A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

AS MIL MILHAS EM QUE TRABALHEI NOS BASTIDORES.



DODGE VIPER GTS 7000cc do trio Italiano Zonca/Lancellotti/Gollin

A 32ª edição das Mil Milhas Brasileiras estava para acontecer naquele mês de janeiro de 2004 Havia acabado de chegar de curta viagem a Curitiba, quando meu filho perguntou: Pai que trabalharmos nestas Mil Milhas. Em vez de pagar para ver, a gente vê a corrida de dentro como você nos seus velhos tempos sem ter que pagar. O convite na verdade vinha da mãe do Renato, um amigo do meu filho. Ela iria fornecer todo o combustível que as equipes iriam utilizar na corrida ( trabalho herdado de seu falecido marido ) e que pelo contrato com a organização da prova este fornecimento deveria ser por uma única distribuidora, afim de evitar “muitas duvidas e confusões”.


Carro 80 Aldee Spyder motor VW 2000cc de Agostinho ardito e Vito Ardito Neto.

Para mim, eu parecia estar retornando no tempo de juventude, inclusive em razão de estar acontecendo comigo naquele momento, uma situação muito semelhante ao do passado ou seja; a de estar momentaneamente desempregado (em razão de uma decisão política, das mais sujas na expressão da palavra, de cortar empregado com mais de 55 anos com exceção dos apadrinhados políticos e “daqueles” em cargo de direção), e aguardando uma oportunidade para os próximos dias numa nova empresa . O nosso time era composto pela Dona Neuza que gerenciava toda a operação, mais um senhor que ajudava na contabilidade (todas as equipes antes de iniciar a competição tinham que efetuar o depósito de um cheque caução por conta do fornecimento) e supervisão e; pelo operacional (todos uniformizados de calça escura ou jeans e camiseta branca) onde lá estavam o Silvio ( um grande amigo e companheiro de automodelismo ), o meu filho Marcio, o Renato (TOP) e Eu o tio da turma. Fazia parte também do operacional três operadores de bomba de gasolina e alcool. Nosso equipamento consistia de dois caminhões tanques de grande porte que ficaram estacionados atrás dos boxes, três bombas elétricas de combustível e duas pickups Saveiro para fazer o translado dos galões do Posto para os Boxes das Equipes. Por incrível que pareça, lá estávamos “nós” no contato direto com todas as equipes indistintamente, garantindo lhes no momento exato os galões do combustível necessário para suas máquinas correrem (por razão de segurança, em nenhum boxe podia ficar estocado mais do que um galão de 3,8 L)


 Carro 17 Aldee Spyder motor VW 2000cc de AmauryPires, Maurcio Sciola e Mauricio Monte

Em tempo algum nossa valorosa equipe deixou a peteca cair, era carro parar no boxe para reabastecimento que o estoque necessário lá estava a disposição, tínhamos em mãos todas as planilhas de paradas de todas as equipes e com base nelas estabelecemos um forte esquema de entrega. Este contato direto durante as onze horas de corrrida proporcionou-nos uma cordialidade muito grande com os pilotos e mecânicos de todas as equipes e em especial com os austríacos e italianos que não se cansavam de agradecer e nos convidar para as suas mesas de refeição. Mesmo com toda garôa e depois chuva que não nos abandonava, esta Mil Milhas foi uma das mais sensacionais que eu já assisti, apesar de não estar correndo nenhuma das minhas queridas e saudosas carreteras. As máquinas que ali estavam representavam o que havia de mais moderno no automobilismo esportivo e eu particularmente talvez pelos laços familiares italianos de minha esposa acabei torcendo pela equipe do Stefano um italiano muito bem humorado que fez questão de me mostrar nos seus mínimos detalhes o VIPER GTS com o qual eles iriam correr e acabaram vencendo a corrida.


 Carro ZF/Chevrolet de Ruyter Pacheco, Flavio Andrade e Felipe Giafone - momentos antes de abandonar a prova

Como em todas as Mil Milhas, muitos carros e bons pilotos ficam pelo caminho até mesmo alguns dados como favoritos como foi o caso do Ingo Hoffmam com Porsche e o Xandy Negrão com um Audi TT.
Final de corrida, bandeirada de chegada dada aos vencedores nas suas mais diversas categorias, champagne no Podium, despedidas e mil agradecimentos a todos aqueles com quem por onze horas estivemos envolvidos, sentido por vezes seus dramas e desesperos e por vezes suas alegrias e euforia.
Particularmente, nós da pequena equipe de combustíveis apesar de exaustos pela virada da noite, estávamos felizes e orgulhosos pelo dever cumprido e com aquele gostinho e satisfação de “seres privilegiados”, que puderam estar perto, mas muito perto mesmo daquelas fantásticas máquinas de corrida e seus valorosos e audazes pilotos.
Caso um dia me apareça uma nova oportunidade para atuar nos bastidores de uma corrida, espero que a minha situação pessoal no momento não lembre a situação das duas vezes anteriores, pois de resto nada se compara a emoção de viver aqueles mágicos momentos.


Fernando J. Fagundes

Hiperfanauto
http://www.hiperfanauto.blogspot.com/

domingo, 6 de dezembro de 2009

ESTREANTES E NOVATOS


Lendo no blog do Joel -Sport Protótipos - sobre o fim da Stock Junior e a criação de uma categoria de base fiquei lembrando de meu começo e da categoria Estreantes e Novatos . Hoje a garotada começa no Kart aos oito anos e aos 16 já vai para alguma Formula com milhares de Km rodados e um montão de grana gastos . Quando vejo um novo nome surgir fico imaginando se é fruto do talento ou de toda essa kilometragem e infelizmente para nós admiradores do esporte é fruto dos anos de pista . Hamilton , Vettel , Kubica são raras exceções em um mundo dominado por pilotos que chegam aos 20 anos com já 12 anos de carreira . Na década de 70 era diferente , minha primeira corrida foi em um festival de EN promovido por meu amigo Expedito Marazzi , foram quatro corridas com algum publico presente e muitos carros na pista . Um bom Sto Antonio , amortecedores mais firmes , pneus radiais e lá íamos nós . Neste dia o Jacob venceu duas corridas com seu Lorena VW tendo como principal adversário o Édo , Ronald Berg uma para D1 em que correram carros de baixa cilindrada e eu a na D1 com todos os carros , corri contra um Opala do Wanderlei e o Guaraná também estreou nesta corrida . A ultima corrida vencida pelo Jacob reuniu todos os carros e não pude participar por conta de um tombo que minha namorada levou e foi preciso dar alguns pontos . Corri mais algumas corridas nesse ano de poucas provas no calendário . Na D3 corri o T. União e Disciplina , cheguei em 6º e o Guaraná em 5º em corrida vencida pelo amigo José Martins Jr com seu Puma seguido pelos foguetes da KINKO . Corri depois o T. SULAMERICANO em dois fins de semana , vencido pelo Guaraná , quebrei em ambas as corridas , que eram de duas baterias cada .



No ano seguinte o Agnaldo de Goes também promoveu um longo torneio para EN e dele saíram bons pilotos como meus amigos Junior Lara Campos, Teleco e muitos outros. Lendo e pegando algumas fotos no blog do Junior vi sua irmã Lia e ele escrevendo que emprestou a ele alguma grana para fazer um motor .






Ora , era tudo mais fácil , os carros às vezes os mesmos que andavam pelas ruas .. E vejam bem desses torneios saíram verdadeiros talentos como o Teleco que dois anos depois já estava na Inglaterra correndo de F3 e colocando tempo em cima de muitos bons pilotos que já andavam na categoria.
Hoje com um bom assessor de imprensa muitos kilometros de Kart e algum talento o piloto já está em alguma grande categoria ou sendo piloto de testes de alguma equipe de F I , às vezes sem ao menos ter ganhado uma corrida . E ai nós ficamos sem nossos verdadeiros talentos.
Sou favorável hoje a uma nova categoria de Estreantes e Novatos, com a parte teórica ministrada por alguma escola de pilotagem, carros de cilindrada única e algum preparo, pneus radiais. Seriam carros baratos e às vezes com um único motor e jogo de pneus dê para fazer várias corridas. As corridas seriam preliminares de categorias maiores e inscrição compatível com a categoria.
Pena que seja apenas um sonho, nossos dirigentes ao contrário do Expedito e do Agnaldinho, nunca iriam se importar com simples EN  uma categoria que não vai trazer-lhes nenhum ganho  imediato.  



Fotos do blog de Junior Lara Campos .   http://historiasquevivi-jrlara.blogspot.com/ 
Joel .   http://sportprototipos.blogspot.com/
 

sábado, 5 de dezembro de 2009

RELEMBRANDO - I




Luis Antonio Siqueira Veiga o Teleco para mim um grande amigo , um baita cara ,correu no Brasil em diversas categorias , na Divisão 3 sobressaiu-se ao pilotar um VW para a equipe AUTOZOOM com ele correu Alfredo Guarana Menezes dois grandes pilotos rapidíssimos , em 1973 foi para a Inglaterra correr na F3 pela MARCH. Dele escreveremos ainda muitas histórias , esta me contou na época em que a viveu , 35 anos atrás e agora estamos contando a vocês.
" O ano era 1973 eu corria pela MARCH na F3 , meu amigo Jean Pierre Jarrier corria também na MARCH só que na F2 , estávamos saindo da sede da equipe em Biscester , para irmos para minha casa perto de Oxford .Estava de carona com o JP pois ele dormiria em casa , nosso carro era um Ford RS 3000 e íamos tranquilos ,de repente comecei a sentir que ele andava rápido , muito rápido , para nós muito rápido era muito rápido mesmo . Olhando para trás vejo o motivo , o Ronnie Peterson que também estava na sede da equipe connosco , vinha atrás de nós com seu Ford Cortina Lotus e vinha babando , com tudo . Começamos uma corrida muito louca pelas estradas inglesas , aquelas bem apertadas do interior . O Ronnie querendo ultrapassar e o JP segurando , andando de lado , freando no limite , uma loucura . A certa altura , numa saída de curva nosso carro derrapou saindo de traseira para fora da estrada e batendo com a roda traseira esquerda em um buraco , devemos ter andado uns 100m em duas rodas pelos campos . Enfim quando paramos , notamos que era impossível andar , pois havia quebrado uma ponta de eixo , a roda e o pneu rasgado . Pra variar chovia pra caramba , largamos o carro lá mesmo e tomamos uma carona com o Ronnie , nos divertindo com toda aquela loucura e eu , assustado com tudo aquilo . Meses depois a policia inglesa foi atrás do JP na minha casa , deixando uma intimação policial . E olha que a esta altura já éramos profissionais. "


Com o Teleco ao telefone relembrei este fato que ele havia me contado pouco tempo depois que aconteceu , foi no começo ( 12/12/08) do blog e agora tive vontade de repeti-lo . Teleco , amigão , astamos sempre aqui pensando em vôce que DEUS te acompanhe em cada passo de sua vida . Um abração . 


sexta-feira, 4 de dezembro de 2009