Por volta do 1983/84 conversava com meu irmão Paulo, que me mostrava um
recorte de jornal de seu primeiro treino pelo Anel Externo de Interlagos com o
Porsche 550 RS Spyder em 1961, quando ele e seu parceiro Luciano viraram 1`20” a
média de 144 km/h e brincando lhe disse que se assim fosse eu que havia feito
uma corrida pelo externo o ano anterior com meu VW D3, quando virei a melhor
volta da corrida com 1`3” 990/1000 à média de 180 km/h, à cada quatro voltas e
pouco colocaria uma sobre ele. Depois ele me contou que na classificação havia
virado 1`14” a média de 156 km/h, mas mesmo assim a cada seis voltas uma
colocaria nele.
Brincadeiras à parte podemos ver nestas antigas corridas pelo belo e
hoje violentado autódromo a evolução dos carros.
Não sou e nem pretendo ser um historiador, apenas conto histórias sem
me aprofundar muito em pesquisas, então vamos lá.
500 Km de 1961
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Nos 500 Km de 1961 a pole foi do
grande Ciro Cayres com uma Maserati-Corvette com o tempo de 1`10”300/1000 à
média de 164.23 km/h. Na corrida e melhor volta 1`13”800/1000 à média de 156.44
km/h, garoava, foi de Ruggero Peruzzo que venceu conduzindo a Maserati 300S com
Celso Lara Barberis e Emilio Zambelo.
Onze anos depois, e por iniciativa do genial Antonio Carlos Avallone, nos 500 Km de 1972 correram uma miríade de carros e pilotos que venciam corridas mundo afora. Herbert Muller, que do alto de seus metro e cinquenta e poucos tocava muito, com a Ferrari 512M, Reinold Joest com o Porsche 908/3, a esperança argentina o Berta RL com Angel Manguzzi, o grande Luiz Pereira Bueno com o Porsche 908/2, Marivaldo Fernandes com Alfa T33/3 e muito mais. Alfas T33/3, McLaren, Porsches de vários modelos, Lolas, Fiat Abarth como a da grande Lela Lombardi, Ford GT40 e o protótipo Avallone derivado da Lola, um deles com motor Ford pilotado por Nilson Clemente e o próprio Avallone com outro com motor Chevrolet.
A pole foi de Reinold Joest que com o 908/3 virou 52` 404/1000 à média
de 220.31 km/h. Na corrida Muller e a 512M fizeram a melhor volta com 53”020/1000
à média de 217.75 km/h.
Comparando as quatro corridas, sendo que em 1982 quando corri o
autódromo estava muito melhor e mais rápido, mesmo que nos 500 Km de 1972;
Certamente Ciro e Celso com as Maserati com motores de mais de 300 hps,
e em 82 com pneus mesmo sem serem slicks muito melhore que os de vinte anos antes,
seriam bem mais rápidos que eu num VW com 150 e poucos hps, apesar dos slicks,
o 550 não sei, talvez virassem o mesmo que eu.
Na corrida de 1966 os tempos me decepcionaram um pouco, acredito que o KG-Porsche
de Marivaldo não estava então com o motor Porsche de dois litros com cerca de
200 hps e o Mark I segundo conversas com amigos tinha cerca de 135/140 hps.
Dezesseis anos depois e com a evolução da pista e dos pneus não creio que chegassem
a virar 1`4”.
Aqui cabe uma explicação, os pneus silicks são muito mais rápidos que
os radiais em tempo de pista, mas a velocidades, até pelo menor atrito da banda
de rodagem menor, são maiores em linha reta.
Já comparando com 1972 e aquele espetáculo inesquecível, eu teria
tomado de Luiz, Joest, Muller e outros, uma volta à cada cinco, talvez mais já
que de 1972 no começo dos slicks até 1982 os pneus evoluíram uma barbaridade,
assim com a pista melhorou.
Apenas por curiosidade, meu tempo de 1`3” alto me deixaria em 20º no grid, logo à frente do Porsche 910 de Clovis Ferreira.
E como sonhador fico aqui imaginando...Não tivessem violentado nosso
autódromo quanto viraria hoje um Formula Um ou Indy? Numa média de cerca de 310
km/h que acredito ser possível, estariam virando em mais ou menos 37` 200/1000,
imaginem o quão seria maravilhoso assistir uma corrida destas!
Rui Amaral Jr
PS: Deixei de lado uma consideração importante sobre o traçado, da saída da curva Quatro, a que entra para o circuito completo, até o lugar dos antigos boxes, onde hoje chamam de Café, a subida é acentuada, prejudicando muito os carros de menor potência.