A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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quinta-feira, 16 de junho de 2011

‏ENTRE O TRIUNFO E O DESASTRE -1973/1978‏

Ronnie e o Lotus 78 MK III.

No espaço de cinco anos, de setembro de 1973 a setembro de 1978, o sueco Ronnie Peterson viveu o triunfo e o desastre, na pista de Monza. Mas o que houve? Peterson era o queridinho da mídia impressa britânica, pelo seu estilo acrobático de pilotar. Quando foi contratado pela Lotus, em 1973, seus admiradores exultaram. Peterson iria dividir a equipe com o então campeão do mundo, o brasileiro Emerson Fittipaldi, a quem conhecera quando ambos eram pilotos nas chamadas "Fórmulas de Promoção".

Mônaco 1968 com o Tecno Formula 3.

Liderando Patrick Depailler, Alpine A330.

  Mônaco 1971, já na Formula Um com um March 711, segundo lugar atrás de Stewart e volta mais rápida com recorde.

1972 pegando uma carona com Carlos Pace - Willians 711 - 
em Clermont Ferrand.

Emerson e Maria Helena com Ronnie.


Contudo, tão logo teve início o Mundial, Emerson parecia disposto a tornar-se bicampeão logo de imediato. Em quatro GPs, três vitórias, enquanto Peterson amargava um série de quebras. As coisas mudam a partir do GP da França, quando Ronnie obtém sua primeira vitória. O sueco passa então a ser uma constante no pódio. Já Emerson, tido até então como um piloto de muita sorte, só tem dissabores e chega mesmo a se acidentar no GP da Holanda. Quem agradece essa "troca de guarda" é o experiente Jackie Stewart, que assume a liderança do Mundial e parte para a vitória. Mas, como já dissemos, o momento crucial aconteceu na primavera, em Monza. Stewart já é o virtual campeão do mundo. Fittipaldi tem uma tênue chance matemática, se vencer o GP. Chapman então, combina que se os dois Lotus estiverem na frente, dará ordens para Ronnie ajudar Emerson a vencer, ou seja, irá deixá-lo passar. Na corrida, Peterson lidera com folga, com Emerson em segundo e Stewart, bem atrasado, pois teve problemas de pneus. A prova encaminha-se para o fim e a tal ordem não vem. Faltando pouco mais que uma dezena de voltas, Emerson percebe que ela não virá e decide enfrentar Peterson. Emerson tinha um estilo todo próprio de conseguir uma ultrapassagem. Ele costumava tornar-se uma constante nos retrovisores do adversário e ao mesmo tempo em que estudava o melhor ponto de dar o bote, levava o outro piloto à perda de concentração e ao erro. Sistema infalível...quando se enfrenta alguém suscetível. Não muito eficaz, quando se corre contra alguém frio e pouco impressionável. Na última volta, o primeiro lugar ainda era de Ronnie, mas ele quase o perdeu, pois Chapman, que costumava saudar seus pilotos na bandeirada, jogando o boné para o alto, desta vez resolveu ficar alguns metros antes da bandeirada e quando homenageou Peterson com o boné, a corrida ainda não tinha terminado.
Chapman e seu jeito esfuziante de comemorar as vitórias. 

Num reflexo, Ronnie tirou o pé e Emerson, que vinha logo atrás, tirou para o lado e foi indo, indo...mas Peterson reagiu. Tempo dos dois: Ronnie 1h29m17.000  e Emerson 1h29m17.800. Esse foi o dia do triunfo para Ronnie Peterson, o dia em que Chapman o escolheu, sacrificando o piloto que poderia dar-lhe mais um título. Ronnie empatava então em vitórias com Fittipaldi e com mais uma vitória em Watkins Glen, passaria a sua frente. 

1973, Interlagos Ronnie e Emerson ambos de Lotus 72D à frente de Stewart Tirrel 005. Vitória do Rato à frente de Stewart.
1974, Ronnie, Lotus 72E à frente de Emerson MacLaren M23. Outra vitória do Sueco em Monza. Notem que ele corre com o #1 pois apesar da Lotus ter perdido o Mundial de Pilotos em 73 para Stewart foi Campeã dos Construtores.
1974 Interlagos Ronnie e Emerson na vitória do brasileiro.
Interlagos 1976 com a Lotus 77 sendo perseguido pela Ligier JS5 de Jacques Laffite.



Interlagos 1977 Tyrrel P34 à frente Patrick Depailler, ambos quebraram. 

Cinco anos mais tarde, o panorama mudara sensivelmente. Peterson, era mais uma vez piloto da Lotus, mas agora, era claramente o segundo piloto. O queridinho da equipe era Mario Andretti e para voltar à Lotus, Ronnie assinara um contrato leonino: não tinha direito de lutar pela vitória com seu primeiro piloto, não poderia ultrapassá-lo e pensar em vitórias, só se Andretti quebrasse. Além disso, Peterson contava com um patrocinador pessoal que lhe garantia a vaga no time.
O que acontecera desde 73, quando o sueco era "o menino de ouro" de Colin?

Mario Andretti e Ronnie ambos com a Lotus 78 MK III.
Ronnie e a MK III

Peterson correra duas temporadas no Team Lotus. Como acertar carros nunca foi o seu forte, ele fracassou em tornar o complicado Lotus 76 competitivo. Ainda conseguiu vencer com o velho 72, mas na temporada de 1975, foi um mero coadjuvante. Na temporada seguinte, a crise. Às voltas com outro carro "difícil" de Colin, o modelo 77, Peterson só correu o GP do Brasil e na prova seguinte, em Kyalami, optou por um March 761. Talvez o sueco marrento tenha se precipitado. Aos poucos, Andretti e o novo piloto, Gunnar Nilsson vão melhorando o carro e até o final da temporada, a Lotus tem de novo um carro vencedor. Mario Andretti vence o encharcado GP do Japão. Em 1977, enquanto Peterson tenta levar pelo cabresto o Tyrrell P34 seis-rodas, a Lotus impõe o domínio do Lotus 78: cinco vitórias que poderiam ter sido muitas mais, não fosse uma certa fragilidade do motor Cosworth. Ou seja, em resumo, em 78 Peterson estava na posição que Chapman queria: ansioso por retornar e sem grandes opções. Chapman não gostava de ser trocado e pode ter levado isso em conta para acertar o contrato em bases que lhe fossem favoráveis. Em mais um GP em Monza, as coisas estão um pouco diferentes. Andretti, com seis vitórias é quase campeão. Quer ganhar em Monza, pois morou algum  tempo nesse país. Peterson, com duas vitórias, pensa em qual equipe competirá em 79. Nos treinos, enquanto Mario faz a pole, Ronnie marca o quinto tempo. A definição virá no warm-up  domingo de manhã. Peterson acidenta-se e compromete seu carro. Terá de apelar para o reserva, mas para esta prova, ele está destinado a Andretti. A Lotus tem um velho 78, que há alguns meses não sabe o que é manutenção. Peterson acaba se sujeitando e o aceita.

Como ficou a Lotus 78 MK III de Ronnie após o acidente do WARM UP.

Na hora da prova, teria ele pensado naquela grande ironia? Cinco anos antes, ali estava Ronnie, pronto para receber os louros como o preferido do chefe; agora, era humilhado, obrigado a correr com um carro defasado e tinha de pensar unicamente em proteger a corrida de seu companheiro de equipe...Não era hora disso.  A Fórmula 1 é um mundo rápido. Não se deve pensar tanto e sim acelerar e ficar a frente dos que pensam demais...Largada.

Socorrido logo após o acidente da corrida.

O piloto Ronnie Peterson resultou gravemente ferido em um acidente na largada do GP da Itália, que envolveu pelo menos dez carros. O sueco foi resgatado com muitas fraturas em ambas as pernas e apesar de inicialmente ter reagido bem à uma cirurgia, faleceu no dia seguinte.

Caranguejo




sexta-feira, 18 de março de 2011

AS VITÓRIAS SECRETAS DE JIM CLARK

GP da França 1965.

Primeiramente, devemos dizer que a figura do mito Jim Clark supera o da Lotus Cars, em dimensão.  O escocês era um piloto brilhante, gênio da velocidade. Poderia tranquilamente ter vencido outros campeonatos além dos de 1963-65, contasse ele com carros mais confiáveis e não fosse tão subserviente às decisões do chefe Colin Chapman. Nada como iniciar um artigo com um argumento polêmico, não é mesmo? Os que concordam seguem daqui; os contrários, desculpem pela perda de tempo. Jimmy poderia ser um tetracampeão. Após um duro preço a pagar pelo noviciado, envolvendo-se no acidente fatal de Wolfgang von Trips em Monza/61, Jimmy conseguira bons resultados com os Lotus 18 e 21. Em 1962, Chapman surge com o modelo 24 e espertamente o oferece à equipes particulares. 

GP da Holanda 1966, Zandvoort.

Mas na Holanda, na abertura da temporada, a equipe surpreende a todos inscrevendo Clark com o revolucionário modelo 25. Na prática, o melhor piloto da equipe estava sendo “condenado” a desenvolver o 25 durante o campeonato e a enfrentar todas as suas falhas e problemas. Em nove etapas, Clark largou seis vezes na pole position, mas só a confirmou três vezes com vitórias em Spa, Aintree e Watkins Glen. Em outras oportunidades foi perseguido pelos problemas prosaicos do carro novo e desconhecido que pilotava. Mesmo assim chegou a etapa decisiva ainda duelando com Graham Hill e só precisaria vencer para ser campeão. E Jimmy fez o que se esperava dele. Marcou a pole e despachou todos na largada. Abriu uma confortável diferença até ter problemas de vazamento de óleo, faltando vinte e uma voltas para o final e ser obrigado a ver o paciente G.Hill ser o campeão. Nem sempre vence o melhor? Claro, Hill não superava Clark em velocidade. Contou isso sim, com um carro confiável. A pergunta tem uma segunda resposta: Um campeão também deve ser regular e marcar pontos quando não pode vencer. Velocista por natureza, Clark só obteve além das vitórias um 4º lugar em Nurburgring, enquanto Graham fazia dois segundos lugares, em Spa e Watkins Glen.  Mas foi uma grande apresentação de Jim Clark, que acertou o Lotus Climax 25 e o tornou um vencedor para 1963. Todavia essa é uma vitória conhecida. Hoje falamos de vitórias secretas. Um roteiro parecido estava esperando Jimmy em 1964. Campeão do ano anterior, o escocês parecia partir firme para o bicampeonato. Contava ainda com o Lotus 25, carro que conhecia tão bem e até à metade do campeonato, as coisas pareciam encaminhadas. Vencera três das cinco etapas (Zandvoort, Spa e Brands Hatch) e era o líder. O desfecho seria positivo não fosse o “Mago” Colin Chapman querer tirar um novo coelho da cartola, desta vez o Lotus Climax 33. 

Monza 1966 e o motor BRM.
Monza 1967.
Campeão da série Tasmania.


O novo carro não permitiu Jimmy manter a vantagem obtida. Mas chegou a etapa final, no México precisando de uma vitória simples. E outra vez como em East London dois anos antes, ele fez a pole, largou na frente e ponteou até...(desta vez o castigo foi mais duro) faltarem duas voltas. Ao final da corrida, a equipe mais uma vez admitiu que falhara com seu piloto. Se na África do Sul os mecânicos esqueceram de apertar um parafuso, agora alguém havia errado no cálculo da quantidade de óleo a ser colocado no motor. Na temporada de 1965, enfim conquista o bicampeonato. Fiel a Chapman e à Lotus, o escocês nela permaneceu até sua morte em 1968. Ainda toreou o problemático Lotus BRM em 1966 e um atraso no organograma do Time não lhe permitiu contar com o fantástico Lotus Cosworth 49 a tempo de impedir o título de Denny Hulme em 67. Contudo, no que parecia ser uma repetição de suas campanhas de 63-65, tudo indicava que ele seria o melhor de 1968, com o 49 finalmente ajustado. Mas num final de semana chuvoso em Hockenheim, numa prova de F2, o campeão deixou-nos para nunca mais.  

Hockenhein


C.Henrique

sábado, 29 de janeiro de 2011

Hernando da Silva Ramos

Hernando com o Gordini T32 em Monza.

Esta semana escrevendo sobre Moss ao assistir o vídeo do GP de Mônaco de 1956, estranhei e achei que lá estava uma Bugatti 251. Estranho pois ela fez apenas uma corrida nas mãos de Trintingnant que foi o GP da França em Reins e depois foi abandonada.
Pois bem o enciclopédico Caranguejo, veio em minha ajuda esclarecendo que se tratava do brasileiro Hernando da Silva Ramos e que havia chegado em 5º lugar no GP de Mônaco de 56 pilotando um Gordini T16.
Outro dia escrevendo sobre a chegada de Emerson à Formula Um recebi um comentário dizendo que ele não era o primeiro brasileiro na categoria. Seu Chico correu esporadicamente na Formula Um, Gino Bianco, Fritz D`Orey também.
Hernando fez na década de 50 perto sessenta corridas em várias categorias de ponta do automobilismo mundial, inclusive a F I, e no GP de Mônaco de 1956 alcançou o quinto lugar pilotando um Gordini T16.
A titulo de curiosidade uma publicação nacional "matou" o piloto que ainda é vivo.
Mais sobre ele no meu amigo Carlos de Paula.




Por Henrique Mércio e Rui Amaral Jr.     



segunda-feira, 15 de março de 2010

QUANDO A FORMULA UM ERA UMA CORRIDA.

Lauda voando em Nurburgring.

Briga pela ponta no GP da Inglaterra de 1966.
(Sei quem são os pilotos e carros, alguem se habilita a decifrar?)  

Não bastasse o absurdo do Kers no ano que passou, agora o Sr. Bernie Eclestone quer criar atalhos nas pistas para os pilotos cortarem caminho e fazerem ultrapassagens. Será que entendi direito??? É o cumulo!!! A meu ver é a escalada absurda de custos, os freios de um Formula Um custam quase o que custa um carro da Indy, o gasto com túnel de vento para determinar aqueles apendices aerodinâmicos horríveis tem o custo igual ou maior que o orçamento total das equipes de F. Indy. Aquela frente de tubarão horrorosa que torna todos caros parecidos e contribui e muito para que ninguém consiga usar o vácuo para ultrapassar. Tudo facílimo de ser resolvido, um chão plano do começo ao fim do carro, aerofólios e spoilers sem apêndices, spoilers que hoje custam US 400.000 cada é um absurdo!
E tudo facílimo de ser resolvido e vem você agora Bernie querendo criar atalhos? Ora Bernie vá plantar batatas! Faça alguma coisa pelo esporte que você matou para ficar bilionário.

Queremos ver carros e pilotos que possam fazer ultrapassagens, igual a uma que vi o Emerson fazendo sobre o Stewart na freada do “Sargento”, queremos nos maravilhar com o Vettel na classificação e na corrida e não ver outra bobagem criada de sua cabeça voltada a tirar sempre alguma vantagem de uma situação criada por você mesmo.