Richard e Lee
Não estamos aqui para
discutir a grande importância do pai na vida de um filho, para a formação de
uma pessoa. É de conhecimento geral. Imaginemos então o orgulho de um pai
quando seu filho segue seus passos, prossegue sua jornada na Terra, seja ela
qual for.
Uma felicidade...mas e no mundo competitivo,
argentário e individualista do esporte a motor?
Também seria assim?
Para que todos
pensemos, uma historinha, envolvendo uma das mais famosas dinastias da
celebrada NASCAR. 14 de junho de 1959, um
jovem Richard Petty leva a bandeira quadros no Lakewood Speedway, em Atlanta na
Georgia. Este seria o primeiro grande triunfo de “The King” na NASCAR Grand
National...seria, não fosse o protesto do segundo colocado, não outro que não
seu próprio pai, Lee Petty!! Disputava-se a Lakewood 500, prova dura e que
durante as dez voltas finais premiou os presentes com uma disputa entre
gerações. Os Pettys disputaram cada centímetro da pista. Venceu Richard, mas
protestado, perdeu a que seria sua primeira vitória. O protesto de Lee foi
acatado e o Petty mais velho declarado vencedor.
A reclamação devia-se,
alegava Lee, que seu filho ou melhor, seu concorrente (seu companheiro de
equipe igualmente) não completara as 150 voltas regulamentares. Após uma hora
de deliberações, Lee Petty foi oficializado o primeiro colocado e conquistou o
prêmio de US$ 2.200,00. Richard em segundo ganhou US$ 1.400,00. Os seguintes
foram Buck Baker, Curtis Turner e Tom Pistone.
Lee fora o 37º de um
grid de quarenta carros. Pela manhã chovera e os tempos não foram tomados.
Richard estava dez posições à frente. A Lakewood 500 era uma prova longa, um
teste de resistência. Os Pettys vindos de trás, tiveram sua recuperação
facilitada por pelo menos seis batidas sérias. Taxado por alguns de egoísta
frio, Lee Petty justificou-se, dizendo que protestaria até sua mãe, fosse o
caso. Mas claro, havia a grana... Lee estava pilotando um Dodge do ano (1959) e
a NASCAR premiava com um bônus para quem vencesse com um carro novo (US$
500,00). O novato Richard,
no auge de
seus 21 anos, fizera sua primeira corrida em julho do
ano anterior e contava com um Oldsmobile meio defasado. Lee já havia
contabilizado na ocasião dois títulos na NASCAR.
Sorry, filho. Eu te amo, mas tenho duas mil e setecentas razões para esquecer disso temporariamente....
Sorry, filho. Eu te amo, mas tenho duas mil e setecentas razões para esquecer disso temporariamente....
EMPATIA
Empatia...palavra de
ordem nos dias atuais.
Não estamos sós no
mundo, devemos nos preocupar com nossos semelhantes; temos que protegê-los.
Somos responsáveis uns pelos outros e pelo melhor tipo de relacionamento com
aqueles próximos de nós.
Mas pais e filhos são
diferentes. Conhecem-se muito bem, convivem sob o mesmo teto, estimam-se...é o
que se espera. No mundo do esporte motorizado, onde a individualidade impera,
ser mais rápido e chegar na frente são as palavras de ordem. Ainda assim, vemos
pais e filhos disputando o mesmo espaço. Competir contra o próprio filho? Um
adversário é um adversário, mesmo que tenha o mesmo DNA...mas quem não se
sentiria tocado de ver seu filho, a quem se ensinou tudo, levando a melhor?
Sentimentalismo barato?
Coisa de latinos? Vamos adiante...
À Yasmin e Izabelly.
Carlos Henrique Mércio
- Caranguejo