Tomada da
"Um" cravado! O #8 um grande chassi acertado pelo Carlão, o motor um
canhão feito pelo Chapa, empurrando com mais de 150 HPs. Velocidade no local
200/205 km, vindo pelo Anel Externo.
Interlagos,
anel externo, velocidade pura, pé embaixo 95% do tempo, me lembra a primeira
volta que dei no autódromo, a bordo do PORSCHE 550 RS SPIDER de meu irmão Paulo,
no longínquo 1961 quando tinha apenas 9 anos.
Lembra
ainda o grande Luiz Pereira Bueno dando um baita trabalho à Reinold Joest nos 500
km de 1972, apesar de correr com um carro mais fraco. Lembra Celso Lara
Barberis e suas três vitórias, uma em 1961, ano em que meu irmão e Luciano
Mioso venceram na categoria até 2 litros.
Saída da Três, uma Ferrari, Paulo, Buby Loureiro no formula com motor Porsche 356 e uma Ferrari.
Buby, Paulo...no alto a Junção.
Pois bem,
em 1982 ano em que corri na TEP ( D 3 ) estava programada e corremos uma prova
pelo anel externo de 3.208m, foram 25 voltas neste circuito fabuloso, parte da
não menos fabulosa pista de 8.000m do Autódromo José Carlos Pace-Interlagos,
pista que por vontade dos dirigentes da F.1 foi totalmente descaracterizada. O
anel externo é de altíssima velocidade, composto pelas curvas "Um",
"Dois", "Três" e uma curva que passa pela Junção e em
subida que vai até uma curva que antecede os antigos boxes, depois aquela outra
curva pouco antes dos boxes, fora a curva Três todas feitas de pé embaixo.
Nos treinos ao lado de meu amigo Amadeu Rodrigues.
Começamos a preparação
do carro trocando a relação de marchas da 1ª e 2ª, já que não precisaríamos
usá-las, optamos por uma "Caixa Um" bem mais curta , com a 3ª marcha
0. 78 e 4ª 0.96 e diferencial 8/31 que eu já usava. Com este cambio eu poderia
pular na largada junto com meus adversários, esquecendo o trauma de largar com
aquela " Caixa 3 " que tanto me atrasava nas largadas. No meu caso usava
a 3ª marcha para fazer a curva "Três" e o resto do circuito seria
todo em 4ª marcha.
No primeiro treino,
na 5ª feira, dois sustos, o primeiro ao chegar à curva "Três", haviam
pintado o muro que circunda esta curva de branco, e como na temporada inteira
ele estava sujo ao chegar e passar pela curva percebi como passávamos perto
dele, ainda mais fazendo a saída da curva com o traçado que usaríamos para o
"Anel Externo", o segundo, na primeira volta que vim forte foi ver o
contagiros chegar à tomada da curva "Um" a 7.200rpm bem mais rápido
que chegava quando fazia o circuito completo.
Passados os sustos
era uma maravilha, pé embaixo o tempo todo, fazia a "Um " cravado, e
só ia tirar o pé e frear na "Três", uma freada fortíssima, contornada
a curva engatava 4ª uns 200m depois, e daí para frente pé embaixo de novo, a
tomada e contorno da curva "Um " eram rapidíssimos, não sei precisar
a velocidade, que chegava, uns 200 km/h, mas fazer cravado dava um certo
friozinho na barriga. Carro bem feito, chassi com um trabalho ótimo do Carlão e
motor do sempre competente Chapa ia largar na primeira fila, não lembro a
posição, mas pensava "vou dar um susto neles, vou largar junto e se der
ganho esta corrida". Os mais rápidos eram o Mogames com o carro em que
havia sido vice campeão da D.3 em 1981 e que estava ganhando todas as corridas,
o Laércio com o carro que fora do campeão da D. 3 no ano anterior nas mãos do
Amadeo Campos. Elcio Pelegrini multicampeão da F. Vê, José Antonio Bruno,
Amadeu Rodrigues, Marcos de Sordi, Bé-Clério Moacir de Souza -, Álvaro
Guimarães, e o amigão João Lindau. No domingo, antes da largada, era só nela
que me concentrava, pulando bem ia brigar lá na frente.
Eu e Elcio - foto de uma corrida anterior.
Placa de um minuto,
primeira engatada, "é hoje", placa de trinta segundos, motor a 7.000
rpm...farol vermelho, farol verde, o pulo foi perfeito, larguei na frente, a
hora que fui engatar segunda ela não entrou, não sei se foi erro meu ou se o
cambio que nunca tínhamos usado, para não mostrar aos outros que tínhamos uma
primeira mais curta, não havia testado a arrancada suficientemente, só sei que
cai umas dez posições, não tanto quanto quando largávamos com a "Caixa
três" pois estava no embalo, mas outra vez eu tinha de fazer uma corrida
de recuperação.
Passei a primeira volta já em quinto e na
segunda já vinha em quarto perseguindo o Elcio, três ou quatro voltas depois
estava embutido nele, só que ele era uma pedreira, estava difícil achar um
espaço para ultrapassá-lo, vínhamos os dois de pé no fundo, na curva
"Um" via sua luz de freio acender, só que seu carro não perdia
velocidade - depois ele me contou, dava um toque no freio com o pé esquerdo
para abaixar a frente do carro - , na curva "Três" a freada era no
gargalo, alem disto nossos motores empurravam igual . Lá na frente o Mogames
reinava absoluto, com o Laércio logo atrás, mais sem condições de pressioná-lo.
Nesta altura
virávamos cada volta no tempo de 1.04/5s o que era bem rápido numa média horária
de 180 KM/H. Lá pela sétima ou oitava volta, eu embutido no Elcio chegamos à
curva "Um", e cravados a tomamos, a hora que vi seu carro estava de
frente com o meu, eu olhando em seus olhos. Exageros à parte foi um baita
susto, estávamos andando no limite e muito rápido, só lembro-me de ter tirado o
pé, e saído pelo lado, graças a Deus sem tocá-lo. Aí estava em terceiro, só que
o Mogames e o Laércio tinham ido embora, na próxima volta quando vi eu estava
saindo da "Dois", e eles quase na freada da "Três", tentei
andar o mais rápido possível e cheguei a descontar um pouco, mas lá pela décima
quinta/sexta volta, meus pneus começaram a dar sinais de fadiga e o contagiros
já não chegava ao final do "Retão" aos 7500rpm do começo, o comando
saiu de seu ponto. Sem ninguém à me pressionar me contentei com o terceiro
lugar, não sem antes fazer a melhor volta da corrida com o tempo de 1`3``alto.
Assim terminamos Mogames, Laércio e eu.
Ao final da corrida
quando os bandeirinhas vêm nos saudar é uma coisa linda, de arrepiar, as
bandeiras agitadas, e as saudações de quem nos viu andar de perto, meu respeito
à estes nossos “anjos da guarda”. .
No podium com Mogames e Laercio.
Ah!!! Aquela errada
de marcha, não afirmo que teria vencido, mais teria dado trabalho, lá de cima o
Lindau deve estar dizendo "Alicatãooooooooooo"
Isso é apenas um
pouco do que vivemos nas pistas...
Aos queridos
amigos que foram ícones da Divisão Três, Arturo Fernandes, Junior Lara. Guaraná, João e Adolfo Cilento Neto, que subiram antes do tempo. E também aos amigos Bruninho, Amadeu
Rodrigues, Elcio Pellegrinni, Bé – Clelio Moacyr de Souza- Alvaro Guimarães,
grandes botas!
Rui Amaral Jr