Sai do encontro com meu pai consciente que ele não iria me apoiar, mas sabendo que lá no fundo de sua alma ele estava contente, alguém em nossa família havia tomado uma atitude sem a dependência dele, e atitude era algo que ele apreciava muito.
Rolando, Raimundo Hernandez, braço direito de meu pai nas Cestas de Natal Amaral, Rui Amaral e eu.Me permitam esquecer um pouco o automobilismo e divagar...
Naquele 1971 meu pai não estava feliz, um montão de coisas o perturbavam. A situação familiar, o fechamento das Cestas, sua menina dos olhos, fechou a grande empresa pura e simplesmente, pagou todos os credores, como era de seu feitio, ficou com todos os imóveis, e agora tocava os Alimentos e uma rede de super mercados que havia aberto no ano anterior, aliás onde trabalhei por um tempo.
Depois de exercer seu mandato como deputado federal, se esforçava na fundação, com outros abnegados, que não vou citar, do partido que seria a oposição ao governista, o MDB. Logo ele que tanto se opôs aos descalabros da administração que sucedeu Jânio Quadros no comando da nação. Tenho um discurso seu na Câmara dos Deputados que mostra toda situação vivida no país nos tempos pré Revolução, onde coloca os pingos nos iiiis. Os dois grandes nomes da politica paulista, Adhemar de Barros e Jânio Quadros, estavam fora, e novos nomes deveriam surgir.
Batalhador consciente, pelo MDB foi ao sacrifício em duas disputas, três anos antes pela prefeitura de São Bernardo do Campo, onde ficava a sede das Cestas, quando perdeu por poucos votos. E no final do ano anterior na disputa pelo senado, quando seu nome era indicado para liderar a chapa, e numa deliberação partidária aceitou sair como vice de Lino de Mattos, quando perderam a cadeira para um candidato da situação, sendo que o MDB elegeu um senador.
Ele que tinha lutado pela criação do partido, sendo que sua sede em São Paulo, à rua Nestor Pestana, antigo escritório das Cestas, foi cedida gratuitamente por ele para sediar o partido.
Ele estava desiludido, eu que no ano anterior, na primeira eleição em que votava, havia tido a grande honra de votar nele, pensava que ele deveria tomar outros rumos politicamente. Eu, que desde quando comecei a ler jornais, lá pelos doze anos, era de direita, sendo fã antes de tudo dele e de Carlos Lacerda, via seu perfil mais à direita de onde ele se situava agora.
Me desculpem misturar minha situação familiar com automobilismo, mas foi assim que aconteceu.
Voltando às pista...