sábado, 3 de abril de 2021
Torneio União e Disciplina
sexta-feira, 26 de março de 2021
Novato e sem carro...
Sai do encontro com meu pai consciente que ele não iria me apoiar, mas sabendo que lá no fundo de sua alma ele estava contente, alguém em nossa família havia tomado uma atitude sem a dependência dele, e atitude era algo que ele apreciava muito.
Rolando, Raimundo Hernandez, braço direito de meu pai nas Cestas de Natal Amaral, Rui Amaral e eu.Me permitam esquecer um pouco o automobilismo e divagar...
Naquele 1971 meu pai não estava feliz, um montão de coisas o perturbavam. A situação familiar, o fechamento das Cestas, sua menina dos olhos, fechou a grande empresa pura e simplesmente, pagou todos os credores, como era de seu feitio, ficou com todos os imóveis, e agora tocava os Alimentos e uma rede de super mercados que havia aberto no ano anterior, aliás onde trabalhei por um tempo.
Depois de exercer seu mandato como deputado federal, se esforçava na fundação, com outros abnegados, que não vou citar, do partido que seria a oposição ao governista, o MDB. Logo ele que tanto se opôs aos descalabros da administração que sucedeu Jânio Quadros no comando da nação. Tenho um discurso seu na Câmara dos Deputados que mostra toda situação vivida no país nos tempos pré Revolução, onde coloca os pingos nos iiiis. Os dois grandes nomes da politica paulista, Adhemar de Barros e Jânio Quadros, estavam fora, e novos nomes deveriam surgir.
Batalhador consciente, pelo MDB foi ao sacrifício em duas disputas, três anos antes pela prefeitura de São Bernardo do Campo, onde ficava a sede das Cestas, quando perdeu por poucos votos. E no final do ano anterior na disputa pelo senado, quando seu nome era indicado para liderar a chapa, e numa deliberação partidária aceitou sair como vice de Lino de Mattos, quando perderam a cadeira para um candidato da situação, sendo que o MDB elegeu um senador.
Ele que tinha lutado pela criação do partido, sendo que sua sede em São Paulo, à rua Nestor Pestana, antigo escritório das Cestas, foi cedida gratuitamente por ele para sediar o partido.
Ele estava desiludido, eu que no ano anterior, na primeira eleição em que votava, havia tido a grande honra de votar nele, pensava que ele deveria tomar outros rumos politicamente. Eu, que desde quando comecei a ler jornais, lá pelos doze anos, era de direita, sendo fã antes de tudo dele e de Carlos Lacerda, via seu perfil mais à direita de onde ele se situava agora.
Me desculpem misturar minha situação familiar com automobilismo, mas foi assim que aconteceu.
Voltando às pista...
quarta-feira, 10 de março de 2021
50 anos atrás....Agora era minha vez!
Muray, oficina na Av. Sto Amaro de Carlos Mauro Fagundes e seu sócio, onde meu carro foi preparado.
Nove anos antes eu havia entrado naquela pista ao lado de meu irmão Paulo em seu Porsche 550 RS Spider, então era um simples carona, um expectador. Naquele asfalto havia visto muitos de meus ídolos duelarem, vencerem, quebrarem, mas era o mesmo asfalto, e ia pisar pela primeira vez nele como piloto.
Naquela sexta feira, primeiro dia de treinos, sentei naquele Dart que conhecia tão bem, com cinto abdominal bem apertado, as proteções laterais feitas no banco me segurando bem, capacete afivelado e gaiola de proteção. Primeira engatada saí lento dos boxes, na barreira antes da pista o fiscal me liberou...
De repente era eu que chegava rápido na Curva Três, era aquele asfalto que os carros do Luiz, Bird, Camilo, Cyro, "seu" Chico engoliam que meu carro engolia agora, rápido, e era eu que pilotava.
Não fiz curso de pilotagem e era a primeira vez que pilotava em Interlagos, hoje autódromo José Carlos Pace, e acredito que de tanto ver grandes pilotos tomarem aquelas curvas e retas, já tinha alguma noção de onde andar. Depois de algumas voltas ao entrar nos boxes o Carlos Mauro me disse que queria dar algumas voltas ao meu lado, outros tempos! Lembro algumas correções que me fez, e lembro muito bem que ao contornar a Ferradura ele me disse "para de telegrafar, acelera suave, depois crava o pé". "Telegrafar" é uma técnica em que o piloto levanta e crava o pé no acelerador, forçando, nos carros de tração traseira, um sobresterço.
Era prazeroso pilotar aquele carro tão diferente de quando andava nas ruas, rebaixado alguns centímetros, a suspenção muito dura por conta dos amortecedores, acredito que feitos pelo Barchi, cinquenta libras nos pneus Pirelli Cintutato, escapamentos livres saindo ao lado da porta. Motor muito bem acertado de carburação, ponto e outras "cositas" feitas pelo Carlos Mauro, sem filtro de ar dava para ouvir ele engolindo e misturando o combustível.
Muitas voltas mais e já vinha no tempo dos Opalas que treinavam comigo, foi quando numa bobeada rodei na curva da Junção, freei muito tarde ou acelerei muito cedo, não lembro, só sei que atolei no acostamento. Interlagos estava sendo reformado e naquele ponto o acostamento era barro.
Sábado teria mais, e domingo a corrida...
Na primeira fila larguei muito bem, sem deixar que as rodas patinassem demais, estiquei as marchas até o limite, o contagiros me olhando, cheguei no Retão em primeiro, freei na Três no gargalo, olhando nos retrovisores para ver se aquele Opala não chegava, estiquei forte para chegar à Ferradura, onde não telegrafava mais. Via o Opala perto, na Subida do Lago tomei suave enfiando uma marcha no meio dela cheguei à Reta Oposta, fiz o Sol rápido ( foto acima ) e rápido estava no Sargento, contornado em segunda. "S", Pinheirinho, Bico de Pato e aquele Opala sempre perto. Na Junção caprichei, ela não ia me pegar outra vez, e logo passava em frente aos boxes para tomar a Um...