Ao ler ontem no blog do Carlos de Paula seu texto sobre manecas em corridas
"Consultoras" me veio a memoria uma corrida , o ano 1977 ou 78 . Eu estava já algum tempo sem correr , neste ano havia patrocinado Nivaldo Correa em motos e o Chico Lameirão em
Super V , e tinha comprado do Luizinho Pereira Bueno um VW D3 em que o Alex Dias Ribeiro tinha defendido as cores da HOLLYWOOD , e dois motores do Gigante , só que ainda não tinha dado tempo de correr . Comecei em uma prova do Brasileiro de D3 em Interlagos , já nos treinos uma roda do Passat do João Franco passou por mim na entrada do "S" e na classificação um motor estourado .Na época os boxes eram divididos por equipes , cada uma ficando com uma porta que ia até o fundo área do Padock , coube a mim um box ao lado do mesmo João Franco , perto do Adolfo Cilento . Bons tempos , antes de abrirem a saída para o GRID , os fiscais passavam de box em box avisando , 20 min . , a adrenalina subindo , motores esquentando , alguns já se atando aos carros , uma loucura . O João e eu conversávamos atrás do box quando surgiu aquela visão , duas manecas que na epoca participavam de uma promoção da FIAT , e faziam demonstrações com carros e macacões cor de rosa , vieram nos cumprimentar e continuaram sua caminhada . O João ficou atónito , seus olhos faiscavam e me puxando , esquecendo a largada que se aproximava , fomos conversar com elas . Pedimos um autografo e uma delas me deu uma etiqueta colante com seu nome e telefone , a outra pegou uma caneta para dar o autografo ao João e disse "autografo aonde ?" , no que ele imediatamente abriu seu macacão , tirou a malha e disse "aqui" batendo no peito . O que ela fez imediatamente . Grande cara o João , se os bandeirinhas fossem mulheres acredito que ele não terminasse uma corrida sequer , ficaria com elas acompanhando "seu trabalho". E a corrida ? Bem depois de toda essa emoção , eu que estava largando do meio do pelotão , depois de uma largada excelente , passei pelo João na entrada da "Ferradura" , devia estar entre os cinco primeiros , na "Reta Oposta" ele me tomou novamente a posição , eu grudado nele via o Adolfo no carro de trás me acenando , pensava "quer me distrair , para passar por mim" na entrada da "Junção" percebi o por que dos acenos , do bocal do tanque do carro do João escapavam rios de álcool e o Adolfo sempre cavalheiro e o grande homem que foi estava me avisando , rodei até ficar parado meio tonto naquela reta usada pelo anel externo , vendo todo mundo passar e tendo que voltar ao fim do pelotão , depois de umas duas voltas um pneu furado na curva do "Sargento" me tirou daquela bateria .
Na segunda bateria , depois de largar lá atraz , encontro no meio do caminho o Expedito Marazzi , e viemos ganhando posições , eu atraz dele , até que no meio da curva do "Sol" antes da segunda perna desta curva maravilhosa , encontramos um conhecido "alicatão" uns 20 Km mais lento que nós , e acabamos nos enroscando , o "Velho" tentou passa-lo por fora , eu vendo seu carro abrir coloquei por dentro , foi uma loucura , não batemos por puro milagre , e o referido piloto ( não escrevo seu nome nem sob tortura ) foi embora . Logo no termino desta volta , em frente aos boxes meu segundo motor explodiu , fui estacionar na entrada do "Retão" numa pista paralela que havia para serviços , onde um bandeirinha e um bombeiro vieram me ajudar a sair do carro assustados com aquela fumaceira toda .
Desolado sentei-me ao lado do carro , e ao abaixar a parte de cima do macacão vi colado na manga aquele adesivo , que aquela loira maravilhosa havia me dado , não pensei mais no prejuízo , nem na corrida , os carros passavam e eu não ouvia , só pensava na loira . O dia não era para correr , era para namorar , pena que não tivesse percebido antes da primeira largada . Quanto ao João , deve ter ficado com aquele autografo no peito por um bom tempo , duro deve ter sido explicar para patroa .