Luigi "Gigi"Viloresi, Alberto "Ciccio" Ascari, Eugenio Castellotti e o autor da obra Vitório Jano!
De uma conversa gostosa com meu amigo Milton Bonani, sobre a D50, surgiu este texto, originalmente em italiano, que ele traduziu para nós!
Obrigado Don Bonani, um abração!
Rui Amaral Jr
"Entre Enzo Ferrari e Alfa Romeo foi amor desde sempre, mas
com a Lancia a história teve um sentimento diferente.
No verão de 1953 Gianni Lancia decide se aventurar na
Formula 1. O famoso projetista da Lancia, Vittorio Jano, termina o projeto da
D50 em setembro de 1953. O problema dos pilotos é rapidamente resolvido, a
partir do instante que Gianni Lancia consegue convencer da grandeza do projeto
dois nomes de peso: Alberto Ascari e Luigi Villoresi, que esnobam a oferta de
Enzo Ferrari.
Obviamente que esse fato é também polêmico.
Em todo caso, a compensação financeira mínima garantida ao
piloto para o biênio 1954/55, é de 25 milhões de liras anuais, o que não é, de
fato, desprezível. Quanto ao Villoresi, a sua decisão não causa surpresa, visto
que, é conhecida a sua profunda amizade com Alberto Ascari.
Da equipe Lancia faz parte também Eugenio Castellotti,
pupilo de Ascari, que de certo modo vê nele o seu sucessor.
Castellotti
A D50 se distingue pelo impecável acabamento, fato incomum
em um monoposto de competição, e por um peso inferior aos seus concorrentes
diretos.
Ciccio vence o GP di Napoli.
Gigi Viloresi
O motor aspirado é um 8 cilindros em V de 2,5 litros de
capacidade, obedecendo o limite fixado pelo regulamento da Fórmula 1.
O desenvolvimento da D50 porém é longo e difícil; sua
estreia, inicialmente prevista para 20 de junho no Grande Prêmio da França, vem
a cada vez sendo postergado e terminará com 4 meses de atraso.
Nesse meio tempo, Ascari e Villoresi, mesmo participando dos
testes, são liberados para correr com veículos de outros concorrentes. Os
pilotos, de fato, assinam um acordo no qual a Lancia permite a eles
participarem dos grandes prêmios com carros de outras marcas até o momento que
a D50 puder correr.
Os dois, entretanto, prosseguem no aperfeiçoamento do carro.
A bela versão streanliner
Ciccio Ascari, Castellotti e Gigi Viloresi
A estreia prevista para a França é cancelada; a D50 ainda
não está em condições de poder correr.
Gianni Lancia está profundamente desiludido, também porque
no Grande Prêmio do Automóvel Clube da França estreia a Mercedes W196: é uma
estreia em grande estilo, haja vista que Fangio conduz a máquina alemã prateada
a vitória.
Finalmente, depois de uma série de testes satisfatórios
efetuados no início de outubro, Alberto Ascari nos testes de Monza baixa quase
3 segundos da pole da Mercedes W196 carenada de Fangio.
As D50 começam “a voar” quando...Ascari morre em Monza em um
teste ocasional de uma Ferrari, e Gianni Lancia anuncia a suspensão das
atividades esportivas, anuncio que vem praticamente ao mesmo tempo com a
desistência de Gianni Lancia que troca a Itália pela América do Sul.
Na fábrica se formam dois grupos: de uma parte existem
aqueles que gostariam de evitar perder a experiência adquirida no âmbito
esportivo, melhorar o material existente e prosseguir com a atividade
esportiva, e da outra há quem, pelo contrário, não vê a hora de se desfazer de
todo o material de corrida o mais rápido possível, quem sabe até liquidando
tudo abaixo do custo.
Os apoiadores da segunda opção levaram a melhor bem rápido.
Anunciada a notícia, muitos demonstraram interesse em
adquirir por um bom preço todo o material: entre os potenciais compradores, na
primeira fila, parece que sem dúvida estava a Mercedes Benz.
Para evitar que as valiosas experiências italianas
terminassem indo para fora da Itália, o príncipe Filippo Caracciolo, que era
genro de Gianni Agnelli e Presidente do Automóvel Clube da Itália, age junto a
FIAT afim de obter um acordo a três, no qual a Lancia “doa” a Ferrari o seu
material de corrida e a FIAT se compromete a conceder à casa de Turim durante 5
anos, uma contribuição financeira significativa de 50 milhões de liras ao ano.
A cerimônia de passagem ocorre no dia 26 de julho de 1955 no
pátio da Lancia em Torino. As honras da casa são feitas pelo advogado Domenico
Jappelli e pelo Senhor Attilio Pasquarelli, enquanto que pela Ferrari estão
presentes o engenheiro Mino Amorotti e o senhor Luigi Bassi chefe técnico da
equipe.
Para a crônica esportiva foram doadas seis D50 de fórmula 1.
Enzo Ferrari não comparece. O Commendatore nunca tinha visto
com bons olhos quem tinha ousado roubar-lhe pilotos, fama e glória.
A D50 na Ferrari passou por modificações necessárias, mas o
projeto base permanece idêntico, conduzido pelo mesmo Vittorio Jano que é
transferido para a escuderia de Modena.
Fangio e a D50
Fangio, também transferido para a casa Ferrari e
guiando agora a Lancia-Ferrari D50, vence o campeonato mundial de fórmula 1 em
uma retumbante temporada."