A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
Mostrando postagens com marcador Colin Chapman. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Colin Chapman. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Woodcote, de Olhos Fechados.

No cartaz Ronnie!

Caranguejo - Hoje em dia, com a web, distância é um conceito flexível. Mesmo pessoas que estejam longe uma da outra, graças aos recursos atuais, conseguem manter uma conversação. É o que eu e o Rui Amaral Jr. fazemos nesses telefonemas que a gente faz um para o outro, já há um bom tempo. Resolvemos reproduzir aqui um deles, falando sobre a marcante temporada da F1 de 1973, marcante tanto para mim quanto para ele.

Quando as equipes reuniram-se em Silverstone  no mês de julho, para a disputa da nona etapa do campeonato, nada estava decidido. Jackie Stewart, bicampeão de 1969-71 era o líder do certame com 42 pontos e três vitórias; Emerson Fittipaldi vinha em sua cola, com 41 pontos e três vitórias. A temporada já passara da metade e agora, chegava ao seu mais tradicional palco, onde tudo começara, vinte e três anos antes. Havia então uma boa perspectiva para a prova no velho aeródromo, mas após a largada, no fechamento da primeira volta, na veloz Curva Woodcote, Jody Scheckter o sexto no grid e quarto na classificação, colocou as rodas na grama, perdeu o controle e estatelou-se no muro do outro lado.

Grid - Ronnie na pole, Hulme e Revson.

Rui - Sabe Caranguejo, conforme conversamos vejo muita gente colocando a culpa em Jody, daquele acidente.
Era apenas a sua quarta corrida na categoria, tinha dois botas como companheiros de equipe, o Velho Urso e Peter Revson e estava largando em sexto, atrás apenas de seus parceiros, de Stewart, Emerson e do pole Ronnie Peterson.
Como se vê, apenas três campeões mundiais e dois grandes botas. Scheckter vinha daquele inacreditável acidente em Le Castellet, quando Emerson visivelmente bateu em seu carro quando Jody vinha ponteando.


Jody domina a McLaren num belo sobresterço!

Caranguejo - Sim, algum tempo atrás, fizemos um post a respeito e até trouxemos o grande Ronaldo Nazar, o arquivo vivo do automobilismo para a conversa.

Rui - Exato. Ao largarem, Ronnie tomou a ponta, mas na metade da primeira volta foi ultrapassado por Stewart. Reutemann, numa ótima largada, sobe de oitavo para terceiro, seguido das McLarens de Hulme e Jody, que vem pressionando o companheiro de equipe.


Jody embutido em Hulme...

Caranguejo - Em Kyalami no começo do ano, Scheckter havia sido prejudicado ficando atrás de Hulme e perdendo a posição para Stewart. Acho que dessa vez, ele não quis correr riscos e chegou à Woodcote já na frente do Velho Urso.

Rui - Woodcote, curva de alta velocidade...Stewart, Ronnie e Reutemann a fazem rápido. Jody deve ter perdido a sustentação aerodinâmica. Sai pela grama e acelerado atravessa a pista e bate na mureta dos boxes.

Ronnie, Reutmann e Jody já na grama...

Caranguejo - Aí meu caro, foi um "roda pra que te quero". Muitos envolvidos e a equipe Surtees teve seus três carros destruídos de uma vez. Os demais, alguns sortudos como Mike Beuttler ou os irmãos Fittipaldi escaparam incólumes. O restante bateu em Scheckter ou no muro ou ainda uns nos outros tentando evitar a pilha de destroços. Pior para o italiano Andrea de Adamich, estreando seu Brabham BT-42. Ele teve uma fratura no tornozelo e ficou preso nas ferragens. Só foi retirado depois bombearam todo o combustível do carro e foi possível serrar o cockpit e resgatá-lo.


Hulme, Revson, Cevert...atrás Jody no meio da pista.



Adamich jamais voltaria à F1, exceto na condição de jornalista e dizem, culpa até hoje Scheckter pelo ocorrido.  Aliás,  essa  é  a  questão, não é? Jody é culpado ou foi vítima de uma "caça às bruxas"?

Andrea na Brabham destroçada...

Rui - Acredito que acima de tudo, Jody queria ir para cima dos ponteiros, escapou e talvez na ânsia de voltar, cruzou a pista.
 Ora, bolas! Caso ele viesse em 29º seria apenas uma rodada de um piloto inexperiente mas ele vinha batalhando com as feras, só isto!
Sem querer polemizar, imagine se nós faríamos isso!?

Foto Rob Ryder - Jody... 

Creio que a imprensa brasileira torcendo por mais um campeonato de Emerson, crucificou Scheckter e Fittipaldi por sua vez, de olho na McLaren para 1974, com o polpudo patrocínio da Marlboro e não querendo o audacioso Jody como companheiro de equipe, concordou com tudo que foi dito, escrito e falado. Para mim, caro amigo-sócio-herdeiro deste modesto Blog em que escrevemos, Jody foi culpado.
Sim, culpado, por em sua quarta corrida, estar buscando a ponta, andando feito gente grande entre os grandes, deixando alguns campeões atônitos com aquele jovem talento.

Caranguejo - E claro, depois ainda tivemos corrida. Peterson, o Marrento, puxou o pelotão, seguido do surpreendente Niki Lauda.
Ele havia levado uma batida de Jackie Oliver ainda antes do "incidente Scheckter", mas com o tempo transcorrido entre as largadas a BRM recuperara seu carro. Na segunda largada ele aproveitou os espaços vazios à sua frente. Stewart o superou, mas precipitou-se ao tentar passar Ronnie e foi parar dentro de uma plantação. Niki, com problemas na caixa de velocidades foi ficando para trás. Emerson alcançou a segunda posição mas abandonou devido à transmissão e foi a vez dos McLarens de Hulme e Revson atacarem o sueco. Melhor sorte para Revson,  colhendo  sua primeira vitória.

Podium - Revson comemora em bela companhia, Hulme observa e Ronnie sorri.



Rui - E o Revson?

Caranguejo - Perdeu a mulher. Para o Tom Jones.

Rui - Quem?

Caranguejo - O cantor.

Rui - Mas aqui não é espaço para fofocas.

Caranguejo - Fica para a próxima, então.



CARANGUEJO/ Rui Amaral Jr.


Para o nosso amigo Cmt. Hélio Canini Jr.

---------------------------------------------------------------------------------------

NT: Começo de 1973, eu estava no Rodeio, uma churrascaria de São Paulo, e chega um amigo e fica em nossa mesa. Amigo de família, uns doze anos mais velho, me conhecia desde menino, jornalista de bastidores e muito articulado.
Conversamos sobre minha carreira, que aquele ano eu pensava que iria decolar, afinal em maio eu faria 21 anos e poderia finalmente ter minha carteira de piloto sem as artimanhas que havia usado no ano de minha estréia...
Derrepente ele me vem com esta!; Sabe Ruizinho, o Emerson assinou com a Marlboro e procura uma equipe, deve ser a McLaren!
E a Lotus? E Chapman? E o campeonato deste ano, afinal ele nem começou?
Já havia contado há alguns amigos este papo, mas ao Caranguejo só contei pouco tempo atrás... daí este post!
Notem que no pôster da corrida a John Player coloca Ronnie e não o campeão do mundo na chamada.

Quanto à minha carreira; ela não decolou, à 1º de abril infelizmente morria meu pai aos 59 anos. E a carreira ficou para lá! 


Rui Amaral Jr

______________________________________________________________

Conta Walter

A manchete daquele momento era o Schecketer; tirou Emerson do GP da França e começou essa confusão toda, na Inglaterra.

Acho o Schecketer fraco, campeão por sorte e pela ajuda qualificada do Villeneuve.

Para mim, a coisa mais marcante desse 'big one' em Silverstone foi o fim da carreira de Andrea de Adamaich, numa Brabham BT43 da Pagnossin.

Outra coisa chamativa é a precariedade dos carros, da pista, da organização, do socorro e de tudo que cercava a F1. Gostosamente precária.

E vejam quantos títulos disputavam essa corrida: Hulme, Hill, Stewart, Emerson, além de futuros campeões, como Scheckewter, Lauda e Hunt.

Três brasileiros!

29 inscritos, humilhando os grids de 20 carros de hoje em dia.

Walter

Alguns dos 29 inscritos

Hill no Shadow DN1
Hunt - March 731 
Amon - Tecno E731
Acima Roger Willianson, abaixo David Purley, na corrida seguinte os dois seriam protagonistas de uma tragédia, que infelizmente ceifou a vida de Willianson. 



Fotos: Internet e do excelente site Racing Sports Cars com os devidos créditos aos autores nas imagens.







sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Alan Stacey

Jimmy e Alan em Spa 1960.
Zandvoort 1960 com a Lotus 18.

ALAN STACEY, piloto britânico com passagem pelo Lotus Team no final dos anos cinquenta e sessenta, figura seguramente na lista daqueles que se não se deixam abater, que se rebelam, o que o torna um bom exemplo para ser falado nestes dias. Ele é o cara que com vontade, muda sua perspectiva e busca a mudança, um novo destino, seja ele qual for. Stacey nasceu em agosto de 1933. Aos dezessete anos, sofreu um acidente com sua  motocicleta que o deixou sem a parte inferior da perna direita. E então, o que fazer? Deixar-se sentar à beira do caminho e praguejar? Que nada. Ele viu aí uma bela chance para tentar a sorte com os carros e com um acelerador de motos adaptado à alavanca de velocidades (devido à prótese que passou a usar), envolveu-se com os automóveis a partir de 1955 e primeiramente com um Lotus MK VI, posteriormente com um Lotus Eleven, obteve resultados que chamaram a atenção de Colin Chapman. Na temporada de 1958, recebeu uma chance para pilotar o Lotus 16 no GP da Grã-Bretanha de F1, o qual abandonou na 20ª volta. Mas ganha nova oportunidade na temporada seguinte e corre em Aintree (Grã-Bretanha) e Sébring (USA). Foi melhor na prova “de casa”, terminando em oitavo e abandonando nos Estados Unidos. 

Colin, Innes, Jimmy e Alan.
No box em Goodwood, 1959.
 Zandvoort 1960, #4 Innes e #5 Alan.

Em 1960, foi contratado para fazer toda a temporada, ao lado de pilotos como Innes Ireland e um estreante escocês chamado Jim Clark. No GP da Argentina, ainda está com o velho Lotus 16, mas recebe o modelo 18 em Montecarlo e com ele larga também no GP da Holanda. São corridas sem destaque, mas procura uma melhor sorte em Spa-Francorchamps e seu desafiador traçado de 14 quilômetros. O evento belga começou com mau presságio, especialmente para  a Equipe Lotus. Nos primeiros treinos, o experiente Stirling Moss perdeu uma roda(!!) em Burnenville, bateu e fraturou as pernas. Mike Taylor, outro que pilotava um Lotus 18 (no caso, de uma equipe particular), sofreu uma quebra da coluna de direção. Ele mais tarde processaria Chapman, responsabilizando-o por sua invalidez e ganharia a causa. Na corrida, o londrino Chris Bristow foi a primeira baixa. Ele vinha lutando duramente com seu Cooper T51 contra a Ferrari D246 do local Willy Mairesse, pela sexta posição. Na volta 19, quando passavam por Burnenville, onde Moss se acidentara, Chris perdeu o controle, bateu em um barranco e foi decapitado por uma cerca de arame farpado próxima. Cinco voltas depois, foi a vez de Stacey. Segundo testemunhas, ele teria sido atingido no rosto por um pássaro, em plena reta de Masta. A batida foi violenta e o carro incendiou-se e aquele jovem piloto de 26 anos morreu. Um final de semana para ser esquecido e que tocou fundo ao recém chegado Jim Clark. Vencedor em Spa-Francorchamps de 1962 a 1965, Jimmy sempre surpreendeu muita gente quando dizia que detestava o circuito belga.  

Curiosidade: Alan Stacey formava com seu mecânico Bill Bossom, uma parceria inusitada nas pistas. Bill não tinha um dos braços e fora o responsável pelo acelerador manual que possibilitava ao amigo competir.  

CARANGUEJO

--------------------------------------------------------

Em resposta ao post anterior mostro novamente o post do Caranguejo de 26 de Junho de 2013 e agradeço à cada um vocês pelos comentários...André, Claudinho, Paulo Delavigne, Paulo Alexandre Marques, Heitor, Wagner, Marcelo, Sandra, Adolf e Paulo Solariz, à todos meu forte abraço...nós não esquecemos!

Rui Amaral Jr


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Silverstone 1963...

a dupla Jim e Colin com o fantástico Lotus-Climax 25 vinha embalada para conquista de seu primeiro mundial de Formula Um. Em 1962 o carro havia se mostrado rápido tendo Jimmy vencido sua primeira corrida na categoria em Spa e mais duas corridas em Aintree e Watkins Glen mas foram quatro quebras e  o titulo ficou para Graham Hill e a BRM P57 que com quatro vitórias ficou 12 pontos à frente de Clark. Agora em 63 Clark já havia vencido três corridas...

#8 Jack Brabham-Brabham BT7, #9 Dan Gurney-Brabham BT&, #6 Bruce McLaren-Cooper T66, Clark-Lotus 25, #1 Hill BRM P57,  John Surtees-Ferrari 156/63 e Trevor Taylos-Lotus 25.

Clark faz a pole com Gurney em 2º, Hill em 3º e Black Jack completando a primeira fila em 4º...o vídeo mostra como foi a corrida...


Resultado

1º Clark
2º Surtees
3º Richie Ginther
4º Lorenzo Bandini
5º Jim Hall
6º Chris Amon

Depois de Silverstone foram mais três vitórias.


 Monza finalmente Clark, Chapman e a Lotus vencem o  mundial! 





Parabéns Heitor - Heitor Luciano Nogueira Filho - além de pilotar muito você conhece muito a história do automobilismo! 



quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Lotus Eleven S2

 
Mackay-Fraser e Jay Chamberlain vencen em Brands, ao volante Chapman.

link



Outro dia mostrei uma Lotus Eleven pilotada por Innes Ireland vencendo no circuito Charade em Clermont-Ferrand e resolvi mostrar o carro que já apareceu aqui em diversos posts.
Desde 1947 Chapman vinha preparando e fazendo carros de corridas, o primeiro grande sucesso foi o Mark VI, o predecessor do Lotus Seven, um biposto com as rodas para fora protegidas por para lamas feito para as tradicionais corridas de clubes inglesas,  110 unidades foram comercializadas.
Com o Mark VIII, que usava um motor MG de 1.500cc, ele entra nas competições internacionais de carros Esporte.
Em 1956 cria a Lotus Cars sendo o nome uma homenagem à Ethel, sua mulher, que apreciava a planta homônima. O primeiro carro com a nova denominação vem a ser justamente o Lotus Eleven S1, obviamente sua décima primeira criação. Usava vários tipos de motores o 1.100cc e um 1.500cc Ford para corridas de clubes, o motor Climax de 1.112cc para corridas na classe S1.1 para corridas na categoria Esporte  com o qual venceu o Índice de Performance em Le Mans (1956) e com o 11º lugar em Sebring 1957 vencendo na categoria S1 chegando atrás apenas dos grandes carros da categoria pilotado por três pilotos entre eles Colin Chapman. 
Ainda em 1957 Chapman constrói o Eleven S2 com algumas modificações na suspensão dianteira, este carro com o motor 1.100cc Climax foi 9º lugar nas 24 Horas de Le Mans vencendo o Index na categoria S1.1 pilotado pelo norte americano nascido em Pernanbuco  Herbert Mackay-Fraser e Jay Chamberlain. Nesta corrida Mackay-Fraser estava inscrito com outro S1 em parceria com Chapman, este carro usava um motor Conventry-Climax FWB e acredito que não largou.
Mackey-Fraser era um constante piloto de Chapman, e com este carro ao lado de Stirling Moss bateu vários recordes, como o de velocidade nos autódromos de Monza, Le Mans e outros. Mackey-Fraser morreu pilotando um Lotus F2.

Le Mans 1957, Lotus Eleven - Coventry Climax FPF 1.100cc, Robert 'Bob' Walshaw/John Dalton, 13º na geral.
 Le Mans 1957,Lotus Eleven Conventry Climax FWA SOHC 744 cc, com Cliff Allison/Keith Hall, 14º na geral.

Nassau 1959

O Eleven era uma parceria de Chapman com Frank Costin ( o “Cos” da Cosworth) que projetou a parte aerodinâmica, seu chassi era tubular com reforço de placas de alumínio, o motor dianteiro era deitado para facilitar a penetração aerodinâmica, eixo traseiro De Dion e na versão para categoria S1 do Campeonato de Veículos Esporte contava com freios à disco Girling. Pesava apenas 410 kg o que com os cerca de 140 Hps do motor o levavam a ser um carro muito rápido.
E foi quando Chapman começou à importunar os grandes e logo logo seria um deles! 

     Na inauguração de Clermont Ferrand a grande vitória com Innes Ireland

        

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Reims 1956


Peter Collins

Começando a escrever sobre a fantástica Lotus Eleven e seu criador, Colin Chapman, me deparei com este incrível vídeo do GP da França 1956 em Reims. Foi a única corrida de Chapman na Formula Um e pilotou o terceiro carro da equipe Vanwall e mesmo tendo como companheiros de equipe Mike Hawthorn e Harry Schell largou em quinto lugar atrás das Ferrari D50 de Fangio o pole vindo depois Castellotti e Peter Collins, em quarto seu companheiro de equipe Harry Schell e Chapman fez o quinto tempo à frente de Hawthorn.  Um acidente entre Chapman e Hawthorn nos treinos impediu Chapman de largar, no que seria sua primeira corrida ao volante de um F. Um, e foi também a última!
No vídeo o que se vê é o domínio absoluto das Ferrai(Lancia) D50 com o incrível Jean Behra com a Maserati 250F chegando em terceiro após Fangio ter problemas parar no box para reparar e mesmo assim chegando em quarto. 
O Vanwall #24 que vem atropelando é o de Harry Schell que também foi pilotado por Mike Hawthon depois da panca com Chapman, chegaram no décimo lugar.
Nesta corrida Maurice Trintgnant foi cedido pela Vanwall para Bugatti e pilotou a T251, o último carro da marca, sobre o qual já escrevi, e nota-se ele sempre em último brigando com o volante, ora saindo de frente ora de traseira, até abandonar.    




Trintgnant tenta domar a Bugatti T251


FINAL

MELHOR VOLTA: Fangio 2.25 80/100

  
    

quarta-feira, 10 de julho de 2013

ENCONTRO DE GIGANTES

É hoje que meu amigo Caranguejo fica mais velho!  Procurei seu primeiro post no Histórias mas lá se vão quatro anos, 102 posts assinados como Caranguejo e outros tantos como Carlos Henrique Mércio então resolvi mostrar novamente um dos tantos posts sobre Jimmy, uma grande admiração que dividimos. Além de Jimmy ele é fã de carteirinha de dois outros gigantes, Tazio e Fangio, sobre quem também escreveu uma série de posts.
Parabéns meu amigo, um forte abraço! 





Keith Duckworth, Chapman, Clark e Hill olham o Ford Cosworth DFV.

Zandvoort/67


Corrida divisor de águas, foi nela que o mundo das corridas viu estrear o mais vitorioso propulsor da Fórmula 1 de todos os tempos, o motor Ford Cosworth V8, que sob muitos aspectos, foi o componente que garantiu a sobrevivência da categoria e permitiu o surgimento de muitas novas equipes. Zandvoort era uma pista próxima do litoral holandês, com uma estranha característica: proporcionava um novo desafio aos pilotos devido a areia que invadia o asfalto, formando uma perigosa mistura com o óleo dos carros. Nunca se conseguia determinar a quantidade desse “produto” na pista, apenas seu perigo real. Teria sido o fator determinante no acidente fatal de Piers Courage em 1970. Na corrida de 1967 estrearam alguns carros novos como o Brabham BT 20, BRM P83 e Eagle-Weslake T1G, além do Lotus 49-Cosworth. Enquanto Hill já o conhecia e testara, Clark só viu o novo carro na pista holandesa.

Chapman e Clark

 Nos treinos, Graham foi o melhor na sexta-feira (1:25,6). Gurney, o segundo, apenas dois décimos atrás. E Clark, só problemas. G.Hill e “The Great Daniel” continuavam debatendo a pole e Dan, após estabelecer 1:25,1 parou achando que não seria alcançado. Hill continuou e em sua última tentativa marcou 1:25,0 (mas os cronômetros oficiais acusaram 1:24,6). Para Clark, só a terceira fila, ao lado de Hulme e Surtees. No dia do GP, já na largada, Jimmy ganhou duas posições, pois a direção de prova holandesa (sempre inepta) esqueceu que um dos fiscais ainda estava no meio do grid e largou assim mesmo. Hulme e Surtees tiveram que desviar do bandeirinha e perderam tempo.
As primeiras voltas foram num ritmo tranquilo e na volta 7, Gurney parou nos boxes . Ele voltaria só para abandonar na volta seguinte, com problemas na injeção de combustível. Uma volta depois, Hill abandonava na liderança: um dente de uma engrenagem de seu motor quebrou. A Brabham de Old Jack assumiu a ponta, mas após 15 voltas, Clark já estava pegando gosto pela nova barata. Ele havia ultrapassado Rindt e na volta seguinte deixa Black Jack para trás. Rodriguez quebra, Rindt e Stewart também.


Hulme é quem consegue sobreviver. Ele se impõe no terceiro lugar e resiste aos ataques de seu compatriota, Chris Amon. O “Rei do Azar” será o quarto colocado, à frente de Mike Parkes e Ludovico Scarfiotti, todos de Ferrari. Clark vence fácil, 23 segundos à frente de Brabham. Para Clark, Lotus e Cosworth era o começo de uma relação curta, porém marcante e vitoriosa. O grande campeão morreria numa prova de F2 na Alemanha em 68. Já o Cosworth só encerraria sua jornada em 1983.



C.Henrique Mércio


Clark já no grid.
Durante a corrida notem suas mãos a volante e a tocada suave.
Clark e a Lotus em Monaco.
Seu lugar de direito, o alto do podium.

Post de 20 de Abril de 2010

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Pilotos Esquecidos

Zandvoort 1960 com a Lotus 18

ALAN STACEY, piloto britânico com passagem pelo Lotus Team no final dos anos cinquenta e sessenta, figura seguramente na lista daqueles que se não se deixam abater, que se rebelam, o que o torna um bom exemplo para ser falado nestes dias. Ele é o cara que com vontade, muda sua perspectiva e busca a mudança, um novo destino, seja ele qual for. Stacey nasceu em agosto de 1933. Aos dezessete anos, sofreu um acidente com sua  motocicleta que o deixou sem a parte inferior da perna direita. E então, o que fazer? Deixar-se sentar à beira do caminho e praguejar? Que nada. Ele viu aí uma bela chance para tentar a sorte com os carros e com um acelerador de motos adaptado à alavanca de velocidades (devido à prótese que passou a usar), envolveu-se com os automóveis a partir de 1955 e primeiramente com um Lotus MK VI, posteriormente com um Lotus Eleven, obteve resultados que chamaram a atenção de Colin Chapman. Na temporada de 1958, recebeu uma chance para pilotar o Lotus 16 no GP da Grã-Bretanha de F1, o qual abandonou na 20ª volta. Mas ganha nova oportunidade na temporada seguinte e corre em Aintree (Grã-Bretanha) e Sébring (USA). Foi melhor na prova “de casa”, terminando em oitavo e abandonando nos Estados Unidos. 

Colin, Innes, Jimmy e Alan
No box em Goodwood, 1959
 Zandvoort 1960, #4 Innes e 5 Alan

Em 1960, foi contratado para fazer toda a temporada, ao lado de pilotos como Innes Ireland e um estreante escocês chamado Jim Clark. No GP da Argentina, ainda está com o velho Lotus 16, mas recebe o modelo 18 em Montecarlo e com ele larga também no GP da Holanda. São corridas sem destaque, mas procura uma melhor sorte em Spa-Francorchamps e seu desafiador traçado de 14 quilômetros. O evento belga começou com mau presságio, especialmente para  a Equipe Lotus. Nos primeiros treinos, o experiente Stirling Moss perdeu uma roda(!!) em Burnenville, bateu e fraturou as pernas. Mike Taylor, outro que pilotava um Lotus 18 (no caso, de uma equipe particular), sofreu uma quebra da coluna de direção. Ele mais tarde processaria Chapman, responsabilizando-o por sua invalidez e ganharia a causa. Na corrida, o londrino Chris Bristow foi a primeira baixa. Ele vinha lutando duramente com seu Cooper T51 contra a Ferrari D246 do local Willy Mairesse, pela sexta posição. Na volta 19, quando passavam por Burnenville, onde Moss se acidentara, Chris perdeu o controle, bateu em um barranco e foi decapitado por uma cerca de arame farpado próxima. Cinco voltas depois, foi a vez de Stacey. Segundo testemunhas, ele teria sido atingido no rosto por um pássaro, em plena reta de Masta. A batida foi violenta e o carro incendiou-se e aquele jovem piloto de 26 anos morreu. Um final de semana para ser esquecido e que tocou fundo ao recém chegado Jim Clark. Vencedor em Spa-Francorchamps de 1962 a 1965, Jimmy sempre surpreendeu muita gente quando dizia que detestava o circuito belga.  

Curiosidade: Alan Stacey formava com seu mecânico Bill Bossom, uma parceria inusitada nas pistas. Bill não tinha um dos braços e fora o responsável pelo acelerador manual que possibilitava ao amigo competir.  

CARANGUEJO