WV Divisão Três de 1971- Meu amigo Carlos Mesa Fernandes o Caco.
Desci a rua Buri lá do alto, quase na Paulista, vinha rápido, na esquina com a Itabirito o carro deu uma saída de traseira, consertei já bem de lado, e lá foi ele de frente bater no muro da casa que fica na esquina da Buri com a Morro Verde, ainda bem que bati de lado. Fiquei ali sem poder respirar por uns quinze minutos (rsrsr). Ainda bem que ninguém lá em casa tinha visto, tirei o capacete, que havia pegado de meu irmão, coloquei meu carro de rolimãs nas costas e fui para casa, uns cinquenta metros dali!
De volta a 1971- Não lembro como cheguei a equipe do PV e fiquei sabendo do VW D3 que poderia ser alugado, algo em minha mente lembra de uma conversa que tive com a Gigi, casada com Pedro, bela e simpática, tocava a administração da escola e da equipe.
Tratei a principio o aluguel do carro para a próxima corrida de novatos, que seria em junho. Já tinha um carro, mas não a grana. Teria que arcar com o aluguel, inscrição, combustível, e a contratação de um mecânico ou equipe, já que o combinado seria apenas o carro. Algo como cerca de US$ 1.500, talvez uns R$ 20.000 de hoje.
Contei ao meu irmão que tirou o corpo fora, jamais iria enfrentar papai. Nesse meio tempo por algumas vezes quando estava com meu pai havia conversado algumas vezes sobre corridas, mas nunca pedindo nada, sua posição era firme. Havia até feito um pedido de emancipação, que foi negado tanto por ele quanto por minha mãe.
Minha vida era boa, recebia uma "mesada" de dois salários depois do desquite de meus pais, mesmo no ano anterior quando trabalhei nos supermercados, onde não tinha salário. Tinha de meus pais casa na praia no campo e quando queria viajar a grana necessária, morava com minha mãe.
Nunca havia pedido um tostão aos meus pais, as vezes quando estava com ele perguntava "quer alguma coisa?", dizia não precisar de nada. O Dart era meu terceiro carro, antes foi um Galaxy, aos dezesseis anos e depois um Karmann Ghia, e vende-lo agora seria um tolice, tinha planos para ele, era meu pecúlio para fazer um VW D3 para 72.
Me enchi de coragem, liguei para o escritório da Mooca para saber se ele estava lá, era o local onde mais gostava de estar com ele, só ele e eu. A telefonista, uma querida que trabalhava conosco há muito, cujo nome não consigo lembrar, confirmou e lá fui eu.
Entrei em sua sala com a cara e a coragem, dei um beijo em seu rosto, e contei que havia encontrado um carro para alugar, a categoria que ia correr, de quem era o carro e pedi apenas a grana, podia ter pedido dez ou vinte vezes mais, seria a mesma coisa, caso contasse que queria viajar e tivesse esquecido as carreras, estaria tudo nas minhas mãos na hora, mas jamais trairia sua confiança, jamais o enganaria. Conto a vocês com a alma e mente serenas, nunca o questionei de ele ter comprado o Porsche paro o Paulo correr, sequer tocava no assunto, ele sabia que éramos muito diferentes.
Continuamos o papo e ao final ele me disse apenas "vem amanhã, vou pensar".
No dia seguinte quando cheguei meu irmão me esperava e entrou comigo, beijei papai sorrindo, ele acenou para o Paulo, me perguntou quanto era que precisava, ele já sabia, e me estendeu o cheque, pedindo segredo olhou para meu irmão com um olhar que dizia tudo.
Ainda contei que precisaria dar um cheque de caução, que seria meu, beijei-o com carinho e fui embora feliz.
Agora tinha um carro para o Torneio União e Disciplina, uma homenagem que a federação prestava ao Exercito Brasileiro.
Depois continuo...
Rui Amaral Jr
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PS: Aos meus amigos Palmeirenses, Santistas, Corintianos devo dizer, torço para o Tricolor do Morumbi, na foto abaixo estou ao lado de papai, como sempre, e quem inaugura uma de nossas indústrias é ninguém menos que o Gen. Porfirio da Paz, presidente de honra do São Paulo Futebol Clube, autor de nosso hino, nosso torcedor símbolo. Na época da foto governador em exercício do Estado de São Paulo.
Foto de meu arquivo, originalmente em preto e branco, colorizada por meu amigo Edwin Takeuti.
As Cinco Estrelas que carregamos com honra são; Os dois ouros em olimpíadas, Helsinque 1952, Melbourne 1956, do grande Adhemar Ferreira da Silva, as grandes vitórias da magnifica Maria Esther Bueno e nossos três mundiais de clubes, por enquanto!
Rui