Motor 4.4 litros.
Comecei a escrever este texto ontem quando chegou o comentário do Ricardo com o vídeo do GP da França de 72. Deixei para terminar hoje, é um assunto que gosto muito e ainda pretendo escrever sobre cabeçotes e suas configurações. Como cada motor é desenhado e a posição do comando de válvulas etc. etc. etc.
Foto de Felipe filho do Ferraz no Salão do Automóvem em Lisboa.
Quem vê hoje os fantásticos carros vencedores das 24 Horas de Le Mans ou Mil Milhas Brasileiras, com seus motores de 5.500cc turbo diesel com injeção direta na câmara de combustão, e que em Interlagos viraram tempos bem próximos da Formula Um, talvez não saiba de toda tradição da marca. As inovações vem em seus carros de Grand Prix desde a primeira década do século passado quando corria na categoria.
Georges Boillot com o Peugeot L76 vencedor do GP da França de 1912.
Como por exemplo o motor L76 desenvolvido nas Oficinas Peugeot pelo engenheiro projetista suíço Ernest Henry em 1912. Parece que foi o primeiro motor com duplo comando no cabeçote e quatro válvulas por cilindro a se destacar em competições.
Esse motor de quatro cilindros tinha 7.598cc. Bloco e cabeçote eram de ferro fundido, o cárter de alumínio, seu virabrequim de cinco mancais assim como as bielas e os pistões eram de aço Derihon BND. O cabeçote com o duplo comando acionado por um eixo vertical com chanfros e pinhões permitia que as válvulas trabalhassem a um ângulo de 45º e permitia uma boa localização para as velas para que elas pudessem oferecer a queima do combustível de um modo mais dinâmico.
O diâmetro de seus pistões era de 110mm por um curso de 200mm ( 7.598cc) e virava para época absurdos 2.500 rpm rendendo 148 HP. Equipado com magneto Bosch e um carburador Claudel, dizia-se que este motor poderia girar 3.000rpm.
Georges Boillot com o Peugeot de 4.494cc no GP de Lyon 1914.
Em 1913 a Peugeot desenvolveu um motor de 3 litros com a mesma configuração do L76, o L3. Agora seus comandos eram acionados por correntes e trazia no acionamento de suas válvulas “simplesmente” o primeiro sistema desmodrômico que tenho conhecimento. Esse motor correu de 1913 a 1920 e tinha um diâmetro de cilindros de 78mm e um curso de girabrequim de 156mm num total de 2.980cc. Suas válvulas trabalhavam num ângulo de 60º e desenvolvia 90hp a 2.900rpm.
O belo motor de 3 litros, abaixo o sistema dosmodrômico. Esse sistema usava fortes molas auxiliares para o retorno das vávulas.
Georges Boillot com o Peugeot L76 vencedor do GP da França disputado em Dieppe 1912.
Com estes carros e quatro fantásticos motores os L76, L56, L3, e o 4.5 Litros dois pilotos franceses, Georges Boillot e Jules Goux e um italiano Paolo Zuccarelli venceram inúmeras corridas entre elas duas 500 Milhas de Indianápolis, uma em 1913 com Jules Goux e a outra no ano de 1915 com o italiano Dario Resta trazido para equipe em 1915.
Motor 4.5 litros carro vencedor das 500 Milhas de Indianápolis 1916 pilotado por Dario Resta.
Peugeot 4.5 litros de 1914, notem o estepe carenado na traseira.
NT: Depois vou escrever sobre o fantástico sistema Desmodrômico que conheci décadas atrás quando me entusiasmei por uma grande moto, a Ducatti 350 Desmo. Apesar de ter andando algum tempo em uma nunca tive o prazer de ter uma delas e apesar das motos bem mais potentes que tive a 350 Desmo ficou para sempre em minha memória.
Outra coisa interessante, apesar das altas potencias desenvolvidas na época, nada comparável ao que extraímos dos motores hoje em dia, temos que ver que a qualidade dos combustíveis, óleos e aços de então eram muito, mas muito mesmo inferiores ao que usamos hoje.