A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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domingo, 5 de junho de 2022

Bino

 

Foto arquivo Chico Lameirão

"Bino Heinz ….. última pilotada dele em terra Brasileira …. Renault 1093 # 40 /// Brasília 1000 Quilômetros … P 3 na Geral e P 1 na Categoria 850 cc" - Chico Lameirão

Foto arquivo Chico Lameirão

"Luiz P Bueno , Bino Heinz e eu …… Última vez que falamos com ele …. Chegamos em cima da hora ….. já estava embarcando e quando nos viu saiu da fila para umas últimas palavras …. A história poderia ter sido outra inclusive no cenário do nosso automobilismo …… mas assim estava escrito …..!!!" Chico Lameirão

Eugenio Martins e Bino quase venceram as Mil Milhas Brasileira de 1957 neste VW-Porsche preparado por Jorge Letry.



 No post anterior quando mostrei o Willys Mark II, fiz apenas uma pequena referencia ao seu nome, Bino Mark II, esperava uma foto que o Chico havia enviado tempos atrás quando Luiz e ele foram se despedir do amigo que seguia para França e Le Mans 1963, e que perdi.

Os comentários das duas fotos do Chico são dele, e abaixo mostro o texto dele para o livro de Paulo Scali.

Num país tão sem memória, e certas vezes tão distorcida, Paulo é uma referência, com muito conhecimento sobre o que escreve é sério, honesto e preciso é o grande historiador de nosso automobilismo.

                           Os textos e fotos abaixo são de seu livro “Bino – A trajetória de um vencedor” 


“Rui, ele era do seu tamanho, não sei como cabia na Berlinette ou Gordini” é o Chico comentando sobre o amigo.

No Tubularte-Porsche 






Luiz pilotando e vencendo com o carro que leva o nome do amigo.


Rui Amaral Jr






   








 








sexta-feira, 3 de junho de 2022

47

 

Mestre Luiz e sua tocada, confesso que esta foto me emociona.
Mestre Ararê, com sua genialidade reproduziu o Mark II. 

 
    Vendo e ouvindo atentamente mestre Toni na entrevista ao amigo Gildo, fiquei com vontade de escrever sobre sua criação, que teve a participação de outro mestre, o grande Nelson Angelo Brizzi.

Pela milionésima vez volto a afirmar, não sou historiador, apenas um contador de histórias que traz para cá muito do que ouviu, viu e sentiu. Quanto a números, fatos ou outros quem quiser me contestar estou sempre aberto a correções.

Na FEI no evento em que meu amigo Ricardo Bock homenageou Bird.


Os tempos mudavam, alguns jovens pilotos buscavam o mundo, Avallone, Ricardo, Luiz, Emerson, Wilsinho, Pace buscavam o Velho Continente, onde “seu” Chico, Fritz, Nano e outros haviam escrito seus nomes e agora com o grande destaque que as categorias de formulas alcançavam iam fazer os seus...e como o fizeram!

Aqui a equipe Willys comandada por Greco resolve fazer um novo carro para as pistas, entrega seu projeto e execução aos dois grandes nomes, dois grandes responsáveis pelas inúmeras vitorias de Bird, Luiz, Chico, Pace, Emerson, Wilson...Toni e Brizzi.

500 KM da Guanabara 1968


O que sei é que seu projeto foi calcado no carro que vinha fazendo furor nas corridas europeias, o Lotus 47, que em sua versão de rua era o Lotus Europa,  que lá corria com o motor Ford-Cortina-Lotus 1.600cc, e fazia frente a carros de maior cilindrada, a ponto de Enzo tentar barrar sua homologação. Em minha opinião um carro feio, muito feio, mas carros de corrida se tornam belos quando vencem e o 47 GT venceu muito.

E um dos 47 que veio participar das Mil Milhas Brasileiras de 1967 serviu de base para construir o Bino Mark II.

Relatos de amigos próximos à equipe contam que no primeiro teste Luiz se queixou dizendo que o carro havia ficado muito curto entre eixos e não fazia curvas de alta, ao que Greco olhando o carro e abrindo a mão abriu o indicador e polegar, que em minha mão dá uns 12cms e na dele devia dar uns 10, e disse “aumenta este tanto”! E feito ficou acabado o carro que mais vitórias teve em nosso automobilismo. É sério, quem quiser ou tiver vontade apresente outra versão!  


Segundo Toni a Mão de Deus conduzia as suas quando criava, a deusa outra criação Divina.

QR março de 1967


Bino bebe a champaghe, abraça Aguinaldo de Goes ao lapo Grego. As mãos de Toni desenhavam, as de Brizzi produziam vitórias. 








  Pois bem...1967, eu tinha de 14 para 15 anos, já me aventurava pelas noites daquela São Paulo que não existe mais. Ia à mais distinta das cafieiras o “Som de Cristal”, lá cheguei a ouvir o grande Jamelão, lugar onde lindas mulatas dançavam com senhores de terno elegantes, mostrando sua arte. Na maioria das “boites”, que não eram muitas, não me deixavam entrar, já tinha quase meus 1.90m de hoje, mas a cara era de 12 anos, se tanto. Mas na rua Nestor Pestana havia uma que fazia furor o “Ton Ton Macoute”, que meus irmãos mais velhos que eu frequentavam, ficava ao lado do escritório das Cestas de Natal Amaral e lá com certeza ninguém me barrava. Acredito que foi lá que pela primeira vez vi esta deusa que embeleza ainda mais a criação de Toni, talvez 8/9 anos mais velha que eu, só olhava, era apenas um sonho impossível. Dois anos mais tarde já entrava lá com a namorada, que modéstia à parte nada devia à beleza dela. 


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Rui Amaral Jr

PS: Perdoem minhas divagações.













terça-feira, 26 de abril de 2022

Tempos...

 

Mestre Luiz à frente de Joest, 500 KM de 1972.

  Então vamos bater um papo, uma conversa informal, eu daqui matutando.

Ontem ao postar sobre as 250 Milhas de Interlagos 1971 -GP Iguatemi- fiquei matutando sobre os tempos de voltas.

Logo de cara vi um erro sobre a melhor volta de Luiz na prova, 58.100/1000 para os 3.207 km do Anel Externo de Interlagos, ao fazer o calculo me deparei com uma velocidade média de 199.02 km/h, ao contrário do 187.599 km/h da revista QR. Usei para tanto o site https://www.calkoo.com/pt/tempo-velocidade-e-distancia .

Lembremos que em 1971 os pneus slicks ainda não eram utilizados, no ano seguinte nos 500 KM de Interlagos Luiz já com o carro mais acertado e com slicks virou na classificação o tempo de 53.864/1000 segundos à velocidade média de 214.34 km/h (segundo o site acima citado), quase cinco segundos mais rápido. Carro mais acertado para competir com as feras, pneus slicks...

Comparando com Silverstone 1971 quando a pole foi de Clay com o tempo de 1`18”100/1000 e depois em 1973, já com os slicks Ronnie cravou a pole com 1`16”300/1000 e Zetwelg 1971 quando a pole foi de Siffert com 1`37”440/1000 e em 1972 de Emerson com 1`35”970/1000

 Luiz ganhou cerca de 2 segundos com os slicks e o resto de acerto e conhecimento do carro, fora a batalha com iguais, coisa que não aconteceu em 1971.

Lembro de conversar com o Luiz sobre o 908/2 mais de uma vez, e ele contou ao nosso amigo Chico que com o tanque de combustível cheio tirava de leve o pé para fazer a curva Um de Interlagos, e do meio tanque para baixo fazia cravado, isto à mais de 250 km/h!

250 Milhas 1971
500 KM 1972

Hoje pensando melhor lembrei que um amigo que corria com Puma 2.000cc virou, não lembro se nesta corrida 1`13”, então errei ontem, duvido que estes VW D3 com os Cinturatto e o Simca virassem abaixo dois 1`18”.  

A quase panca de Luiz em 1971.

Rui Amaral Jr










quinta-feira, 21 de abril de 2022

Torneio SUDAM 1971 – Las Flores 8 de agosto

 

Quuatro Rodas - Setembro de 1971

Clique nas fotos para ampliar.



  Confesso que estou um pouco perdido ao postar sobre o torneio de 1971, poucas informações e contraditórias, e por mais que esforce a memória continuo um pouco perdido.

Enfim na revista Quatro Rodas encontro um texto do Anísio, nele nenhuma referencia ao torneio, no Racing Sports Cars consta como uma corrida dele.

Anísio: Um ser do outro mundo, um cara sensacional, fiquei mais próximo dele cerca de quinze anos atrás, conversar com ele era sempre muito rico e cheio de causos. Muito amigo de meu amigo Júlio Caio, vou guardar em minha memória os causos deles, coisa que infelizmente não dá para dividir.

Certa noite em um longo bate papo instigado pelo Ricardo – Bock – e movido por algumas latinhas de cerveja, ele me contou como conseguiu a licença da Porsche para Dacon de Paulo Gulart representar a marca no Brasil.

Anísio- “Veja bem Rui, o Paulo me mandou para Alemanha para conversar com um senhor que era ligado à Casa Porsche, eu não falava sequer uma palavra em inglês e muito menos alemão...foi muito bom, e voltei com a representação!”  

A conversa foi mais ou menos assim, entremeada de muitos risos, este era o Anísio.

Sobre a corrida e o Torneio Sudam deixo vocês com o artigo dele na Quatro Rodas e o link para o Racing Sports Cars, nele a presença de Massimo Pedrazzi com o Sabre-Porsche da Divisão 4, não tenho maiores informações sobre. 



Charutinho, Ricardo, Gláucio, Anísio, André e eu.



Rui Amaral Jr












sexta-feira, 1 de abril de 2022

Zeltweg 1000 Kilometres – 1972 e a equipe Hollywood

 

Jacky Ickx liderando com Luiz em quinto. 

Foto da Conexão Saloma, de meu amigo Luiz Salomão.

https://www.conexaosaloma.com.br/1000-km-osterreichring_luis-pereira-bueno-1972/ 

link

PAIXÃO E TÉCNICA AO VOLANTE

Luiz Pereira Bueno 

Na página do livro um texto de Anísio Campos.


   E lá foi a equipe Hollywood enfrentar as feras...

 Aproveitando uma revisão do 908/2 na Porsche, inscreveram o carro para os 1.000 KM de Zeltweg, decima etapa do Mundial de Esportes Protótipos.

1972 - Os monstros de 5.000cc foram abolidos com os imbatíveis 917 que venciam tudo, para felicidade da Ferrari e... pode ser que tenha um dedinho de Enzo aí. Os 908/3 com cerca de 100 hps a menos não eram páreo para elas, então seus concorrentes eram as Alfa T33T, as Lolas T280 e o Gulf Mirage, ambos com o Ford-Cosworth DFV.    

A 312 PB da Ferrari era imbatível, com seu motor flat 12, o mesmo que corria na F. Um, que gerava absurdos 460 hps.



Daytona
link

Mirage e Lola foram mais rápidos, mas... 

 Foi no meio desta batalha que Luiz e Tite entraram com o 908/2, que mesmo com cerca de cento e tantos hps a menos conseguiram largar em sétimo lugar, tendo Luiz na largada chegando a ocupar o quinto, mas depois num circuito de alta velocidade voltar ao sétimo, vinham fazendo uma bela exibição mas Helmut Marko numa bobeada os tirou da corrida.

A Ferrari fez 1º,2º, 3º e 4º nesta como em outras das corridas do Mundial.

Pace entra no lugar de Marko. Foi a estréia dele na Ferrari.
Gérard Larrousse / Vic Elford as Lolas da Ecurie Bonnier eram rápidas, mas sem esquema para vencer as Ferrari.
Mirage M6B Ford Cosworth, na foto com Redman em corrida anterior.



#18 
José Juncadella/John Bridges Chevron B21 Ford, #27 Claude Swietlik/Gilbert Salles  Lola T290 Ford, #21 Trevor Twaites/Brendan McInerney Chevron B21 Ford, a briga dos dois litros.

RESULTADO

Breve continuo escrevendo sobre o SUDAM 1971 um campeonato que segundo os argentinos teve oito ou dez provas e só encontrei resultados para seis ou sete. Numa QR um texto do Anísio que vale à pena, logo trago para vocês.


Rui Amaral Jr



quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Berta Tornado x Porsche 908/2

 


 

 1971 começou com grandes promessas para nosso automobilismo, Interlagos estava em reformas, Tarumã, Guaporé e Cascavel inaugurados ao final de 1970. Os autódromos gaúcho e paranaenses com traçados de cerca de três quilômetros, tres pistas desafiadoras que trouxeram ainda mais os pilotos e equipes daqueles estados ao topo de nosso automobilismo. Grandes iniciativas de abnegados visionários que viram no esporte motor o caminho para o desenvolvimento. Deixo aqui minha homenagem ao grande Zilmar Beux, que capitaneando um grupo de esportistas colocou Cascavel em lugar de destaque no nosso automobilismo.

Brasileiros e Argentinos já combatiam há muito nas pistas, com carreteras, na Mecânica Continental que eram carros da Formula Um já em desuso na Europa e que na América do Sul eram retirados seus motores originais e equipados com motores V8.

No Brasil grandes nomes se destacavam na organização de torneios, entre eles Mario Patti, Antonio Carlos Scavone e Antonio Carlos Avallone.

Neste ano duas forças do automobilismo Sulamericano se encontraram, a Berta e a Equipe Z, depois Hollywood.

Berta Tornado




Chassi semi monocoque em aço e alumínio. Motor traseiro entre eixos.

Motor seis cilindros em linha derivado do Tornado 380, Berta elevou sua cilindrada á 4.000cc mudando sua configuração de curso x diâmetro, diminuindo o curso e aumentando o diâmetros fazendo com que o motor girasse a 6.800 rpm, ajudado por um novo cabeçote de dois comando na cabeça alimentados por três Weber 48. Esta joia desenvolvia aproximadamente 360/370 hps. Bloco de ferro e cabeçote de alumínio.

Cambio Saenz 750 de cinco marchas.

Freios Girling.

Comprimento: 4.050 mm.

Largura: 1.880 mm.

Bitola dianteira: 1.550 mm.

Bitola traseira: 1.528 mm.

Distância entre eixos: 2.320 mm.

Rodas;

Dianteiras 15x10.

Traseiras 15x15.

Peso 750/800 kg.

 

Porsche 908/2


Motor

Configuração flat 8 cilindros contrapostos.

Localização traseira, montado longitudinalmente

Construção bloco e cabeçote em liga.

Cilindrada   2,996 litros

Diâmetro x curso 85,0 milímetros x 66,0 milímetros

Taxa de compressão 10.5:1

2 válvulas por cilindro, duplo comando

Alimentação de combustível injeção Bosch.

Potencia   350 CV a 8500 rpm

117 cv/litro

 

Chassis em alumínio tubular. 

Suspensão dianteira triângulos duplos, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos

Suspensão traseira braços superiores e inferiores, braço tensor, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos

Direção cremalheira e pinhão

Freios Dunlop-ATE, discos nas quatro rodas

Caixa de cambio Porsche 5 marchas

Tração traseira

 

Dimensões

Peso 600 kg.

Comprimento 4.320 milímetros.

Largura 1830 mm.

Altura 1020 mm.

Distância entre eixos 2300 milímetros.

Bitola dianteira 1.486 milímetros.

Bitola traseira 1453 mm

Rodas;

Dianteiras 15x10 pol.

Traseiras 15x15 pol.

 

Algumas considerações.

 

Dois carros de duas épocas, o 908/2 projetado cerca de 4/5 anos antes quando os pneus slick ainda estavam longe das pistas, para o uso deles foi projetado e construído seu substituto o 908/3 muito diferente em todas configurações e com o motor cerca de 20 hps mais forte. Já o Berta Tornado deriva do Berta Cosworth concebido no final de 1969 para temporada de 1970, além disso ao contrário do 908/2 corria na equipe que o projetou e construiu, podendo o gênio argentino inserir nele diversas modificações no decorrer do ano, coisa que a Z não fazia no 908/2, apenas mais para frente alguma coisa na aerodinâmica.






No primeiro duelo entre eles Luiz Pereira Bueno se queixou muito dos pneus, o que mais tarde com testes e muitas corridas foi resolvido, culminando com sua espetacular participação nos 500 Quilômetros de Interlagos de 1972.

A primeira prova da temporada em Tarumã foi vencida por Tite Catapani com a Lola T210 ex Emerson Fittipaldi, massss as duas feras, Luis & Luiz não estavam presentes, logo conto sobre.

 

Vejam a situação de nosso automobilismo, depois da era de ouro quando as montadoras dominaram o espetáculo, tivemos alguns anos de corridas minguadas. Agora a Formula Ford chegava com força, algumas grandes equipes eram montadas, logo teríamos a Divisão Um forte, assim como a Divisão Três. Ainda em 71/72 correram os carros do Grupo Cinco e Seis, no final de 1972 os importados foram banidos e chegou a bela Divisão Quatro, quando um certo Baixinho visionário começou à montar aqui carros da Lola e a equipe Hollywood encomendou a Berta o super Hollywood-Berta, com o motor Ford 302 V8 que aqui equipava o Maverick.


O Hollywood Berta na visão de dois amigos, Ararê e Rogério, mestres em suas artes.
Quase ao final do texto numa conversa com o Chico uma referencia a alguém que faz muita falta, Avallone e seu Avallone Divisão Quatro.



Mas vejam nesta entrevista o que pensava Angelo Juliano, presidente do ACB - Automóvel Club do Brasil – que anos antes, na gestão do Presidente Castello Branco, havia perdido o mando de nosso automobilismo para CBA – Confederação Brasileira de Automobilismo. A briga nefasta entre as duas instituições durou muitos anos, trazendo grandes desavenças e um atraso imensurável ao nosso automobilismo.  

 

Rui Amaral Jr

Como sempre peço perdão por algum erro ou informação desencontrada, escrevo principalmente de memória, e também com o coração.

Lembrando Cascavel deixo aqui meu forte abraço ao Milton Serralheiro e ao grande amigo Miguel Beux que herdou de seu pai Zilmar, o talento a competência e a força.