A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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terça-feira, 5 de julho de 2022

Baixinho genial...

 

Ele colocava a alma e o coração em tudo que fazia...

Cadu e sua mãe ao lado do pai, Avallone e seu Lola-Avallone.




O Pandoro era um lugar agradável na Avenida Cidade Jardim, alguns metros antes da Dacon e da Avenida Faria Lima, nesta deliciosa São Paulo, que hoje ficou um pouco distante do que era.

Vez ou outra quando lá estava bebendo um Caju Amigo ou um scotch o Avallone me via e parava, com aquela Mercedes 450S amarela, ou a moto BMW 1000 que queria fazer aqui no Brasil, também amarela e outras vezes aquela maravilhosa réplica do MG. Papeávamos horas, sempre rindo muito quando ele contava suas “aventuras”, ele não bebia ...

Avallone era muitos...Advogado, jornalista, político, comerciante de autos, dirigente de clube de automobilismo, piloto, construtor e muito mais!

Conheci a fera no longínquo 1971 em corrida organizada por seu clube. Guaraná chega para mim e diz que a organização não forneceria combustível para nós os Novatos, falei “vamos lá”. E naquele tanque que ficava no final dos boxes, perto da curva Um lá estava ele, falei “Baixinho, e o nosso combustível?” – aos dezoito anos todos se arriscam! -  Ele apenas olhou meu macacão e disse “você é filho do Rui Amaral?”, apenas confirmei e ele virou-se para o encarregado e disse “liberado para eles!”, nascia ali uma bela amizade.

Dias depois nos encontramos e ele me contou um pouco de sua amizade com meu pai.

Avallone era de Jundiaí, onde tínhamos uma loja das Cestas de Natal Amaral e alguns grandes fornecedores, como a CICA dos Bonfigliolli, e ele uma revenda Willys, fora o jornal. No final da década de 1950 as Cestas distribuam como prêmios dezenas de carros, e com a pequena produção de nossas montadoras nossos dirigentes iam buscar os carros em várias localidades e foi aí que Avallone vendia seus Gordinis para nós, eu não podia saber pois ainda tinha cinco ou seis anos.

Depois em 1961 ele como dirigente partidário cedeu a legenda para que meu pai concorresse à Câmara Federal por seu partido. Meu pai se elegeu com uma enxurrada de votos para quem era totalmente desconhecido levando para Brasília cinco ou seis deputados pelo voto de legenda, mas Avallone, que se não me engano, candidato a deputado estadual não se elegeu.

E já que comecei a escrever, vou lembrar um pouco de nossos papos...

Sobre a corrida descrita pelo Sidney no post anterior, me contando ele lembrava, foi uns dez anos depois, “Ruizinho foi uma loucura, não me deixaram largar e parti dos boxes, e na curva Três...” , aqui fico com a narração do Sidney, de forma alguma vou narrar o que ele me contou, respeitando o contado pelo Sidney.

Continuando a conversa com o Baixinho...” Depois de tudo meus mecânicos e eu trancados nos boxes com muitos nos xingando do lado de fora e de repente uma enxurrada de chaves de fenda e outras ferramentas jogadas em nós...lá fora encontraram uma MB 450S amarela e quebraram toda, só que não era a minha!”

Combativo Avallone contestava nas páginas de jornais a politica do poderoso Delfin Netto, e com ele trocava farpas.

Certa vez em seu jornal em Jundiaí, escreveu sobre um desafeto que pediu direito de resposta e quando não obteve entrou na justiça com o pedido, que concedido estipulava uma multa diária pelo não cumprimento, com progressão geométrica, certamente o juiz sabia com quem lidava!

Em suas palavras “a multa depois de algum tempo estava bilionária, foi quando o juiz me chamou e calmamente me pediu para que terminasse toda aquela confusão, foi quando obedeci”

 

Avallone era tudo isto e muito mais, um guerreiro, alguém que faz falta, muita falta!

 

A você meu amigo.

 

Rui Amaral Jr


Os Gordini, eram sorteados aos montes.
Na época os VW eram muito disputados.
Silvio Santos antes do Baú tinha um programa de rádio patrocinado pelas Cestas de Natal Amaral e como grande garoto propaganda com seu grande sorriso entrega um Gordini sorteado pelas Cestas ao senhor Mario Sposito.

Recebi um pouco antes da pandemia, ainda não fui visita-los, fica na vila Arens em Jundiaí.

Hoje pela manhã recebi esta foto de ... A casa sorteada pelas Cesta, ganhador o senhor Elcio de Almeida, que aparece na foto ao lado de familiares e do gerente da loja de Jundiaí o senhor Clovis, de terno claro. A família ... comprou esta casa pouco tempo atrás   da viúva do senhor Elcio e hoje mantém nela o escritório de advocacia do Dr. ....  A família Almeida conservou a foto por mais de sessenta anos, tempo em que viveu na casa. Fico feliz, que a ideia de meus pais tenha trazido à esta família e a milhares de outras a satisfação e tranquilidade de ter uma casa própria. Ao Felipe e seu pai Regis meu muito obrigado pelo consideração e carinho, logo irei conhece-los.



  

Dois grandes nomes disputaram a eleição para governador aquele ano, Adhemar de Barros o eleito e Jânio Quadros. Jânio que havia renunciado à presidência e teve poucos votos a menos que Adhemar, mas alavancou seus representantes no senado e parlamento. No caso do federal o campeão de votos foi Emilio Carlos e meu pai um desconhecido que num partido pequeno teve para época muitos votos.   



  



domingo, 3 de julho de 2022

UM DIA EM JUNHO...

 

Aqui, o Sidney, com o carro ligeiramente desalinhado, volta aos boxes, onde será 'protegido' pela equipe JOBI...

Dia desses, estávamos eu e o Rui Amaral Jr, meu sócio, conversando sobre a carreira do piloto Antonio Carlos Avallone e lá pelas tantas, pintou a lembrança do dia em que o AC tentou acabar com a 4ª etapa do Torneio Rio-S.Paulo de Stock cars, no distante ano de 1981. Papo vai, papo vem, lembrei que o amigo Renaldo Ival, ex-mecânico do campeão Marcos Troncon, me disse uma vez que conhecia o piloto Sidney Alves, a melhor testemunha desse dia, posto que estava lá e tornou-se protagonista  de todo o lance. Sugerido pelo Ruizão, entrei em contato com o Rei, que gentilmente, me apresentou de forma virtual ao gentil Sidney, cuja memória ainda tem vivos aqueles acontecimentos. Mas primeiro, sua carreira. Como começou tudo, Sidney? 


Sidney Alves (#163) na caça ao AC (#6)...

-“Começou nos Rachas. Aposta entre amigos. Um dia em 1973, resolvemos ir a Interlagos para ver quem era o bom. Fui com meu ‘Fuscão’. Preparação muito simples, tudo improvisado, um cano como santantônio, fita crepe nos faróis e pronto. Os resultados foram aparecendo. Vitórias. Foram dois anos nessa categoria. Em 74, passei para o Chevette, o qual não gostei. Posteriormente, fui atraído pela categoria Turismo/Classe C, que englobava Opalas, Mavericks e Dodges. Optei pelo Opala e junto com  meu  amigo  Wilson, comprei o carro que pertencera ao pai do inesquecível José Carlos Pace, o Moco. O carro não podia ser  muito  mexido,  exceto  a  remoção de parachoques. O resto, eram pneus radiais, tapeçaria interna e estepe, como carro de rua. Meu Opala 71 era um dos “velhinhos” da categoria e assim fiquei por dois anos até comprar a parte do Wilson, meu amigo e correr ‘solo’. Fiz uma pintura em três cores e continuei até 1979, quando finalmente surgiu a Stock-cars. Sempre fui competitivo apesar de não contar com patrocínio, pois para mim, corrida era hobby, tinha meu trabalho. E foi assim que em 1981, correndo na Stock-cars, encontrei meu amigo Antonio Carlos Avallone. O AC chegou com sua bela Mercedes amarela e trouxe um Stock e ainda um Dodge da categoria Turismo 5000. Queria correr conosco, mas a inscrição tinha sido feita em nome de seu filho (que tinha o mesmo nome). Tendo alinhado no grid, Avallone começou a mover o carro, quando viu que iriam barrá-lo. O pessoal o procurava no fundo do grid; ele ia para a frente; procuravam-no na frente; ele retornava para o fundo. Até que o seguraram. O carro do AC levado para o box, começou a prova. Eu, largava em terceiro ou o quarto naquele dia. De repente, em pleno Retão, quem aparece? O Avallone. Ele havia conseguido acionar o Stock e aparentemente, queria acertar o  Paulo Gomes ou o Ingo Hoffmann. Na Curva 3, nos achamos. Ele me prendeu atrás dele por uma volta. Como éramos amigos, não sei se me viu ou não. Na volta seguinte, irritado pela provocação, o acertei na Ferradura. Grudei em seu carro na Reta Oposta e no “Sol”, o acertei outra vez. Na Curva do Sargento, o peguei de novo e desta vez fiquei empurrando seu carro na proteção, até que dei ré   e  fui  para  os boxes. Quando cheguei, a equipe do Waltemir Spinelli, o “Bolão” me tirou do carro e me protegeu. De lá vi quando  os mais exaltados que estavam por ali  quebraram  os  carros  do Avallone, que teve de deixar o autódromo escoltado por dez viaturas da ROTA. Quando já estava pensando em ir embora, o sistema de alto-falantes chamou meu nome, durante a entrega dos troféus. Eu tinha sido escolhido o “Piloto do Dia”. Só então lembrei que naquele dia, meu amigo o cantor Antonio Marcos, estava presente em Interlagos, acompanhado de um empresário que pensava em patrocinar meu carro. Depois da confusão, continuei sem patrocínio...Seis ou oito meses depois, estava eu na Oficina do preparador Anésio Hernandes, quando vejo em minha frente, Antonio Carlos Avallone. Ele, apesar de baixinho, era lutador de artes marciais e adorava uma encrenca. Na ocasião, porém, só me perguntou se eu estava louco quando o tirei da prova, naquele dia. Respondi que ele devia saber, já que eu continuava na ativa e ele havia sido suspenso por seis anos. O tempo havia passado e a coisa não foi além. Só tornei a vê-lo mais uma vez, quando estava na Balsa de São Sebastião, na travessia para Ilhabela e o AC se meteu numa briga com uns gaiatos que se engraçaram com sua esposa. Mais tarde, soube que falecera...”  


Caranguejo-Carlos Henrique Mércio