A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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quinta-feira, 16 de abril de 2015

Cascavel.


Vídeo que recebi ontem de meu amigo Milton Serralheiro mostra toda força do automobilismo praticado no Paraná vinte anos atrás, vendo fiquei me perguntando quando voltaremos a ter um automobilismo praticado da mesma forma. Aqui mesmo temos vários relatos de meu amigo Pedro Garrafa  mostrando a beleza deste automobilismo. 
Aos amigos Miltinho, Pedro e Piero Tebaldi meu muito obrigado e um forte abraço.


Rui Amaral Jr

 Milton e Joacir...
...fazendo pose!

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O AUTODROMO DE CASCAVEL E A SAUDOSA PROVA CASCAVEL DE OURO


Quando falo de Cascavel, sinto até um friozinho na barriga, mas de satisfação e não de medo, pois foi nesse autódromo que sem duvida nenhuma passei grande parte das minhas melhores emoções nos meus tempos de automobilismo.
É gratificante e super prazeroso saber e ver que esse tradicional autódromo foi ressuscitado e revitalizado com muito empreendorismo e boa vontade daqueles que realmente gostam e sabem discorrer sobre automobilismo, enfim um ato de muita coragem e heroísmo de todos os envolvidos nessa empreitada, que sem duvida nenhuma deve servir de exemplo a todos os demais Estados, e administradores dos autódromos deste Pais, e que jamais façam o que está sendo feito no autódromo do Rio de Janeiro, que agoniza e já está condenado por essa corja de cartolas inúteis e ávidos de lucros, sem escrúpulos, sem memória e até sem sentimentos, enfim sem moral e sem vergonha. Ficaria aqui horas e horas descrevendo adjetivos para essa cambada e eles poderiam até pensar que eu os estava elogiando.




Mas quero falar também que alem do renascimento e revitalização do Autódromo de Cascavel, seria bom também que retornassem com a tradicional prova Cascavel de Ouro, que sem duvida nenhuma era uma das mais tradicionais e empolgantes provas do Calendário Automobilístico Brasileiro e não apenas Paranaense, pois nessa prova se encontravam pilotos de varias regiões e estados, e até de fora deste Pais.
Enfim essa era uma prova aonde corriam com todos os tipos de veículos , de varias categorias e de vários estilos, desde o mais antigo até o mais moderno. Em uma mesma prova podia-se ver desde o piloto profissional, até o amador, desde que devidamente documentado, é claro, e quero dizer que tanto o amador (que não participava regularmente de campeonatos), quanto o profissional tinham a mesma atenção e o mesmo valor por parte dos organizadores e diretores de prova. Enfim era uma verdadeira festa de confraternização, era um espetáculo digno do nome "Cascavel de Ouro".
Portanto quando se fala de uma prova desse porte parece que a saudade é muito maior, pois nessa época que eu participava, contava-mos os dias para estar lá presente nesse espetáculo, e ainda mais gratificante era saber que fazíamos parte desse espetáculo.
A preparação para essa prova começava muitos meses antes, com treinos esporádicos e com revisões constantes nos carros para que nada de errado acontecesse, enfim era trabalho duro muito tempo antes da prova, pois sempre queria fazer o melhor possível, já que a prova era de muita importância e muito destaque não só na mídia como também na Cidade, que nos recebia calorosamente e com muita hospitalidade.






Em uma edição que no momento não sei exatamente precisar o ano se foi 1993 ou 1994, fui participar com o meu protótipo, e tenho algo a lhes contar bastante interessante e também bastante trágico para mim, pois passei por um acidente incrível e inesquecível, enfim um fantástico acidente que para mim ficou marcado como trágico e humorístico ao mesmo tempo.
Para quem não conhece ou nunca andou no traçado de Cascavel (que felizmente foi preservado, ao contrario de Interlagos que infelizmente foi destroçado), a pista é sensacional com retas curtas mas fantásticas (apesar de poucas) e curvas maravilhosamente desenhadas e bastante desafiadoras, destacando-se a curva do Bacião, sendo a mais desafiadora curva de todos os demais autódromos do Pais, basta dizer que é preciso ter muita coragem e fé para fazê-la bem feita, ou melhor quase que com o pé embaixo, pois ela apresenta três tangencias numa mesma curva, o que é simplesmente fantástico pois exige uma concentração fora do comum para fazê-la bem feita.



E foi nessa desafiante curva que me aconteceu um também fantástico acidente, pois durante a prova, que por sinal eu estava bem colocado, ao entrar nela me furou um pneu dianteiro esquerdo do meu protótipo. Não sei exatamente a que giros estava, mas creio que por volta de uns 6.200 a 6.300 rpm, num ponto de bastante velocidade, pois foi bem na entrada da curva e final da reta (que hoje é a nova reta dos boxes),com o estouro do pneu meu carro ficou parecendo um pião e girava em seu próprio eixo de uma forma quase que interminável, não sei exatamente quantas voltas eu dei, mas o carro não parava de rodar e num determinado ponto, devido a saída da pista, o carro foi se despedaçando, ou melhor foi perdendo partes, e uma delas foi justamente o assoalho que era de alumínio, que foi o primeiro a se soltar, e foi assim que no continuar das rodadas eu senti meu traseiro esquentando, foi por causa das raspadas no chão que chegaram a atingir o fundo do meu banco, então fiquei super preocupado, achando que o carro estava pegando fogo, o que felizmente não aconteceu, mas uma coisa eu tinha certeza, que estava queimando o meu traseiro, isso estava. Então a única saída era rezar para que o carro parasse e eu pudesse sair, o que foi uma espetacular saída rápida, pois quem tem C....tem medo, e eu não queria sair com o meu queimando. Felizmente tudo ocorreu de uma forma que só tive prejuízo material, e já saia pensando na próxima edição dessa sensacional prova, que mesmo com o traseiro queimado eu com certeza estaria lá novamente. Até o ano que vem.....
Pedro ajuda seu filho Rodrigo












Pedro Garrafa

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Pedrão, meu amigo, muito obrigado, todo de bom e um forte abraço!

Rui

terça-feira, 14 de junho de 2011

CASCAVEL DE OURO por Pedro Garrafa



Uma das mais tradicionais prova automobilística paranaense era sem duvida nenhuma a Cascavel de Ouro, muito embora o próprio calendário paranaense tenha outras provas tradicionais como as 500 MILHAS DE LONDRINA, e as 3 HORAS DE CURITIBA, que inclusive no passado contou até com a presença de participantes estrangeiros. Inclusive as 500 MILHAS DE LONDRINA, alem de fazer parte do calendário de festividades do aniversario da cidade,encerrava o calendário letivo e era considerada também como uma previa para as famosas MIL MILHAS BRASILEIRAS, que infelizmente não existe mais nos dias de hoje, e que acontecia sempre no incio do ano, também para comemorar o aniversario da Cidade de São Paulo.Mas vamos voltar a falar da Cascavel de Ouro. Uma prova desse porte começa muitos dias antes da data oficial marcada, pois a preparação é intensa e requer muito planejamento, trabalho, esforço e recursos. Porem os dias que antecedem tal acontecimento são dias de graça e muita ansiedade para aqueles que irão participar e trabalhar, pois a emoção de poder participar dessa prova é algo incrível e quase indescritível, principalmente porque , lá estarão carros e pilotos de varias cidades e os mais diferentes tipos de veículos de competição, pois a mesma era aberta a varias categorias do automobilismo nacional, e as vezes tinha até a presença de alguns veículos e pilotos de fora, ou melhor nossos vizinhos argentinos e outros.


Sair de São Paulo, aonde ficava a sede de minha equipe, até Cascavel, era uma distancia bastante considerada, percorria-mos quase 2.500 KM contando ida e volta, o que não deixava de ser uma tremenda aventura, porem super agradável e também cansativa, mas valia o esforço pois quando chegava-mos éramos muito bem recebidos pelos dirigentes e amigos, o que tornava a aventura bastante compensadora.Não bastava apenas chegar, se instalar e já ir para a pista.Semanas antes da viagem já tinhas-mos gasto e queimado bastante combustível em exaustivos treinos para preparação e acertos do carro, com o qual participaria-mos. Não precisa nem dizer que a viagem também era super interessante, pois aonde parava-mos, despertava-mos a curiosidade e atenção de muitos, até dos policiais rodoviários, que em muitas das vezes apenas nos paravam somente para verem o carro de perto, e muitas vezes também retribuia-mos a atenção distribuindo adesivos, bonés e até camisetas. Deixava-mos para traz uma legião de fâs e torcedores, pois muitas vezes também éramos parados na volta pelos mesmos policiais apenas para questionarem sobre o resultado da prova e como tinha sido a corrida.Causava-mos uma certa atenção e curiosidade, pois nosso protótipo alem de ser um carro bastante diferente de um carro normal era transportado por uma carreta aberta o que deixava bem a mostra o veiculo que era transportado.


Já instalados, com todo o material de suporte também descarregado, a próxima etapa era a revisão do carro, para dar-mos inicio aos treinos livres, para acertos de motor, suspensão e aerodinâmica do carro.Se tudo corria bem durante os treinos, o resto era só alegria, e à noite éramos merecedores de um suculento churrasco ali mesmo atraz dos boxes, ou quando não tinha o churrasco e o churrasqueiro para prepará-lo, ia-mos com toda equipe a uma boa e divertida churrascaria.Os papos logicamente eram sempre sobre o comportamento do carro, o rendimento do mesmo, e sobre os demais concorrentes que poderiam ameaçar e andar melhor que o nosso carro.Tinha muita rivalidade na pista, mas também muita amizade e companheirismo fora dela. Isso é algo inesquecível, pois por incrível que pareça ainda ajudava-mos uns aos outros, com empréstimos de peças, pneus e até de mão de obra mecânica, coisa que seguramente não acontece mais nos dias de hoje. Parece que os companheiros de boxes hoje são inimigos mortais, um querendo destruir ou prejudicar o outro só para se eliminar o concorrente. É uma pena, mas infelizmente nos dias de hoje, isso acontece e muito.



Na verdade este texto expressa mais as narrativas de bastidores, do que propriamente a corrida em si, portanto serei bem suscinto ao falar da prova.Toda corrida em Cascavel é um espetáculo à parte, pois alem do traçado ser desafiante é super veloz, e com poucas áreas de escape, outra característica fundamental é a organização da prova feita sempre por pessoas que sabem o que estão fazendo e que gostam do que fazem, tai o sucesso de sempre quando essa prova aconteceu. A organização é fundamental e sempre muito bem feita pelo pessoal do Automóvel Clube de Cascavel, o qual omitirei os nomes, pois corro o risco de cometer injustiça esquecendo de alguém, porem meus parabéns vai no geral para todos indiscutivelmente.

Diego, filho de Pedro no box.
Pedro e Diego.
Nota-se na tomada de ar uma homenagem ao grande Camilão - Camilo Christófaro.
Carlos Jaqueie seus filhos Nando e Fábio e de macacão azul Diego.

A prova é sempre disputadíssima, pois como já disse reúne carros de varias categorias e vários lugares.Sempre um espetáculo, pois reúne gente que está na ativa e alguns que esporadicamente vem abrilhantar e dividir o volante, e também alguns que a gente pensava que já estavam definitivamente aposentados.
Voltando a corrida, como a pista é desafiante e rápida, obviamente que está sujeita a acidentes com maior freqüência.Eu vou relatar um em que fui protagonista:


No decorrer da prova, creio que estava-mos com mais da metade já percorrida, eu participando com meu protótipo Espron, vinha bem e inclusive estava bem colocado, pois tinha uma certa regularidade na prova, o que me permitia também uma boa colocação no grid no momento, mas infelizmente em uma volta ao adentrar no inicio da curva mais temida do circuito, a Curva do Bacião,tive a infelicidade de ter meu pneu dianteiro esquerdo furado, o que me causou uma impressionante rodada e conseqüente vuada, pois o carro não só rodava como também decolava do chão, e eu sentia as raspadas no solo que chegaram até atingir o fundo do meu banco, pois a assoalho, chegou a se desprender por completo, e minha única proteção para evitar o contato direto com o solo era o fundo do banco, causando assim uma sensação incrível de ter os fundilhos do macação se queimando, coisa que felizmente não aconteceu, mas a sensação de calor chegava a assustar, e tinha tambem a agravante que o carro não parava de rodar, creio que foram mais de seis voltas completas,ou melhor os segundos mais longos de minha vida.Foi incrível e custei para voltar ao normal , pois mesmo parado continuava a ver tudo rodando em minha volta,mas felizmente o prejuízo foi só material, pena que não pude voltar a corrida, pois o carro estava bastante danificado e não tinha condições de retorno.Tive que voltar para os boxes de carona no carro de resgate, o que me deixava bastante frustado, pois no momento do acontecido eu estava bem veloz e bem colocado, o carro então estava perfeito, e tinha chances de uma excelente colocação naquela prova, pois quando tudo aconteceu eu estava em 4° lugar na classificação geral. Agora era retornar aos boxes e continuar assistindo o desfecho da prova, depois recolher as tralhas, o material todo, e o que sobrou do carro, e posteriormente seguir viagem de volta, relatando e pensando em tudo o que aconteceu, porem feliz, por estar bem e sonhando com uma outra etapa. Mas corrida tem dessas coisas, e mesmo assim jamais desanimei, e por incrível que pareça, na minha mente já pensava nos preparativos para a próxima etapa da mesma prova que iria acontecer daqui um ano.
Nós que somos amantes dessa arte , temos que ser persistentes sempre, pois só com muita persistência é que se chega a resultados.
Na próxima tem muito mais para se viver e se contar...

PEDRO GARRAFA

O protótipo em exposição.