Há
sete anos, publiquei essa foto no meu Facebook. Na época era uma foto inédita,
que somente eu tinha. Os comentários na minha timeline foram muitos, alguns ficaram surpresos,
outros fizeram perguntas até inocentes, tipo: esse é o "uniforme" que
o Senna usava no dia do acidente? Ou
ainda: essa é a médica que tentou salva-lo? E por ai foi. Porem, houve muito mais
perguntas "in box", e, a maioria bastante desagradáveis. Umas mórbidas,
outras me ofendendo, como se eu estivesse manchando a memória do Senna. Na época, me arrependi de ter publicado, mas
dias depois, passei por cima da ignorância alheia, mesmo assim, fiquei pensando
o quanto há de maldade nos corações das pessoas. Enfim, vamos em frente.
Celso Lemos |
Essa
senhora é a minha "tia" Cirene Lemos, mãe do meu "primo"
Celso Lemos, que era diretor do Instituto Ayrton Senna. Digo "tia" e
"primo", pois não somos parentes, mas tivemos uma convivência muito próxima,
e assim nos tratávamos, como se fossemos realmente parentes.
Meu
primo, por motivos que só ele pode explicar, quis ficar fora dessa historia do
acidente, mas ele estava em Imola com o Senna, tanto no famoso jantar que o
Galvão Bueno tanto fala, mas não menciona o Celso, assim como foi o primeiro do
staff do Senna a chegar na Tamburello, e acompanhou o Senna até o hospital no helicóptero.
Ele contou ao meu irmão, toda a historia do acidente, do jantar na noite
anterior, até o desfecho fatal, mas não deu autorização para divulgar o relato,
por esse motivo, não posso contar tudo que sei, mas garanto, foi tudo muito
triste, e Senna, realmente não queria correr naquele dia.
O broche. |
-Então manda essas lembranças
minhas para ele.
Apesar de não ser Sennista,
fiquei muito emocionado quando recebi os presentes, e é claro que tenho um enorme
respeito pela sua carreira.
O
macacão foi dado ao meu primo por algum funcionário do hospital, ele quis devolver
a Viviane Senna, mas ela não o quis, e eu entendo os dois lados, o do Celso em
tentar devolver, e o da Viviane em não aceitar. Na foto, minha tia estava vendo
com poderia costurar o macacão. A ideia, não era emendar, mas dar alguns pontos
para que ele não se desfizesse. Tia Cirene era muito divertida, e me disse que
só costurava durante o dia, pois morria de medo de mexer no macacão a noite, pois
o Senna podia puxar o pé dela. Infelizmente ela e o meu tio Zé, não estão mais
com a gente.
Não
sei qual foi o destino do macacão, pois perdi o contato com meu primo. Porem,
acredito que continue com ele.
Meus tios e minha família. |
Achei
essa foto com meus tios e minha família. Essa camiseta que estou usando, é a
que ganhei. Se eu achá-la, escrevo outro texto só para colocar as fotos.
Um forte abraço.
Mario Souto Maior,
Assim são as coisas da morte: mexem com todos, para o bem e para o mal (no sentido do mau, um video interessante da polícia alemã, zoando e multando motoristas que fotografam vítimas de acidentes na estrada: https://video.corriere.it/poliziotto-tedesco-da-lezione-uomo-che-scatta-foto-luogo-un-incidente-stradale/344f4704-8372-11e9-89bd-2f20504508c1?intcmp=video_wall_hp&vclk=videowall%7Cpoliziotto-tedesco-da-lezione-uomo-che-scatta-foto-luogo-un-incidente-stradale ).
ResponderExcluirAcho que, como em mortes históricas (Kennedy, Gandhi etc...) as mortes esportivas vão ganhar novas versões e detalhes mais verdadeiros, com o passar do tempo.
Uma coisa é incontrastável: pena que Senna morreu cedo.
Outras coisa incontrastável: quando o sujeito é vítima, vira mito, casos de Villeneuve e Senna, dos quais sou fã. Quando morre velhinho, perde o charme (embora eu seja fã de velhinhos geniais como Emerson, Wilson e Piquet).
Assisti à este vídeo Walter, tanto na Alemanha quanto aqui é de assustar a morbidez das pessoas.
ResponderExcluirTazio, Fangio e tantos outros viveram para contar suas histórias, felizmente.
Um abraço