia do Automóvel da Editora Abril
2 – Esta matéria tem o único e exclusivo objetivo de divulgação cultural de um “evento marco” do automobilismo gaúcho, que foi o Primeiro Circuito da Cidade de Porto Alegre ocorrido no ano de 1935.




FF - SP / Janeiro / 2010



NT. Agradeço o privilegio e a honra a meu amigo Fernando Fagundes por esta postagem. Rui Amaral

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

RELEMBRANDO X - MAGIA PURA - 14/05/2009




Ontem à noite 13/5 aconteceu na F E I uma palestra do grande Bird Clemente da qual escreverei e mostrarei as fotos na postagem posterior, tudo coordenado por meu amigo Ricardo Bock, professor na FEI de engenharia automotiva, e um apaixonado por automobilismo, juntos corremos e fizemos alguns carros. Foi muito bonito, encontrei lá D. Isabel, Rafael e Vera Bock mãe filho e esposa de meu amigo, a noite já estava propensa a grandes emoções, o Bird quando falou do Camilo conteve um soluço e sua voz titubeou, eu olhava o Ricardo e ele estava visivelmente emocionado. Acabada a palestra eles desceram do podiun, ops desculpe palco e fui abraçar o Ricardo, já que eu tinha chegado um pouco atrasado, nisto chega ninguém menos que Miguel Crispim Ladeira, nos abraçamos e quando ele foi abraçar o Ricardo viu em sua lapela um botton da DKW, mais não disse nada, percebendo o olhar o Ricardo tira o botton da lapela e dando para o Crispim fala “é seu, você merece” já com os olhos lacrimejantes, na hora o Crispim fala” põe na minha lapela e o Ricardo sem condições me entrega o botton e diz coloca você Rui, eu já estava emocionado, coloquei o botton com as mãos tremendo e as lágrimas já escorrendo pelo rosto, ai passou um aluno do Ricardo e tirou esta foto. Foi um momento mágico, o Crispim com toda sua modéstia tentou falar alguma coisa, mais a emoção era muita. É Crispim você merece muito mais, você que com suas mãos mágicas e sua inteligência astuta ajudou a construir muitos dos campeões que ali estavam. Sei que você vai me ligar mandar e-mail sempre com sua grande modéstia, explicando que não fez sozinho e coisa e tal, mais sei também, agora falando por mim e tomando a liberdade de falar pelo meu amigo Ricardo, que você merece todas as homenagens deste mundo.



quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Camilo e os irmãos Andreatta


Camilo, Catharino, ? , Orlando.


Catharino se encaminha para o grid de partida.


Uma bela briga da corrida, com o carro comprado de Camilo, Catharino 2 e a 32 de José Asmuz.


Julio Andreatta.


Ao assistir o filme dos 500 KM de Porto Alegre de 1962 estranhei a presença de Camilo Christófaro na entrega dos prêmios, já que não havia encontrado sua participação na corrida em nenhum dos lugares em que pesquisei. Conversando com a Graziela disse-lhe que na foto em que seu tio Orlando se encaminhava para a entrega do troféu, estavam Catharino Andreatta, uma pessoa que não conheço e Camilo Christófaro. Liguei ao Paulo Peralta, que sempre pertubo com duvidas e perguntas, e contei-lhe da presença de Camilo e que não encontrei em seu Bandeira relato de sua participação naquela corrida. Neste meio tempo recebo um e-mail da Graziela, que havia consultado nossa “enciclopédia”, seu pai Nelson Rocha, e ele havia confirmado a presença do Camilo na entrega dos prêmios, já que tinha ido entregar a carreteira vendida aos irmãos Andreatta. Fato também afirmado por meu amigo Paulo Peralta.


ANTES DOS EUCALIPTOS


INTERLAGOS 1948 - Rui Pastor.


Nesta bela foto da época da inauguração do Autódromo de Interlagos, nota-se a ausência dos eucaliptos. Alguns carros passeiam pela pista, a tomada é da curva em que hoje em dia é feita a entrada para os boxes, um pouco depois dos antigos no “Café”. Vejam mais à frente um acesso a pista na altura onde muito tempo depois foi feito o portão três. Uma lamina margeia a pista, provavelmente de madeira, muito diferente de nossos guard rails atuais. Será que na época já se imaginava quantos campeões sairiam de lá, e que nessa configuração ela se tornaria uma das mais famosas e desafiadoras pistas do mundo?


Obrigado Rui, um abraço.