A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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sábado, 30 de outubro de 2010

Você sabe o que é o rabo de Tatú do Fusca Pós II Guerra Mundial?


Objetivando auxiliar as pessoas que se dedicam à restauração do automóvel Volkswagen com motor refrigerado a ar e construído na Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, prosseguimos hoje com novas observações feitas pelo antigomobilista curitibano Waldir Kunze, baseadas num "Fusca" 1950. No tocante à buzina e às picaretas do veículo, diz ele: "A buzina estava presa ao suporte do parachoque, atrás da picareta tipo "foicinha".

O curioso aqui são as pontas das picaretas cobertas com uma aparente proteção de borracha ou equivalente, para evitar acidentes tais como cortes e outros. Não havia as tradicionais "gradinhas" nos paralamas frontais do carro, que só apareceram nos modelos de 1951/52.
A abertura do capô frontal era feita através maçaneta apelidada de "rabo de tatu".

A mesma era encontrada no capô do motor.

O carro não possuía frisos no capô frontal e tampouco nas suas laterais, introduzidos posteriormente.



O espelho retrovisor interno era oval e em 1950 tomou o formato retangular. Por outro lado, o espelho retrovisor externo não existia, sendo sempre um acessório e somente em meados da década de 1960 é que foi incorporado ao automóvel."

Já no que diz respeito ao sistema de freio, Waldir Kunze observa que os primeiros "Fuscas" tinham freio à varão, conforme pode ser visto numa das fotos que estampamos hoje.

"O freio à varão abrangia as quatro rodas" - diz o antigomobilista - obedecendo a sistema interessante: na altura do chamado "focinho de porco" havia uma "central de freio" comandada pelo pedal de pé, que acionava simultâneamente as quatro rodas.

O freio de mão acionava as quatro rodas também, pois, não havia um cabo "varão" só para as rodas traseiras. Os amortecedores traseiros eram de braços até 1950/51.

Os buracos nos quais era encaixado o macaco eram redondos. As rodas eram de 16 polegadas e rebitadas até 1952. Ao lado da alavanca do freio de mão vê-se os suportes dos botões de ar quente e do afogador manual, além do buraco onde se encaixava a alavanca do câmbio.

O assento do banco traseiro possuía as tradicionais molas à vista."

Na próxima edição, mais alguns detalhes sobre outras peças do "Fusca" alemão pós II Guerra Mundial.

Não perca!

Por Ari Moro

Agradeço ao jornalista e amigo, Ari Moro de Curitiba-PR, a cedência deste que foi publicado primeiramente no Jornal do Automóvel de Curitiba e Paraná Online.

Leia mais: http://ruiamaraljr.blogspot.com/2010/10/observacoes-sobre-o-fusca-pos-ii-guerra.html#ixzz13pvJkOJB

http://www.parana-online.com.br/canal/automoveis/news/486849/?noticia=VOCE+SABE+O+QUE+E+O+RABO+DE+TATU+DO+FUSCA+POS+II+GUERRA+MUNDIAL

28/10/2010 às 00:00:00 - Atualizado em 27/10/2010 às 23:27:15


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Observações sobre o Fusca pós-II Guerra Mundial


Não há dúvida de que, restaurar um objeto ou seja lá o que for, é obra que exige, por parte de quem realiza o trabalho, muita paciência, dedicação, pesquisa, cuidado e muito mais.

No caso de restauração de automóveis antigos então, haja montanhas de paciência, pois, eles possuem, em média de 2.000 a 2.500 peças!

Mas, é justamente aí que reside a atração, o fascínio, o desafio e a satisfação de se restaurar um veículo antigo e depois orgulhosamente desfilar com o mesmo pelas ruas atraindo a curiosidade dos passantes.

Sempre surgem as dúvidas: como seria exatamente a peça original? Será que alguém já modificou-a? Considerando que antigomobilistas se dedicam à restauração do Volkswagen, o nosso popular Fusca, fabricado na Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, consultamos o estudioso do assunto e antigomobilista curitibano Waldir Kunze, que esclarece alguns pontos sobre a construção deste automóvel.

Com relação aos estribos do carro, diz ele: "É curioso, senão intrigante, o fato de terem sido usados "restos" de materiais para a construção dos estribos, com a aparente função de reforça-los contra a torção sofrida pelos mesmos nos embarques e desembarques das pessoas.

Em Curitiba existe um Fusca ano 1950 cujos estribos (foto) contam com esses "reforços".

Cabe pesquisar a realidade do uso dos mesmos: era a falta ou escassez de matéria-prima logo após a Segunda Guerra?

Pela aparência desses "reforços" nota-se que parecem ser "restos" de materiais obtidos de retalhos ou até "lixo"." Por outro lado, no tocante às setas direcionais, a conhecida "bananinha" dos Fuscas pós Segunda Guerra, o senhor Kunze observa: "Na parte central superior do painel do Fusca 1950 existe a "chave" de setas que, no caso da fotografia mostrada hoje está virada à esquerda, mas, a "bananinha" acionada (levantada) é a da direita, erroneamente. A "bananinha" tem a parte metálica vincada, a qual, no Brasil ficou lisa a partir de meados da década de 50.

Abaixo e à direita da abertura do porta-luvas se vê protuberância que é por onde passa a coluna da direção quando usada do lado direito do carro. A abertura do porta-luvas tinha, de l950 a 1952, moldura-friso em alumínio, sem tampa, a qual foi introduzida em 1953 na Segunda Série do Fusca 1.200cc, além da vigia traseira de formato oval. Note-se ainda que a borracha do vidro da porta está cheia de trincas, pois, é original." Na próxima edição, novas observações do senhor Waldir Kunze.

Por Ari Moro


Agradeço ao jornalista e amigo Ari Moro de Curitiba-PR, a cedência deste que foi publicado primeiramente no Jornal do Automóvel de Curitiba e Paraná Online.

http://www.parana-online.com.br/canal/automoveis/news/485084/?noticia=OBSERVACOES+SOBRE+O+FUSCA+POS+II+GUERRA+MUNDIAL

21/10/2010 às 00:00:00 - Atualizado em 20/10/2010 às 22:02:22

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Os gaúchos e suas brilhantes carreteiras - por Ari Moro

Alcidio Schröeder ocupa lugar de destaque na galeria formada pelos mais expressivos pilotos de carreteira do Rio Grande do Sul, ao lado de Catarino Andreatta, Breno Fornari, Diogo Luis Ellwanger e muitos outros.

Um de seus feitos mais brilhantes foi vencer na categoria Força Livre, uma prova da Copa Rio Grande do Sul de automobilismo de competição, disputada em 26 de setembro de 1948.

Dessa memorável prova participaram 28 carros, numa distância de 824 quilometros de estradas de chão, com saída de Porto Alegre/RGS e passagem pelas cidades gaúchas de São Leopoldo, Caxias do Sul, Vacaria, Lagoa Vermelha e Passo Fundo, onde pilotos e carros paravam para descanso, consertos e reabastecimento.

Dali partiam a Marau Casca, Guaporé, Bento Gonçalves, Farroupilha, Feliz, São Sebastião do Caí e novamente Porto Alegre. A chegada, para quem resistisse, acontecia na avenida Farrapos esquina de rua São Pedro, bairro Floresta, na capital gaúcha.

Numa das fotos de hoje (acervo do antigomobilista gaúcho Nelson M. Rocha), flagrante da chegada do vencedor Alcídio Schröeder e sua carreteira Ford 1939, número 14, recebendo a bandeirada dada pelo então Governador Valter Só Jobim, avô do ex-Ministro do Superior Tribunal Federal e atual Ministro da Defesa Nelson Jobim.

Em segundo chegou Ernesto Ranzolin, gaúcho radicado em Lages/SC, com a carreteira Ford 1947 número 10 e em terceiro lugar Oscar A Silva com a carreteira Mercury 1941 número 40.

Taça Bardhal

Outro piloto de carreteira gaúcho de expressão cujo nome está gravado naquela galeria é Orlando Menegaz.

Nos dias 23 e 24 de novembro de 1957 ele disputou e venceu, em parceria com outro astro do automobilismo de competição do Rio Grande do Sul - Aristides Bertuol, a II Mil Milhas Brasileiras, tendo como palco o autódromo de Interlagos, em São Paulo/SP.

Na oportunidade, pilotou a carreteira Chevrolet número 4, equipada com motor de Corvette, perfazendo 200 voltas no traçado de 8 quilometros. Em segundo ficou a dupla Catarino Andreatta/Diogo Luis Ellwanger com a carreteira Ford número 2 e em terceiro lugar a dupla Julio Andreatta/Dirceu Oliveira com a carreteira Ford número 6, todos pílotos gaúchos.

A grande experiência dos gaúchos em provas de longa duração explica o sucesso deles nas primeiras Mil Milhas. Na outra foto de hoje (acervo daquele antigomobilista também) aparecem funcionário da Promax (E), radialista Antonio Augusto Meireles Duarte e Orlando Menegaz (Passo Fundo/RS), ao lado da carreteira número 4 e da imensa Taça Bardhal, esta com 1,80m de altura. Este maravilhoso troféu trazia, ao seu pé, plaqueta na qual eram gravados os nomes dos vencedores das provas Mil Milhas Brasileiras.

Agradeço ao jornalista e amigo Ari Moro de Curitiba-PR, a cedência deste que foi publicado primeiramente no Jornal do Automóvel de Curitiba e Paraná Online.
26/08/2010 às 00:00:00 - Atualizado em 25/08/2010 às 20:57:18

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Orlando Menegaz foi um pioneiro das corridas de carreteiras - Ari Moro


No que diz respeito às corridas de carreteiras no Brasil, nas décadas de 1940/50, o motor mais "quente", o mais utilizado pelos pilotos para equipar seus veículos e o que se apresentava mais disponível na praça, era o que vinha de fábrica nos automóveis Ford ou Mercury V8, com maior ou menor cavalaria, cerca de 100 ou de 130 HP respectivamente, o qual, devidamente preparado com equipamento fabricado nos Estados Unidos poderia chegar aos 150 ou 200 HP.

Mas, como dizia o piloto curitibano Paulo Buso, não era nada fácil conseguir isso e pior ainda um motor mais forte, bem como a "perfumaria" necessária para torna-lo competitivo.

Em consequência, os mecânicos da época eram obrigados a realizarem verdadeiros milagres mecânicos para que, utilizando os parcos recursos que tinham à mão, fazer com que o motor preparado rendesse o que era esperado pelos pilotos dos carros.

Uns poucos pilotos tinham condições de ir aos Estados Unidos buscar os equipamentos necessários ou importa-los. A maioria, recorria aos "hermanos" argentinos para conseguirem as peças, caras com certeza.

Os pilotos em condições de obter os melhores motores e equipamentos importados para "envenena-los", certamente tinham maior chance de vitória nas corridas.

É o caso, por exemplo, do destacado piloto gaúcho de Passo Fundo - Orlando Menegaz - que, já em 1957 equipou sua carreteira Chevrolet 1938 com motor V8 e câmbio do esportivo Chevrolet Corvette, carro este que havia sido lançado pela General Motors norte-americana em 1953 com motor de 6 cilindros em linha e que a partir de 1955 começou a ser equipado com motor de 8 cilindros em V, de alto desempenho.

A instalação e testes da nova mecânica e acerto do diferencial da carreteira consumiram um ano de trabalho, mas, a partir de 1958 Menegaz começou a colher bons resultados, vencendo as seguintes provas: Centenário de Passo Fundo - 02-02-1958, Festa da Uva/RS - 09-03-1958, Circuito Automobilístico de Melo/Uruguai - 30-03-1958, VI Mil Milhas Brasileiras/SP - 25-26-11-1961, II 500 Quilometros de Porto Alegre/RS - 23-09-1962.Esse motor, novo, superava 200HP e foi vendido a Menegaz por outro piloto de carreteira gaúcho - Argemiro Adolfo Pretto - dono de concessionária Chevrolet na cidade de Encantado/RS e que havia importado três unidades pela então CACEX do Banco do Brasil.

Isto, além de obter o terceiro lugar no Circuito Internacional de Automobilismo do Uruguai - 23-03-1958 e terceiro e quarto lugares em duas provas do Circuito Cavalhada/Vila Nova/RS.

Em 1957, Menegaz, correndo em parceria na carreteira equipada com motor V8 Corvette também de outro piloto gaúcho - Aristides Bertuol, venceu mais uma Mil Milhas Brasileiras.

Bertuol buscou esse motor nos Estados Unidos, transportando-o ao Brasil num avião da Varig Internacional comandado pelo gaúcho Gastão Werhang, que por sua vez pilotava a carreteira do conterrâneo João Galvani, equipada com motor Corvette também.

São fatos que mostram ao leitor a dificuldade em se conseguir bons equipamentos automobilísticos de competição naqueles tempos... Aliás, o antigomobilista passofundense Nelson M. Rocha afirma que Orlando Menegaz foi o primeiro piloto de carreteira a usar cinto de segurança no banco, "emprestado" de um avião Douglas DC-3 da Varig em 1961! Na foto, a carreteira de Menegaz na vitória deste nos 500 Quilometros de Porto Alegre em 1962.

ParanáOnline http://www.parana-online.com.br/canal/automoveis/news/483222/?noticia=ORLANDO+MENEGAZ+FOI+UM+PIONEIRO+DAS+CORRIDAS+DE+CARRETEIRAS 14/10/2010 às 00:00:00 - Atualizado em 13/10/2010 às 21:34:06


Agradeço ao jornalista e amigo Ari Moro de Curitiba-PR, a cedência deste.


quinta-feira, 22 de julho de 2010

A história das berlinetas Interlagos


As berlinetas Interlagos marcaram época no automobilismo de competição brasileiro, no período de 1962 a 1967, enquanto foram fabricadas e durante o tempo em que existiu o departamento de competições da Willys Overland do Brasil, que reuniu equipe de pilotos de ponta formada por Wilson e Emerson Fittipaldi, Luiz Pereira Bueno, Bird Clemente, Luiz Carlos Pace, Francisco Lameirão e Carol Figueiredo, sob o comando de Luiz Grecco. Fabricadas com base no automóvel francês Alpine, as berlinetas eram leves, ágeis e velozes, além de bonitas e muito caras para o bolso do cidadão comum brasileiro.

Apesar de que o motor que as equipava não era de grande potência, quando preparadas para competição, na própria fábrica, tornavam-se quase imbatíveis sobretudo em circuitos fechados.

Foram inúmeras as vitórias obtidas por aquela equipe, no Brasil e no exterior, em provas de curta e de longa duração, inclusive quando ainda competiam as últimas carreteiras com motores infinitamente superiores em potência.


Após a extinção da equipe, os carros de competição da Willys Overland, entre eles 4 Interlagos, 2 Gordini 1.000cc e 2 Gordini 1.093cc, foram transferidos à Transparaná, empresa revendedora da marca com sede em Londrina/PR e por aqui correram por algum tempo ainda.

Tanto é assim que, a prova de inauguração da Rodovia do Café - Curitiba/Londrina - 802 quilômetros, foi vencida por uma berlineta pilotada por Ettore Onesti Beppe, que fez média horária de 151 km, chegando em segundo Ângelo Cunha (Laranjeiras do Sul) com carreteira Ford V8 (estava em primeiro, na volta, derrapou e saiu da estrada).

Uma das berlinetas da equipe, totalmente restaurada, repousa hoje na sala de visitas da casa do empresário curitibano Glaucio Geara.

Em outras duas oportunidades escrevemos aqui sobre o estilista espanhol Jesus Ibarzo Martinez, um dos responsáveis pelo projeto do protótipo Interlagos 1966, com muitos itens diferentes do carro brasileiro original no tocante à altura de para-brisas e vidros, painel, volante, bancos, espaço interno, para-choques, lanternas, faróis, capô traseiro e parte frontal e que seria apresentado no Salão do Automóvel/SP naquele ano.

Aos 83 anos de idade, o senhor Jesus reside na cidade de Itajaí-SC e forneceu-nos valiosas informações sobre sua vida profissional desde a Espanha e sobre as atividades do departamento de competições da Willys Overland do Brasil, incluindo foto do citado protótipo que mostramos hoje aos aficionados da berlineta Interlagos, além da foto da berlineta de competição (47) daquele empresário.

Agradeço ao amigo jornalista curitibano Ari Moro a parceria neste artigo, que foi publicado no jornal O Estado do Paraná no caderno especial Jornal do Automóvel de Curitiba

quarta-feira, 5 de maio de 2010

CHEIRO DE CANO DE ESCAPE - Germano Schlögl - II


Ontem ao receber um comentário na postagem original de um neto de Germano resolvi mostrar mais uma vez a bela carreira dele e o exelente texto de meu amigo Ari Moro. Do Ari tenho muitas matérias a mostrar ainda e deixo a ele meu forte abraço.


Por incrível que pareça um jornal feito com tanta dedicação e carinho não teve continuidade , ainda bem que o Ari me enviou alguns exemplares e assim posso mostrar a história das carreteiras contadas por este fantástico jornalista . Tenho como companheiras nesta serie de postagens Graziela Marques da Rocha e Elisa Asinelli do Nascimento .
Hoje Ari escreve sobre o piloto Germano Schlögl


" Germano Schlölgl . Catarinense de São Bento do Sul , nascido em 16 de Fevereiro de 1924 , que veio marcar - em São José dos Pinhais/PR , no Paraná e no Brasil - o seu nome com letras destacadas , traduzidas em vitórias , dedicação à profissão ( ele mesmo organizava seu álbum de recordações ) , preparo de motores , velocidade , poeira , gasolina e barulho , no desenvolvimento do automobilismo de competição nacional . Piloto de carreteira por demais popular , ídolo dos amantes da velocidade de sua cidade , foi surpreendido por um gesto de solidariedade por parte de seus fans , quando participava de sua última corrida - Grande Prêmio Cidade de São José dos Pinhais - em Junho de 1961 : Germano pilotava o carro de nº 19 o qual , em determinado momento da prova teve um pneu furado . Os torcedores , na ânsia de ajudar seu ídolo , saíram correndo , ergueram o carro com as próprias mãos e ficaram sustentando no ar , até que Germano completasse a troca da roda e pudesse voltar à corrida ( há fotografia publicada em jornal da época documentando o fato ) . Graças a esse gesto de seus admiradores , Germano não só completou , mas venceu a competição . Isto aconteceu na Vila Palmira , onde hoje uma rua , cuja poeira foi levantada pelas rodas da carreteira 19 em suas derrapadas , leva o nome do piloto .
Como tantos outros pilotos de carreteira , de destaque , Germano teve uma curta vida profissional , competindo ao longo de apenas 6 anos e falecendo tragicamente aos 37 anos , por demais jovem . Mas , nesse curto espaço de tempo ele fez muito . Foi , entre outras coisas , um dos primeiros pilotos paranaenses a participar da corrida de carros mais famosa do Brasil , a Mil Milhas Brasileiras , na pista de Interlagos em São Paulo/SP . Sim ele esteve presente a I Mil Milhas e , obteve um destacado quarto lugar .

Rose Schlögl - filha de Germano - lembra com saudade de seu pai e diz :" Naquela época , o automobilismo de competição era diferente . Na oficina de meu pai , em São José dos Pinhais , parecia que havia uma festa quando ele estava preparando o carro para correr . Todo mundo ia lá querendo saber o que ele estava fazendo . Minha mãe , tinha que preparar comida para toda aquela gente . Era uma grande demonstração de companheirismo ."


Germano se interessou pelo automobilismo de competição tão logo começou a trabalhar como funileiro e mecânico . numa oficina de São José dos Pinhais , vindo de São Bento do Sul . Logo preparou , em 1954 , um Ford 1946 , de 4 portas e cor preta , ao qual deu o numero de sua afeição - 42 - com o qual participou de corrida no Circuito de Tarumã - onde hoje está o Colégio Militar , em Curitiba , no dia 27 de Junho , obtendo o quarto lugar e , seu primeiro trofeu , uma medalha de bronze . Um "gentleman " , sabem como ele compareceu trajado a essa primeira corrida ? De terno e gravata , fato documentado fotograficamente ! Já em 8 de Agosto daquele mesmo ano Germano em sua segunda participação em corridas , com o mesmo carro , vencia prova no mesmo circuito , recebendo o troféu " Anfrísio F. Siqueira " , numa demonstração de que ele estava se aprimorando no preparo e na condução do veículo de competição .

Mas , foi na antiga estrada Curitiba/Ponta Grossa/PR , nas famosas e inesqueciveis corridas ali promovidas pelo jornal Paraná Esportivo , da capital paranaense ( sim , acreditem , hove tempo - que saudade - em que órgãos de comunicação se interessavam pelo automobilismo de competição local ) contribuindo para o surgimento e glória de muitos pilotos , que Germano se destacou . Na sua terceira participação em corridas , no dia 29 de Maio de 1955 , agora pilotando um Ford cupê 1949 com o nº 42 , totalmente original enfrentou as " feras " da época e obteve o primeiro lugar na categoria Turismo . Era total de 280 KM , ida e volta a Ponta Grossa , passando por Campo Comprido , Campo Largo , serra de São Luiz de Purunã , Palmeira e outras localidades .Em 11 de Setembro de 1955 em sua quarta prova , Germano participou com o Ford 1949 , do Circuito Passeio Público , em Curitiba , conquistando o primeiro lugar na categoria Turismo . No Circuito São José dos Pinhais , em 18 de Dezembro daquele mesmo ano , em sua quinta corrida , ainda com o mesmo carro , sem nenhum preparo , obteve novamente o primeiro lugar naquela categoria , recebendo taça , medalha de volta mais rápida e medalha de honra , esta ofertada pelo Bar Florida . Pasmem , até bar , naquela época , oferecia troféu aos pilotos !! A corrida tinha largada na área central de São José dos Pinhais e ia em direção de Curitiba pela rua Marechal Floriano Peixoto , quando esta não tinha pavimentação asfaltica . Ainda neste ano o jornal Paraná Esportivo destacava o nome de Germano Schlögl como um dos "Maiores do Automomobilismo " paranaense pela conquista de quatro " triunfos magníficos ".

As pedras , os buracos e a poeira da estrada Curitiba/Ponta Grossa viram Germano conquistar , no dia 15 de Setembro de 1956 , o titulo de Bi-Campeão na categoria Turismo , na terceira prova promovida pelo Paraná Esportivo , competindo com seu Ford cupê 1949 , com o nº 42 .Nesta estrada , com mais de " trocentas " curvas , o piloto conseguiu manter a média de 105 km/h ( vejam bem , tratava-se de carro original , categoria Turismo )

Glória nas Mil Milhas

No entanto , a maior glória na vida de piloto de Germano estava reservada para acontecer na mais importante competição automobilistica da América do Sul - a Mil Milhas Brasileiras , organizada por Wilson Fittipaldi ( pai de Emerson e Wilsinho ) , da Rádio Panamericana e Eloi Gogliano , presidente do Centauro Moto Clube , de São Paulo - justamente na primeira edição da prova , nos dias 24/25 de Novembro de 1956 , na pista de Interlagos/SP . Imaginem a emoção dele , saindo de São José dos Pinhais para participar em parceria co Euclides Bastos , o popular piloto Curutibano conhecido pelo apelido de " Perereca " , cuja vida profissional pretendemos relatar brevemente , , de uma competição dessas , lado a lado com os maiores "cobras" do automobilismo Brasileiro , oriundos principalmente do Rio Grande do Sul e de São Paulo . Era demais , certamente , ainda mais que seria a primeira competição desse nivel no país .
Pois bem , Germano e Perereca mostraram que , se os Gaúchos tinham chimarrão na cuia e , os Paulistas café no bule , o Paraná tinha agua fervendo para esquentar os dois . Competiram eles com a carreteira Ford nº 86 , pertencente a Perereca , enfrentando 36 carros entre os mais bem preparados do país e , classificaram-se em quarto lugar , de acordo com o resultado oficial , o qual foi contestado , pois , reivindicou-se o segundo lugar para a dupla Paranaense . A corrida começou às 20,30 horas do dia 24 e só terminou quando o primeiro carro completou 201 voltas pelo circuito de Interlagos o qual na época tinha cerca de 8 kilometros . Isto significa que a competição só terminava após às 12,00 horas do dia seguinte , obrigando carros e pilotos a sofrer um tremendo desgaste .
De qualquer maneira , mesmo com a classificação de quarto lugar , o fato foi considerado uma conquista importantíssima para o automobilismo Paranaense , mostrando que aqui também tinha gente do ramo , que sabia preparar e dirigir bem uma carreteira . E tinha mesmo . Para se ter uma idéia do tamanho da façanha , basta dizer que , quem venceu essa primeira Mil Milhas foi a dupla mais infernal da história das corridas de carreteira , ou seja , os Gauchos Catarino Andreata e Breno Fornari , com uma carreteira Ford número 2 , perfazendo 201 voltas em 16 hras 16 minutos e 2 segundos . Em segundo lugar a dupla Paulista Eugênio Martins Christian Heins com o Volkswagem número 18 - é aquele fuquinho de duas janelas atrás sim e , achamos que era um 1.200 cc - com 197 voltas ; em terceiro Aristides Bertuol e Waldir Rebeschini , do Rio Grande do Sul , com a carreteira Chevrolet número 4 , com 192 voltas . Observem que , o número de voltas de Germano/Perereca foi igual ao de Bertuol/Rebeschini e apenas a 9 voltas do ponteiro . Bonito!!!
A repercussão dessa conquista foi tamanha que , no seu regresso a Curitiba - naquela época as Mil Milhas era transmitida pelo rádio , acreditem - Germano e Perereca foram recebidos pela população em festa , foram notícia em jornais deram entrevistas em rádios , saíram com a carreteira em passeata pelas ruas centrais da capital , levando gente nela pendurada e segurando bandeiras do Paraná e do Brasil , alem de " corbelles " ( como eram bacanas naquele tempos ) , seguidos por uma caravana de carros , fans , foguetório e tudo mais a que tinham direito . A carreata seguiu pela Av. Cândido de Abreu até o Palacio Iguaçu , onde sabem quem aguardava os pilotos heróis ? Nada menos que o Governador do Estado , Moisés Lupion ! Germano e Perereca foram recebidos pelo Governador e assessores , em pleno saguão do Palácio . Era a glória máxima para os dois pilotos , que posaram para fotografia , segurando os troféus ganhos nas Mil Milhas , ao lado do Chefe do Executivo estadual . Podem crer , naquele tempo até o Governador do Estado prestigiava o automobilismo . Germano foi ainda mais homenageado quando chegou a São José dos Pinhais , sendo levado em sua carreteira a escolas - sempre presente as bandeiras do Brasil e do Paraná - onde foi alvo do carinho de toda população . Germano foi eleito pelo jornal Paraná Esportivo , ainda neste ano de 1956 , o Melhor Automobilista do Paraná .
Provavelmente motivado por aquele extraordinário feito , no ano seguinte , em 1957 , participando pela oitava vez de uma competição , Germano estava novamente presente em Saõ Paulo , agora na II Mil Milhas Brasileiras disputada nos dias 23/24 de Novembro , na pista de Interlagos , colocando sua carreteira ao lado de 43 carros . Desta vez no entanto , primeiro teve quebrado o cubo de uma roda dianteira e , depois rachado o tanque de combustivel de seu carro , mas , mesmo assim conseguiu o decimo primeiro lugar na classificação geral . A prova foi vencida pela dupla Aristides Bertuol/Orlando Menegaz , de Bento Gonçalves/RS , com a carreteira Chevrolet número 4 perfazendo 200 voltas . Em segundo ficaram Catarino Andreata/Diogo Luiz Ellwanger , de Porto Alegre/RS , com a carreteira Ford número 2 , perfazendo 199 voltas , em terceiro Julio Andreata( irmão de Catarino )/Dirceu de Oliveira , de Porto Alegre/RS , com a carreteira Ford número 6 , perfazendo 197 voltas .Nos dias 22/23 de Novembro de 1958 ( em sua nova participação em corridas ) , lá estava Germano de novo para disputar a III Mil Milhas Brasileiras , com a carreteira Ford número 52 , em parceria com João Buso , irmão de outro piloto de carreteira Curitibano Paulo Buso . Desta feita , a dupla Curitibana classificou-se em décimo lugar , perfazendo 165 voltas . A prova foi vencida novamente por Catarino Andreata/Breno Fornari com a carreteira Ford número 2 , do Rio Grande do Sul ,perfazendo 201 voltas em 15 horas , 39 minutos e 27 segundos . Em segundo lugar aparecia um dos mais famosos pilotos Brasileiros de todos os tempos , o qual participou de muitas provas em Curitiba , Francisci Landi em parceria com José Gimenez Lopes , de São Paulo , com a carreteira Chevrolet número 82 , virando 193 voltas ,em terceiro Antonio Versa/Francisco Guzzardi , de São Paulo , com a carreteira Chevrolet número 78 , com 187 voltas . Outra dupla paranaense que destacou-se nessa prova foi formada pelos irmãos José e Osvaldo Cury , de Curitiba , que ficou em sexto com a carreteira Cadillac número 64 , perfazendo 180 voltas , num excelente resultado .
A quinta Mil Milhas Brasileiras , disputada nos dias 26/27 de Novembro de 1960 , contou com a participação de 44 carros e , entre eles imaginem quem estava ? Germano Schlögl , com sua carreteira Ford número 52 , desta feita em parceria com o piloto Eugênio Souza . Esta foi sua ultima Mil Milhas . Na linha de largada nomes como Catarino Andreata/Breno Fornari , com a famosa carreteira Ford número 2 , com a qual haviam ganho tambem a IV Mil Milhas , Pedro A. Oliver/Rosalvo M. Francisco , com Volkswagen , Mario Cesar de Camargo Filho/Ciro Caires com DKW ,Eugênio Martins/Bird Clemente com DKW , Francisco Landi/Christian Heins com Alfa Romeo JK , Emilio Zambelo/Ruggero Peruzzo com Fiat , Julio Andreata/Haroldo Vaz Lobo ( de Curitiba ) com carreteira Ford , Camilo Christofaro ( pela primeira vez aparecia nas Mil Milhas o nome do segundo mais famoso piloto de carreteiras do Brasil , que fez " misérias " com sua carreteira de número 18 com motor de Chevrolet Corvette ) em parceria com Celso Lara Barberis , Euclides Bastos ( o nosso Perereca )/José Armando Grocoski com carreteira Ford . O prêmio para o primeiro lugar era Cr $ 500.000,00 .
Antes mesmo desta V Mil Milhas , ou seja , no dia 30 de Setembro de 1959 Germano participou de sua décima prova , numa corrida na cidade Cruzeiro do Oeste/PR . Na oportunidade , pilotando aquele seu Ford 1949 cupê , fez o primeiro lugar . Outra vez , nesse ano , a imprensa paranaense considerou-o o melhor piloto do automobilismo . Na verdade , ele sempre disputou provas no Paraná , São Paulo , Santa Catarina e Rio Grande do Sul . Numa corrida em Caxias do Sul/RS , por ocasião da Festa da Uva , Germano chegou a cidade em cima da hora e não teve tempo de conhecer o trajeto do circuito . Pouco antes do final , quando liderava a prova , errou o caminho e , para reencontra-lo , deixou o carro que vinha em segundo lugar ultrapasse o seu , a fim de segui-lo e ultrapassa-lo em seguida . Mas , graças a isso , perdeu a corrida por questão de segundos . Na lataria de seu Ford ele escrevia o nome de todas as cidades por onde passava com o carro . Assim era Germano .



A ÚLTIMA CORRIDA



Quando venceu a prova "Grande Prêmio Cidade de São José dos Pinhais", disputada em Junho de 1961, pilotando a carreteira número 19 na categoria Força Livre, Germano jamais saberia que, infelizmente, essa seria a derradeira corrida para ele. Quis novamente o destino que,nessa prova, disputada num circuito da Vila Palmira, naquela cidade, Germano e seus fans fossem protagonistas de um fato inédito, quando estes ergueram seu carro, ajudando-o a trocar um pneu furado.
Mas pior, o trágico, estava ainda por vir. Logo após aquela conquista, ou seja, no dia 2 de julho de 1961, num domingo, Germano saiu de sua casa, em São José dos Pinhais, para dar um passeio em Curitiba, em companhia de sua esposa senhora Elvira e seus filhos Rose, Wanilda, Wilmair e Marcos. Todos a bordo da carreteira 52, trafegando pela rua Marechal Floriano Peixoto (naquele tempo, os pilotos trafegavam normalmente com seus carros de corrrida pelas ruas). Na altura do bairro curitibano conhecido então por Inflamáveis, devido ali estarem localizados os depósitos de combustiveis de companhias distribuidoras ( onde hoje estão as concessionárias de veiculos Olsen e outras), o carro de Germano foi violentamente abalroado por um ônibus da empresa Reunidas que fazia a linha de transporte coletivo entre a capital e a cidade de Rio Negro. O impacto destruiu a carreteira e fez com que Wanilda, então com 11 anos de idade, tivesse morte instantânea, enquanto que Germano saiu gravemente ferido. O piloto e os demais feridos foram transportados a hospital de Curitiba e, tão logo a noticia do acidente foi captada, via radio, pela população de São José dos Pinhais, amigos seus prontamente compareceram ao estabelecimento para lhe dor sangue. Apesar de todos os esforços, Germano, que resistiu por 14 horas ainda, veio a falecer. As cortinas do tempo fechavam-se para sempre para o (GRANDE ÁZ DO VOLANTE), como era denominado pela imprensa, trazendo consternação e ludo para seus fãns, admiradores e todo o povo de São José. Desaparecia mais um espoente do automobilismo de competição nacional, aos 37 anos de idade.
Germano Schlögi se foi, mas, sua grande obra no sentido do desenvolvimento do automobilismo de competição no País ficou. Num gesto de carinho ficou, reconhecimento e valorização da história, e graças a visão esclarecida e a iniciativa da jornalista e ex Secretária da Cultura Municipal Eulália Maria Radke, a memória de Germano esta preservada no Museu Municipal Atilio Rocco daquela cidade. Ali por decreto do então prefeito municipal foi criada a Sala Germano Schlögl, onde pode ser vista toda a indumentária que usou na sua última grande corrida - macacão, luvas, capacete, etc. - a V Mil Milhas Brasileiras, além de fotografias suas e de seus carros, troféus, escritos de próprio punho, documentos. Germano viverá para sempre na nossa lembrança!" Ari Moro



Fonte : " CHEIRO DE CANO DE ESCAPE " edição 04 Maio de 2002 .




quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Carlos Widmer por Ari Moro

Contei a meu irmão Paulo desta matéria no jornal do Ari , como ele não tinha lido e hoje é seu aniversário resolvi mostrar a ele e a vocês . Vejam que não é só corredores de automóveis que são um pouco amalucados .




"Um piloto de um carro dragster arrisca sua vida a cada arrancada, sem dúvida. Um piloto de carro Formula 1 também, assim como um piloto de motocicleta de competição. Agora, um piloto de avião de acrobacia, nem se fala. E se esse piloto sai da cabina do avião, em pleno vôo e fica dependurado? Aí é demais. a sujeito tem que ser corajoso mesmo ou, como se diz popularmente, louco.
Carlos Widmer, gaúcho, é piloto de avião que fazia dessas loucuras. Widmer fazia algo que poucos pilotos se arriscam fazer, pois, se alguma coisa der errado, é morte certa.
Ele simplesmente desligava o motor do avião e, em pleno vôo, deixava a cabina do mesmo, se agarrava nos suportes das asas, apoiando os pés nos suportes das rodas e, com uma das mãos, alcançava a hélice, movimentando-a, a fim de dar partida novamente. Pelo amor de Deus! No mínimo, o motor poderia não pegar, obrigando-o a fazer um pouso de emergência ou, uma lufada de vento mais forte poderia arranca-lo e projeta-lo no espaço, uma vez que não estava preso a nada. Era simplesmente na base da coragem e perícia mesmo.
Num dos espetáculos de aviões de acrobacia, promovidos em Curitiba pelo Aeroclube do Paraná, Carlos Widmer fez uma de suas apresentações, sendo devidamente fotografado no momento em que estava do lado de fora do seu avião, um teco-teco modelo Paulistinha, tentando dar partida no motor do mesmo. A foto que estampamos nessa matéria esta inserida na página 90 do livro intitulado "História do Aeroclube do Paraná " Ninho das Velhas Águias", de autoria do também piloto e escritor Adil Calomeno. Nessa obra, cujo texto é dos mais emocionantes, muito bem ilustrada, Calomeno não só faz detalhado relato do desenvolvimentó da aviação no Paraná, como também mostra a vida do Aerodube e a luta e a força de trabalho dos pilotos que integram a instituição, modelo no Brasil.
HISTÓRIAS
Adil Calomeno, além de piloto, é um apaixonado pelas coisas da aviação, tendo sido mesmo presidente do aeroclube do Paraná. Sua paixão é tanta que, ele já está preparando o seu terceiro livro sobre o tema.
Em 1985, lançou "Aeroclube do Paraná - 45 Anos Formando Pilotos para o Brasil". Depois foi a vez da "História do Aeroclube do Paraná - Ninho das Velhas Águias" e, agora, ele está terminando "Vivos Por Acaso", Neste livro - diz o piloto - abordo histórias de aviação que colecionei durante vários anos, fatos curiosos ligados ao meio e outras coisas interessantes, que certamente muito agradarão ao leitor." Vamos aguardar.
Por outro lado, no final do ano de 2001 a Confraria das Velhas Águias entregou, em Curitiba, durante encontro de confraternização da classe, diplomas a pilotos que completaram 40, 50 e 60 anos de brevê, como forma de homenagea-los.
Receberam o diploma "Confrade Águia Velha Condor", alusivo a 60 anos de brevê, os pilotos Carl Roderich Raeder, Cícero Muller e Guido Otto Hauer. Parabéns a eles e que viva a aviação! "
Ari Moro


Valeu Ari , obrigado .

terça-feira, 6 de outubro de 2009

FÚRIA por Ari Moro




" Flávio das Chagas Lima. Empresário do setor de construções e, acima de tudo, um anônimo, modesto, humilde mesmo, apaixonado pelo automobilismo de competição e responsável direto - temos que destacar isso sempre - pela existência do Autódromo Internadonal de Pinhais. Nunca soubemos que ele tivesse pilotado um veículo de corridas, nem mesmo um carrinho de rolimã, mas, presenciamos, isto sim, ele mesmo na boléia de um grande trator de pá escavadeira, de sua empresa de terraplenagem, sob o sol a pino, preparando o terreno onde hoje está localizado nosso primeiro autódromo paranaense.
Sem o Flávio não teríamos a oportunidade de sentir as emoções, hoje, de uma prova de arrancada, .de uma Stock Car, de uma Fórmula Renault, de caminhões, de motocicletas,
enfim, tudo o mais que acontece em nosso autódromo. Não há o que pague. o sácrifício desse cidadão, que muito lutou para ver seu sonho concretizado e dar ao público um local apropriado para as corridas motorizadas. Aliás, o autódromo deveria levar o seu nome e não é preciso dizer porque.
Pois bem, nunca imaginava Flávio que, um dia, viria a ser vítima de um acidente automobilístico dentro da própria casa de espetáculos que criou. Nas décadas de 70/80 o piloto paulista Jaime Silva era um dos mais destacados do país, sempre presente nos autódromos. Numa corrida em Pinhais, Jaime estava no gride de largada pilotando um dos carros nacionais mais competitivos da época, o bonito protótipo Fúria que levava o número 26 e estava equipado com o motor do Alfa Romeo JK. Durante a competição, numa curva dos fundos do autódromo, o carro de, Jaime' se desgarrou da pista, passou pela grama, arrebentou a mureta de proteção e foi parar no barranco, atropelando justamente sabem quem: o dono da casa, Flávio das Chagas Lima. Foi muito azar para Flávio que, em conseqüência, teve uma de suas pernas fratuda. Ainda bem que foi só isso, pois, até hoje ele comparece a quase todas as corridas, sempre sorrindo e incentivando os pilotos. Valeu Flávio! " Ari Moro

Valeu Ari , obrigado .



quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Haroldo Vaz Lobo por Ari Moro

1) Nos dias 26 e 27 de novembro de 1960, foi realizada, no autódromo de Interlagos, em São Paulo/SP, a V Mil Milhas Brasileiras, a mais importante corrida de carros do Brasil, reunindo desta vez, 44 carros dos mais famosos pilotos do país. Entre eles estavam as duplas Germano Schlógl e Eugênio Souza, de São José dos Pinhais/PR, com carreteira Ford V8 número 52; Julio Andreatta (irmão de Catarino Andreatta) e Haroldo Vaz Lobo Porto Alegre/RS e Curitiba, com carreteira Ford V8 número 60; Euclides Bastos (Perereca) e José Arnaldo Grocoski, de Curitiba, com carreteira Ford V8, número 86. Isto, além das duplas Catarino Andreatta e Breno Fornari, de Porto Alegre/RS, com Ford V8 número 2; Karl Iwers e Henrique Iwers, de Porto Alegre/RS, com DKW Vemag, número 76; José Ramos e Justino De Maio, de São Paulo/SP, com carreteira Ford V8 número 50; Luis Pompeu de Camargo e Adalberto Aires. De São Paulo/SP, com Volkswagen número 6; e ainda nomes como Raul Lepper e Francisco Said, de Joinvile/SC, com carreteira Ford V8 número 14; Egênio Martins e Bird Clemente, de São Paulo/SP, com DKW Vemag número 18; Francisco Landi e Christian Heins, de São Paulo/SP, com Alfa Romeu JK número 28; e Camilo Christófaro e Celso Lara Barberis, de São PaulojSP, com caneteira Chevrolet V8 número 82.
A foto mostra as carreteiras em frente ao estádio de futebol do Pacaembu/SP - algumas já no solo, outras sendo descarrega das dos caminhões cegonha transportadores - de números 60 (Haroldo Vaz Lobo), 52 (Germano Schlógl), 2 (Catarino Andreatta), 50 (José Ramos) - notem que se tratava de uma carroçaria fordeco, provavelmente 1935; e ainda o Volks número 6 (Luis Pompeu de Camargo); e, o DKW Vemag número 76 - motor 3 cilindros, dois tempos - de Karl Iwers. Ao volante da carreteira 52, que está na rampa do caminhão, quem aparece deve ser Germano Schlógl, que pouco tempo depois faleceria num acidente automobilístico, com essa mesma carreteira, na rua Marechal Floriano Peixoto, em Curitiba. Os carros estavam passando pela vistoria, obrigatória antes da corrida.
Nesta corrida Haroldo Vaz Lobo competiu com a carreteira Ford V8 1940, motor com equipamento Edelbrock. Durante a madrugada, quebrou a caixa de câmbio, mas, mesmo assim, ele e Julio Andreatta fizeram o décimo-segundo lugar.


2)Nesta foto, ainda com a carreteira Ford 1940 e o número 60, Haroldo Vaz Lobo aparece do lado direito do carro, Breno Fornari no centro e, Raul Wigner na esquerda, na véspera do dia da largada da V Mil Milhas Brasileiras, em Interlagos/SP


3) Em Curitiba, na década de 1950, as carreteiras corriam em circuitos como os da rua Marechal Floriano Peixoto, com 5 quilometros de extensão; do bairro do Tarumã, onde hoje está o Colégio Militar e, do Passeio Público, centro da cidade. Aqui, um flagrante da passagem de Haroldo Vaz Lobo com sua carreteira número 5, com a imagem do cachorro galgo pintada na porta equipe Galgo Branco, de Porto Alegre/RS - em frente ao Colégio Estadual do Paraná, já fazendo a curva em direção ao prédio da Reitoria Universidade Federal do Paraná. Isto foi no ano de 1954. Na prova, quebrou uma roda da carreteira. Feito o conserto, Haroldo voltou à pista e conseguiu classificar-se em quarto lugar.


4) Nesta foto, um momento de alegria e glória na vida de Haroldo Vaz Lobo e seu co-piloto José Vera, pai de nosso amigo antigomobilista Vitor Vera. Eles haviam corrido, com o carro que aí aparece - um Chevrolet 1939, com motor Wyne e direito a pneus faixa branca e propaganda do jornal Gazeta do Povo, casa Nickel e Pneus Brasil- na prova de inauguração do Palácio do Café, por ocasião da inauguração da Exposição Internacional do Café, no circuito do bairro do tarumã, em Curitiba e, obtiveram o primeiro lugar. Isto, em 1954.
Do lado direito está Vaz Lobo, ao lado de José Vera, ambos segurando os troféus aos quais fizeram jus. A foto foi operada nas oficinas da Casa Nickel - importadora de veículos da marca Chevrolet - na rua Pedro Ivo. Ao fundo, mecânicos funcionários deste estabelecimento, numa festa de confraternização após a competição.


A vida do curitibano Haroldo Vaz . Lobo, como piloto de carretelras, é mais uma página Importante, gloriosa e cheia de saudade, parte integrante do vasto, emocionante e Implacável livro do tempo, que registra para todo o sempre a história grandiosa do automobilismo de competição paranaense e que nos faz, muitas vezes, chorar ao relembrar os acontecimentos de uma época distante, quando pilotos e mecânicos de carros de corrida superavam as maiores dificuldades para colocar os seus bólidos na pista, por puro prazer e satisfação de proporcionar um belo espetáculo aos amantes da velocidade e, não por Interesses financeiros ou materiais.
Aqui lembramo-nos do que nos disse recentemente outro destacado piloto de carreteira de São Jose dos Plnhais/PR ¬Miroslau Socachewski - a respeito dos seus patrocinadores, no final dos anos 50, Início de 60: "Patrocinador de piloto de carreteira, na minha época"era brincadeira. Um dono de churrascaria, por exemplo, dizia: coloque o nome do meu estabelecimento no teu carro e, depois da corrida venha aqui comer um churrasco de graça: Era assim a coisa e ainda não mudou muito, em boa parte.
Mas,• enfim, Vaz Lobo fez nome e história na direção de uma carreteira e hoje, ele mesmo faz questão de dizer: "Eu não me intimidava com carros mais fortes que o meu. Eu não era daqueles pilotos que deixavam de entrar na pista, quando sabiam que teriam de enfrentar concorrentes melhor preparadqs. Eu participava de todos as corridas, com ou sem chance de vencer.
Dedicamos., hoje um espaço deste jornal a esse memorável piloto e desportista, para que seus fans, principalmente aqueles saudosos que gostavam de ve-lo dirigir um carro de corrida,. das derrapadas, da poeira, do cheiro da gasolina e do ronco dos veoitões, matem a saudade.
Ari Moro

Valeu Ari , um forte abraço.


sábado, 12 de setembro de 2009

Danilo Julio Afornali por Ari Moro


"Se considerarmos que esse cidadão lida com mecânica de motocicletas há nada menos que 53 anos, período durante o qual foi mecânico, preparador e piloto, podemos afirmar tranquilamente que ele - Danilo Julio Afornali, curitibano do Bigorrilho, sete vezes Campeão Paranaense de Motociclismo entre 1959 e 1971 - é um "Doutor em Motos". Quem visita sua "clínica de motores", agora no bairro de Santa Felicidade, pode notar, nas paredes, as marcas da sua trajetória motociclística em forma de troféus, diplomas, certificados e fotografias de corridas esquecidas no tempo e, no seu peito e braços, as marcas deixadas por um cabo de aço, fruto de acidente. Lá está ele, cigarro pendendo dos lábios, trabalhando ainda com as motos.
Filho de Paschoal e Lucietta Gans Afornali, Danilo começou a lidar com motocicletas em 1950, com 15 anos de idade, quando seu pai adquiriu uma CZ deste mesmo ano. "Minha primeira corrida de moto - conta Danilo - foi na pista de terra do Itaim, na cidade de JoinvillejSC, com uma CZ pertencente ao curitibano Boguslavo Sunn e preparada por nós dois no porão da casa onde ele moravá. Fiz terceiro lugar depois que a bóia do reservatório de gasolina do carburador furou. Era difícil ganhar dos catarinenses naquela pista, mas, fiquei animado com o resultado obtido e comecei a acreditar em mim mesmo."
Quem não se lembra da pista oval de corrida de cavalos do Jockey Club no bairro do Prado Velho, que depois foi transformada em pista de corrida de motos, em Curitiba? Numa corrida ali, com uma BSA 500 Twin pertencente a Manoel de Alencar Guimarães (Noel), Danilo fez segundo lugar, chegando em primeiro Ferdinando Batschoven, com uma Triumph 500. Na pista de Interlagos, em São PaulojSP, em 1971, Danilo participou das 500 Milhas com uma Ducatti 350, fazendo quinto lugar.
Ainda em Interlagos, na saudosa época das corridas de lambretas (reunindo marcas tais como Lambretta, Vespa, Iso) Danilo participou de uma prova com duas horas de duração, pelo antigo traçado de 8 quilometros de distância. Sua lambreta, carenada, havia pertencido aos famosos irmãos Gualtiero e Paolo Tognochi, tidos como os maiores cobras brasileiros da época no preparo dessas máquinas de 150cc. Danilo saiu na frente de mais de 30 competidores e assim permaneceu até quase o final da corrida, quando, no final da grande reta oposta de Interlagos, furou um pneu e levou um tombo, desistindo.
É bom lembrar que essa lambreta, com rodas, chassi, tanque de combustível, tudo feito em São Paulo/SP, foi recordista de velocidade na pista de Interlagos/SP. Com ela, Gualtiero Tognochi venceu a inesquecível corrida de lambretas entre Curitiba e Ponta Grossa.




O preparo de máquinas para outros pilotos, entre eles Ubiratan Rios, que foi duas vezes Campeão Brasileiro de Motociclismo e uma vice-campeão, sempre foi uma especialidade de Danilo. Em 1982, preparou uma Yamaha TZ 350 (máquina do então campeonato mundial de motociclismo categoria 350) para Bira correr e foi com ele à Argentina participar de prova do mundial. Fizeram nono lugar entre 33 pilotos e Bira terminou a prova com a embreagem danificada.

"A corrida que lembro com mais saudade e emoção - fala Danilo - foi aquela em que, pela primeira vez, um paranaense conseguiu vencer os catarinenses na pista do Itaim, em Joinville. Eles eram imbatíveis lá. Foi em 1962, quando preparei e pilotei uma HRD Vincent 1000cc."
Danilo sempre participou de grandes provas. Em 1976, juntamente com Ubiratan Rios, o conhecido Az do Motociclismo brasileiro Bira, colocou na pista de terra de Joinville uma Yamaha RS 125cc com kit de competição, participando de uma prova de 6 horas de duração. "Fizeram uma sacanagem para nós - conta ele - pois, até 10 minutos antes do término da prova estávamos em primeiro lugar. Daí para a frente os fiscais de pista "se perderam" na contagem das voltas e acabaram por nos classificar em terceiro lugar, dando o segundo ao catarinense Lucílio Baumer, que não aceitou, dizendo que só aceitaria se eu e Bira fossemos considerados os vencedores. " Essa foi a sua derradeira corrida .



Praticamente todas as máquinas antigas existentes no Brasil passaram pelas mãos de Danilo: Ducatti, HRD, Triumph, BSA, Indian, CZ e outras. Como todo verdadeiro motociclista tem uma história triste para contar, Danilo também tem a sua. Em 1967, no Dia das Mães, pegou sua HRD Vincent 1000cc bicilíndrica e foi dar uma volta na Rodovia do Café. Pouco antes do Parque Barigui, em frente a um posto de combustível, notou um caminhão FNM da cidade de Toledo/PR de um lado da pista e outro no pátio do posto. Diminuiu um pouco a velocidade e foi se aproximando, pensando que um caminhão deveria estar manobrando para entrar no pátio do posto e que o outro estava saindo do estabelecimento. No entanto, vendo que os caminhões não se movimentavam, achou que os motoristas dos veículos estavam esperando que ele passasse. Acelerou novamente a HRD e quando praticamente não havia tempo para mais nada, apavoradamente viu que havia um cabo de aço esticado por sobre a pista, unindo os caminhões. "Meu único reflexo foi cortar o acelerador. O cabo atingiu-me no peito e braços e por milagre não subiu, pois, caso contrário eu teria sido degolado. Fui arremessado a distância e a motocicleta seguiu em frente desgovemada, tombando de lado na altura da ponte do rio Barigui. Hospitalizado, Danilo recuperou-se mas, as marcas do acidente ele as carrega até hoje.
Sua primeira oficina mecânica foi montada em 1958, no Bigorrilho, num terreno próximo onde hoje está a Igreja dos Passarinhos. Embora tenha boas lembranças do seu tempo de piloto, Danilo diz que o seu trabalho como mecânico profissional de motocicletas não proporcionou muita compensação. "Um piloto de motos tem que gostar mesmo do metier e ter coragem. Pilotar motocicleta não é para qualquer um".
Casado com a senhora Marisa Rangel Afomalli, Danilo tem três filhos: Marco Aurélio, Marcia Regina e Marcelo Eduardo. Ele é, na verdade, além de famoso preparador de motores de competição, um dos mais importantes pilotos de motocicleta, ao lado de Ubiratan Rios e Nivanor Benardi, que o Paraná já teve. Seu nome está marcado com destaque numa página do livro que conta a história do motociclismo de competição brasileiro. " Ari Moro

Dos exemplares do jornal "CHEIRO DE CANO DE ESCAPE" que o jornalista Ari Moro me presenteou , retiro várias pérolas escritas por ele . Ari que escreve sôbre automobilismo , motociclismo , aviação etc etc sempre com a mesma emoção e personalidade . Leio e releio sempre seus artigos , tentando tirar proveito de suas verdadeiras aulas de jornalismo .

"CHEIRO DE CANO DE ESCAPE" nº 07 Agosto de 2003

Obrigado Ari e um abraço .

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Camilo Christófaro por Ari Moro







Camilo e seu Maserati Corvette .
Esta foto tirei no evento da FEI , para mim um dos pontos altos da palestra do Bird Clemente foi quando ao falar do Camilo sua voz titubeou e vieram lágrimas em seus olhos .

Lá vai meu amigo Ari Moro outra vez , o excelente texto que pode ser lido ao clicar o link foi escrito em 20 de Agosto deste ano no jornal "O ESTADO DO PARANÁ" . Agradeço a referencia , e como sempre coloco à disposição do Ari qualquer material meu . A foto da Maserati Corvette agradeço ao Fabio Poppi .