A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

sábado, 21 de fevereiro de 2009

GLORIA IMORTAL AOS VENCEDORES DAS MIL MILHAS BRASILEIRAS

Direto da casa do Victorio e seu filho Marcelo Azzalin depois de uma hora de papo , não poderia deixar de escrever alguma coisa , antes de chegar aqui atrasado , foram três horas de papo com o Carlos de Paula , que a esta hora deve estar voando para Miami . Ouvir o Victorio é voltar no tempo , é relembrar uma época saudosa de nossa vida . Ele me falou de de seu irmão Rubens Azzalin , que correu com uma CISITÁLIA 1300 cc , do Justino de Maio vencedor com ele das MIL MILHAS de 1965 , seu grande amigo e segundo ele um ótimo piloto tão rápido quanto ele . Das MIL MILHAS que correu com o Expedito Marazzi e de um monte de amigos , Ayres Bueno Vidal , Nelson Marcilio , filho do Totó , segundo ele todos grandes pilotos aqui do Tatuapé e todos segundo ele "grandes xaropes" . Estou aqui escrevendo e o Victorio me contando suas histórias , agora é do Ayres , que foi correr em Araraquara com um STUDBAKER e o Victório foi com um DKW , como o Ayres tinha que marcar pontos , começou a andar muito forte e acabou batendo numa estátua na frente do estádio que tinha acabado de ser inaugurada , ele ri muito e diz que que o motivo da batida foi uma suspensão quebrada . Ele já me contou como tomou a ponta nas MIL MILHAS de 65 , do gaúcho Victorio Andreatta , que naquela prova fazia dupla com seu pai Catarino , dois grandes pilotos gaúchos sendo o Catarino vencedor das M.M de 57 , junto com Breno Fornari . A ultrapassagem foi na curva Ferradura , na entrada da segunda perna tendo Victorio Andreata batido na traseira de seu carro . Ouvindo aqui ele contando , seus olhos brilhando parece que foi ontem . Aguardem que ai vem com fotos e tudo toda história daquelas MIL MILHAS .
O Marcelo e eu assinamos em baixo . Só faltou o Fabio , para completar .

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

CARRETERA FIAT

CARRETERA FIAT foto Julio Carone

Esta carretera FIAT correu na década de 50/60 a seguir sua descrição feita pelo Victorio Azzalin.

" Ela era muito rápida , foi feita pelo Luciano Bonini depois vendida ao Emilio Zambelo e Rugero Peruzzi que correram com ela . O Bonnini a construiu num chassi de FIAT Millecento e sua carroceria era de um FIAT Topolino , seu motor um FIAT com cabeçote STANGUELINI 1.300cc 4 cilindros com duplo comando no cabeçote , rapidíssimo , em 64 ou 63 ela chegou a liderar uma MIL MILHAS , e sempre nos deu muito trabalho nas corridas , já que era pequena , ágil e andava muito bem , mesmo entre as carreteras de maior potencia .O Bonini foi um otimo construtor , só que não tinha condições de competir com seus carros , então construía e vendia ."

Grande Victório , obrigado mais uma vez.E de novo obrigado Manoel Diegues . E para o pessoal da PAPERSLOTCAR , quero ver uma réplica dela .

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

FITTIPALDI

Emerson , Wilson , Chico Rosa e os FITTI Vê
Em poucos anos ele seria Campeão do Mundo de F 1

Transportando o F Vê e o KG PORSCHE
Roger Rezny, Emerson , Darcy , Chico Rosa
Agradeço aos amigos Manoel Diegues e Julio Carone , por estas fotos .
Escrever sobre o Emerson é um pouco difícil ou muito fácil , seria chover no molhado contar sua carreira e suas vitórias . Assim sendo escrevo como fã . Vemos nestas fotos seu inicio de carreira junto a seu irmão Wilsinho quando eles corriam de Formula Vê junto a eles sempre Chico Rosa . Poucos anos depois ele já estaria na Europa correndo de F. FORD e pouquíssimos anos após sua estreia na F.F ele já estaria na F 1 . Bi-campeão do mundo em F1 montou com seu irmão a COOPERSUCAR-FITTIPALDI , um sonho dos dois , uma equipe brasileira de F1 . Depois do fracasso desta equipe , muita gente dizia " o Emerson acabou " , motivo de gozação para alguns seres mal intencionados e que na vida nada fizeram , pegou seu boné e recomeçou sua carreira nos E.U.A correndo na F INDY . Lá virou ídolo ganhou outro monte de corridas e duas vezes INDIANAPOLIS . Este é o Emerson ídolo de todos nós .

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

PAPELÃO



A 50 de Justino e Vitório , a 18 do Camilo e a BMW spider da CEBEM que foi pilotada pelo grande Ciro Cayres












Parece impossível mais o pessoal da Paperslotcar , consegue fazer essas réplicas de papelão , o Fábio seu pai Nelson e outros "malucos" fazem Fuscas , formulas , caminhões e principalmente carreteras , todos recortados de papelão e o melhor é que andam em pistas de Autorama e andam forte , eles promovem corridas só de replicas ,à noite com faróis ligados é uma maravilha .

Tenho outros amigos que correm ou lidam com slot car , o Homero seu filho Chico , o Jacob Kourozan e outros , só que para mim é AUTORAMA mesmo , escrevendo deles lembrei de um fato .

No começo dos anos 1960 eu tinha uma pista de quatro fendas , feita toda de madeira como estas de agora , em 64/65 entrei no Colégio Paes Leme , na esquina da Augusta com a Paulista e lá conheci o Júlio Caio de Azevedo Marques que também tinha uma pista igual a minha , só que a reta da dele era maior . E começamos a realizar competições . O grande problema é que elas sempre terminavam em briga , invariavelmente .

Certa vez na casa do Júlio , ele morava na R Banibas perto da praça Panamericana e eu na R Morro Verde no Pacaembu , fizemos uma competição com carreteras , eu tinha uma DKW feita num chassi COX de GT 40 , parecia a MICKEY MOUSE . A corrida transcorria em certa harmonia , até que não sei o motivo mais minha carretera foi parar na testa do Júlio , ai começou a confusão , não sei por que , no desenho MIKEY MOUSE também voava . Terminamos esta corrida , o Carlos Alberto meu amigo e eu indo embora para casa a pé , não deu nem para ligar para D. Arinda ir nos buscar . No caminho , que era longo , tivemos de ir até a Rebouças para pegar um taxi , e já era noite , o Carlos reclamava "tinha que acertar a testa dele " e nós andando com todas nossas tralhas na mão .

O Júlio é meu amigo até hoje , embora não o veja a muito tempo . Lembro que no meu ultimo pódio no automobilismo , recebi de suas mãos meu troféu .











sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Dante Di Camilo

O Dante esta precisando de doação de sangue , acesse http://paperslotcar.blogspot.com/ e saiba mais . Força Dante .

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Victório Azzalin


A esquerda Victório e a MASERATI LANCIA comprada de Euclides Pinheiro , cenas das Mil Milhas e a direita embaixo a 50 nos boxes.




Hoje pela manhã tive uma surpresa , a Cláudia me diz "ligou o Sr Victório Azzalin " , meu coração disparou , não o conhecia pessoalmente , mais ouvi várias histórias suas contadas pelo Expedito Marazzi , liguei de volta e conversei com o piloto que ganhou junto com Justino de Maio as Mil Milhas de 1965 . Este encontro só foi possível por obra do Fabio Poppi que me colocou em contato com Marcelo Azzalim filho do Campeão . Simpático conversamos um pouco e fiquei de ligar à tarde , confesso que fiquei emocionado , quantas vezes eu havia guiado aquela carretera pensando nele e no Justino , quantas histórias já ouvi daquelas Mil Milhas e agora falava com o Herói daquela vitória . Vitório você e eu ainda vamos correr juntos uma Mil Milhas , duro vai ser conter a emoção . O relato a seguir é da preparação para as Mil Milhas , a história da corrida em si vem em outra postagem , com tudo que ela merece .
" Comprei a carretera do Caetano Damiani , eu queria a 34 só que ele não quis me vender . Levei ela para oficina , estava acabada , e comecei a refazê-la . Um dia aparece o Justino e me convida para correr as Mil Milhas . Levamos a carretera para sua bela oficina , onde pusemos um motor Corvette bem forte e com ajuda do Gordinho mecânico de primeira terminamos a preparação . Lembro daquele motor , era tão forte que nem o contagiros aguentava , acabamos correndo sem , os freios , ora , na hora de frear ela passarinhava , ia de um lado para outro , mais uma coisa era certa ela andava muito "
Victorio obrigado por este depoimento , em meu nome , do Fabio Poppi e de todos seus admiradores .


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

HOMENAGEM

clique nas fotos e textos para expandir









Revista Quatro Rodas , edição comemorativa dos 25 anos

Quando o Marazzi escreveu para revista MOTOR 3 a reportagem "Pinicos atómicos" , eu não pude acompanhar os testes , só cheguei mais tarde para tirar aquela foto com meu bigode lusitano , meus mecânicos não queriam que ninguém andasse no carro , e por isso o levaram sem motor e com as rodas de transporte .Acho que o " Velho " ficou chateado comigo , quando cheguei ele já tinha ido embora . Depois das fotos o Duran , que era um festeiro de primeira , combinou uma homenagem ao Marazzi em sua casa noturna o TALBOT na Av Henrique Schaumann para dali alguns dias .
Na noite marcada resolvi ir com a CARRETERA , para homenagear meu amigo que havia corrido com ela as MIL MILHAS de 1966 e dela me contava mil histórias . Quando estava de saída chegou o Homero e fomos juntos . Desci a Av Bandeirantes , Marginal Pinheiros ,Av Cidade Jardim ,Faria Lima ,Rebouças , e entrei na Henrique Schaumann , por onde passávamos todo mundo olhava , aquele ronco do V 8 , aqueles dois loucos guiando guiando aquela máquina , pouca gente deve ter se dado conta que não era um calhambeque e sim, a História . Ao chegarmos ao TALBOT , aglomeração encima dela , lá todo mundo sabia o que ela já havia feito . Entrei e o Marazzi estava no meio de uma roda de amigos conversando , cumprimentei-o e disse " trouxe um presente para você , vamos lá fora " . Hoje 25 anos depois ainda me lembro de seus olhos , atrás dos óculos brilharam , me olhou e disse " vou dar uma volta com ela " . A volta durou mais de uma hora , quando voltou sentou-se a meu lado e disse só " obrigado " , não falamos do assunto CARRETERA mais eu via que ele estava emocionado imaginei o que se passava em sua mente , e imaginei também como havia sido sua voltinha .
Dois anos depois estava andando uma manhã pelo Ibirapuera e encontro o Homero que dispara , " leu a QUATRO RODAS o Marazzi te fez uma baita homenagen " fui comprar a revista e ao ler a matéria pude entender sua emoção e o só " obrigado " . É " Velho " cheguei naquela noite com ela para te homenagear e você acaba escrevendo um texto maravilhoso destes . Obrigado .
NT - Dedico este texto ao amigo Gabriel , agradeço ao Careca - Julião Domingos da Silva - pelo exemplar da revista , e ao pessoal do Paperslotcar .

sábado, 7 de fevereiro de 2009

AUTOGRAFO

Ao ler ontem no blog do Carlos de Paula seu texto sobre manecas em corridas "Consultoras" me veio a memoria uma corrida , o ano 1977 ou 78 . Eu estava já algum tempo sem correr , neste ano havia patrocinado Nivaldo Correa em motos e o Chico Lameirão em Super V , e tinha comprado do Luizinho Pereira Bueno um VW D3 em que o Alex Dias Ribeiro tinha defendido as cores da HOLLYWOOD , e dois motores do Gigante , só que ainda não tinha dado tempo de correr . Comecei em uma prova do Brasileiro de D3 em Interlagos , já nos treinos uma roda do Passat do João Franco passou por mim na entrada do "S" e na classificação um motor estourado .Na época os boxes eram divididos por equipes , cada uma ficando com uma porta que ia até o fundo área do Padock , coube a mim um box ao lado do mesmo João Franco , perto do Adolfo Cilento . Bons tempos , antes de abrirem a saída para o GRID , os fiscais passavam de box em box avisando , 20 min . , a adrenalina subindo , motores esquentando , alguns já se atando aos carros , uma loucura . O João e eu conversávamos atrás do box quando surgiu aquela visão , duas manecas que na epoca participavam de uma promoção da FIAT , e faziam demonstrações com carros e macacões cor de rosa , vieram nos cumprimentar e continuaram sua caminhada . O João ficou atónito , seus olhos faiscavam e me puxando , esquecendo a largada que se aproximava , fomos conversar com elas . Pedimos um autografo e uma delas me deu uma etiqueta colante com seu nome e telefone , a outra pegou uma caneta para dar o autografo ao João e disse "autografo aonde ?" , no que ele imediatamente abriu seu macacão , tirou a malha e disse "aqui" batendo no peito . O que ela fez imediatamente . Grande cara o João , se os bandeirinhas fossem mulheres acredito que ele não terminasse uma corrida sequer , ficaria com elas acompanhando "seu trabalho". E a corrida ? Bem depois de toda essa emoção , eu que estava largando do meio do pelotão , depois de uma largada excelente , passei pelo João na entrada da "Ferradura" , devia estar entre os cinco primeiros , na "Reta Oposta" ele me tomou novamente a posição , eu grudado nele via o Adolfo no carro de trás me acenando , pensava "quer me distrair , para passar por mim" na entrada da "Junção" percebi o por que dos acenos , do bocal do tanque do carro do João escapavam rios de álcool e o Adolfo sempre cavalheiro e o grande homem que foi estava me avisando , rodei até ficar parado meio tonto naquela reta usada pelo anel externo , vendo todo mundo passar e tendo que voltar ao fim do pelotão , depois de umas duas voltas um pneu furado na curva do "Sargento" me tirou daquela bateria .
Na segunda bateria , depois de largar lá atraz , encontro no meio do caminho o Expedito Marazzi , e viemos ganhando posições , eu atraz dele , até que no meio da curva do "Sol" antes da segunda perna desta curva maravilhosa , encontramos um conhecido "alicatão" uns 20 Km mais lento que nós , e acabamos nos enroscando , o "Velho" tentou passa-lo por fora , eu vendo seu carro abrir coloquei por dentro , foi uma loucura , não batemos por puro milagre , e o referido piloto ( não escrevo seu nome nem sob tortura ) foi embora . Logo no termino desta volta , em frente aos boxes meu segundo motor explodiu , fui estacionar na entrada do "Retão" numa pista paralela que havia para serviços , onde um bandeirinha e um bombeiro vieram me ajudar a sair do carro assustados com aquela fumaceira toda .
Desolado sentei-me ao lado do carro , e ao abaixar a parte de cima do macacão vi colado na manga aquele adesivo , que aquela loira maravilhosa havia me dado , não pensei mais no prejuízo , nem na corrida , os carros passavam e eu não ouvia , só pensava na loira . O dia não era para correr , era para namorar , pena que não tivesse percebido antes da primeira largada . Quanto ao João , deve ter ficado com aquele autografo no peito por um bom tempo , duro deve ter sido explicar para patroa .

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

SPEED


Agnaldo de Goes

Agnaldo foi piloto , dirigente , dono de equipe , um baita cara , foi sua a Equipe CEBEM , única representante da alemã BMW no Brasil , onde trabalhava também nosso amigo Kiki - Karl H . Kraus - antes disso possuía uma loja de autos na Av Sto Amaro . A seguir um relato de meu irmão Paulo Amaral sobre seu amigo.

" Sua loja no inicio da Av Sto Amaro chamava-se SPEED AUTOMÓVEIS , tinha duas entradas grandes , e era bem profunda , basicamente os carros com que ele trabalhava , eram automóveis de corrida , como FERRARI , MASERATI , MECÂNICA CONTINENTAL e autos de luxo , como ROLLS ROYCE , LINCON CONTINENTAL e outros , ao todo caberiam em sua loja mais de vinte autos , e por lá sempre achávamos preciosidades . Certa vez ele me ofereceu uma FERRARI BERLINETA 12 cilindros uma maravilha , fiquei com este carro por algum tempo , pelo que me lembro era do Chico Landi . Era uma maravilha seu motor não roncava , "URRAVA" , um dia na Av Paulista dei uma esticada em 1º que foi até os 90 KM/H , andar nela era muito bom ,apesar de difícil condução . Vendo atualmente os valores destes carros , vejo a fortuna que ele teria hoje guardada , só que na época eram caros mais não valiam tanto . Lembro também da alegria com que ele nos recebia , amigos e clientes , sempre encontrávamos com Celso Lara Barberis , Chico Landi , Camilo Cristofaro , Ciro Cayres , Gilberto Demargos e outros .Certa vez ele me ofereceu a FERRARI TESTAROSSA 3000 em que o "Veludo" se acidentou na curva 2 , depois de algumas voltas com ela resolvi não compra-la , era muito rápida . Este era meu amigo Agnaldo , sinto saudades das reuniões que fazíamos todas as tardes em sua loja , de onde nós saiamos para ir até o Totem , uma lanchonete muito bem acabada , montada em lona como uma tenda árabe de luxo , seu terreno era de esquina bem amplo e sua comida muito boa e foi o precursor de drive in no Brasil seu nome vinha do enorme totem indígena na sua entrada , que também era na Av Sto Amaro , próximo de sua loja e ponto de encontro de automobilistas e kartistas , onde estavam sempre o Cláudio Daniel Rodrigues , Maneco Combacou , e meus amigos Victor Simonsen , Acacio Canario Mancio o "Geleia" , Gilberto Demargos , "Kiki" , Ricardo Amaral , Niltinho "Gun" Guinter , Luciano Mioso , Fernando Simonsen . Tudo isso vale como lembrança dos bonitos anos 60 "

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Turismo 5000

Vocês já viram por aí um Ford Maverick GT à venda? Difícil, mas existe. Até aí, nenhuma novidade, o que impressiona são os preços pedidos por esse automóvel. Chega a ser irônica a história desse carro no Brasil, que se iniciou em 1973 como um carro grande, de luxo (na América omesmo carro era considerado um compacto popular), rapidamente se tornou o grande vilão das ruas, devido ao alto consumo do seu motor V8 de quase 200 cv, até ninguém mais o querer. Pode parecer inacreditável, mas no começo dos anos 80 tinha gente doando Maverick por aí.
Meu pai tinha um GT 1974, impecavelmente novo, comprado da frota de imprensa da Ford. Ele não usava, pois tinha outros mais econômicos e mais práticos que esse, de forma que o carro ficava sempre na garagem. Eu preferia meu Fusquinha. Mas o carro já era um clássico familiar, uns seis anos conosco, quando ele chegou com a idéia de criar uma categoria de competição para carros com motores de 5.000 cm3 ou mais. Cheguei a argumentar que o carro era muito novo para ser depenado e colocado na pista, mas ele sequer escutou. Em pouco tempo o carro não tinha mais forração, parachoques e bancos, além de ganhar uma gaiola, um par de escapamentos diretos e suspensões rebaixadas. O resto ficou, inclusive um perigoso jogo de rodas de magnésio da Ital, que, sabíamos, quebrariam na curva Três, e o teto de vinil. Fez a primeira prova, pegou gosto pela coisa e começou a depenar outros Mavericks para aumentar o grid. Logo estavam largando mais de 70 carros na Turismo 5000, em provas apenas pelo anel externo do antigo traçado do Autódromo de Interlagos. Entre eles estava eu: meu pai fez tantos Mavericks que me deu o nosso querido membro da família.
Parecia que eu era o piloto mais importante da equipe, pois queria apenas sentar e correr, já que os custos eram todos bancados por ele. Mas tive que trabalhar bastante, pois o carro estava sempre precisando de cuidados, como da vez que eu coloquei um radiador "novo", comprado em um desmanche, para treinar no sábado, e ele estava entupido de terra. Não dormi, procurando e trocando o radiador para a corrida no dia seguinte.
O carro era muito bom, eu estava sempre no pelotão da frente no grid de largada. A suspensão, feita por nós mesmo, era ótima, apenas rebaixada e com amortecedores recondicionados do Rogério. Os pneus, quando sobrava dinheiro, eram Pirelli CN 36 5 estrelas. Quando sobrava mais dinheiro, eles eram torneados. (mas aí duravam apenas uma corrida). Por dentro o carro era feinho, tinha apenas um banco original, daqueles reclináveis, com dois cintos abdominais cruzados no peito. Segurança? Era assim mesmo. Painel original, com o conta-giros na coluna. Aos poucos fomos obrigados a ir equipando os carros da 5000, com equipamentos de segurança como chave geral e outros bichos.
Eu treinava todas as quarta-feiras em Interlagos, e, em fim de semana de corrida, na sexta e no sábado. Depois do treino de quarta eu corria para a Cidade Universitária, com o carro todo pintado, para pegar o final da aula na Escola Politécnica, e, de lá, sempre tinha um "rachinha" com alguns colegas que também tinham Maverick V8.
A última corrida que fiz teve um grid recorde. Larguei em quinto, e logo nas primeiras voltas fui passando quase todos à minha frente, menos o Ney Faustini, que era o mito, ninguém se aproximava dele. Até que eu achei que poderia encostar no seu Maverick branco. Nesse ponto, pensando na glória de vencer a prova, abusei da sorte e, quase chegando no primeiro colocado, rodei na curva Três, parando atravessado na frente de quase 70 outros competidores. O motor apagou, não pegava de maneira alguma, e eu ia perdendo posições. O pior, no entanto, era ficar no caminho de um bando de pilotos doidos, no meio da curva. Até que um deles me acertou em cheio na porta esquerda. Aqueles garotos que ficavam em cima do muro vieram me socorrer, mas, antes que eu pudesse me soltar daqueles cintos assassinos, um deles berrou: - Este aqui já morreu, vamos ver o outro!
Não esperei o rabecão, saí do carro e comecei a caminhada de volta aos boxes. Quando cheguei lá, a corrida já havia terminado. Depois fui ver o carro: perda total, inclusive com o eixo traseiro arrancado pela pancada.
Foi minha última corrida de Turismo 5000: meu paitrocinador suspendeu a verba. tenho saudade desse época e, quando vejo o quanto está valendo atualmente um Maverick V8, penso naqueles tantos carros depenados para as brincadeiras em Interlagos.